29.12.09

Livros da Relógio D'Água nos Média (semana de 21 a 27 de Dezembro)

Na revista Actual do Expresso de 24 de Dezembro, Luís M. Faria escreve sobre A Pedra da Lua de Wilkie Collins.


«"A Pedra da Lua" é uma obra-prima tanto a nível da construção como da psicologia. E até do humor, com um capítulo sinistro e hilariante 'escrito' por uma fanática religiosa. Há quem o considere (façam-se as necessárias vénias a Poe) o primeiro romance policial da história. Foi decerto o primeiro a marcar sem regresso alguns elementos do policial britânico: o detective quase sobre-humano, o seu sidekick tonto, o par romântico numa rede de equívocos.»


Hannah Arendt e Martin Heidegger de Elżbieta Ettinger



Tradução de Isabel Castro Silva
€15

Hannah Arendt encontrou-se pela primeira vez com Martin Heidegger em 1924 na universidade alemã de Marburgo. Arendt é uma judia alemã então com dezoito anos que se torna aluna de Heidegger, trinta e cinco anos, casados e com filhos, e que está a escrever a sua principal obra, Ser e Tempo. Depressa se tornam amantes, mantendo encontros clandestinos ao longo de quatro anos. Depois separaram-se e mantêm-se afastados durante vinte anos. É durante esse longo período que Heidegger adere ao nazismo e Arendt emigra para os E.U.A., onde escreve obras como A Condição Humana, Entre o Passado e o Futuro e As Origens do Totalitarismo.
Reatam com prudência o relacionamento em 1950 e, apesar das suas divergências e diferentes intenções, mantêm-se amigos até à morte de Hannah Arendt em 1975, a que se seguiria meses depois a de Martin Heidegger.

Hipátia de Alexandria de Maria Dzielska






Hipátia nasceu em Alexandria por volta do ano de 370 d. C. Era filha de Theon, um matemático, filósofo e astrónomo conhecido no seu tempo. Hipátia estudou em Atenas, e, de regresso, à sua cidade natal, tornou-se professora de matemática e de filosofia. Era uma oradora carismática e manteve-se solteira declarando-se «casada com a verdade». Escreveu comentários a obras clássicas, como à Aritmética de Diofanto e às Secções Canónicas de Apolónio e tudo indica que conhecia a obra de Ptolomeu. Pelas cartas escritas por Sirenius, um dos seus alunos, sabemos que se dedicou também à construção de astrolábios. Em termos filosóficos, era neoplatónica, uma escola que na sua época e em Alexandria tinha a oposição dos grupos cristãos. Segundo testemunhos mais ou menos lendários era também uma mulher muito bela.
No ano 415, Hipátia foi brutalmente assassinada por uma turba de cristãos que a considerava herege. Existem diversas versões do seu fim, sendo a mais difundida a de Edward Gibbon em O Declínio e a Queda do Império Romano. Segundo Gibbon, numa manhã da Quaresma de 415, Hipátia foi atacada na rua quando regressava a casa na sua carruagem. A multidão arrancou-lhe os cabelos e a roupa, depois os braços e as pernas e queimou o que restava do seu corpo.
Hipátia foi um dos últimos intelectuais conhecidos a trabalhar na Biblioteca de Alexandria e a primeira mulher matemática que a história regista. Por isso a sua morte violenta foi considerada o fim do período antigo da matemática grega.
Voltaire e Bertrand Russell comentaram com apreço o seu trabalho. Hipátia foi tema de um romance de Charles Kingsley, e recentemente o espanhol Alejandro Amenabar realizou um filme, Ágora, sobre a sua vida.

18.12.09

Livros da Relógio D'Água nos Media (semana de 14 a 20 de Dezembro)

No Ípsilon de 18 de Dezembro, Eduardo Pitta escreve sobre Corpos Vis, de Evelyn Waugh: «A fluidez da narrativa é idêntica à de um guião pronto a ser filmado. E reúne os ingredientes que singularizam Waugh: quotidiano das classes altas britânicas, sarcasmo, mordacidade, humor, “gossip” e ambiguidade sexual. (…)
Logo no primeiro capítulo, a descrição da travessia do Canal é um prodígio de modernidade. Sirva de exemplo e lição a quem julga estar a descobrir coisas descobertas há muito.»
José Guardado Moreira, na revista Actual de 19 de Dezembro, faz a recensão de A Lebre de Vatanen, de Arto Paasilinna: «E de coisas extraordinárias nos fala este livro, que foi um êxito no seu país, nos idos de 1975. (...) Num registo pícaro, inconveniente, risonho mas vitriólico, e quase surreal, seguimos o rasto do viajante da lebre na sua descoberta, muito pessoal, da liberdade dos grandes espaços.»

16.12.09

Livros da Relógio D’Água nos Media (semana de 7 a 13 de Dezembro)



António Guerreiro, na revista Actual do Expresso de 12 de Dezembro, destaca entre as suas sugestões de Natal o livro de R. W. Emerson, A Confiança em Si, a Natureza e Outros Ensaios: «O optimismo e a exaltação de Emerson são uma espécie de antídoto contra o niilismo e o desencanto do nosso tempo. Este filósofo americano é ao mesmo tempo moderno e antigo.»
No mesmo suplemento, também Poemas de Amor – Antologia Latina figura entre as sugestões de Natal de José Guardado Moreira: «Catulo, Virgílio e Horácio estão entre os poetas convocados, a par de outros menos conhecidos. “Acaso é algum deus mais violento do que o nosso arco?”, pergunta um autor anónimo.»

No Sol de 11 de Dezembro, Filipa Melo considera Do Amor, de Stendhal, «um fascinante tratado sobre… esse intricado sentimento experimentado e estudado pelo escritor francês com audácia, minúcia e desejos de lucidez e clareza». Elucidando o fundo autobiográfico do livro, Filipa Melo conclui: «Métilde será talvez a Mme. Gherardi de Do Amor, com quem o autor assiste à transformação de um feio galho despido mergulhado nas salinas de Salzburgo num belo ramo coberto de reluzentes diamantes de sal. Para Stendhal, a mesma cristalização ocorre no sujeito enamorado, motivo-chave para esta demonstração de como o amor revela do avesso a beleza, a felicidade e a razão.»

Na Time Out de 9 de Dezembro, Sara Figueiredo Costa sublinha a importância dos diálogos em Corpos Vis, de Evelyn Waugh: «são um dos elementos de génio deste romance que retrata, sem poupar ninguém, a euforia londrina entre as duas guerras do século XX. Entre os outros contam-se a acutilância das descrições, o ritmo frenético, em perfeito equilíbrio com o “ar do tempo”, e o comentário social, mordaz, irónico e certeiro». Conclui dizendo, acerca deste livro a que atribui cinco estrelas, «na sublime prosa de Waugh, entre diálogos vertiginosos e uma noção de modernidade que marcaria a literatura da época, tudo se move desordenada e euforicamente».

7.12.09

Apresentação de Anos Difíceis na Figueira da Foz

Por iniciativa da Biblioteca da Figueira da Foz, o livro Anos Difíceis de António Barreto será apresentado no dia 17 de Dezembro, quinta-feira, pelas 21.30 na Quinta das Olaias.
Esta apresentação inscreve-se num ciclo de «Quintas-feiras de Leitura» organizado pela Biblioteca da Figueira da Foz com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Livros da Relógio D’Água na LER

A revista LER de Dezembro destaca 52 livros de outras tantas semanas no ano que está a acabar. Entre eles estão cinco livros publicados pela Relógio D’Água, a saber O Leilão do Lote 49 de Thomas Pynchon, O Coração dos Ponders de Eudora Welty, Suttree de Cormac McCarthy, Os Adeuses de Juan Carlos Onetti e Breves Notas sobre as Ligações (Llansol, Molder e Zambrano) de Gonçalo M. Tavares.
Nas «Leituras», José Riço Direitinho considera A Lebre de Vatanen de Arto Paasilinna como «um dos livros mais divertidos do ano» e chama a atenção para a publicação próxima de duas obras do autor finlandês, Aprazível Suicídio em Grupo e As Dez Mulheres do Industrial Industrial Rauno Rämekorpi.
Na secção «Mais Livros Saídos» é referido Anos Difíceis de António Barreto.
Em «Diário de Ocasião» de Francisco José Viegas é feita uma referência a Autores, Editores e Leitores de Francisco Vale, apresentado como «um livro que dá gosto ler e que pode bem ser uma preciosidade nestes tempos em que a “edição” se sobrepõe ao papel do “editor”».

4.12.09



Jorge Fazenda Lourenço (Covilhã, 1955), poeta, é professor na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. Obteve, em 1993, o Ph.D. em Hispanic Languages and Literatures, na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, com uma dissertação sobre a poesia de Jorge de Sena, de cuja obra é co-editor literário. Para além dos estudos senianos, a sua actividade como investigador tem-se centrado na literatura dos séculos XIX e XX, no estudo do Bildungsroman e nas questões da modernidade estética, tendo traduzido poesia de E. E. Cummings, Wallace Stevens, Giuseppe Ungaretti, Salvatore Quasimodo, Eugenio Montale, Mario Luzi e Charles Baudelaire, de quem organizou uma antologia de crítica e ensaio.

Obra poética: Pedra de Afiar (1983), Uma Surda Cegueira (1990), e. e. cumming: xix poemas (tradução, prefácio e notas, 1991; 2.ª ed., 1998). Derivas (2002), Harmónio, de Wallace Stevens (tradução e notas, 2006), O Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (tradução e prefácio, 2007)

Livros da Relógio D’Água nos Media (semana de 23 a 29 de Novembro)


Na revista Actual do Expresso de 28 de Novembro, Paulo Nogueira escreve sobre Um Bando de Corvos de Ruth Rendell, e a colecção de que a obra faz parte.

«Por incrível que pareça, volta e meia ainda é preciso defender o pedigree do género policial (uma tarefa quase de Sísifo), não obstante a sua notória versatilidade de canivete suíço. Uma nova colecção da Relógio D’Água é uma prova conclusiva: inclui nomes que vão de Edgar Allan Poe (o pai da criança) a Ernesto Sabato.»

«
Um Bando de Corvos pertence à série Wexford – e é colheita vintage. Narrativa apaixonante, mas não esbaforida. Ao longo de 40 anos, Rendell registou as transições sociais da violência doméstica à mudança do estatuto da mulher (não mais “a mulher cativa” nem a femme fatale, mas a executiva).»