30.12.13

Sobre Antigo Testamento


No jornal i de sábado, 21 de Dezembro, é APROVADO o Antigo Testamento, com ilustrações de Marc Chagall: «E eis que um dos livros mais antigos de sempre, um dos mais revisitados e fundamentais, em vários sentidos, nos chega agora mais fresco do que nunca. Falamos do Antigo Testamento, que nesta nova edição vem intercalado com ilustrações de Marc Chagall. O artista russo, nascido em 1887 e naturalizado francês, começou a ilustrar a Bíblia em 1930. Este trabalho acabou por se converter num projecto de vida.»


Rui Nunes e Joyce no JL


No Jornal de Letras de 11 a 24 de Dezembro, Jorge Listopad escreve sobre Armadilha, de Rui Nunes.

«Livro de exílio, autobiográfico ao de leve, isto é, de outro modo, lembrando uma outra autora enganadora da morte, Gabriela Llansol, ambos “passo a passo desenhando o mapa”, segundo as primeiras linhas do autor. (…) Estamos ou não algures no barroco espanhol perto de Gôngora? Porém, humaníssimo, que sabe o que vale o mundo de hoje e esse mundo de hoje confia-o a uma palavra exacta: ou melhor a 50 páginas de grande prazer lento, de música, antes de se fechar a escrita da vida.»




No mesmo número do Jornal de Letras, «Só podia ter ficado para último. Em 2012, a Relógio D’Água anunciou a publicação das principais obras de James Joyce, num esforço editorial sem precedentes em relação ao escritor irlandês. Novas edições, com novas traduções e grafismo uniformizado, da poesia, dos contos, de algumas cartas e dos romances.»

20.12.13

Porquê uma nova tradução de Ulisses?



 

No seu blogue, Da Literatura, Eduardo Pitta afirma, a propósito da recente tradução de Ulisses por Jorge Vaz de Carvalho, que «não faz sentido acrescentar uma tradução às precedentes se o tradutor não explicar as suas “razões”», tendo «de haver uma razão muito forte para o fazer». Antes, lembrara que existiam já cinco edições em língua portuguesa (quatro no Brasil, entre as quais a recente e premiada de Caetano Galindo, e a portuguesa de João Palma-Ferreira).
Qualquer leitor atento, e, por maioria de razão, um crítico, entenderá os critérios de tradução que Jorge Vaz de Carvalho seguiu lendo algumas páginas da sua tradução.
E, do ponto de vista do editor, a existência de quatro traduções brasileiras não poderia ser considerada razão para não publicar uma nova em Portugal.
As significativas diferenças de sintaxe e léxico entre os dois países são potenciadas numa obra em que abundam as construções invulgares, diferentes linguagens, inúmeros neologismos e um léxico de cerca de 30 mil palavras.
Algumas páginas da apenas razoável tradução de Antônio Houaiss e da bem mais conseguida, sobretudo na primeira parte, de Caetano Galindo são difíceis e penosas para um leitor português.
Resta a tradução de João Palma-Ferreira, de há 29 anos. Somos da opinião de que cada geração deve ter uma nova tradução dos clássicos, pois, ao contrário do que sucede com os textos originais, elas sofrem a usura do tempo.
A tradução de João Palma-Ferreira é esforçada. Mas muitas vezes se recusa a enfrentar os problemas colocados pela escrita de Joyce, recorrendo a paráfrases explicativas. Além disso, Palma-Ferreira foi influenciado pela opinião de Stuart Gilbert, forçando as analogias com a Odisseia de Homero, paralelismo que o próprio Joyce abandona na edição em livro (suprimindo até os títulos que o sugeriam quando fora sendo publicado em revistas).
Transforma assim os ecos genéricos da Odisseia em situações concretas. Um caso-limite é a comparação que Palma-Ferreira faz (em nota nas páginas 796-797) entre o conhecido monólogo de Molly Bloom e o episódio de Penélope da Odisseia. Ora, nada há de semelhante entre o desenvolto, inorgânico e por vezes quase obsceno monólogo de Molly Bloom e a imagem de persistente lealdade da Penélope de Homero. Para forçar o que considera uma analogia óbvia, Palma-Ferreira chega ao ponto de referir, em defesa da sua tese, que Penélope era filha de um espartano e Molly de um membro da guarnição britânica de Gibraltar.


Francisco Vale

Lançamento de O Nome Negro hoje na Livraria Barata





Será hoje apresentada a obra de poesia O Nome Negro, do poeta e crítico António Carlos Cortez, pelas 18h30, na Livraria Barata, na Avenida de Roma, n.º 11 – A, em Lisboa.

A apresentação será feita por Luís Quintais e o actor Luís Lucas lerá alguns poemas.

Sobre Ulisses, de James Joyce

 



«As personagens passam a vida a encontrar-se durante as suas peregrinações pela cidade de Dublin nesse dia. Joyce nunca deixa de as controlar. Com efeito, vão, vêm, encontram-se, separam-se, voltam a encontrar-se como partes vivas de uma cuidada composição, numa espécie de lenta dança do destino. Um dos traços mais apelativos do livro é a periodicidade de certos temas. Esses temas estão muito mais definidos, muito mais deliberadamente seguidos, do que os que encontramos em Tolstoi ou Kafka. Toda a obra, como iremos gradualmente verificando, é uma deliberada teia de temas recorrentes e a sincronização de acontecimentos triviais.» [Vladimir Nabokov, Aulas de Literatura, Relógio D’Água, 2004]

Sobre Guerra e Paz, de Lev Tolstoi




«Não há divisão entre a arte de Tolstoi e a sua filosofia, tal como não há meio de separar a ficção e a discussão sobre a história em Guerra e Paz. Como o próprio Tolstoi bem declarou, Guerra e Paz “não é um romance” e “ainda menos uma crónica histórica”, mas “o que o autor quis e conseguiu exprimir, na forma em que está expresso”. (…) Guerra e Paz foi um desafio calculado ao género do romance e à narrativa em história. Tolstoi procurou uma verdade diferente – uma que captasse a totalidade da história, como foi experimentada, e ensinasse as pessoas a viver.» [Orlando Figes, The New York Review of Books, 22-11-2007]

18.12.13

José Gil na Sic Notícias







José Gil falou com Mário Crespo sobre Cansaço, Tédio, Desassossego, no Jornal das 9 da Sic Notícias, dia 16 de Dezembro de 2013.
 

Sobre Pnin, de Vladimir Nabokov






«A Relógio D’Água prossegue a edição das obras completas de Nabokov com uma ficção sucinta e divertida, publicada em folhetim na New Yorker»

«A estrututa episódica e a verve são irresistivelmente satíricas, mas então Nabokov cria pequenas cenas pungentes, subtis, sem ênfase: e até um homem a lavar a loiça depois de uma festa nos causa mais incomodidade do que todos os equívocos, modas e ataques.» [Pedro Mexia, Expresso, Atual, 7-12-2013]

Sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira





No suplemento Atual do Expresso de 14 de Dezembro, José Mário Silva escreveu sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira: «As atmosferas são as mesmas, o que se passa no interior das personagens, apesar de todos os ecos e simetrias, é sempre diferente. E o desenlace também. Desta vez, numa trama que mais para o fim se aproxima das ambiguidades identitárias de Inverness (2010), há algo que se quebra e se perde. Lá onde os atores exibem “os ossos” e arriscam mostrar tudo o resto (“a sua ternura e a sua dignidade, e a sua embriaguez, e o seu desespero”), um gesto de recusa separa a ficção da realidade. O que unia as personagens, o que as distinguia dos demais, era algo de muito frágil, “como o fio de uma teia de aranha”. Ser outro é um processo “delicado” que de repente pode “desfazer-se no ar”. Subtil, Ana Teresa Pereira mostra-nos, em surdina, essa impalpável tragédia.»

17.12.13

O Nome Negro será lançado na sexta-feira, na Livraria Barata





O Nome Negro, do poeta e crítico António Carlos Cortez, vai ser apresentado na próxima sexta-feira, dia 20 de Dezembro, pelas 18.30 horas, na Livraria Barata, na Avenida de Roma, n.º 11 – A, em Lisboa.
A obra será apresentada por Luís Quintais. O actor Luís Lucas lerá alguns poemas.
 
António Carlos Cortez é professor de Literatura Portuguesa e de Português no Colégio Moderno, em Lisboa, e crítico no Jornal de Letras, Colóquio / Letras e Relâmpago.
Publicou seis livros de poesia: Ritos de Passagem, 1999; Um Barco no Rio, 2002; A Sombra no Limite, 2004; À Flor da Pele, 2008; já em 2010, Depois de Dezembro; e, em 2012, Linha de Fogo. Alguns poemas seus estão traduzidos para inglês, italiano e castelhano.
Em 2005 publicou uma primeira reunião de textos críticos, Nos Passos da Poesia – A Pedagogia do Texto Lírico.

Sobre Antigo Testamento — Génesis, Êxodo e Cântico dos Cânticos





No programa Livro do Dia de 17 de Dezembro, na TSF, Carlos Vaz Marques falou sobre Antigo Testamento — Génesis, Êxodo e Cântico dos Cânticos, com ilustrações de Marc Chagall, editado pela Relógio D'Água.
O programa pode ser ouvido aqui.

16.12.13

Sobre Experimentum Humanum, de Hermínio Martins





«Tenho nas minhas mãos – literal e metaforicamente – a possibilidade de escrever uma crítica a um livro que abre o horizonte a uma das discussões mais intensas e importantes do nosso tempo. Refiro-me à relação inquieta de três elementos conceptuais como a civilização, o tecnológico e a condição humana. Eles estruturam, como subtítulo, o título Experimentum Humanum. Assim, não estamos perante um simples adereço subtitular: pelo contrário, ali se delineia o núcleo da reflexão.» [Pedro Russi, Universidade de Brasília, em Anuario Filosófico, vol. 46, n.º 3, 2013]

As escolhas de Carlos Vaz Marques





Dois dos dez livros de 2013 destacados por Carlos Vaz Marques: A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector, e É assim Que A Perdes, de Junot Díaz (via Twitter).


Sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira


 
 

No programa Livro do Dia de 12 de Dezembro, na TSF, Carlos Vaz Marques falou sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira.

O programa pode ser ouvido aqui.

13.12.13

A Relógio D’Água no primeiro trimestre de 2014



De Janeiro a Março de 2014, a Relógio D’Água irá publicar, entre outras, as seguintes obras:
 


Janeiro

As Vidas de Ursula Todd (título provisório), de Kate Atkinson (trad. José Miguel Silva)
Assim para Nós Haja Perdão, de A. M. Homes (trad. Miguel Serras Pereira
Fogo Pálido, de Vladimir Nabokov (trad. Telma Costa)
As Nuvens e o Vaso Sagrado, de Maria Filomena Molder


 
Fevereiro

Contos e Diários, de Isaac Bábel (trad. Nina e Filipe Guerra)
Os Lança-Chamas, de Rachel Kushner (trad. Telma Costa)
As Terras Baixas, de Jhumpa Lahiri (trad. Inês Dias)
200 Poemas, de Emily Dickinson (trad. Ana Luísa Amaral)
Como Nasceram as Estrelas, de Clarice Lispector (livro infantil)
Imagem da Fotografia, de Bernardo Pinto de Almeida



Março

Douro. Rio, Gente e Vinho, de António Barreto
Surfacing, de Margaret Atwood (trad. José Miguel Silva)
Vidas de Raparigas e Mulheres, de Alice Munro (trad. Miguel Serras Pereira)
Enredos, de Rui Nunes
O Desconhecido do Norte-Expresso, de Patricia Highsmith (trad. Rogério Casanova)
Ensaios, de Virginia Woolf (trad. Ana Maria Chaves)

Nos Trópicos sem Le Corbusier, de Ana Vaz Milheiro, recebe Prémio AICA/Fundação Carmona e Costa






 

O Prémio de Crítica e Ensaística de Arte e Arquitetura AICA/Fundação Carmona e Costa relativo ao biénio 2011/2012 foi atribuído a Ana Vaz Milheiro pela obra Nos trópicos sem Le Corbusier, publicado pela Relógio de Água em 2012 (ex aequo com Nuno Faria, pela obra Para Além da História).
O júri, constituído por Joaquim Moreno, Paulo Pires do Vale e Delfim Sardo, considerou que «o livro de Ana Vaz Milheiro agrega um conjunto de ensaios críticos pioneiros sobre um objeto histórico que importava abordar: o trabalho dos gabinetes de projeto coloniais na África sob dominação portuguesa durante o Estado Novo. O júri salienta a qualidade e o rigor da informação reunida e agora disponibilizada.»
A cerimónia de atribuição do prémio terá lugar na sede da Fundação Carmona e Costa no dia 7 de Janeiro pelas 18h00.


«Um prefácio é uma lente montada sobre um livro segundo uma determinada perspetiva. (…) Quando o livro é uma coleção de textos a questão agudiza-se (…). A não ser que constituam um corpo coerente e tenham sido organizados com princípio(s) claro(s). É esse o caso do Nos Trópicos sem Le Corbusier, coletânea com um título sugestivo, expressão clara do conteúdo (…). Se o título (que é também o do último texto) define o tempo, o subtítulo (Arquitectura luso-africana no Estado Novo) diz-nos, aqui equivocamente, qual é o espaço. Revela-nos ainda mais: qual é o contexto sociopolítico, histórico.
Há outras teses neste conjunto de textos. (…) Gosto da forma como se insinuam através de contextualizações mais aprofundadas do que tem sido comum na historiografia especializada nesta temática e cronologia. Note-se, por exemplo, como emergem as diferenças, que por certo agora a autora estará a desenvolver, entre os contextos e resultados da produção arquitetónica na Guiné, Angola e Moçambique.» [Walter Rossa]

As escolhas de Eduardo Pitta



 

No blogue DaLiteratura, de Eduardo Pitta, são escolhidos, pelo «prazer do texto», 10 livros saídos em 2013. Entre eles estão É assim Que A Perdes, de Junot Díaz, e Amada Vida, de Alice Munro.

Sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira:





No ípsilon de 13 de Dezembro de 2013, Hugo Pinto Santos escreve sobre As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira:

«Esta é uma história intoxicada pelas sensações experimentadas no palco, seduzida pela vertigem do teatro, o qual fornece a sugestão do título do romance e lhe atribui as tábuas que as personagens pisam. Mas não por muito tempo. (…) As personagens de Ana Teresa Pereira estão permanentemente a deslizar entre a ficção e a realidade, e vice-versa – sempre a encontrar corredores que as sugam de um ponto para outro, ambos igualmente ínvios, igualmente terríveis. Com progressiva mas decidida anulação dessas categorias enquanto casulos calafetados – “Kate comprara um caderno barato e escrevera a peça, ao longo de duas noites” (p.43). Como o Orlando de Virginia Woolf, estas personagens parecem atravessar as eras – muitas vezes mantendo o nome.»

 

12.12.13

Guerra e Paz, de Lev Tolstoi

 



Guerra e Paz narra a invasão da Rússia por Napoleão e os efeitos que o acontecimento teve na vida da aristocracia, dos militares e da população envolvida no conflito.
A maior parte dos oficiais era originária das famílias nobres e as separações e perigos da guerra tornavam mais intensas todas as relações pessoais e, em particular, as amorosas.
Os hábitos sociais, as relações sentimentais e o declínio de algumas das mais importantes famílias de Petersburgo e Moscovo são apresentados com distanciamento ou irónica ternura.
Neste romance surgiram algumas das mais perduráveis personagens da literatura, o íntegro príncipe Andrei, o insólito Pierre Bezúkhov e a fascinante Natacha Rostova, que se tornaria indispensável para qualquer um deles.
Com esta obra e a sua apresentação em mosaico de grandes painéis da vida russa onde se movimentam centenas de personagens num período de convulsões militares, Tolstoi realizou o seu projeto de se confrontar com o Homero da Ilíada e da Odisseia.

«O maior de todos os romancistas — que outra coisa poderíamos dizer do autor de Guerra e Paz!» [Virginia Woolf]




«O que é Guerra e Paz?
Não é um romance, nem um poema e ainda menos uma crónica histórica. Guerra e Paz é o que autor quis e conseguiu exprimir, na forma em que está expresso. Uma tal manifestação de negligência por parte de um autor com as formas convencionais de uma obra em prosa poderia parecer presunção se fosse intencional e sem precedentes. Mas a história da literatura russa, desde os tempos de Púchkin, oferece múltiplos exemplos que se afastam dessa forma a que poderíamos chamar europeia, não se limitando a oferecer-nos apenas um exemplo contrário. Desde Almas Mortas de Gogol até A Casa dos Mortos de Dostoievski, no novo período da literatura russa, não há uma única obra de arte em prosa, acima da mediocridade, que se ajuste à forma de romance, poema épico ou conto.

O carácter da época
Alguns leitores, após o surgimento da primeira parte, disseram-me que o carácter da época não estava suficientemente definido na minha obra. A esta crítica respondo o seguinte: sei bem em que consiste o “carácter da época” que alguns leitores não encontram na minha obra. São os horrores da servidão e da plebe, as mulheres encerradas entre quatro paredes, as chicotadas nos filhos adultos, etc. Não creio que este “carácter da época” que vive na nossa imaginação se ajuste à verdade e não quis representá-lo. Nos meus estudos de cartas, diários e tradições não encontrei nem atrocidades, nem violências maiores do que as que se podem encontrar hoje ou em qualquer outra época (…).»
[Lev Tolstoi, em «Umas palavras acerca de Guerra e Paz», publicado em 1868, na revista Antiguidade Russa.]

11.12.13

Ípsilon destaca Armadilha, de Rui Nunes



 
No suplemento ípsilon do jornal Público de 6 de Dezembro, fez-se um balanço da actividade editorial em 2013, destacando algumas edições.
Na selecção de obras de ficção, literatura e de viagem e poesia, Armadilha, de Rui Nunes ocupou o terceiro lugar ex aequo (com Dicionário de Lugares Imaginários, de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi).
Sobre esse livro António Guerreiro escreveu: «Se, à maneira de Bataille, buscássemos na literatura contemporânea uma relação entre a literatura e o mal, este livro de Rui Nunes integraria, destacado, o corpus da literatura malvada, que desdenha da beleza, da verdade, da harmonia, da totalidade e de tudo o que faz as delícias do humanismo literário. Com uma violência nietzschiana, ele destrói a gramática da língua e da narrativa e serve-nos uma paisagem de fragmentos e destroços, testemunha de experiências terríveis.»
No início de 2014, a Relógio D’Água irá publicar Enredos, de Rui Nunes.


 
O livro Uma Viagem no Outono, também de Rui Nunes, e A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector, figuram ainda no top 20.

 


Na selecção de vinte obras de ensaio, encontram-se duas editadas pela Relógio D’Água: A Potência do Pensamento, de Giorgio Agamben, e Martin Heidegger, de George Steiner.


 

10.12.13

A Relógio D'Água na Ler de Dezembro de 2013



Rogério Casanova e as personagens de Alice Munro



Na Ler de Dezembro de 2013, Rogério Casanova critica o conceito de «vidas banais» com que Inês Pedrosa caracterizou os contos de Alice Munro.
Num artigo irónico e contundente, Casanova afirma que «Alice Munro, embora não tenha propriamente um estilo pirotécnico, tem sido uma das mais radicais inovadoras a trabalhar este formato, conseguindo, com as suas narrativas feitas de antecipações e arrependimentos, e a sua manipulação de esquemas temporais, criar obras-primas de 30 páginas com maior impacto emocional que muitos romances. Ou que o seu aparente provincianismo não é um sinónimo de limitações ou de homogeneidade, mas sim um pretexto para cenários tão grotescos e efeitos tão perversos como os de Faulkner ou Flannery O’Connor.»
 

No mesmo número da revista, na secção «Livros na Estante», são referidas três obras publicadas pela Relógio D’Água.
 

 
«Uma novela e três contos: eis mais um regresso de Ana Teresa Pereira ao seu universo fechado, denso, coerente; ao teatro dos personagens e dos fantasmas. A escrita, como sempre, é exemplar.»

 
«Neste volume de ensaios pessoanos, o filósofo analisa vários aspetos da “vida heteronímica”, explorando o modo como este plano da criação literária de Fernando Pessoa se articula com o plano da “vida real”.»




«Cormac McCarthy decidiu escrever um argumento original para cinema, realizado por Ridley Scott. Saiu esta história frenética, sobre um homem que se mete com as pessoas erradas, na altura errada.»

Na Hora Clarice



 

Hoje, 10 de Dezembro, é o dia internacional de comemoração da Hora Clarice.
A Relógio D’Água associa-se a este dia promovendo as obras de Clarice Lispector no seu site.
Anunciamos também a publicação para o próximo ano de 2014 de vários títulos da autora de Perto do Coração Selvagem. Entre estes destacam-se Como Nasceram as Estrelas, Só para Mulheres, Correio Feminino e Para não Esquecer.
Entretanto, o suplemento ípsilon do jornal Público, no balanço da vida editorial de 2013, destacou A Descoberta do Mundo como um dos melhores títulos do ano.



Sobre O Conselheiro, de Cormac McCarthy



 

«Desafio escrito em forma de guião, “O Conselheiro” chegou ao grande ecrã pela mão de Ridley Scott, uma história moral sobre a amoralidade que a Relógio D’Água passou ao papel, traduzida como habitualmente por Paulo Faria. Um livro para incondicionais de Cormac, que lhe reconhecerão o universo e o pessimismo.» [Sugestão de Ana Cristina Leonardo, Expresso, Atual, 7-12-2013]

9.12.13

Entrevista a Rui Nunes





Rui Nunes, ficcionista e professor de Filosofia, em entrevista a Alexandra Carita, «reflete sobre o conceito de pátria num momento em que a viagem é determinante para esbater fronteiras que se reforçam


AC: E “quem da pátria sai a si mesmo escapa”, como pergunta no título de um livro seu? 

RN: Não. O problema é esse. Sair da pátria é relativamente fácil, escapar a nós próprios é que é difícil. Isto é, escapar daquilo que a pátria foi fazendo em nós e daquilo que nós somos. Disso é difícil escapar.

AC: E como escapamos da pátria?

RN: Continuando a subvertê-la. É a ilha dos subversivos, dos excluídos, que vai contribuir para a destruir. São os outros, os diferentes que vão destruir o que resta dessa pátria. Porque a Europa vai sentir um dia a ira daqueles que excluiu e daqueles que viram morrer os seus como lixo às portas dessa pátria mítica. A Europa vai pagar isto. E essa ira vai contribuir para dar um passo em frente.

AC: Quando regressa a Portugal também encontra essa ira nos excluídos?

RN: Não. Aquilo que me perturba em Portugal é a mansidão. Isto é terrífico. Este povo foge, não enfrenta.»

[Da entrevista de Alexandra Carita a Rui Nunes, Expresso, Atual, 30-11-2013]

6.12.13

Mesa-Redonda sobre Alice Munro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa





A Faculdade de Letras e o Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa convidam para “As casas de Alice Munro”, um tributo à escritora canadiana Alice Munro, galardoada com o prémio Nobel da Literatura de 2013. O evento terá lugar no dia 9 de Dezembro, no Anfiteatro I da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre as 16h00 e as 18h00, e consistirá numa mesa-redonda (em português), seguida de uma sessão de leitura bilingue.

A mesa-redonda, moderada pela Prof.ª Marijke Boucherie (CEAUL), contará com a participação da Prof.ª Laura Bulger (Centro de Estudos em Letras), de Francisco Vale (editor da obra da escritora canadiana em Portugal), José Mário Silva (crítico literário) e Sara Henriques (CEAUL). Seguir-se-á uma sessão de leitura de excertos da obra de Alice Munro em inglês e em tradução portuguesa.

A entrada é livre.

5.12.13

Um Jantar Muito Original seguido de A Porta, de Fernando Pessoa






 

Um Jantar Muito Original e A Porta são dois contos escritos entre 1906 e 1907 por Fernando Pessoa, usando a língua inglesa e o heterónimo de Alexander Search, por ele próprio definido como «um habitante do inferno». São contos fantásticos, centrados na perversidade, no mistério e na loucura e em ambos pode ver-se alguma influência de Poe. Um Jantar Muito Original teve uma discreta divulgação em 1978. De A Porta, que permaneceu muito tempo inédito, publica-se a parte decifrável. O trabalho de recolha e tradução dos textos foi feito por Maria Leonor Machado de Sousa, conhecida investigadora da obra de Pessoa e da literatura fantástica portuguesa.


Qualquer um dos contos tem um interesse próprio. Mas ambos, e sobretudo A Porta, revelam aspectos importantes de Fernando Pessoa, que reconheceu entre as suas «complicações mentais» «o medo da loucura, o qual, em si, já é loucura».


Por outro lado, como o mostrou Yvette K. Centeno no artigo Fernando Pessoa e o Ocultismo, os poemas escritos por Pessoa com o nome de Alexander Search evidenciam que «a sua preocupação com o mundo do oculto não foi um episódio casual do final da sua vida, mas qualquer coisa que, cedo enunciada, o acompanharia sempre». É esse o caso de Soul-Symbols, onde diz que «tal como numa visão aberta pelo ópio, o meu ser profundo tornou-se um mistério»; de The Curtain, em que o mistério do ser se transforma em medo à loucura, em horror; ou de The Circle, onde se relata o «humor cabalístico» do poeta no momento em que desenha o círculo que devia ser mágico e se revela um fracasso. É essa preocupação com o oculto, revelada nos poemas de Alexander Search, que surge sob a forma de fantástico nos seus contos Um Jantar Muito Original e A Porta.

Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa






Esta é a sexta edição do Livro do Desassossego organizada por Teresa Sobral Cunha. Resulta da continuação do seu trabalho de investigação iniciado há mais de trinta anos quando assinou com Jacinto do Prado Coelho e Maria Aliete Galhoz a primeira publicação do Livro do Desassossego.
Esta nova edição determinou, com sempre, regressos ao espólio, acertos nas transcrições e na discursividade, bem como a perseverança autoral de um heterónimo e de um semi-heterónimo que sucessivamente se responsabilizaram pela sua redacção: Vicente Guedes e Bernardo Soares.


«Na prosa se engloba toda a arte – em parte porque na palavra se contém todo o mundo, em parte porque na palavra livre se contém toda a possibilidade de o dizer e pensar. Na prosa damos tudo, por transposição: a cor e a forma, que a pintura não pode dar senão directamente, em elas mesmas, sem dimensão íntima; o ritmo, que a música não pode dar senão directamente, nele mesmo, sem corpo formal, nem aquele segundo corpo que é a ideia; a estrutura, que o arquitecto tem que formar de coisas duras, dadas, externas, e nós erguemos em ritmos, em indecisões, em decursos e fluidezes; a realidade que o escultor tem que deixar no mundo, sem aura nem transubstanciação; a poesia, enfim, em que o poeta, como o iniciado em uma ordem oculta, é servo, ainda que voluntário, de um grau e de um ritual.
Creio bem que, em um mundo civilizado perfeito, não haveria outra arte que não a prosa.» [Do Livro do Desassossego]

3.12.13

Ulisses, de James Joyce





Ulisses, de James Joyce, «é considerado por muitos o grande clássico literário do século XX e é uma das obras mundiais mais dificeis de traduzir (…) e já tem nova tradução de Jorge Vaz de Carvalho, com publicação feita pela Relógio D´Água e já disponível nas livrarias.
Considerado por muitos o monte Everest literário do século XX, a sua tradução é considerada um feito hercúleo desde 1922 (data da sua publicação) – vista enquanto pináculo do modernismo, romance que rompe com os demais convencionalismos da época, embarca o leitor numa leitura com difícil atrito, já que sustenta um mundo joyceano complexo onde vigora uma confluência de fluxos de consciência individuais entre os personagens, trocadilhos, coloquialismos, neologismos e linguagem popular.
Ulisses, pela primeira vez traduzido em Português do Brasil por António Houaiss em 1966, só ganha uma primeira tradução portuguesa mais de duas décadas depois, em 1989, por João Palma-Ferreira.
James Joyce influenciou vários escritores, como Faulkner, Virginia Woolf e T. S. Eliot. Jorge Luis Borges foi um dos grandes escritores do século XX que se referiu ao autor dizendo que “a delicada música da sua obra é incomparável” [J. L. Borges, James Joyce, 1937].» [Visão]

2.12.13

José Gil no Chiado





No próximo Ler no Chiado, Anabela Mota Ribeiro conversará sobre «as entradas para o labirinto Fernando Pessoa e as diversas maneiras de aí ficar preso... (É possível sair?)»
Na discussão participam José Gil, que acaba de editar Cansaço, Tédio, Desassossego, e Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari.
A sessão terá lugar dia 4 de Dezembro às 18h30, na Bertrand do Chiado.