31.3.22

Sobre O Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (tradução, introdução, apêndice e notas de Jorge Fazenda Lourenço)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (tradução, introdução, apêndice e notas de Jorge Fazenda Lourenço)


Esta é uma nova tradução de Le Spleen de Paris, de Charles Baudelaire, obra editada em 1869, dois anos depois da morte do poeta, que a concebeu como uma série complementar de Les Fleurs du Mal.

Os poemas em prosa de O Spleen de Paris procuram captar e decifrar o tumulto e a melancolia da moderna vida urbana, feita de profundas transformações na geografia humana e na expressão da sensibilidade, prestando uma especial atenção aos excluídos do progresso, em que o próprio poeta se revê.

Para Baudelaire, o poeta é o «solitário dotado de uma imaginação activa, sempre viajando através do grande deserto de homens», tendo «um objectivo mais alto que o de um puro flâneur, um objectivo mais geral, que não o prazer fugidio da circunstância». Ele procura mostrar os versos e reversos da «modernidade», articulando beleza estética e violência simbólica, e tendo sempre em mente um desígnio maior: «extrair a beleza do Mal», o ouro da lama, «o eterno do transitório». [Jorge Fazenda Lourenço]


Esta e outras obras de Charles Baudelaire estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charles-baudelaire/

Sobre Amada Vida, de Alice Munro

 



Alice Munro possui um inigualável talento — o de nos transmitir de modo conciso a essência da vida. E é sob a forma de contos que o faz, de novo, em Amada Vida.

História a história, Munro destaca os momentos em que a vida é profundamente transformada por um encontro casual, uma acção não realizada, ou mesmo por um desvio no destino que faz alguém trocar o seu quotidiano ou modo de pensar.

Uma poeta, na sua primeira festa literária em território inóspito, é resgatada por um colunista de jornal, acabando por partir numa incursão pelo continente que a leva a um inesperado encontro.

Um jovem soldado, ao regressar da Segunda Guerra Mundial para os braços da sua noiva, sai na estação de comboio anterior à sua, encontrando numa quinta uma mulher com quem começa nova vida.

Uma jovem mantém um caso com um advogado casado, contratado pelo seu pai para gerir os seus bens. Quando é descoberta, encontra uma forma surpreendente de lidar com a chantagista.

Uma rapariga que sofre de insónias imagina, noite após noite, que assassina a irmã mais nova.

Uma mãe resgata a sua filha no exacto momento em que uma mulher tresloucada invade o seu quintal.


A maioria destas histórias ocorre no território natal de Alice Munro — as pequenas vilas em redor do Lago Huron, no Canadá — embora, por vezes, as personagens se aventurem na cidade.

Estes contos mostram-nos que — nas partidas, nos novos começos, nos acidentes, nos perigos e nos regressos, tanto imaginários como reais — o quotidiano da nossa vida pode ser tão estranho e arriscado como belo.


Amada Vida (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Alice Munro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/

Sobre a adaptação cinematográfica de Águas Profundas, de Patricia Highsmith

 



Adrian Lyne sobre o filme Deep Water, a adaptação da obra de Patricia Highsmith. Para ler aqui.


Águas Profundas (trad. Maria Georgina Segurado) e outras obras de Patricia Highsmith estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/patricia-highsmith/

Sobre Vasto Mar de Sargaços, de Jean Rhys

 



Inspirado em Jane Eyre, de Charlotte Brontë, Vasto Mar de Sargaços passa-se nos anos 30 do século XIX, na Jamaica.

Antoinette Cosway, nascida numa sociedade opressiva e colonialista, conhece um jovem inglês que é atraído pela sua beleza inocente e pela sua sensualidade.

Contudo, após o casamento, começam a circular boatos que instalam a desconfiança entre o casal. Presa entre as exigências do marido e o seu frágil sentido de pertença, Antoinette é levada à loucura.


«Obcecada pela personagem da primeira Mrs. Rochester de Jane Eyre, de Charlotte Brontë, Jean Rhys acabará por projetar nela grande parte da sua própria experiência de adolescente no seu país de origem. E é como um pesadelo que essa experiência é reconstituída.» [António Mega Ferreira]


Vasto Mar de Sargaços (trad. de José Carlos Costa Marques) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/vasto-mar-de-sargacos/

Sobre Jane Eyre, de Charlotte Brontë

 



Jane Eyre, criança órfã, cresceu em casa da tia, onde a solidão e a crueldade imperavam, e ainda numa escola de caridade com um regime severo. Esta infância fortaleceu, no entanto, o seu espírito de independência, que se revela crucial quando ocupa o lugar de preceptora em Thornfield Hall. Porém, quando se apaixona por Mr. Rochester, o seu patrão, um homem de grande ironia e cinismo, a descoberta de um dos seus segredos força-a a uma opção. Deverá ficar com ele e viver com as consequências disso, ou seguir as suas convicções, mesmo que para tal tenha de abandonar o homem que ama?

Publicado em 1847, Jane Eyre chocou inúmeros leitores com a sua apaixonada e intensa descrição da busca de uma mulher pela igualdade e a liberdade.


«A obra-prima de um grande génio.» [William Makepeace Thackeray]


Jane Eyre (trad. Mécia e João Gaspar Simões) e uma selecção de poemas de Charlotte Brontë estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charlotte-bronte/

30.3.22

De Benoni, de Alexandre Andrade

 



«Entre a cidade e a vila, entre o seu manuscrito e a inércia, assim vivia Benoni. Nada o ligava àquela pequena povoação do interior, excepção feita a um punhado de amigos chegados, também eles, na sua maior parte, visitantes de ocasião, que para ali confluíam periodicamente. Quanto ao resto, nem memórias, nem aspirações, muito menos raízes. Talvez por isso mesmo não acreditava que a atracção sentida por aquele lugar pudesse ser apenas um capricho persistente ou um efeito secundário. Sem hesitar, e sempre que lhe era possível, largava tudo e vinha ali passar uns dias.

(…)

Era naquela época que despontavam as flores, as invejas e os amores. As flores, naturalmente, as invejas, lentamente, os amores em sobressalto. Benoni nem se atrevia a tentar calcular quantos palermas faziam a corte à jovem Lia, por cada ano que passava. A acreditar no que se contava à boca cheia, ninguém, nem sequer o velho e embrutecido taberneiro (especialmente o velho e embrutecido taberneiro) se mostrara insensível aos seus encantos. Tudo começava com uma manhã passada ao nível da terra fria, esperando o momento em que Lia surgiria caminhando em beleza, como a noite de um clima sem nuvens e de céus estrelados, em busca de água para si e para o seu avô, este confinado a uma cadeira de rodas e à amargura. “A pequena vai buscar água, e é tudo? Não se passa nada de escabroso?”, estranhava Benoni, conversando com potenciais, actuais ou pretéritos.»


Benoni e outras obras de Alexandre Andrade editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alexandre-andrade/

Sobre História de Quem Vai e de Quem Fica, de Elena Ferrante

 



Elena e Lila, as duas amigas que os leitores já conhecem de A Amiga Genial e História do Novo Nome, tornaram-se mulheres. E isso aconteceu muito depressa. Lila, que se casou muito nova, deixou o marido, o bem-estar material e trabalha agora como operária em condições bastante duras. Elena saiu do bairro, estudou na Normale de Pisa e publicou um romance cujo sucesso lhe abriu as portas de um meio culto. Tentaram ambas, cada uma a seu modo, vencer as barreiras que pretendiam encerrá-las num destino de miséria, ignorância e submissão.

Navegam agora ao ritmo agitado a que Elena Ferrante nos habituou, no mar alto dos anos 70, num cenário de esperança e incerteza, tensões e desafios até então impensáveis, unidas sempre com um vínculo fortíssimo, ambivalente, umas vezes subterrâneo, outras visível, com episódios violentos e reencontros que abrem perspetivas inesperadas. 


História de Quem Vai e de Quem Fica (trad. Margarida Periquito) e outras obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/

Sobre Alucinações, de Oliver Sacks

 



Já alguma vez o leitor viu algo que não estava lá? Ouviu alguém chamar o seu nome numa casa vazia? Sentiu que o seguiam, mas quando se virou não encontrou ninguém?

As alucinações não pertencem apenas aos loucos. Estão mais frequentemente ligadas a falhas sensoriais, intoxicação, doença ou lesões.

Pessoas com enxaquecas podem ver arcos de luz cintilantes ou figuras liliputianas. Pessoas com falhas de visão podem, paradoxalmente, mergulhar num mundo visual alucinatório. As alucinações podem aparecer com uma simples febre ou mesmo ao acordar ou adormecer, quando as pessoas têm visões que vão desde manchas luminosas coloridas até rostos perfeitamente pormenorizados, ou mesmo seres aterrorizantes. Pessoas que estão de luto podem receber «visitas» do falecido. Em algumas condições, as alucinações podem levar a epifanias religiosas, ou mesmo à sensação de abandonarmos o nosso corpo.

O ser humano sempre procurou este tipo de visões, tendo durante milhares de anos utilizado substâncias alucinogénias para as obter. Enquanto jovem médico na Califórnia nos anos 60, Oliver Sacks teve um interesse pessoal e profissional por psicotrópicos. Neste livro, o autor reúne histórias dos seus pacientes e a sua própria experiência.


«Sacks escreve histórias de aventura, relatos de viagens ao território inexplicado do cérebro. Ao fazê-lo, revela-nos uma paisagem bastante mais estranha e complexa do que alguma vez poderíamos inferir a partir das nossas interacções diárias.» [The Sunday Times]


«Sacks é, acima de tudo, um médico que escreve com compaixão e clareza… O resultado é uma espécie de discurso humano sobre a fragilidade das nossas mentes, dos corpos que lhes dão forma, e do mundo que criam para nós.» [The Daily Telegraph]


«Oliver Sacks tornou-se o neurologista mais famoso do mundo. Os seus estudos sobre mentes debilitadas permitem uma clara compreensão dos mistérios da consciência.» [The Guardian]


Alucinações (trad. Miguel Serras Pereira) e outras obras de Oliver Sacks estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/oliver-sacks/

Sobre Marlon James

 



Marlon James em entrevista à Bookforum a propósito da edição do segundo volume da trilogia Dark Star, que a Relógio D’Água editará este ano, com tradução de José Miguel Silva.


Leopardo Negro, Lobo Vermelho e Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James (trad. José Miguel Silva), estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/marlon-james/

Sobre Não Te Esqueças de Viver, de Pierre Hadot

 



«“Ao meu neto Adrien Pagano. Como prova de reconhecimento por tudo o que ele me trouxe.” Eis a dedicatória de Não Te Esqueças de Viver, pressentimento da morte e tributo da velhice à infância. No subtítulo Goethe e a Tradição dos Exercícios Espirituais acha-se a fonte de entendimento de toda a obra. Agora que o filósofo se está a despedir da vida, regressa ao poeta por quem sempre se interessou e reúne os despojos — artigos dispersos — da felicidade, a deusa das pessoas vivas, como Goethe lhe chama. É assim que Não Te Esqueças de Viver se torna ao mesmo tempo um testamento e uma preparação para a morte. 

À pergunta de Agostinho: “pode o homem ser feliz e mortal?”, responde Clarice Lispector: “amar a vida mortal, isso é a felicidade”. Na tensão criada por esta pergunta e por esta resposta inscrevem-se os exercícios espirituais encontrados por Pierre Hadot em Goethe, prolongados em Nietzsche e confirmados nos filósofos gregos e latinos, em particular, estóicos e epicuristas.» [Maria Filomena Molder]


Não Te Esqueças de Viver, de Pierre Hadot (trad. Maria Etelvina Santos), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nao-te-esquecas-de-viver/

De Viver Feliz Lá Fora, de José Gardeazabal

 



«um homem que não está sozinho

amestra animais domésticos à dentada

isto é alimenta-os

dá-lhes o pão nosso

(quem diria)

cada dia» [p. 14]


Viver Feliz Lá Fora e outras obras de José Gardeazabal estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gardeazabal/

29.3.22

Sobre Os Subterrâneos, de Jack Kerouac

 



«A verdade é que escrever Os Subterrâneos em três noites foi uma proeza fantástica, tanto em termos atléticos como mentais, devia ter-me visto logo após ter terminado… Fiquei pálido que nem um lençol, perdi quase sete quilos e ao espelho tinha uma tez cor-de-laranja.» [Jack Kerouac em entrevista à The Paris Review, 1968]


«Um livro escrito em três maratonas nocturnas alimentadas a comprimidos de benzedrina não pode ser lido como um livro “normal”. Quem o fizer arrisca-se a perder o pé antes mesmo de chegar ao fim do primeiro parágrafo, engolido pela torrente de frases que têm na musicalidade o seu grande suporte. Eis pois o ponto fulcral: Os Subterrâneos não pode ser lido, tem de ser trauteado como uma linha melódica e só assim se torna inteligível e belo. E tem de ser trauteado depressa, a um ritmo de cortar a respiração. O ideal, aliás, seria que o leitor se dispusesse a ler este livro em apenas três noites, com todos os custos inerentes a esse gesto.»[Do Prefácio]


Os Subterrâneos (tradução de Paulo Faria) e outras obras de Jack Kerouac estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jack-kerouac/


Adaptação de Duna vence 6 Óscares

 




«De onde vem a ‘impossibilidade’ da adaptação ao cinema do mítico romance de ficção científica que Herbert deu à estampa a meio da década de 60 do século XX? Antes de tudo, da complexidade. “Duna” situa-se num longínquo futuro, 25 mil anos para lá da nossa era, portanto num quadro impensável em termos realistas. Tecnologicamente estamos num avançadíssima idade, contudo as formas de governo da galáxia são feudais, baseadas em casas nobres e num poder imperial que concede privilégios ou retira benesses a seu bel-prazer. Não há computadores nem robôs, interditados há muito.» [Jorge Leitão Ramos, Expresso, 28/3/2022]


Uma mistura de aventura e misticismo, ambientalismo e política, Duna venceu o primeiro Prémio Nebula, partilhou o Prémio Hugo e é hoje reconhecido como o mais importante épico de ficção científica.

Obra-prima de Frank Herbert, Duna decorre no planeta deserto de Arrakis. Narra a história de Paul Atreides, herdeiro de uma família nobre encarregada de governar um mundo inóspito, onde a única coisa de valor é uma especiaria, melange, que é na verdade uma droga capaz de prolongar a vida e expandir a consciência. Cobiçada em todo o universo conhecido, a melange revela-se um tesouro pelo qual as pessoas estão dispostas a matar. Quando os Atreides são traídos, a destruição da sua família conduz Paul a um destino mais importante e arriscado. E, à medida que evolui, dando forma ao misterioso Muad’Dib, tornará real o sonho mais antigo e perseguido pela humanidade.


«Não conheço nada que se lhe compare, além de O Senhor dos Anéis.» [Arthur C. Clarke, autor de 2001, Odisseia no Espaço]


«É possível que Duna seja mais relevante agora do que na data em que foi publicado.» [The New Yorker]

Duna (trad. Jorge Candeias) e O Messias de Duna (trad. Ana Mendes Lopes) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, com ilustrações de Aya Morton e adaptação de texto de Fred Fordham

 


Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, com ilustrações de Aya Morton e adaptação de texto de Fred Fordham (tradução de Ana Luísa Faria)


“Captar O Grande Gatsby num meio visual sempre foi difícil; em alguns aspetos, a própria linguagem é a personagem principal do romance, e as outras personagens são secundárias em relação à bela prosa de F. Scott Fitzgerald. Mas, sob a forma de romance gráfico, o texto tem um papel ativo na narrativa sem ser necessário que uma esmerada voz-off ou outros expedientes acompanhem a imagem. Por este motivo, há muito que esperávamos um romance gráfico de Gatsby; é emocionante poder apresentá-lo agora.” [Blake Hazard]


Fred Fordham nasceu em 1985 e cresceu no norte de Londres. Estudou política e filosofia na Universidade de Sussex enquanto trabalhava como retratista e muralista. Tem escrito e ilustrado histórias para várias publicações, entre as quais o romance gráfico de estreia de Philip Pullman.


O trabalho de Aya Morton foi destacado em Comics Art, de Paul Gravett, e exibido na London House of Illustration, além de ter recebido Awards of Excellence da Communication Arts, assim como uma menção honrosa da 3x3 Illustration Annual. Entre outros, Morton ilustrou His Dream of the

Skyland, o primeiro livro da trilogia escrita por Anne Opotowsky, e trabalhou como freelancer em Londres e Portland, no Oregon, onde agora vive com o marido e os dois filhos.


As obras de F. Scott Fitzgerald já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/f-scott-fitzgerald/


Mataram a Cotovia, de Harper Lee, ilustrado e adaptado por Fred Fordham, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/mataram-a-cotovia-o-romance-grafico/


Ridley Scott prepara nova sequela de Blade Runner

 





Blade Runner 2099, com produção executiva de Ridley Scott, segue-se à sequela Blade Runner 2049, de Denis Villeneuve. 

Ridley Scott realizou em 1982 a adaptação do romance de Philip K. Dick Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?. Mais informação aqui.


Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (trad. Raquel Martins) e outras obras de Philip K. Dick estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/philip-k-dick/

Sobre Esse Cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida

 



«O livro do cabelo, no entanto, exigiria o esforço de deixar a literatura à porta, como o meu marido esperando‑me ao longo dos anos em quatro automóveis diferentes e ligando‑me para perguntar se já me despachei, com receio de se dar a ver às raparigas dos salões, tantas vezes preconceituosas, ficando no carro para me proteger de reparos, ouvindo rádio, mexendo no telefone, fazendo tempo. No livro do cabelo, a literatura faz tempo no carro e olha‑me sem me reconhecer à primeira quando entro perguntando‑lhe se gosta.»


Esse Cabelo e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

28.3.22

Sobre Violência, de Slavoj Žižek

 



Em Violência, Slavoj Žižek conduz os seus leitores por uma viagem intelectual e artística – desde a Guernica de Picasso, aos filmes de Alfred Hitchcock e M. Night Shyamalan, aos romances de Michel Houellebecq e a uma análise kantiana do furacão Katrina –, para mostrar como as sociedades compreendem, obscurecem ou negam as fontes de violência. Argumenta que a violência talvez possa ser definida com mais rigor pelos espectadores do que pelos criminosos ou as vítimas. Žižek enumera as variedades da violência, mostrando até que ponto ela se tornou inerente à linguagem, economia e religião.


Violência (trad. Miguel Serras Pereira) e outras obras de Slavoj Žižek estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/slavoj-zizek/

Sobre As Histórias de Babar, de Jean de Brunhoff

 



«No meio da floresta, nasceu um pequeno elefante. Chama-se Babar.

A sua mamã gosta muito dele. Para o adormecer, embala-o com a tromba, cantando suavemente.»


«Um livro ilustrado que é uma obra de arte.» [Maurice Sendak]


As Histórias de Babar, de Jean de Brunhoff, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/as-historias-de-babar/

Sobre O Quarto de Jacob, de Virginia Woolf

 



Escrito em 1922, O Quarto de Jacob marca uma inovação narrativa de Virginia Woolf, que será confirmada em Mrs. Dalloway (1925) e Rumo ao Farol (1927). Com recurso a novas técnicas, em particular à corrente de consciência, Virginia Woolf afirma um novo realismo capaz de romper com a mera descrição e o mundo das aparências.

Enquanto Jacob descobre a amizade e o amor, Woolf descobre-nos Jacob, e a interacção entre estas duas descobertas resulta numa realidade mais completa.

O romance começa com Jacob a brincar numa praia e termina no seu quarto vazio. Entre os dois episódios, decorreu a Primeira Guerra Mundial.


O Quarto de Jacob (trad. João Pedro Vala) outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

Sobre Irradiante, o negro, de Rui Nunes

 



«“Começa. Ou continua? Ou não teve início esta corrida?”, lê-se no mais recente movimento desta aproximação: Irradiante, o negro (Relógio D’Água, 2022, p. 60). Como um gago que sofre, uma a uma, as palavras que é incapaz de dizer fluentemente, sendo esse sofrimento a medida exacta do seu amor, “este homem vê uma palavra e escava, diz uma palavra e escava, e encontra, e no que encontra descobre uma pequena falha, e continua a escavar enquanto vai morrendo” (p. 17).

Eis como se desdobra em hesitações, na violência de uma repetição obstinada, o olhar de Rui Nunes sobre o inacabamento ou a incompletude da vida.» [Diogo Martins, «O negro irregular da ruína: entre Tolstoi e Rui Nunes», Vila Nova. Texto completo em: https://vilanovaonline.pt/2022/03/19/o-negro-irregular-da-ruina-entre-tolstoi-e-rui-nunes/]


Irradiante, o negro e outras obras de Rui Nunes estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/

Sobre A Condessa de Cagliostro, de Maurice Leblanc

 



Publicado em 1924, A Condessa de Cagliostro é uma incursão de Maurice Leblanc no mundo do esoterismo.

A obra narra o início da vida aventurosa de Arséne Lupin, jovem amante de Clarisse d’Étigues e que salva Joséphine Balsamo da morte às mãos do conspirador realista Beaumagnan.

Joséphine pretende ser a condessa de Cagliostro, descendente do conde Alessandro di Cagliostro, médico e ocultista italiano da segunda metade do século XVIII e que teria o segredo da longa vida e da juventude.

Arséne Lupin vai hesitar entre o amor por Clarisse e a paixão por Joséphine, cuja idade permanece um enigma. Além disso, segue a pista de um segredo, também perseguido por Beaumagnan e os seus cúmplices.

Através desta intriga policial, Maurice Leblanc faz-nos também uma descrição da nobreza da época e, em particular, da família do barão d’Étigues.


Mais informação sobre A Condessa de Cagliostro e outras obras de Maurice Leblanc em https://relogiodagua.pt/autor/maurice-leblanc/

Sobre O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas

 




Para Umberto Eco, e muitos outros leitores e críticos, O Conde de Monte Cristo «é um dos mais apaixonantes romances alguma vez escritos».

O livro é a história de Edmond Dantès, jovem capitão da marinha mercante, que uma infame conjura lança nas masmorras do Castelo de If e a quem a descoberta de um tesouro permitirá alcançar a riqueza e fazer justiça.

É uma narrativa sobre o poder e o dinheiro que nos leva de Marselha à ilha de Monte Cristo, depois a Roma e a Paris, nos anos 1830, onde reinam os banqueiros e homens de negócios.

É também a história de uma vingança implacável, nascida das ruínas de um amor destruído, a vida de uma personagem generosa e irresistível, que conquista a atenção do público há mais de século e meio.


O Conde de Monte Cristo (trad. Alexandra Maria Matos de Amaral Maria Ribeiro, Rute Mota e Os Três Mosqueteiros (trad. José Cláudio e Júlia Ferreira), de Alexandre Dumas, estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alexandre-dumas/


27.3.22

Sobre Um Eléctrico Chamado Desejo e Outras Peças, de Tennessee Williams

 



Este livro reúne quatro das principais peças de Tennessee Williams, a saber: «Gata em Telhado de Zinco Quente», «Subitamente, no Verão Passado», «Verão e Fumo» e «Um Eléctrico Chamado Desejo».


«Eu quero continuar a falar convosco sobre aquilo por que vivemos e morremos. E quero fazê-lo sem reservas, intimamente, como se vos conhecesse melhor do que qualquer outra pessoa.» [Do Prefácio a «Gata em Telhado de Zinco Quente»]


Este livro (trad. Helena Briga Nogueira) e Doce Pássaro da Juventude e Outras Peças estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/tennessee-williams/

26.3.22

Sobre Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole

 



O protagonista deste romance é uma das personagens mais memoráveis da literatura norte-americana.

Aos 30 anos, Ignatius J. Reilly vive com a mãe, ocupado a escrever uma demolidora denúncia do século XX, uma perturbante alegação contra uma sociedade perturbada. Devido a uma inesperada necessidade de dinheiro, vê-se catapultado para a febre da existência contemporânea, febre que, por sua vez, contribui para aumentar em alguns graus.


«Um romance extremamente divertido. É um daqueles livros de onde sempre iremos fazer citações.» [Anthony Burgess]


«Um romance disparatado e burlesco, rabelaisiano e surpreendente, que rompe com os hábitos da narrativa norte-americana atual. Uma tragicomédia cósmica, cuja leitura faz com que se alterne entre a gargalhada e a angústia.» [El País]


Uma Conspiração de Estúpidos (trad. Maria Filomena Duarte) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/uma-conspiracao-de-estupidos/

Sobre Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne

 



Numa casa do velho bairro de Hamburgo, Axel, um jovem tímido, trabalha com o seu tio, o irascível professor Lidenbrock, geólogo e mineralogista. A sua vida é tranquila apesar da paixão que sente pela encantadora Graüben, a pupila do seu mestre.

Mas a situação altera-se quando, num velho manuscrito, Lidenbrock encontra um criptograma.

Arne Saknussemm, um famoso sábio islandês do século xvi, revela nesse manuscrito que através da cratera de um vulcão extinto da Islândia, o Sneffels, penetrou outrora até ao centro da Terra.

Entusiasmado, Lidenbrock decide partir imediatamente com Axel para a Islândia, onde, acompanhados pelo guia Hans, tão fleumático como Lidenbrock é agitado, penetra nas misteriosas profundezas do vulcão.


Viagem ao Centro da Terra (trad. Maria Matta Antunes) e outras obras de Jules Verne estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jules-verne/

25.3.22

Sobre O Céu É dos Violentos, de Flannery O'Connor

 



O Céu É dos Violentos foi inicialmente publicado em 1960, tendo-se tornado uma referência essencial da literatura norte-americana – um exemplo da sensibilidade gótica e da veia satírica de Flannery O’Connor.

Neste segundo e último romance da autora, conta-se a história de Francis Tarwater, um órfão de catorze anos. Francis tenta a todo o custo escapar à profecia do seu tio-avô Tarwater, um fanático com uma visão muito especial dos ensinamentos bíblicos. 

Quando o tio-avô de Francis morre, o rapaz renega os seus ensinamentos, incendeia a casa rural onde ambos viviam e procura o seu tio Rayber, que vive com o filho Bishop, uma criança mentalmente atrasada. No entanto, Francis vai descobrir que forças que o transcendem se sobrepõem aos seus desejos de uma vida secular num razoável mundo moderno. 

Flannery O’Connor observa as suas personagens com uma espantosa combinação de ironia, compaixão, humor e empatia. 


O Céu É dos Violentos (trad. Luís Coimbra) e outras obras de Flannery O’Connor estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/flannery-oconnor/

Sobre Quarenta e Três, de José Gardeazabal

 



«Aposta novamente ganha a de José Gardeazabal, que se aventura sem outra rede do que a sua cultura literária e a convicção de que o pacto de leitura lhe assegurará o fio da narrativa. A chave do romance está no seu título, e sobretudo na epígrafe que antecede o texto: “A ideia de escrever um romance a partir de uma página, sempre a mesma página, dos grandes romances. Mas que página?” A resposta intitula o livro: “Quarenta e três”, a página escolhida das 36 obras que formatam o seu labirinto. De que edição, será a primeira pergunta que ocorrerá ao leitor disposto a aceitar o jogo de JG. Mas também esse desafio foi previsto: nove páginas antes de se fechar o livro, acontece uma bibliografia que não é meramente um registo de obras consultadas pelo autor, é antes o inventário preciso da edição portuguesa de cada um dos capítulos do romance.» [Luísa Mellid-Franco, E, Expresso, 25/3/22]


Quarenta e Três e outras obras de José Gardeazabal estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gardeazabal/

De A Poesia como Arte Insurgente, de Lawrence Ferlinghetti




«A poesia é o que gritaríamos se nos encontrássemos numa selva escura, no meio do caminho da nossa vida.


Os poemas são arcos ardentes, os poemas são flechas de desejo, a poesia dá palavras ao coração.


A poesia é a verdade que revela todas as mentiras, o rosto sem maquilhagem.


O que é a poesia? O vento agita as ervas, uiva nos desfiladeiros.


Voz perdida e sonhadora, porta que pairou sobre o horizonte.


Ó flauta embriagada, ó boca de ouro, beijem‑se, beijem‑se em alcovas de pedra.


O que é a poesia? Um palhaço ri, um palhaço chora, deixando cair a sua máscara.


A poesia é o Hóspede Desconhecido na casa.


A poesia é a Grande Memória, cada palavra uma metáfora viva.


Poesia, o olho do coração, o coração do espírito.


As palavras esperam para renascer à sombra do candeeiro da poesia.


Com a primeira luz, um pássaro negro afasta‑se a voar — é um poema.» [De «O que é a poesia?»]


A Poesia como Arte Insurgente (tradução de Inês Dias) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-poesia-como-arte-insurgente/ 

Sobre Os Demónios, de Fiódor Dostoievski

 



Verkhovenski e Stavróguin são os líderes de uma célula revolucionária russa. O seu objectivo é derrubar o governo, destruir a sociedade e tomar o poder. Mas quando o grupo está prestes a ser descoberto uma questão se coloca. Estarão os seus elementos dispostos a matar-se uns aos outros para encobrir o seu rasto? O romance baseia-se, em parte, na história de um estudante assassinado pelos seus colegas revolucionários. Mas é também uma descrição da Rússia do século XIX e uma acusação contra os que usam a violência em nome dos seus princípios.

Tolerado por Lenine, banido por Estaline, cujo regime parece ter antecipadamente previsto, Dostoievski só seria redescoberto na URSS a partir dos anos 60 do século XX. É que a extrema atenção com que o autor de Os Demónios seguia os acontecimentos da sua época permitiu-lhe prever os excessos e sofrimentos para que o seu país caminhava.


«Muito do mal que torna sombrio Os Demónios resulta da profanação ou perversão do amor (…), o modo como Stavróguina esvazia a alma dos homens para que os demónios nela possam entrar pode ser visto, com extraordinária força e equilíbrio dramático, no episódio da reunião em casa de Verkhovenski. A cena é a Última Ceia e o modo de a tratar é ao mesmo tempo irónico e elegíaco. (…) Não podemos esgotar os significados de Stavróguin, como não podemos esgotar os de Hamlet ou do Rei Lear.» [George Steiner, Tolstói ou Dostoievski]


Os Demónios (trad. António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

De O Ponto de Vista dos Demónios, de Ana Teresa Pereira

 



«Para onde vão os pássaros quando morrem, porque é que os seus livros estavam cheios de pássaros e de aranhas, e de deuses, os deuses estavam em toda a parte, como dissera Heraclito, e os anjos, e os monstros, monstros mutilados, maimed monsters, tinham a mesma realidade que as pedras, as rosas, o velho vaso no canto do estúdio, ela mesma, o vulto esguio, o cabelo longo e pesado, a túnica azul que podia ser um vestido de noite ou uma camisa de dormir, o colar de pérolas e rubis, os pés descalços, não tocava o chão ao caminhar, era uma deusa indiana... e as suas mãos... as unhas estavam sujas... escrevera há pouco, com tanta força que quase rasgara o papel, Who is one’s first love...

— Quem é o nosso primeiro amor? — disse a mulher baixinho.

Pousou a caneta e colocou a página, a última, sobre o monte de papel. » [O tempo dos fantasmas, in O Ponto de Vista dos Demónios, p. 13]


O Ponto de Vista dos Demónios, editado pela Relógio D’Água em 2002, e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

24.3.22

Sobre Se a Europa Acordar, de Peter Sloterdijk

 



«Na verdade, a questão da essência da Europa não é misteriosa nem irrespondível. A resposta saltar-nos-á logo à vista, mal deixemos de nos preocupar com questões estéreis sobre as verdadeiras fronteiras e as entidades étnicas da Europa. Não há dúvida de que a Europa não tem nem uma base popular substancial, nem fronteiras sólidas a leste e a sudeste, nem uma identidade religiosa inequívoca. Mas tem uma “forma” típica e um motivo dramático muito próprio que, na maior parte da sua história, se impõe por meio de cenas inconfundíveis. Basta-nos adoptar a óptica de um dramaturgo para discernirmos claramente as grandes linhas da peça europeia. A questão não deve ser: quem, e segundo que critérios e que tradições, pertence a uma “verdadeira Europa”?… mas: que cenas desempenham os Europeus nos seus momentos históricos decisivos? Quais as ideias que os animam, as ilusões que os mobilizam? Como é que a Europa alcançou a sua história motriz e por que meios esta se mantém em movimento? Onde é que o poder e a unidade da Europa correm o risco de fracassar? Qualquer manual de história um pouco ambicioso dá resposta a estas perguntas.»


Se a Europa Acordar (trad. Manuel Resende), editado pela Relógio em 2008, e outras obras de Peter Sloterdijk estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/peter-sloterdijk/


Em breve, a Relógio D’Água publicará cinco dos mais recentes ensaios de Peter Sloterdijk no volume ReflexosPrimitivos.