31.10.19

Nimas exibe ciclo de cinema com argumentos de Peter Handke




O Espaço Nimas vai exibir seis filmes relacionados com Peter Handke, Prémio Nobel da Literatura 2019.
O ciclo tem início amanhã, sexta-feira. O primeiro filme projectado é A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penalty, de Wim Wenders, estreado em 1972 e premiado no Festival de Veneza, dois anos depois de Peter Handke ter publicado a novela homónima (A Angústia do Guarda-Redes antes do Penalty, editada pela Relógio D’Água). 
Seguem-se Os Belos Dias de Aranjuez, a partir do livro homónimo, Movimento em Falso, A Mulher Canhota e A Ausência. O ciclo encerra dia 9 de Novembro, com a exibição de As Asas do Desejo, realizado por Wim Wenders, com co-argumento de Peter Handke.
A obra do escritor está editada em Portugal desde a década de 19710 e inclui, entre outros, O Chinês da Dor, A Mulher Canhota, Uma Breve Carta para Um Longo Adeus, A Tarde de Um Escritor, Insulto ao Público e Numa Noite Escura Saí da Minha Casa Silenciosa.


No centenário do nascimento de Jorge de Sena





Comemora-se no próximo dia 2 de Novembro o centenário do nascimento de Jorge de Sena.
Entre 6 e 9 de Novembro, terá lugar na Biblioteca Nacional o colóquio A Crítica de Jorge de Sena, organizado por Joana Meirim e Joana Matos Frias, em que se pretende discutir a produção ensaística de Jorge de Sena. A entrada é livre e o programa pode ser consultado aqui: http://www.bnportugal.gov.pt/images/stories/agenda/2019/Coloquio_JSena_Programa.pdf



A Relógio D'Água publicou A Arte de Jorge de Sena, uma antologia editada pelo professor Jorge Fazenda Lourenço, especialista no autor:

«Projectada como uma iniciação, ou uma re-iniciação, sempre necessária, esta antologia procura o risco de uma experiência de leitura parcial de Jorge de Sena. Na esperança de suscitar, e não de saciar, o desejo pela obra desmedida deste tão grande poeta. É claro que o termo arte, usado no título, deve ser tomado mais no sentido estético de criação, de modo de expressão e, também, de conjunto de obras de, e menos no sentido de um saber-fazer, de uma “astúcia” ou de um conjunto de meios e de procedimentos técnicos. O decisivo é poder reconhecer, pela leitura, como o título, A arte de Jorge de Sena, procura fazer justiça à obra de um poeta que, em todos os domínios, tem por fundamento uma ars erotica, vital, escatológica, inquiridora da nossa humana divindade. E essa ars erotica é a grande evidência desta antologia.» [da Nota Prévia]



e ainda, com introdução de Mécia de Sena, Sobre Literatura e Culturas Britânicas:

«Aqui, perto de mim, nesta aldeia do Buckinghamshire de onde escrevo, para além destas árvores magníficas onde há pássaros e passeiam esquilos, está o velho cemitério acerca do qual Gray escreveu um dos mais belos poemas do século xvɪɪɪ. Toda a gente aqui sabe disto, e é difícil distinguir quem está em dívida, se o velho cemitério à volta da igrejinha, se o sábio e catedrático Gray. E é este, por certo, um dos encantos da cultura e da vida britânicas. Nem a primeira passa o tempo a ansiar pela segunda, nem esta decorre à margem daquela, indiferente e feliz na sua mesquinhez fiel aos séculos. A própria indiferença - e a que ponto os ingleses são no íntimo indiferentes a quase tudo! - é aqui um convívio, uma solidão partilhada. A vida, ao que suponho, é isso mesmo.» [«Introdução à Inglaterra»]

«Aviso de Porta de Livraria

Não leiam delicados este livro,
sobretudo os heróis do palavrão doméstico,
as ninfas machas, as vestais do puro,
os que andam aos pulinhos num pé só,
com as duas castas mãos uma atrás e outra adiante,
enquanto com a terceira vão tapando a boca
dos que andam com dois pés sem medo das palavras.
E quem de amor não sabe fuja dele:
qualquer amor desde o da carne àquele
que só de si se move, não movido
de prémio vil, mas alto e quase eterno.
De amor e de poesia e de ter pátria
aqui se trata: que a ralé não passe
este limiar sagrado e não se atreva
a encher de ratos este espaço livre
onde se morre em dignidade humana
a dor de haver nascido em Portugal
sem mais remédio que trazê-lo n’alma.

25-1-1972» [in A Arte de Jorge de Sena]


Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jorge-de-sena/

Sobre Emma, de Jane Austen




«O romance conta a jornada de uma jovem de vinte anos para o autoconhecimento e maturidade intelectual e sentimental, através de discussões instrutivas, da (circunscrita) variedade das relações pessoais e experiências vividas. No caso de Emma Woodhouse, estas acções de formação, em boa parte coincidentes com o programa do Bildungsroman, suprimem as deficiências da educação que a mãe cedo falecida não pôde assegurar, em que falharam o pai sem força de autoridade, deslumbrado pelas qualidades da filha, e a preceptora demasiado amiga e condescendente para exigir razoabilidade e o esforço da vontade indispensáveis à formação da discípula.» [Do Posfácio de Jorge Vaz de Carvalho]

Emma (trad. Jorge Vaz de Carvalho) e outras obras de Jane Austen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jane-austen/

Sobre Ingmar Bergman — O Caminho contra o Vento, de Cristina Carvalho




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Ingmar Bergman — O Caminho contra o Vento, de Cristina Carvalho

Esquelético, febril, doente, sem quase dar sinais vitais, nasci. O ambiente psicológico em casa não podia ser pior e Karin, a minha mãe, na altura do parto, encontrava-se no mais desolador estado depressivo.
Nasci num domingo, o que já de si é um bom augúrio. Uma criança nascida num domingo, segundo a tradição sueca, terá o dom de ver mais longe, de alcançar outro horizonte. Além disso, o dia em que vim a este mundo, 14 de Julho, já era uma data histórica, o Dia da Tomada da Bastilha, dia de protestos e revoltas no mundo.
Deram-me o nome de Ernst Ingmar Bergman.


O que a Autora revela neste romance biográfico são aspectos menos conhecidos da vida de Bergman. Não tudo, mas o que considerou importante para se conhecer um pouco melhor essa personalidade invulgar por quem se apaixonou.

Sobre A Gravidade e a Graça, de Simone Weil




«Não se trata aqui de filosofia, mas de vida», escreveu Gustave Thibon, em 1948, ao apresentar esta recolha de pensamentos retirados dos manuscritos que Simone Weil (1909–1943) lhe confiara.
Desde a sua aparição esta obra provocou um «efeito» que ainda hoje perdura. Para muitos dos seus leitores, faz parte dos encontros primordiais, é um dos raros livros que nos pode acompanhar ao longo da vida, na medida em que reflecte uma experiência interior de uma exigência e interioridade pouco comuns.

«Entre os grandes espíritos femininos de todo o mundo, o de Weil impressiona-nos por ser aquele que é mais evidentemente filosófico, aquele que está familiarizado com a “luz da montanha” (como diria Nietzsche) da abstracção especulativa.» [George Steiner em Simone Weil’s Philosophy of Culture, T. L. S., Junho de 1993.]


A Gravidade e a Graça (trad. Dóris Graça Dias) e O Enraizamento (trad. Júlia Ferreira e José Cláudio) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/simone-weil/

29.10.19

Sobre Antologia Dos Poemas, de João Miguel Fernandes Jorge




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Antologia Dos Poemas, de João Miguel Fernandes Jorge, com Selecção, Organização e Informações de Joaquim Manuel Magalhães

«Nem toda a gente tem o mar em casa
por setembro
no lento alegre dia de setembro. O mar de Peniche
clareia a luz do dia, um fogo azul. Azul
com seu halo de claridade e espelha azul
sob o peso do dia branco
por setembro
pelo espanto azul claro de setembro
ardem azuis nos muros de Peniche. Um mar assim
areia dividida deste fogo
desta luz no terraço
cada vez mais azul onde o azul clarece em azul
onde o sol vai do setembro.
Apenas um mar uma luz única
visível cor atravessada de um azul denso

entre o esplendor do fogo azul sobre a noite quase.»

Gonçalo M. Tavares na Faculdade de Letras




Hoje, dia 29, há uma sessão do Workshop de Filosofia e Literatura do Outono 19/20: Gonçalo M. Tavares falará sobre literatura, criação e pensamento. A sessão tem lugar na sala 6.5 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a partir das 18h, e é aberta a todos os interessados.

Sobre Reviver o Passado em Brideshead, de Evelyn Waugh




“Exuberante e evocativo… o livro de Waugh que melhor exprime a profundidade da mudança e a indómita resistência do espírito humano.” [The Times]

Reviver o Passado em Brideshead foi adaptado ao cinema por Julian Jarrold, tendo como actores Emma Thompson, Matthew Goode, Ben Whishaw, Hayley Atwell e Michael Gambon.
Trata-se do romance mais nostálgico e reflectido de Evelyn Waugh, recordando a idade de ouro antes da II Guerra Mundial. Conta a história da profunda atracção de Charles Ryder pelos Marchmain e o rápido declínio do mundo em que estes viviam.

Reviver o Passado em Brideshead (trad. Ana Maria Rabaça) e outras obras de Evelyn Waugh estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/evelyn-waugh/

Sobre A Campânula de Vidro, de Sylvia Plath




«The Bell Jar veio pela primeira vez a público em Inglaterra, no dia 14 de janeiro de 1963, editado pela Heinemann, com autoria atribuída a Victoria Lucas.
O motivo que terá levado Sylvia Plath a recorrer a um pseudónimo, prende-se com a óbvia coincidência existente entre personagens, eventos e lugares ali descritos, e a realidade biográfica da autora. Essa confusão entre realidade e ficção tem servido, ao longo dos anos, a uma vasta panóplia de equívocos que mais não fizeram do que dissimular o lugar da sua obra poética e narrativa na literatura anglo-americana contemporânea.» [Do Posfácio]

A Campânula de Vidro (trad. Mário Avelar) e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/

28.10.19

Na morte de José Bento



Morreu José Bento, poeta e tradutor

Faleceu sábado, 26 de Outubro, o poeta e tradutor José Bento. Nas últimas semanas tivera períodos de internamento hospitalar, devido ao agravamento do seu estado de saúde.
O seu enterro realiza-se hoje em Aveiro, numa cerimónia reservada a familiares. Nascido em Pardilhó, há 86 anos, José Bento foi professor do ensino secundário e autor de um manual de contabilidade que teve dezenas de edições e lhe permitiu, como ele reconhecia com ironia, dedicar-se às tarefas literárias. Participou em revistas como Cassiopeia, Árvore, Brotéria, O Tempo e o Modo e Colóquio/Letras. Deixou-nos um conjunto de traduções de alguns dos principais escritores de língua castelhana e uma obra poética própria.


Para esta editora traduziu, entre outros, D. Quixote, de Cervantes, e poesia de García Lorca, Juan Rámon Jimenez, Bécquer, César Vallejo e Pablo Neruda e a prosa de María Zambrano e Javier Marías. Traduziu ainda, sobretudo para a Assírio & Alvim, de Hermínio Monteiro e Manuel Rosa, e a Inova, de Cruz Santos, obras de Calderon de la Barca, San Juan de la Cruz, Santa Teresa de Ávila, Vicente Aleixandre, Jaime Gil de Biedma, Miguel Hernández, Jorge Manrique e Octavio Paz ou Jorge Luis Borges.
Organizou várias antologias, com destaque para as da Poesia Espanhola do Siglo de Oro e a Poesia Espanhola Contemporânea. 


A Relógio D’Água publicou o seu terceiro livro de poesia, Silabário (uma antologia com vários inéditos), distinguido com o Prémio D. Dinis, Casa de Mateus 1992. Em 2011, publicou Sítios, na Assírio & Alvim.
José Bento recebeu vários prémios, entre os quais o PEN Clube de Tradução e o Grande Prémio de Tradução Literária 2004 da Associação Portuguesa de Tradutores, Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2006 e o prémio Tributo de Consagração 2018 da Fundação Inês de Castro.
Mereceu de muitos leitores, críticos e editores não apenas a estima pela sua obra, mas uma profunda admiração pelo modo franco, quase agreste, e ao mesmo tempo terno com que se relacionava com todos os que o conheceram. A limpidez e alegria do seu olhar será lembrada nos dois lados da fronteira ibérica por aqueles para quem a memória dos que partiram não é um cemitério vazio.
O seu livro Silabário é dedicado «Aos meus vivos e aos meus mortos, sempre vivos em mim».

«Madrigal à Chuva

Chove no teu pequeno rosto, chove
quanto não saberei, e não sei nada.
E todo o tempo que me tem ferido
vai-se decantando nesta chuva.
— Que árvores estas, se não podem aplacá-la?

Cheguei de longe, esqueci quando, e chove.
Meu país é um adeus, a casa dizimada:
alcancei enfim morada, e és tu,
pequeno rosto sobre o qual a chuva
é voz íntima, cálida.

Estagnam barcos no rio surdo, e chove.
Nuvens oprimem com rigor perverso.
Enleio-me em teu pequeno rosto,
fogo interior da chuva onde se embebe
um sussurro a fender tanto silêncio.»

A Relógio D’Água está a preparar a edição de algumas peças de García Lorca por ele traduzidas («A Sapateira Prodigiosa», «Yerma», «Dona Rosinha, a Solteira, ou A Linguagem das Flores», «A Casa de Bernarda Alba» e «Quando Passarem Cinco Anos — Lenda do Tempo»).

Francisco Vale

Sobre As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi




Esta é a história do boneco de madeira que desejou tornar-se rapaz. Tudo começa quando o desprevenido Gepeto esculpe um pedaço de madeira que consegue andar e falar. Assim nasce Pinóquio, que, depois de causar vários problemas a Gepeto, vive inúmeras aventuras, no decurso das quais é perseguido pela Raposa e pelo Gato, aconselhado pelo Grilo-Falante e salvo por uma linda Menina de cabelos azul-turquesa. Além disso, o nariz cresce-lhe quando conta uma mentira. Como se isso não bastasse, é transformado num burro e engolido por um tubarão, antes de alcançar a felicidade.

As Aventuras de Pinóquio (trad. Margarida Periquito) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/aventuras-de-pinoquio-as/

26.10.19

Sobre Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires




«Na Balada da Praia dos Cães, oferece-nos uma obra-prima mas, como nos seus restantes livros, torna-se necessário um paladar exigente a fim de compreender isso. Para falar do romance precisava de muita conversa, e prefiro que seja o leitor a entendê-lo e a dar-se conta, por si, das subtilezas, alçapões e achados desta prosa com vários níveis de leitura e compreensão. Como tudo o que José Cardoso Pires nos deixou. Por favor, leiam-no: é uma imensa prenda que darão a vós mesmos.» [Do Prefácio de António Lobo Antunes]


Balada da Praia dos Cães e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

25.10.19

Sobre Andreas, de Hugo von Hofmannsthal




Passado no final do século XVIII, Andreas é a história de um jovem aristocrata que parte, sozinho e confiante, a caminho de Veneza.
A dada altura, contrata um criado que vai provocar acontecimentos que corrompem a primeira experiência amorosa de Andreas. Mas a perda da inocência de Andreas acaba por acontecer em Veneza, uma cidade de trevas e esplendor, por entre becos misteriosos e palácios sombrios, com mulheres — madonnas ou prostitutas — irreconhecíveis por detrás das máscaras.
Andreas foi escrito entre 1912 e 1913, tendo ficado inacabado à morte do autor, em 1929. Foi publicado no ano seguinte. A novela foi uma tentativa de Hofmannsthal para reconquistar a unidade perdida. A primeira referência ao projecto de a escrever surge no seu diário, com data de 1905, remetendo para a preocupação de «querer morrer reconciliado com a infância».
Hugo von Hofmannsthal nasceu em Viena, em 1874, num tempo que classificou como de «polissemia e indefinição». Começou a publicar poesia aos dezasseis anos. Escreveu libretos, manteve correspondência com Richard Strauss e conheceu Stefan Zweig e Arthur Schnitzler. Deixou uma vasta obra de poesia, teatro e ficção. Um dos seus ensaios, A Carta de Lord Chandos, constitui uma singular reflexão sobre a escrita.


Andreas (trad. Leopoldina Almeida) e A Carta de Lord Chandos (trad. Carlos Leite) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hugo-von-hofmannsthal/

Sobre O Amor de Mítia, de Ivan Búnin




«Mítia colocou todo o seu mundo no pequeno barco chamado Kátia, que fugia dele.»
É deste modo que Rilke se refere a esta novela de Búnin, que nos fala da precariedade dos sentimentos, dos meios de compensar a ausência do ser amado e de reagir ao que se consideram as suas traições.
Foi isto que levou a que muitos leitores de O Amor de Mítia sentissem, ao percorrer as suas páginas, o mesmo fervor com que se pode escutar Schubert ou uma sonata de Rachmaninov.
Búnin nasceu em 1870 em Vorónej, na Rússia, foi Nobel da literatura em 1933 e morreu em 1953, sendo considerado por Nabokov um continuador de Lermontov e Tchékhov.


O Amor de Mítia (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-amor-de-mitia/

Sobre Os Cães e os Lobos, de Irène Némirovsky




Os Cães e os Lobos, publicado em 1940, tem nítidas relações com a história pessoal de Irène Némirovsky, romancista influenciada pela cultura judaica, francesa e eslava.
Nascida no seio da grande burguesia ucraniana, Irène Némirovsky e a família abandonaram Kiev depois da Revolução de Outubro de 1917, acabando por encontrar refúgio em França.
No centro deste romance está o amor insensato de Ada, uma judia pobre, por Harry, filho de um rico banqueiro judeu. Ada apaixona-se quando é uma criança (viria a tornar-se uma pintora original e revoltada).
Atraídos um pelo outro, nada os reúne excepto o sentimento da sua perda inevitável.
Os Cães e os Lobos é um texto marcado pela melancolia, um romance sobre a infância e a inocência perdida, uma obra-prima indiscutível da literatura do século xx.

Os Cães e os Lobos (trad. José Cláudio e Júlia Ferreira) e outras obras de Irène Némirovsky estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/irene-nemirovsky/

Guerra dos Mundos na Fox





Na próxima segunda-feira estreia no canal Fox uma série que adapta a obra de H. G. Wells.
A adaptação é de Howard Overman e a série conta com a participação de Gabriel Byrne.

A Guerra dos Mundos, a par de O Homem Invisível e A Máquina do Tempo, foi uma obra marcante na criação da ficção científica como género literário.
H. G. Wells partiu do relativo desconhecimento que então se tinha sobre Marte e dos progressos da tecnologia para criar uma obra de suspense, espanto e terror.
Tudo começa quando o narrador toma conhecimento da queda de estranhos objetos vindos de Marte nos tranquilos campos dos arredores de Londres. A multidão acorre e depara com misteriosos cilindros de onde saem marcianos que vão ameaçar de destruição todo o país e a civilização tal como era então conhecida.
Esta antevisão do choque entre os habitantes da Terra e os de outros planetas iria servir de modelo a toda uma variante da ficção científica. O seu potencial dramático seria evidenciado pela emissão radiofónica de Orson Welles em 1938, que sobressaltou dezenas de milhares de norte-americanos. E tem sido atualizado nos nossos dias pela descoberta de numerosos planetas no universo, e mesmo na Via Láctea, com condições para a existência de vida.


A Guerra dos Mundos (trad. Frederico Pedreira) e outras obras de H. G. Wells estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-wells/

24.10.19

Sobre O Adolescente, de Fiódor Dostoievski




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Adolescente, de Fiódor Dostoievski (trad. do russo de António Pescada)

O Adolescente foi publicado três anos depois de Os Demónios e cinco antes de Os Irmãos Karamázov.
O narrador e protagonista deste livro é Arkádi Dolgorúki, um ingénuo jovem de 19 anos repleto de ambição e opiniões.
Filho ilegítimo de um latifundiário, Dolgorúki encontra-se dividido entre o desejo de expor as injustiças do pai e de conquistar o seu amor.
Inspirado por um sonho incoerente de comunhão e tendo na sua posse um misterioso documento que acredita que lhe dá poder sobre os outros, parte para São Petersburgo com a intenção de confrontar o pai que mal conhece.


«O Adolescente é o mais cativante dos romances de Dostoievski.» [Konstantín Mochulski, autor de Dostoievski: Obra e Vida]

Sobre Memórias do Subterrâneo, de Fiódor Dostoievski




«Eu sou um homem doente… Sou um homem mau. Sou um homem nada atraente. Penso que sofro do fígado. Aliás, não percebo patavina da minha doença nem sei ao certo de que é que sofro. Não me trato e nunca me tratei, embora respeite a medicina e os médicos. Além do mais, sou supersticioso em extremo; bem, o suficiente, ao menos, para respeitar a medicina. (Tenho instrução bastante para não ser supersticioso, mas sou supersticioso.) É por maldade que não me quero tratar. Isto é uma coisa que vocês, leitores, por certo não podem compreender. Pois, mas eu compreendo.»


Memórias do Subterrâneo (trad. de António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

Sobre O Sol dos Mortos, de Ivan Chmeliov




«Se Fiódor Dostoiévski alertou profeticamente, no seu romance Demónios, sobre o perigo da calamidade global preparada pelos ideólogos do “paraíso na terra”, se Evguéni Zamiátin e George Orwell criaram as suas antiutopias satíricas, modelos do mundo desumanizado de acordo com as receitas teóricas e as sinistras experiências práticas que conheciam, escritores russos como Ivan Chmeliov, Ivan Búnin, Isaac Bábel, Vassíli Grossman criaram obras que são crónicas vivas, testemunhos factuais da pavorosa concretização da “grande experiência” de transformação política e social na Rússia, levada a cabo pelo partido bolchevique.» [Da Introdução]

O Sol dos Mortos (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-sol-dos-mortos/

Sobre Big Sur, de Jack Kerouac




«Esta fecunda escrita natural não tem semelhante na última metade do século XX, é uma síntese de Proust, Céline, Thomas Wolfe, Hemingway, Genet, Thelonious Monk, Bashô, Charlie Parker e da própria compreensão do sagrado de Kerouac.
Big Sur é uma humana, exacta narrativa da espantosa devastação causada pelo delirium tremens alcoólico de Kerouac, um romancista excepcional que forçou os seus limites, uma proeza que poucos escritores tão atormentados realizaram (…). Aqui encontramos a São Francisco dos poetas, e reconhecemos o herói Dean Moriarty dez anos depois de Pela Estrada Fora. Jack Kerouac era um “autor”, como o seu grande igual W. S. Burroughs disse, e aqui, no cume do seu genial temperamento sofredor, escreveu através da dor para acabar no brilhante poema final “O Mar”, nos alucinatórios sons do oceano Pacífico em Big Sur.» [Allen Ginsberg, 10-10-91, N. Y. C.]


Big Sur (trad. Paulo Faria) e outras obras de Jack Kerouac estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jack-kerouac/

23.10.19

Sobre A Mão Esquerda das Trevas, de Ursula K. Le Guin




Considerada uma obra maior da ficção científica, A Mão Esquerda das Trevas conta a história de um viajante solitário terrestre, enviado em missão para Inverno.
O objetivo da missão é permitir que Inverno seja incluído numa civilização galáctica. Os seus dois regimes políticos mais importantes são uma monarquia governada por um rei extravagante e um regime comunal, dirigido por uma burocracia minuciosa e racionalista.
Mas o mais estranho para o enviado terrestre é a particular androginia dos habitantes, que apenas numa dada fase assumem uma forma inteiramente feminina ou masculina, podendo ao mesmo tempo ser mães de umas crianças e pais de outras.
Este contacto com um modo de pensar diferente e as suas consequências nas relações pessoais e sociais permite alargar a compreensão da nossa própria realidade.

«Le Guin, mais do que Tolkien, elevou a fantasia à alta literatura, para o nosso tempo.» [Harold Bloom]


A Mão Esquerda das Trevas, com tradução de Fátima Andrade, está disponível aqui: https://relogiodagua.pt/produto/a-mao-esquerda-das-trevas/

Sobre Obra Completa, de Arthur Rimbaud




Reúne-se aqui a obra de Arthur Rimbaud.
Excluíram-se apenas os poemas em latim, os exercícios escolares, e algumas cartas comerciais sem interesse.
A parte referente à poesia é bilingue.
Muitos dos poemas são traduzidos pela primeira vez em Portugal. O mesmo acontece com a correspondência literária e a novela «Um Coração debaixo de Uma Sotaina», que é importante para compreender a obra de Rimbaud e é um dos seus raros textos irónicos.
Dos seus poemas em verso e em prosa mais conhecidos, «O Barco Ébrio», Uma Temporada no Inferno e Iluminações, são apresentadas novas traduções.
A aventurosa vida pós-literária de Rimbaud é abordada no prefácio e nas cartas e relatórios que escreveu.

«É habitual falar-se na existência de um mistério na vida de Rimbaud, o precoce abandono da poesia no apogeu da criatividade literária.
Mas essa é apenas a parte visível de um enigma maior que é a ligação entre a sua vida de poeta e a de negociante em Áden e na Abissínia. 
A verdade é que a sua última década de vida ilumina com luz retrospectiva a poesia que de outro modo não seria a mesma, tal como não seria a mesma a imagem que hoje temos de Rimbaud se ele tivesse envelhecido nos salões literários de Paris.
Sem esse abandono não teríamos uma noção exacta da autenticidade da sua procura visionária e das experiências e sofrimentos que por causa dela consentiu ou se impôs.
É por isso que a poesia que Rimbaud escreveu parece existir suspensa num tempo de incorruptível juventude.» [Do Prefácio]

Obra Completa de Arthur Rimbaud (trad. Miguel Serras Pereira e João Moita) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/obra-completa/

Karl Ove Knausgård escreve romance que só será lido em 2114




O autor de A Minha Luta aceitou escrever um livro para o projecto Future Library, que se propõe imprimir em 2114 obras inéditas de escritores com papel fabricado a partir de árvores plantadas cem anos antes.
O projecto é obra de uma artista escocesa, Katie Paterson, e neste momento já conta com manuscritos de autores como David Mitchell, Margaret Atwood e Elif Shafak. Knausgård é o primeiro escritor norueguês a integrar a colecção.
Mais informação aqui.