29.4.24

Sobre Democracia, de Alexandre Andrade


 

«Um livro que é, à sua maneira, de um modo enviesado, literário, uma forma de assinalar os 50 anos do 25 de Abril. É um romance, chama-se Democracia, e o autor, Alexandre Andrade, tem uma obra já significativa, com livros que não correspondem a uma fórmula, livros que desafiam o leitor. Neste caso, em Democracia, o que temos é uma acumulação de vozes de gente comum com histórias breves, relatos na primeira pessoa que vão acompanhando, pari passu, mais ou menos cronologicamente, a evolução política e social, mas de modo muito particular, desde último meio século.

A juntar todos estes fragmentos, uma narradora com uma memória prodigiosa desses diálogos que foi ouvindo em casas sucessivas. Os capítulos têm títulos que nos situam com alguma ironia no momento histórico das diferentes histórias. […]

Mesmo apanhando os cacos todos, todas aquelas vozes, os episódios que vão contando, colando os cacos, depois de se reconstituir o jarro, o jarro fica diferente do que era antes, mais imperfeito, mas também mais precioso.» [Carlos Vaz Marques, Programa Cujo Nome Estamos legalmente Impedidos de Dizer, SIC Notícias, 27/4/2024: https://sicnoticias.pt/programas/programa-cujo-nome-estamos-legalmente-impedidos-de-dizer/2024-04-27-video-ministro-do-primarismo-presidente-da-camara-de-estrasburgo-e-ministro-da-afronta-c067799c]


Democracia e outras obras de Alexandre Andrade estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/alexandre-andrade/

Sobre A Morte do Sol, de Yan Lianke

 


«A Morte do Sol (Relógio D’Água), de Yan Lianke (n. 1958), escritor chinês, autor, entre outros, de “Os Quatro Livros” (na mesma editora), conta-nos uma fábula portentosa, que pode ser lida como crítica do regime actual, pela voz de um jovem um pouco tonto, relatando os funestos acontecimentos do dia em que o sol não nasceu, conduzindo a toda uma série de desgraças provocadas pelos sonâmbulos que infestam a aldeia.» [José Guardado Moreira, Ensino Magazine, 9/4/2024]


A Morte do Sol (tradução do chinês, glossário e notas de Eugénio Graf) e outras obras de Yan Lianke estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/yan-lianke/

Cristina Carvalho em encontro literário em Madrid

 




Amanhã, 30 de Abril, Cristina Carvalho estará na Biblioteca José Saramago, em Madrid, para conversar sobre Strindberg, publicado em castelhano pela Sabaria Editorial, com tradução de Concha López Jambrina.


«Strindberg», «Paula Rego — A Luz e a Sombra» e outras obras de Cristina Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/

Sobre A Filosofia da Canção Moderna, de Bob Dylan

 


No seu estilo único, Bob Dylan escreve sobre a natureza da música popular em sessenta ensaios nos quais comenta canções de outros artistas, de Hank Williams a Nina Simone, de Stephen Foster a Elvis Costello.


A Filosofia da Canção Moderna (tradução de Pedro Serrano e Angelina Barbosa) e outras obras de Bob Dylan estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/bob-dylan/

Sobre Poemas e Canções I e II, de Leonard Cohen

 



Poemas e Canções é a mais vasta antologia de Leonard Cohen até hoje publicada. Escolhida com a participação do próprio autor, e integrando vários poemas inéditos, reúne os principais textos — se exceptuarmos os romances — da sua produção literária e musical. No seu conjunto, é uma viagem imaginária através da beleza, do horror, do amor e do desespero.

Leonard Cohen nasceu em Montreal em 1934. Em 1956 editou Comparemos Mitologias. O seu primeiro disco, Songs of Leonard Cohen, divulgado em 1967, foi um assinalável início musical e popularizou algumas das suas canções mais famosas, como “Suzanne”.

Desde os anos 60, foram publicados onze livros de poemas, dois romances e dezassete álbuns musicais de Cohen, que o tornaram um dos mais conhecidos e influentes artistas, no Canadá, nos Estados Unidos da América e na Europa.


Poemas e Canções I e II trad. Margarida Vale de Gato e Manuel Alberto, revista por Margarida Vale de Gato e Pedro Mexia) e outras obras de Leonard Cohen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/leonard-cohen/

Sobre Os Poemas, de Konstandinos Kavafis

 


«Agora, depois de Poemas e Prosas em 1994, temos toda a poesia que Kavafis (com Eliot, para mim, o maior poeta da primeira metade do século XX) quis considerar inteiramente como a sua — exemplos de alguns poemas que ele deliberadamente afastou podem encontrar-se, todavia, espalhados pelo Prefácio e pelas Notas.» [J. M. M.]


Os Poemas, de Konstandinos Kavafis (tradução revista, prefácio e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis), está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/konstandinos-kavafis/

28.4.24

Sobre Sete Rosas Mais Tarde, de Paul Celan

 


“O amor está morto na obra de Celan. Perdeu a qualidade redentora. O que dele fica são apenas fragmentos, imagens que não se ordenam numa estrutura superior unificada. Porque esse é o limite que atingem, o limiar que ultrapassam: o da unificação harmoniosa num universo e numa relação de que o amor foi brutalmente cortado.” [Da Introdução de Y. K. Centeno]


“A poesia de Celan começa por tactear caminhos, dolorosamente, num tempo de feridas abertas, exorcizando memórias próximas e debatendo-se com ópios inócuos (‘Verde-bolor é a casa do esquecimento’).” [Da Introdução de João Barrento]


Sete Rosas Mais Tarde (seleção, tradução e introdução de João Barrento e Y. K. Centeno) e outras obras de Paul Celan estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/paul-celan/

Sobre Mataram a Cotovia — O Romance Gráfico

 


Um retrato assombroso de raça e classes sociais, inocência e injustiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação no Sul Profundo dos EUA dos anos trinta. 

Mataram a Cotovia, de Harper Lee, mantém a mesma atualidade que tinha em 1960, quando foi escrito, durante os turbulentos anos do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos.

Agora, este aclamado romance renasce como romance gráfico. Scout, Jem, Boo Radley, Atticus Finch e a pequena cidade de Maycomb, no Alabama, são representados de forma nítida e comovente pelas ilustrações de Fred Fordham.


“Este fantástico romance gráfico revela uma nova perspetiva aos antigos leitores do livro, sendo ao mesmo tempo uma bela introdução para jovens ou para qualquer adulto a quem esta incrível história tenha passado ao lado.” [USA Today]


O romance e o romance gráfico de Mataram a Cotovia (trad. Fernando Ferreira-Alves) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/harper-lee/

As adaptações de Fred Fordham de Mataram a Cotovia, O Grande Gatsby e Admirável Mundo Novo estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/fred-fordham/


27.4.24

Sobre «Rua de Sentido Único, Crónica Berlinense, Infância em Berlim por volta de 1900», de Walter Benjamin

 


Rua de Sentido Único, Crónica Berlinense e Infância Berlinense por volta de 1900 são peças fundamentais do projecto de crítica da modernidade da multifacetada obra de Walter Benjamin. As três obras, das quais apenas a primeira foi publicada em forma de livro em vida do autor, são conjuntos virtualmente inesgotáveis de textos poético-ensaísticos. Nestes, a grande metrópole moderna, representada pela cidade de Berlim, é o cenário que oferece à “presença de espírito” do crítico inúmeros indícios, rastos, sinais, que lhe permitem ir muito além da aparente solidez de um mundo com fissuras potencialmente catastróficas. 

A abertura incondicional aos espaços da modernidade subverte a noção de interioridade e de subjectividade. É assim que os textos se constituem em local de produção de imagens de pensamento, privilegiando o foco em lugares e objectos mais do que em pessoas e acontecimentos. Como se no mundo das coisas e dos espaços, por mais insignificantes que pareçam, houvesse uma vida secreta que só um olhar excêntrico, materializado, sobretudo nas duas últimas obras, no olhar da criança, consegue captar. 

Tomando por base a edição crítica em curso de publicação desde 2008, a tradução de António Sousa Ribeiro incorpora um grande número de textos e fragmentos até ao momento inéditos em português.


«Rua de Sentido Único, Crónica Berlinense, Infância em Berlim por volta de 1900» (trad. António Sousa Ribeiro) e outras obras de Walter Benjamin estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/walter-benjamin/

Sobre Walden, de Henry David Thoreau

 


Crítico do crescimento da industrialização americana, Henry David Thoreau abandonou Concord, no Massachusetts, em 1845, para se isolar nos bosques junto ao lago Walden.

Walden, livro em que o autor narra essa sua estada no local, transmite um maravilhamento pela natureza de um lugar, assim como um anseio pelo transcendentalismo, pela verdade espiritual e pela independência do homem.


Walden, de Henry David Thoreau (tradução de Alda Rodrigues), com prefácio de Ralph Waldo Emerson (tradução de Maria das Neves Gomes), está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/henry-david-thoreau/

26.4.24

Sobre Admirável Mundo Novo — Um Romance Gráfico

 


Publicado originalmente em 1932, Admirável Mundo Novo é uma das obras mais reverenciadas e profundas da literatura do século xx. Abordando temas de hedonismo e controlo, humanidade, tecnologia e influência, o clássico de Aldous Huxley reflete a época em que foi escrito, para que nos alerta, e permanece assustadoramente relevante.

A adaptação, esteticamente reimaginada por Fred Fordham, dá a essa poderosa e provocadora história uma nova vida visual, apresentando-a a uma geração de leitores modernos de uma maneira original e envolvente.


Admirável Mundo Novo — Um Romance Gráfico, a partir do romance de Aldous Huxley, Adaptado e Ilustrado por Fred Fordham (tradução de Mário-Henrique Leiria), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/admiravel-mundo-novo-o-romance-grafico/

Cristina Carvalho em palestra sobre “A Liberdade da Literatura”

 




Cristina Carvalho estará amanhã, 27 de Abril, pelas 17:00, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Lagoa, para uma palestra comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.


«Paula Rego», «Strindberg», «W. B. Yeats» e outras obras de Cristina Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/

Nara Vidal em conversa com Ricardo Pedrosa Alves, a propósito da edição de Puro



«São três mulheres velhas que moram em uma casa grande, também velha.

Há no casarão um menino de mais ou menos quinze anos. 

Lázaro não é filho e nem neto de nenhuma delas. Estuda em casa. Dália ensina religião e piano. Lobélia ensina idiomas. Alpínia ensina culinária e noções de anatomia. O volume do rádio está sempre alto para as velhas escutarem música e, dizem as crianças pela cidade, abafar as vozes do sótão. 

A cidade se chama Santa Graça — referência de virtude e limpeza no território nacional. No futuro, negrinho ou doente nenhum foi visto ali.»


Puro, de Nara Vidal, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/puro/

Sobre Poemas, de Mário de Sá-Carneiro

 


«A poesia de Mário de Sá-Carneiro, sobretudo nalguns poemas de Dispersão, possui um fulgor, uma força e um dinamismo únicos na lírica portuguesa contemporânea. Pode-se dizer que na sua obra há poemas que nascem de uma impulsão arrebatadora que domina inteiramente a consciência e o corpo, e para a qual a imaginação e a linguagem encontram imediatamente a síntese viva e fulgurante da realidade poética. Essa impulsão pode ser tão intensa e instantânea que se volve vertigem, delírio ou álcool (palavras-chave da poesia do autor de Indícios de Oiro) ou esvai-se, após o seu súbito surgir, ou então obscurece a consciência do sujeito: «Mas a vitória fulva esvai-se logo… / E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…», «É só de mim que ando delirante — / Manhã tão forte que me anoiteceu.» [Do Prefácio de António Ramos Rosa]


Esta e outras obras de Mário de Sá-Carneiro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/mario-de-sa-carneiro/

Sobre Veneza, Um Interior, de Javier Marías

 


«Veneza produz simultaneamente duas sensações na aparência contraditórias: por um lado, é a cidade mais homogénea — ou, se se prefere, harmoniosa — de todas as que conheci. Por homogénea ou por harmoniosa entendo principalmente o seguinte: que qualquer ponto da cidade, qualquer espaço luminoso e aberto ou recanto escondido e brumoso que, com água ou sem ela, entre a cada instante no campo visual do espectador é inequívoco, isto é, não pode pertencer a nenhuma outra cidade, não pode confundir-se com outra paisagem urbana, não suscita reminiscências; é, portanto, tudo menos indiferente. (…)

Por outro lado (e aqui está o contraditório), poucas cidades parecem mais extensas e fragmentadas, com distâncias mais intransponíveis ou lugares que provoquem uma maior sensação de isolamento.»


Veneza, Um Interior (trad. José Bento e Manuel Alberto) e outras obras de Javier Marías estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/javier-marias/

Sobre A Tragédia de Otelo, o Mouro de Veneza, de William Shakespeare

 


«Por isso mesmo, por esta peça ser uma peça de enganos, por o seu enredo, a sua história, se construir contra as aparências e talvez contra o público, embora sempre o seduzindo, é que Iago ocupa o maior espaço em cena. É sim um demónio, mas não o demónio medieval. O vício que representa não é o vício da teologia, mas o vício renascentista, e ele próprio explica os seus motivos com base na dialéctica senhor/lacaio, num mundo em que a “antiga graduação” se perdera e em que só conta o interesse individual de cada qual e os seus jogos de influências. Até é um demónio simpático, é o público que assiste à peça e que, não podendo ocupar o trono de Inglaterra, é tentado a contentar-se com pequenas manobras para subir a algum trono mais à mão, mais caseiro.

Otelo é porém a continuação da história de Romeu e Julieta depois do casamento e o que se vê não é bonito: o desejo de posse e o demónio do ciúme. O amante colabora inconscientemente com as forças que trabalham para tornar impossível o seu amor: por amor humilha, agride e destrói a coisa amada. Mais um exemplo da riqueza com que Shakespeare trata o seu material.» [Do Prefácio]


A Tragédia de Otelo, o Mouro de Veneza (trad. Manuel Resende) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

25.4.24

Sobre Rebelião na Quinta, de George Orwell

 


“Quando regressei de Espanha, pensei em denunciar o mito soviético numa história que pudesse ser facilmente entendida por quase todos e que pudesse ser facilmente traduzida para outras línguas. Mas a história propriamente dita só me ocorreu algum tempo depois, num dia em que vi (vivia então numa aldeia) um rapazinho, com cerca de dez anos, a conduzir um enorme cavalo de tiro e sua carroça ao longo de uma congosta, fustigando-o sempre que ele tentava desviar-se do caminho. Ocorreu-me que, se animais como aquele tivessem consciência da sua força, nós nunca poderíamos ter qualquer domínio sobre eles, e que os homens exploram os animais praticamente do mesmo modo que os ricos exploram o proletariado.” [Do Prefácio do Autor]


Rebelião na Quinta permanece a grande sátira da face negra dos tempos modernos.” [Malcolm Bradbury]


Rebelião na Quinta (trad. José Miguel Silva) e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/

Sobre Sobre A Revolução, de Hannah Arendt

 


Sobre a Revolução permite uma compreensão histórica da diferente natureza dos sistemas políticos actuais nos EUA e na Europa. Neste livro, Hannah Arendt debruça-se sobre os princípios que subjazem a todas as revoluções, começando pelos grandes primeiros exemplos da América e de França e mostrando como a teoria e a prática da revolução evoluíram desde então.


«Os admiradores de Hannah Arendt vão ver com agrado a sua incursão neste domínio relativamente negligenciado da revolução comparada. Nunca é maçadora, mas imensamente erudita, sempre imaginativa, original e plena de intuições.» [Sunday Times]


Sobre a Revolução (trad. I. Morais) e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

Sobre Alexandra Alpha, de José Cardoso Pires


 

«A revolução surge, hesitante, incerta mas desejada, entre as brumas, num registo quase mágico: “Estávamos desconfiados, pois a cidade apresentava‑se numa aridez de morte. Apareceu‑nos sob um céu de cinza branca, secreta e despovoada, e, ao alvorecer essa cinza, essa poalha, começou a ganhar reflexos metálicos. (…) Vimos um cão crucificado numa cabina telefónica. Ou pareceu‑nos. E numa avenida qualquer passou, muito discretamente, um cavalo solitário a arrastar uma carroça com pneus de automóvel.” E a euforia começa a despontar, a cidade a pulsar, praças que ondulam de gente, o electrocardiograma em galope pelas linhas abaixo, sem interrupções, sem arritmias, também sem patologias. O passado agonizante a ficar lá para trás, numa escrita caudalosa, que engrossa e corre veloz, a cada frase, a cada parágrafo, a cada página, as colunas militares inundadas de sol, mais país, mais mundo, mais povo, “muito povo, tanto que não nos cabia nos olhos”.» [Do Prefácio de Ana Margarida de Carvalho]


Alexandra Alpha e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

24.4.24

Sobre Atlas da IA, de Kate Crawford




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Atlas da IA — Poder, Política e Custos Planetários da Inteligência Artificial, de Kate Crawford (tradução de José Miguel Silva)


Baseando-se em mais de uma década de investigação, Kate Crawford expõe a IA como tecnologia de exploração, não apenas dos recursos da terra ou dos empregados de baixa qualificação, mas também dos dados de cada ação e expressão, contribuindo para o aumento de desigualdades económicas e sociais. Para tal, Crawford oferece-nos uma perspetiva material e política sobre o que é necessário fazer.

Este é um relato urgente do que está em jogo numa altura em que as empresas de tecnologia recorrem à IA, de forma exponencial, para remodelar o mundo.


Nomeado um dos "Cinco Melhores Livros a Ler sobre a IA” pelo The Wall Street Journal.


“Uma obra-prima.” [Karen Hao, MIT Tech Review]


“Expõe o lado sombrio da IA. [...] Uma investigação meticulosa e uma escrita soberba.” [Nature]


“Uma visão abrangente da IA […]. Uma contribuição oportuna e urgente.” [Science]


“Revela os custos ocultos da IA, desde o consumo de recursos naturais até aos custos mais subtis para a nossa privacidade, igualdade e liberdade.”

[New Scientist, “Melhores Livros do Ano”]


“Uma perspetiva valiosa sobre vários exageros em torno da IA, assim como um manual útil para o futuro.” [Financial Times]


“Este incisivo livro demonstra repetidamente que a inteligência artificial não nos chega como um deus ex machina, mas sim através de uma série de práticas extrativas e desumanizadoras que a maioria de nós desconhece.” [The New York Review of Books]


Mais informação em https://www.relogiodagua.pt/produto/atlas-da-ia/

De Sonata para Surdos, de Frederico Pedreira

 


“Duas vozes de mulher entrecortadas por suaves mãos que experimentavam a felicidade da carne, uma só respiração igualmente soberba e bifurcada que ia ganhando corpo em reluzente coluna. Jónica? Como o modo musical grego? Não, começava a dispersar-se, e, fosse como fosse, se calhar não era com as suas grandes orelhas que escutava agora à porta do apartamento, se calhar ouvia tudo com a surdez interesseira da imaginação. E, fosse como fosse, a imensa coluna que formavam essas duas vozes lânguidas só poderia ser uma ofuscante cariátide, elevando a beleza, esse começo do terrível, uns centímetros acima da sua cabeça delirante. Depois de se debater com sombras inexistentes que pareciam prendê-lo àquela porta como ao martírio de um muro, Francisco deixou que o seu coração disparasse à larga, não se preocupando já em sossega-lo, todo ele retesado para um combate que dispensava de bom grado as armas do género masculino. Numa palavra, abandonou-se ao espanto tingido de desespero, embora não se tratasse do espanto suscitado pelo novo, que nos acomete, por exemplo, na presença de um inesperado arco-íris; não era sequer um espanto simpático ou empático, o seu, pois sabia que um fundo selvagem o animava, com o mesmo gosto ferino com que o animal destrói a sua presa, rasgando-lhe a pele num começo de luxúria.”


Sonata para Surdos e outras obras de Frederico Pedreira estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/

Sobre Minha Ántonia, de Willa Cather

 


Minha Ántonia é o mais importante romance de Willa Cather.

O narrador é Jim Burden, que nos fala de Ántonia, uma jovem mulher originária da Boémia, com quem tem uma relação entre o fraterno e o amoroso.

Mas o livro não é apenas o retrato de uma mulher. É também um fresco que evoca com cores nítidas os imigrantes que lutam contra um solo difícil, que têm de lidar com cavalos e lobos que vivem em liberdade na incomparável planície do Nebrasca.

O mundo de que nos fala é intenso, belo e muitas vezes trágico.

Willa Cather é uma pioneira da literatura dos grandes espaços, retomada mais tarde por escritores como Jim Harrison e Cormac McCarthy.


«Nenhuma narrativa romântica escrita na América, por um homem ou uma mulher, alcança metade da beleza de Minha Ántonia.» [H. L. Mencken]


Minha Ántonia (trad. Marta Mendonça) e outras obras de Willa Cather estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/willa-cather/

Sobre 31 Sonetos, de William Shakespeare


 

«De entre os 154 sonetos que William Shakespeare nos deixou, publicados em 1609, já no reinado de Jaime I, e que se julga terem sido escritos ao longo de toda a sua carreira, escolhi 31 para esta antologia. Para além do critério de gosto, sempre subjectivo mas nunca irrelevante, essa escolha não foi arbitrária. Os primeiros 126 sonetos do poeta e dramaturgo inglês são dirigidos a um homem, jovem, belo e nobre, geralmente referido como “lovely boy”, ou “fair youth”, amado e idolatrado pelo poeta, que sabe não ser retribuído o seu amor. Os restantes sonetos (do 127 ao 152) são dedicados a uma mulher, normalmente referida como “dark lady”, perigosamente sedutora, uma amante traidora e cruel, mas capaz também de despertar satisfação sexual. Por sua vez, os dois últimos sonetos (153 e 154) recorrem à figura de Cupido para fechar o triângulo amoroso sugerido pela presença do jovem e da mulher como destinatários, exprimindo o conflito entre o poeta e os seus dois objectos amorosos, mas não tratando directamente as temáticas presentes nos dois primeiros grupos: a passagem inexorável do tempo, a procriação, o desejo, o erotismo, o ciúme, o abandono, a paixão, ou a força da palavra e da poesia como única forma de perpetuar a beleza e o amor — e a memória do amor.

Seleccionei 25 sonetos de entre o primeiro grupo, os dedicados ao homem jovem, 5 sonetos de entre o segundo grupo, os dedicados à mulher escura e infiel, e o Soneto 154, o último de toda a série. Casos houve em que os sonetos foram agrupados (como os Sonetos 88, 89 e 90), visto dialogarem entre si e se constituírem como argumento próprio. Pareceu-me que esta escolha ofereceria a quem lê uma amostra expressiva do conjunto completo.» [Da Introdução de Ana Luísa Amaral]


31 Sonetos (trad. Ana Luísa Amaral) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

Sobre Extraterritorial, de George Steiner

 


Nesta colecção de ensaios, George Steiner relaciona a «revolução da linguagem» com a experiência literária. De que modo o acto de ler e o modo como respondemos aos nossos processos imaginativos se alteraram sob a pressão das novas teorias gramaticais e linguísticas? É o espaço extraterritorial de certos escritores — como Beckett, Borges e Nabokov — representativo de uma alteração na relação entre o escritor e o seu discurso narrativo? Existirão aspectos nos mais recentes desenvolvimentos das ciências da vida que influenciem directamente a imagem que temos do homem como um “animal que fala”?

Do ponto de vista de Steiner, a inclusão de energias e formas especulativas de ciência na actividade literária e na vida normal da imaginação irá revitalizar as nossas vidas, as crenças que possuímos e as expectativas que poderemos ter sobre a sobrevivência de uma cultura ameaçada de esclerose. 


Extraterritorial (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

Sobre Anne de Avonlea, de L. M. Montgomery

 


Com quase 17 anos, Anne Shirley é a nova professora da escola rural e uma ativa participante de grupos de desenvolvimento para Avonlea. Mas o seu temperamento mantém-se.

À alegria e graciosidade que tinha em Anne das Empenas Verdes, adiciona-se o charme da sua crescente feminilidade, assim como novas personagens que trazem ainda mais brilho à história.


Anne de Avonlea e Anne das Empenas Verdes (trad. Maria Eduarda Cardoso) de L. M. Montgomery estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/l-m-montgomery/

23.4.24

Sobre Ressurreição, de Lev Tolstoi


 

«Em Ressurreição, além disso, o regresso à terra, como o correlativo físico do renascimento da alma, é belamente expresso. Antes de ir atrás de Máslova até à Sibéria, Nekhliúdov resolve visitar os seus domínios e vender a propriedade aos camponeses. Os seus sentidos fatigados brotam para a vida; vê­‑se a si mesmo uma vez mais como era antes da “queda”. O sol brilha no rio, o potro focinha e a cena pastoril impõe a Nekhliúdov a plena compreensão de que a moralidade da vida urbana é fundada sobre a injustiça. Porque, no dialecto de Tolstoi, a vida rural cura o espírito do homem, não apenas através das suas belezas tranquilas, mas também no facto de abrir os seus olhos para a frivolidade e explorações inerentes a uma sociedade de classes. (…)

Em Ressurreição, tudo se baseia num puro golpe de acaso — o reconhecimento de Máslova por Nekhliúdov e a sua nomeação para o júri que lida com o caso dela. O facto de isto poder ter acontecido na “vida real” — o caso foi relatado a Tolstoi por A. F. Koni, um funcionário de São Petersburgo, no Outono de 1877, e a desafortunada heroína tinha o nome de Rosalie Oni — não altera a sua qualidade improvável e melodramática.» [George Steiner em «Tolstoi ou Dostoievski»]


Ressurreição (trad. António Pescada) e outras obras de Lev Tolstoi estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/

Sobre Os Livros da Minha Vida, de Maria Filomena Mónica

 


«Gosto de viver entre livros. Nunca me interessei por decorações, mas aprecio ver as paredes da minha casa forradas com estantes onde guardo os livros que fui reunindo ao longo dos anos. Não é um prazer estético, mas a certeza de que, mal ou bem, foram eles que me fizeram. Além disso, os livros são um laço que me une aos meus contemporâneos e aos meus antepassados.» [Da Introdução]


Os Livros da Minha Vida e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis nas livrarias e em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/

Sobre O Livro de Cozinha de Apício

 


«Convicta de que todo o texto ganha em sentido quando sujeito a diálogo com outros textos do mesmo universo temático, procurei situar o tratado de Apício no conspecto da cozinha e da alimentação romanas. Registei também o contributo da cozinha grega, e, em menor escala, da oriental, e até, quando pertinente, certos vestígios deixados pela gastronomia romana nos hábitos alimentares europeus. As pesquisas apoiam-se nos testemunhos antigos, gregos e latinos, e na autoridade de alguns dos mais reputados estudiosos contemporâneos.» [Das Palavras Prévias de Inês de Ornellas e Castro]


O Livro de Cozinha de Apício (introdução, tradução e comentários de Inês de Ornellas e Castro) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-livro-de-cozinha-de-apicio/

Sobre Lisboa — Livro de Bordo, de José Cardoso Pires

 


“Lisboa é uma cidade de que é fácil gostar. Não recusa nenhum acrescento, absorve-o. ‘Mesmo os aleijões’, dizia Cardoso Pires em entrevista filmada no Jardim do Torel, de câmara assestada à linha do horizonte, de recorte pregueado de telhados subitamente rompido pelo espinho das Torres das Amoreiras. (…) 

Passados 20 anos, a Relógio D’Água reformula o aspecto e o uso do texto. Com razão: continua vigoroso o discorrer, em tons de amor-ódio, sobre a vivência do espaço ancestral; mas a cidade de Cardoso Pires vai-se tornando mais rara de encontrar. Coube à fotografia de José Carlos Nascimento — com vasta utilização da urbe em vários trabalhos — recuperar o que do texto persiste visualmente, para apoio a uma leitura mais referenciável dos novos apaixonados de Lisboa.” [Do Prefácio de Ana Cardoso Pires]


Esta e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

Ana Margarida de Carvalho em conversa no Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, a propósito de Que Importa a Fúria do Mar

 




Hoje, 23 de Abril, pelas 15:00, Ana Margarida de Carvalho estará na sede do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, para apresentar Que Importa a Fúria do Mar, cuja edição comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril acaba de sair, editada pela Relógio D’Água.


Que Importa a Fúria do Mar e outras obras de Ana Margarida de Carvalho estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/

Sobre O Livro do Verão, de Tove Jansson

 


Tove Jansson capta nesta novela a essência do verão. Uma artista e a neta de seis anos passam estes meses numa pequena ilha no golfo da Finlândia.

A avó é pouco sentimental e a neta, Sophia, é impetuosa e inquieta. Uma conhece profundamente o que é a vida, a outra está ansiosa para saber tudo sobre ela. Em momentos opostos da vida, exploram a ilha e os seus segredos e inventam histórias para os mistérios que as rodeiam, enquanto se interrogam sobre a vida, a morte, a natureza e o amor.

A prosa cristalina e direta de Tove Jansson é capaz de descrever o esforço da natureza para manter o delicado equilíbrio entre a sobrevivência e a extinção.


«Tove Jansson era um génio. Esta é uma novela maravilhosa, bela, sábia e também muito divertida.» [Philip Pullman]


«É complicado descrever o que Jansson conseguiu fazer aqui... uma leitura curta e perfeita.» [The Guardian]


«O Livro do Verão é belo, caloroso, e possui a sabedoria que podemos adaptar às nossas vidas quotidianas.» [Liv Ullmann]


O Livro do Verão (tradução do sueco de João Reis) e outras obras de Tove Jansson estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/tove-jansson/

22.4.24

Sobre Noite Virtuosa e Fiel, de Louise Glück

 


Noite Virtuosa e Fiel, publicado em 2014, recebeu o National Book Award e reúne poemas que capturam «momentos de uma presença surpreendente, em que factos quotidianos se tornam mágicos, em que o próprio desencantamento conduz a um renovado encantamento» (The New York Times).


Noite Virtuosa e Fiel (trad. Margarida Vale de Gato) e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Sobre Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt

 


«“Eichmann em Jerusalém” é um livro sobre culpa, mas não só a do indivíduo no centro da história. Adolf Eichmann foi um dos grandes criminosos do século XX, alguém que teve um papel em todas as fases do processo que levou ao extermínio maciço de judeus, desde as medidas para os expulsar da Alemanha até ao seu envio para campos de concentração e o seu assassínio em câmaras de gás. Eichmann sempre se orgulhou do seu papel na morte de milhões; Arendt nota que a vaidade foi a sua perdição. […] 

Mas o núcleo do livro, além da logística do Holocausto (a especialidade de Eichmann), é de facto a questão da culpa, corporizada na famosa e muito discutida expressão “banalidade do mal”, e cujo peso ultrapassa altos funcionários como Eichmann, o III Reich, ou até o passado. “É de facto gratificante sentirmo-nos culpados quando não fizemos nada de errado: que nobre!”, escreve Arendt, referindo-se aos jovens alemães que “nos brindam com manifestações histéricas do seu sentimento de culpa […]. Não estão a sucumbir ao peso do passado, da culpa dos seus pais; estão é a tentar libertar-se da pressão de problemas concretos e atuais, refugiando-se num sentimentalismo barato.”» [Luís M. Faria, E, Expresso, 19/4/2024: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2024-04-18-livros-hanna-arendt-e-a-banalidade-do-mal-em-adolf-eichmann-b3628479]


Eichmann em Jerusalém — Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal (tradução de Ana Corrêa da Silva, com Introdução de António Araújo e Miguel Nogueira de Brito) e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

Apresentação de Democracia, de Alexandre Andrade




O lançamento do romance de Alexandre Andrade terá lugar no dia 23 de Abril, terça-feira, pelas 18h30, na livraria Ler Devagar da Casa do Comum, na Rua da Rosa, n.º 285, em Lisboa.

O livro será apresentado por Isabel Lucas.


Quando lhe perguntei o que a levou a ficar em Portugal, mesmo sabendo que a esperava uma vida precária e cheia de riscos, vi os seus olhos brilharem e vi os seus lábios articularem, sílaba a sílaba, a palavra “Democracia”. A democracia, para a Mafalda, significa muito mais do que depositar um voto numa urna ou escolher representantes. Significa, como ela me explicou logo a seguir, a certeza permanente de ser capaz de tomar as decisões que determinam o seu destino. Significa a vida plena, a vida de cabeça erguida e com o horizonte à altura dos olhos. Ou, para usar as palavras dela: “Andar na rua com a sua parcela de liberdade ao alcance da mão, pronta a brandir como se fosse uma bandeira ou uma ferramenta que se traz num saco a tiracolo.”


Democracia e outras obras de Alexandre Andrade estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/alexandre-andrade/

Apresentação de Contos, Sonhos e Imaginações, de Agustina Bessa-Luís

 




A apresentação de Contos, Sonhos e Imaginações, de Agustina Bessa-Luís, por Mónica Baldaque e Jorge Sobrado, terá lugar amanhã, 23 de Abril (Dia Mundial do Livro), terça-feira, às 17h00, no Auditório da Escola Secundária Alexandre Herculano, na Avenida de Camilo, no Porto.


Contos, Sonhos e Imaginações e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/ 

Sapatos de Corda — Agustina e As Sibilas — Diálogos em Sfumato, de Mónica Baldaque, estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/monica-baldaque/


Sobre Jogos de Azar, de José Cardoso Pires

 


Jogos de Azar reúne nove contos de José Cardoso Pires.

«Dom Quixote, as Velhas Viúvas e a Rapariga dos Fósforos» foi adaptado ao cinema por Luís Galvão Teles, em 1978, com o título A Rapariga dos Fósforos.

«Uma Simples Flor nos Teus Cabelos Claros» foi filmado por Álvaro Belo Marques, em 1974.

De «Ritual dos Pequenos Vampiros», Eduardo Geada realizou um filme em 1984.


«Jogos de Azar dão-nos três ou quatro das mais bem escritas short-stories do nosso pós-guerra […].» [Fernando Assis Pacheco]


«A lógica de jogo é perfeita como metáfora da escrita, na medida em que o ofício, a capacidade de se usar da melhor maneira as mãos, nem sempre explica a forma como se moldou o barro. Um escritor competente conseguirá produzir uma figura de barro. Aprendeu no que leu, aprendeu no que errou. Aí está a figura. Mas um escritor verdadeiramente grande consegue insuflar nessa figura mais do que o barro de que ela é feita. Substitui-se um pouco a Deus como entidade criadora.» [Do Prefácio de Afonso Reis Cabral]


Jogos de Azar e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

Sobre D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes


 

“Não nos rimos dele por muito tempo. As suas armas são a piedade, a sua bandeira a beleza, em todas as situações permanece… gentil, desamparado, puro, generoso e galante. A paródia torna-se um modelo ideal.” [Vladimir Nabokov, em Leituras sobre o D. Quixote]


“Dom Quixote, Falstaff e Emma Bovary representam essas descobertas da consciência; criando-os, na iluminação recíproca do acto criador e do crescimento da coisa criada, Cervantes, Shakespeare e Flaubert chegaram literalmente a conhecer “partes” de si próprios antes insuspeitadas.” [George Steiner]


“Não queria compor outro Quixote — o que é fácil —, mas “o” Quixote. Não vale a pena acrescentar que nunca encarou a possibilidade de uma transcrição mecânica do original; não se propunha copiá-lo. A sua admirável ambição era produzir umas páginas que coincidissem — palavra por palavra e linha por linha — com as de Miguel de Cervantes.”

[Jorge Luis Borges, “Pierre Menard, autor do Quixote”]


D. Quixote de la Mancha (trad. e notas de José Bento) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/d-quixote-de-la-mancha/