31.12.20

Sobre A Noite das Barricadas, de H. G. Cancela

 



«Se pensássemos pictoricamente no que parece ser o substrato simbólico-arquetípico de H.G. Cancela, atendendo a As Pessoas do Drama e a A Noite das Barricadas […], talvez nos recordássemos vagamente de alguns dos detalhes mais enfáticos das pinturas medievais, apesar do tom de exemplário moral daquelas. O pecado, o mal, a culpa. Em Cancela não há um ideário pedagógico, antes um eterno retorno do mal e as condições para que ele seja pensado como categoria ontológica. […]

O homem trágico, herói, afinal, na sua lucidez, recusa a resignação e evoca um presente absurdo deslegitimador do desespero. Uma espécie de soteriologia profana, humana; camusiana, portanto, que, se não serve de catarse, ao menos antecipa uma possibilidade de inteireza e plenitude (amor fati?), a imaginação da tal felicidade de Sísifo. Il faut imaginer…

Por fim, dos tantos paralelos que poderiam nascer destes textos de Cancela e que prometem mais do que concluem, novamente, em jeito de Ouroboros, suspeito do narrador, do narrador filho, com a mesma desconfiança da sua prosa desde As pessoas do drama: não é fiável, mascara-se e desmascara-se como quem se quisesse passar pelo verdadeiro Dioniso. E talvez isso o faça perdurável como um  mito a que se regressa consoante a versão que nos seduza.» [Cláudia Capela Ferreira, Subversa, 28/12/2020. Texto completo em http://revistasubversa.com/coluna/mascaras-de-dioniso-claudia-capela-ferreira/


Esta e outras obras de H. G. Cancela estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/


Sobre Acidentes, de Hélia Correia

 


«O livro arranca desde logo com uma reflexão sobre as palavras, aquela que é a sua condição, e Hélia começa por aí porque sabe que o que é próprio deve ser aprendido não menos do que aquilo que é estranho, e chama-lhe “Esmola”, a este poema, e começa por indiciar o estado em que se encontram, de tão vulgarizadas, desentendidas, gastas ou mesmo podres: “Lançai-me uma palavra, como alguns/ atiram côdea aos cães.” Mais à frente, toma-a, a essa palavra, dizendo que a recebe como um animal abandonado e ferido, e que, “não sabendo onde encontrar abrigo/ nem alimento,/ dormirei com ela,/ ouvindo-a murmurar,/ enquanto os bosques/ vão crepitando e a cinza/ nos recobre.” […]

Este arranque é a chave. E este livro é como uma longa meditação poética, composto por alguns ciclos, e também por um ou outro poema desses movidos pelas circunstâncias, como a bela homenagem a Herberto Helder, celebrando a passagem desse caçador encantado entre nós, o exemplo de como superou o que há de mais trágico para nós: a mesquinhez da morte.

O livro é todo ele dedicado ao esforço de quebrar este feitiço potente que nos domina, o de uma forma de opressão que se apossou dos nossos anseios e desejos, dominou os nossos comportamentos, destituiu a linguagem, assim desarmando a nossa consciência e até a experiência das coisas, de modo que damos por nós naquele estado de inanição que é uma forma de exílio, o mais rigoroso de todos, aquele que nos priva da própria clareza das palavras, e que Hölderlin formulou nestes termos: “quase perdemos a palavra em terra estrangeira”.» [Diogo Vaz Pinto, i, 28/12/2020. Texto completo aqui. ]


Acidentes e outras obras de Hélia Correia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/ 


Maria Filomena Mónica em entrevista a Isabel Lucas




«Está numa cave, o lugar onde escreve, e diz que da janela vê o jardim do vizinho e ouve o canto dos melros. Há muitos livros pelo chão que encomendou para escrever O Olhar do Outro, lançado esta Primavera, e mais para completar O Meu País, acabado de publicar também pela Relógio d’Água. Aos 77 anos, vive fechada em casa há praticamente seis, desde que lhe foi diagnosticado um cancro. A pandemia fechou-a ainda mais. “Uma das vantagens de eu ter cancro e, além do cancro, se ter abatido sobre mim a covid, é ter tempo para escrever. A escrita é para mim um refúgio e uma maneira de sentir que não vou morrer amanhã.”

No seu mais recente livro, escreve, entre outras coisas, sobre a ideia de pertença, de nação, de fronteira, noções alteradas ou reequacionadas pela pandemia, onde espreitam fantasmas como o do nacionalismo e de limites a liberdades conquistadas. É um ponto de partida para uma conversa cheia de interrogações. Bom em 2020? A derrota de Trump.

Isabel Lucas — No seu livro O Meu País há uma dedicatória com uma data: “No ano da covid”. Esta será inevitavelmente a marca de 2020.

Maria Filomena Mónica — É.

IL — Como o tem vivido?

MFM — Eu sou uma privilegiada. Vivo numa casa grande onde me posso isolar; os meus filhos vivem na mesma cidade em que vivo e tenho acesso a um hospital onde sou muito bem tratada. Já lá estou há seis anos. Nem todas as pessoas têm as facilidades que eu tenho. Dito isto, houve qualquer coisa que me doeu ao longo deste ano, com esta pandemia, mais do que o cancro de que sofro. É uma epidemia que não compreendo nem ninguém compreende no fundo e que traz uma pergunta:quando é que acaba?»

[Entrevista de Isabel Lucas a Maria Filomena Mónica, Público, 30/12/2020.]


O Meu País e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/ 

30.12.20

Sobre Noite Virtuosa e Fiel, de Louise Glück

 





Já disponível em www.relogiodagua.pt: Noite Virtuosa e Fiel, de Louise Glück (tradução de Margarida Vale de Gato)


O mais recente livro de Louise Glück, publicado em 2014, recebeu o National Book Award e reúne poemas que capturam «momentos de uma presença surpreendente, em que factos quotidianos se tornam mágicos, em que o próprio desencantamento conduz a um renovado encantamento» (The New York Times).


Noite Virtuosa e Fiel, Averno e A Íris Selvagem estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Sobre Rota Literária, Geografia Agustiniana

 



Já está disponível o microsite Rota Literária, Geografia Agustiniana Porto, Douro e Minho, que pretende estimular um novo convívio com a obra de Agustina Bessa-Luís.


« (...) escolhemos para apontamentos da nossa viagem a cidade do Porto, o Douro e o Minho, deixando para outros roteiros outros caminhos percorridos na vasta obra de Agustina.

Imaginemos um passeio pelo mapa caminhando por aqui e ali, na companhia de uns e de outros, e nas suas falas; parando, para olhar uma rua, uma casa, um vale, uma ruína; ou para sentir um silêncio que nunca foi interrompido. É possível ainda localizar, lembrar, imaginar, e isso transporta-nos para dentro dos cenários, num convívio próximo e privilegiado.» (da Introdução de Mónica Baldaque)


As obras de Agustina Bessa-Luís já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/


Sobre A Escola de Topeka, de Ben Lerner

 



«“A América é uma adolescência sem fim”, diz uma das personagens do terceiro romance de Ben Lerner, um livro onde o aturo de Leaving the Atocha Station e 10:04 sai da sua autobiografia meio ficcionada e olhar cínico quanto à relação individual com o mundo para captar o sentido de um colectivo a partir de uma viagem aos anos em que foi adolescente numa cidade do interior americano, em pleno Kansas, vendo nesse tempo histórico a semente que levou ao estado actual das coisas. […]

Dividido em oito capítulos centrados nas figuras de Adam, Jane, a mãe, a Jonathan, o pai, é um exercício ambicioso — o mais ambicioso e certeiro do escritor de 41 anos — que parte da linguagem para desmontar —ou melhor, sublinhar — o retrato de um país e de uma geração, tendo a inteligência de não querer abarcar tudo, mas deixando sinais para que o leitor entre com os seus recursos, a sua linguagem, os seus referentes. […]

Estamos num dos domínios preferidos de Ben Lerner, aquele em que a exploração da linguagem está ao serviço da construção de um pensamento linear, e onde subjaz a ideia de abismo, regressão. Política, social, argumentativa.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 30/12/2020]


A Escola de Topeka (trad. Alda Rodrigues) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-escola-de-topeka/


Sobre Do Desaparecimento dos Rituais, de Byung-Chul Han

 



«A obra faz o elogio do ritual, do símbolo, do hábito, da forma e da repetição, categorias e experiências que já adquiriram, no vocabulário comum, uma aceção negativa. “Quem se entrega aos rituais deve abster-se de si mesmo. Os rituais engendram uma distância do eu em relação a si mesmo.” A vida numa sociedade de informação pede a constante novidade, a passagem fugaz de estímulos e informações que rapidamente se sobrepõem, criando, na expressão do autor, um tempo plano e uma atenção plana, sem etapas de demarcação. A experiência ritual e religiosa constitui, pelo contrário, a busca de uma atenção profunda, demorada, na qual se ligam os sentidos ao conhecimento profundo, consciente e inconsciente.» [Rui Pedro Vasconcelos, Mensageiro de Santo António, Novembro 2020]


Estas e outras obras de Byung-Chul Han estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/byung-chul-han/

Sobre O Adolescente, de Fiódor Dostoievski

 



O Adolescente foi publicado três anos depois de Os Demónios e cinco antes de Os Irmãos Karamázov.

O narrador e protagonista deste livro é Arkádi Dolgorúki, um ingénuo jovem de 19 anos repleto de ambição e opiniões.

Filho ilegítimo de um latifundiário, Dolgorúki encontra-se dividido entre o desejo de expor as injustiças do pai e de conquistar o seu amor.

Inspirado por um sonho incoerente de comunhão e tendo na sua posse um misterioso documento que acredita que lhe dá poder sobre os outros, parte para São Petersburgo com a intenção de confrontar o pai que mal conhece.


«O Adolescente é o mais cativante dos romances de Dostoievski.» [Konstantín Mochulski, autor de Dostoievski: Obra e Vida]


O Adolescente (tradução de António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/


29.12.20

As escolhas de livros de 2020 do Observador

 


Os vários críticos e colaboradores do Observador reuniram as suas escolhas de livros de 2020 sob a designação «Um ano inteiro à procura de respostas nos livros».

Em relação às edições da Relógio D’Água, Ana Bárbara Pedrosa escolheu O Fim, de Karl Ove Knausgård, afirmando que «o livro mais aguardado de 2020 chegou a Portugal no fim do ano».




Carlos Maria Bobone seleccionou O Osso do Meio, de Gonçalo M. Tavares, escrevendo que «Gonçalo M. Tavares regressa ao universo em que se dá melhor, o universo de O Reino, em que surgem livros como Jerusalém ou Aprender a Rezar na Era da Técnica».




José Manuel Fernandes destaca Três Retratos — Salazar, Cunhal, Soares, de António Barreto, sublinhando que o livro nos ajuda a «compreender melhor três dos portugueses que mais influenciaram o nosso século XX naquilo que tinham de comum e de diferente — e também, através deles, ajuda-nos a entender Portugal e os portugueses». [https://observador.pt/especiais/um-ano-inteiro-a-procura-de-respostas-nos-livros-estes-sao-os-45-que-mais-gostamos-de-ler-em-2020/ ]


Estes e outros livros de Karl Ove Knausgård, Gonçalo M. Tavares e António Barreto estão disponíveis em https://relogiodagua.pt


Sobre a adaptação de Pequenos Fogos em Todo o Lado, de Celeste Ng

 



«O título não podia ser mais literal. Há mesmo um incêndio no episódio inaugural e é depois disso que se dão a conhecer os acontecimentos que levaram até um desfecho como aquele, mas são várias as ignições ao longo dos episódios. A luta de classes, o privilégio no interior dos Estados Unidos — em Shaker Heights, no Ohio dos anos 1990 —, o racismo estrutural ou mesmo a saúde mental são alguns dos temas inflamáveis que Celeste Ng aborda no livro “Pequenos Fogos em Todo o Lado” (Relógio D’Água) e que depois são transportados para esta série de mistério (não se espere um decalque da narrativa), apresentada através das histórias de duas mulheres. Elena Richardson (Reese Witherspoon) é aparentemente a típica mulher americana, se é que isso da típica mulher americana existe para lá da ficção, e Mia Warren (Kerry Washington) é, à partida, outra personagem-cliché. Artista negra, mãe solteira, sem raízes familiares e sem poiso fixo, acaba por arrendar casa a Elena. Mas será esta uma mera história de uma mulher frágil que se cruza com uma dona de casa (jornalista nas horas vagas), branca e de cabelos loiros, de classe média alta e com uma família-modelo? Não, até porque desconstrói muitas das crenças que ainda persistem — incluindo quando uma pessoa numa situação de privilégio declara não ser racista. Sempre que tenta prová-lo, Elena acaba a sê-lo. E essa é uma lição para grande parte da audiência televisiva, mesmo a que se considera mais instruída.» [Expresso, 19/12/2020]


Os livros Pequenos Fogos em Todo o Lado e Pessoas Normais estão disponíveis em https://relogiodagua.pt

Sobre No Inverno, de Karl Ove Knausgård

 



«Se tivermos crianças em casa, a primeira neve é ansiosamente esperada. Mesmo aqui, tão ao sul da Escandinávia, onde na maioria dos invernos há pouca ou nenhuma neve, a expectativa pela queda da neve é grande. As crianças relacionam o inverno, e especialmente o Natal, com a neve, apesar de terem tido apenas a experiência de um único inverno com neve a sério. Que a imagem do inverno, de filmes e livros, se sobreponha à realidade dos dias ventosos e de chuva, e seja mais autêntica do que estes, diz muito do mundo das crianças, que tão facilmente se abre para uma coisa diferente do que existe e que é tão cheio de esperança.

Durante a tarde de ontem, a chuva passou a neve. Grandes e húmidos flocos caíam do céu cinzento e enchiam o ar numa cascata de movimento de que as crianças imediatamente se deram conta. Está a nevar!, disseram, e correram para a janela. A neve não ficava, derretia mal tocava no chão. Saíram para o jardim e ficaram paradas a olhar para cima para o impenetrável cinzento de onde caíam os flocos brancos, mas nada podiam fazer, e foram para dentro outra vez.»


No Inverno e outras obras de Karl Ove Knausgård estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/karl-ove-knausgard/

Sobre História de Quem Vai e de Quem Fica, de Elena Ferrante

 



Elena e Lila, as duas amigas que os leitores já conhecem de A Amiga Genial e História do Novo Nome, tornaram-se mulheres. E isso aconteceu muito depressa. Lila, que se casou muito nova, deixou o marido, o bem-estar material e trabalha agora como operária em condições bastante duras. Elena saiu do bairro, estudou na Normale de Pisa e publicou um romance cujo sucesso lhe abriu as portas de um meio culto. Tentaram ambas, cada uma a seu modo, vencer as barreiras que pretendiam encerrá-las num destino de miséria, ignorância e submissão.

Navegam agora ao ritmo agitado a que Elena Ferrante nos habituou, no mar alto dos anos 70, num cenário de esperança e incerteza, tensões e desafios até então impensáveis, unidas sempre com um vínculo fortíssimo, ambivalente, umas vezes subterrâneo, outras visível, com episódios violentos e reencontros que abrem perspetivas inesperadas. 


Esta e outras obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/

Sobre A Era do Capitalismo da Vigilância, de Shoshana Zuboff

 



«Outro livro que merece destaque neste plano é “A Era do Capitalismo da Vigilância”, da socióloga norte-americana Shoshana Zuboff, um monumental estudo sobre os chamados “mercados de futuros comportamentais”, livro que acaba de sair com o selo da Relógio D’Água, e que assume uma preponderância decisiva no final de um ano em que ficou claro como se está a configurar um regime de “exílio digital”, com as grandes empresas tecnológicas a assumirem, face ao futuro, um poder inaudito na conformação desse horizonte, havendo o perigo de que “a colmeia totalmente interconectada e controlada, que nos seduz com uma vida fácil e consumidora”, promova “um arquitecto digital omnipresente que opera em função dos interesses do capitalismo da vigilância”. Também esta obra insiste que a história não tem fim, e que cabe a cada nova geração criar as suas defesas e impor a sua vontade face a novas ameaças, e que a esperança está no reforço da imaginação face a estes “novos territórios de ansiedade, perigo e violência”.» [Diogo Vaz Pinto, Sol, 19/12/2020]


Mais informação sobre o livro aqui: https://relogiodagua.pt/produto/a-era-do-capitalismo-da-vigilancia/


28.12.20

Sobre Dias Birmaneses, de George Orwell

 



Baseado na sua experiência como agente da polícia na Birmânia, o primeiro romance de George Orwell mostra-nos uma imagem devastadora do domínio colonial britânico, descrevendo em detalhe a corrupção e intolerância que se viveram numa sociedade onde “os nativos eram nativos eram interessantes, sem dúvida, mas (…) um povo inferior de pele negra”.

Quando Flory, um comerciante branco de madeiras, trava amizade com o Dr. Veraswami, um indiano, desafia esta ortodoxia. 

O doutor está em perigo: U Po Kyin, um magistrado corrupto, planeia a sua ruína. A única coisa que o pode salvar é a filiação ao clube dos membros brancos a que Flory pertence. 

A vida de Flory sofre ainda uma alteração mais profunda com a chegada de Paris da bela Elizabeth Lackersteen, que lhe oferece um escape à solidão e à “mentira” da vida colonial.


Dias Birmaneses (trad. Alda Rodrigues) e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/


Sobre a publicação de Louise Glück em Portugal

 



«Ana Luísa Amaral e Inês Dias relatam o desafio que foi a tradução dos primeiros livros da poeta americana disponíveis em Portugal. Um desafio que contou com a colaboração da própria autora.

Conheceram-se (e deixaram-se encantar) pela poesia de Louise Glück muito antes de o recente Prémio Nobel da Literatura a ter empurrado para um plano de visibilidade que a própria autora americana confessou que jamais sonhou que pudesse vir a ter. Tantos anos depois, reencontraram-se com esses poemas de despojamento, mais aparente do que real, e não apenas enquanto leitoras.

Nas semanas que se seguiram ao anúncio do prémio, Ana Luísa Amaral e Inês Dias traduziram, respetivamente, “A Íris Selvagem" e "Averno", os dois primeiros livros de Glück publicados em Portugal, no âmbito de um ambicioso plano de edições que a Relógio D’Água vai desenvolver até final do próximo ano.» [Sérgio Almeida, JN, 23/12/2020]


Averno e A Íris Selvagem estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/




Sobre Sobre a Leitura, de Marcel Proust

 



“Talvez não haja dias da nossa infância que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que cremos ter deixado sem os viver, aqueles que passámos com um livro preferido. Tudo o que os preenchia para os outros, era por nós afastado como um vulgar obstáculo perante um prazer divino: o jogo para o qual um amigo vinha buscar-nos na passagem mais interessante, a abelha ou o raio de sol perturbadores que nos forçavam a levantar os olhos da página ou a mudar de lugar, as provisões da merenda que nos tinham obrigado a trazer e que deixávamos ao nosso lado no banco, sem lhes tocar, enquanto, por cima da nossa cabeça, o sol ia perdendo força no céu azul, o jantar que nos obrigara a voltar para casa e durante o qual só pensávamos em subir de novo as escadas para acabarmos, logo a seguir, o capítulo interrompido.”


Ler era, para Proust, mais do que a procura de conhecimento, uma atividade espiritual, um meio de se transformar e transcender. Ao lermos os grandes romances, afirma, entramos em contacto com ideias fantásticas e as mentes mais inspiradoras do mundo.


Sobre a Leitura (trad. Miguel Serras Pereira) e os volumes de Em busca do Tempo Perdido (trad. Pedro Tamen) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/marcel-proust/

Sobre Acidentes, de Hélia Correia

 



«“Acidentes”, de Hélia Correia, saiu este ano e é um assombro.» — Patrícia Portela descreve assim aquele que considera um dos 5 livros do ano — aliás, um dos «5 livros de qualquer ano». [Todas as escolhas de Patrícia Portela, Rui Manuel Amaral, Afonso Cruz, Susana Piedade e José Emílio-Nelson estão disponíveis no site do JN em https://tinyurl.com/ybe5sglp (JN, 27/12/2020) ]


Acidentes e outras obras de Hélia Correia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/


Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee

 



Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista. 

Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando-os a refletirem, em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. 

Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um modo brutal.

Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em reclusão numa casa vizinha.


«O estilo de Harper Lee revela-nos uma prosa enérgica e vigorosa capaz de traduzir com minúcia o modo de vida e o falar sulistas, bem como uma imensa panóplia de verdades úteis sobre a infância no Sul dos EUA.» [Time]



Mataram a Cotovia está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/mataram-a-cotovia/


23.12.20

Sobre «O Tempo Indomado», de José Gil

 

«José Gil, um filósofo muito cá de casa, escreveu dois ensaios sobre a pandemia publicados neste jornal em Março e Abril. No primeiro, intitulado “O medo”, explicava como o receio de uma morte imprevista e absurda igualizava homens e mulheres, introduzindo a experiência de uma “globalização existencial”, com todos a vivermos o mesmo tempo pandémico; no segundo, com o corpo já a acumular várias semanas de confinamento, propunha que a pandemia pudesse vir a modificar o modo de vida das sociedades actuais ancoradas no capitalismo industrial-financeiro, mas já com um pé no capitalismo digital.
O ensaio “A pandemia e o capitalismo numérico”, o que causou mais ondas de choque, propunha que a covid-19 tinha acelerado a nossa entrada numa sociedade dependente do digital com a generalização do teletrabalho, a digitalização máxima dos serviços e a virtualização das deslocações, das relações sociais, do lazer e da cultura. Ao impor sem entraves o capitalismo há muito sonhado pelas empresas tecnológicas num salto brutal, a pandemia iria fazer florescer as subjectividades digitais, que tendem a dispensar o corpo físico, até se tornarem dominantes: “Serão subjectividades desterritorializadas, de certo modo, nómadas e transparentes, mas reterritorializadas no digital.”
Os dois ensaios foram recentemente reunidos no livro O Tempo Indomado (Relógio D’Água), que inclui mais duas reflexões em que José Gil voltou à pandemia para apresentar um outro mundo possível, uma possível utopia para um futuro instável que nos espera.»

[Isabel Salema, «O ano em que o fim do mundo se tornou possível», Ípsilon, 2020/12/23]

O Tempo Indomado e outras obras de José Gil estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/


Entrevista de Mónica Baldaque no Observador

 


 «De facto, todas as pessoas que atravessam este livro são mistérios que nunca deixam de o ser e esta é uma da coisas que ele tem de belo. A Mónica escreve contra aquela ideia, tão em voga, de que tudo tem que ser dito, mostrado, que todos os véus têm que ser levantados, todas as tumbas abertas…

Nem tudo tem de ser dito, nem tudo sabemos dizer. A maior parte da nossa vida fica espalhada pelos lugares mais improváveis e as pessoas determinantes para a construção de nós próprios como imagem visível e convivente, são também as mais improváveis, e às vezes de passagem meteórica.

Sapatos de Corda é um livro cujo centro é uma reflexão sobre a passagem do tempo, das gerações, a metamorfose da vida entre o pó solar e o húmus, um tema que também era caro a Agustina. “A vida  é necessária? Não é necessária mas inevitável” , escreve ela, no livro o Prazer e a Glória. É assim?

É assim. A vida não é necessária, mas inevitável. Agustina saberia porque é que a vida não é necessária. Será um contra-tempo inevitável?»

[Joana Emídio Marques, Observador, 2020/12/19: https://observador.pt/especiais/monica-baldaque-ja-so-ouco-aos-mais-velhos-aquela-frase-estafada-agustina-e-muito-dificil-de-ler/]

Sapatos de Corda, de Mónica Baldaque está disponível em: https://relogiodagua.pt/?s=sapatos+de+corda&post_type=product

 

Sobre «Almanaque do Céu e da Terra», de Cristina Carvalho

 


 

«Quem deseje deliciar-se neste Natal de pandemia com uma prosa elegante, de leitura simples, como deve ser e atraente por ser simples, não ficará desiludido. Entre o céu e a terra, são muitos os momentos de agradável enlevo, de uma escrita que não se impõe com propósitos de pedagogia sobranceira, forçada, nada disso. Uma escrita que se entrega, e a que se adere pelo prazer das imagens, que podemos guardar na memória, para mais tarde, ou, gostando de ler em voz alta, para os outros ou mesmo para nós, balançar no ritmo que as frases guardam enquanto correm, ali não há cacofonias, não há tropeções, todo o discurso obedece a uma ordem interna que sustenta uma narrativa que é prosa (mas quase diria vestida de poesia).»

[Yvette Centeno:

http://literaturaearte.blogspot.com/2020/12/almanaque-do-ceu-e-da-terra-ed-relogio.html]


Almanaque do Céu e da Terra e outras obras de Cristina Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/ 


21.12.20

Sobre «O Osso do Meio», de Gonçalo M. Tavares

 

 

«Numa obra labiríntica, Gonçalo M. Tavares volta de novo a um dos lugares onde demonstrou toda a sua capacidade inventiva. Imbuído de um pessimismo antropológico, O Osso do Meio coloca-nos perante um Homem Primordial e um mundo reduzido à sobrevivência, a um puro facto biológico, que surge quando a civilização retrocede.»

[João Oliveira Duarte, Jornal I, 2020/12/18: https://ionline.sapo.pt/artigo/718542/goncalo-m-tavares-o-homem-primordial?seccao=Mais_i]

O Osso do Meio e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/

«A Visão das Plantas» Obtém o 2.º Lugar do Prémio Oceanos


 A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida, editado pela Relógio D’Água no final de 2019, ficou em 2.º lugar no Prémio Oceanos.
O 1.º lugar foi para Torto Arado, de Itamar Vieira Junior.
Segundo a professora Inocência Mata, uma das juradas do Prémio, «A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida, é uma reflexão sobre a pós-humanidade, em que diferentes entendimentos de “meio ambiente” são revelados e explorados. Mais do que perseguir o fim da vida de um homem cujo passado é muito obscuro, a narrativa questiona o lugar do humano na natureza, através de disponibilidades mentais como esperança, compreensão e sentido de pertença. (…) Uma história em que representações da não-humanidade (as plantas, as flores, os frutos, os animais, os fenómenos atmosféricos…) surgem como possibilidade redentora da condição humana.»
O Oceanos é um dos prémios literários mais importantes entre os países de língua portuguesa.



20.12.20

Sobre A Montanha Mágica, de Thomas Mann

 



«Tal como em A Morte em Veneza, o protagonista de A Montanha Mágica empreende uma viagem que acaba por o levar para fora do espaço e do tempo da existência burguesa. Não por acaso, contrariando planos anteriores em que o romance abria com a explanação da biografia de Hans, depois remetida para o segundo capítulo, o primeiro capítulo centra‑se na viagem e no primeiro momento de confronto com o mundo fechado do sanatório, o início do longo percurso de iniciação que irá constituir o fulcro da narrativa. O herói do romance, como surge repetidamente sublinhado, nada tem de excepcional, pelo contrário, a própria mediania da personagem constitui uma forma de acentuar de que modo ela representa paradigmaticamente a normalidade social. O fulcro do romance, está, justamente, no facto de essa normalidade ser totalmente posta à prova e problematizada nos seus fundamentos pelo confronto com o microcosmos do sanatório.» [Do Prefácio]


A Montanha Mágica (tradução, prefácio e notas de António Sousa Ribeiro) e outras obras de Thomas Mann estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/thomas-mann/


19.12.20

Sobre A Ilha Encantada, de Hélia Correia

 



«O próprio texto tem, aliás, parecenças com esses espectáculos de luz feitos para encantar, esplendorosos, fátuos e um bocadinho assustadores. A sua recepção entre as crianças é um assunto muito delicado. No meu trabalho, comecei por atender aos pedidos das gentes mais sensatas e substituí “A Tempestade” — que, ao que dizem, podia causar estremecimento — por “A Ilha Encantada”, pois que é assim referida pelo autor. E, quanto a sensatez, achei bastante.» [Do Prefácio de Hélia Correia]


Esta e outras obras de Hélia Correia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/


Sobre Amor Líquido, de Zygmunt Bauman

 



A misteriosa fragilidade dos laços humanos, os sentimentos que esta fragilidade inspira e a contraditória necessidade de criar laços e, ao mesmo tempo, de os manter flexíveis são os principais temas deste livro.

Bauman analisa assim o modo como a nossa era, que ele designa por modernidade líquida, ameaça a capacidade de amar e os crescentes níveis de insegurança, tanto nas relações amorosas como nas familiares, e até no convívio social com estranhos.

Zygmunt Bauman é considerado um dos mais atentos observadores das contradições do mundo actual.

Esta e outras obras de Zygmunt Bauman estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/zygmunt-bauman/

18.12.20

Sobre Sapatos de Corda, de Mónica Baldaque

 



«[…] um novo contributo faz luz sobre a vida da grande escritora. Refiro-me a Sapatos de Corda, de Mónica Baldaque, relato desempoeirado da vida da mãe: relações de família, o Douro, a Obra, os anos de Esposende, a casa do Gólgota, os Verões em Guéthary, a desconfiança do milieu literário, o enfado com o paroquialismo indígena, a política, as viagens, os filmes de Manoel de Oliveira, a saída de cena em 2007, a presença constante de Alberto Luís. Vasta iconografia ilustra o livro, cheio de episódios surpreendentes, como, entre outros, o do Jaguar que pediu (e recebeu) a título de royalties… Imprescindível.» [Eduardo Pitta, Sábado, 17/12/2020]


«Sapatos de Corda — Agustina», de Mónica Baldaque está disponível em: https://relogiodagua.pt/produto/sapatos-de-corda/

As obras de Agustina Bessa-Luís editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/


17.12.20

Sobre Reino Transcendente, de Yaa Gyasi

 



«Um novo subgénero faz o seu caminho: o da literatura de imigrantes sem resquícios de autocomplacência. É o caso de Yaa Gyasi (n. 1989), nascida no Gana, radicada desde criança nos Estados Unidos, autora de dois livros, ambos premiados sob aplauso geral. Reino Transcendente relata o quotidiano de uma doutoranda de Stanford, oriunda de África, forçada a gerir as obrigações académicas com a depressão da mãe. Numa escrita fluente, Yaa Gyasi diz o que tem a dizer sem os clichês associados ao proselitismo étnico da political correctness.» [Eduardo Pitta, Sábado, 17/12/2020]


Reino Transcendente (trad. Helena Briga Nogueira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/reino-transcendente/


Vida após Vida, de Kate Atkinson, adaptado a série de quatro episódios

 





O romance Vida após Vida, que a Relógio D’Água publicou em 2014, será adaptado a série, numa produção de Kate Ogborn para a BBC One. As filmagens terão início na Primavera de 2021. Mais informação aqui.


Em 1910, durante uma tempestade de neve em Inglaterra, um bebé nasce e morre sem que tenha tempo de respirar. Em 1910, durante uma tempestade de neve em Inglaterra, o mesmo bebé nasce e vive para poder contar a aventura. E se existissem segundas oportunidades? E terceiras? E se tivéssemos um número infinito de possibilidades para viver? Poderíamos salvar o mundo do seu inevitável destino? Seria esse o nosso desejo?


«É tempo de recordar as leituras mais estimulantes do ano: o romance inesgotavelmente engenhoso de Kate Atkinson: Vida após Vida (…).»  [Hilary Mantel, The Observer, «Best Books of 2013»]


«Vida após Vida, de Kate Atkinson, é um romance de absoluta beleza, e a sua estrutura é das mais originais e subtis que li em muitos anos. Um romance brilhante, afável e audacioso, cujo futuro, suspeito, inclui palavras como acessível e clássico. (...)»    [Ali Smith, The Observer, «Best Books of 2013»]


«Kate Atkinson é maravilhosa. Não existem adjetivos suficientes para descrever Vida após Vida: deslumbrante, espirituoso, comovente, alegre, sentimental, intenso. Descontroladamente inventivo, profundamente sentido. Hilariante. Humano. Em poucas palavras: um dos melhores romances que li neste século.»  [Gillian Flynn, autora de Em Parte Incerta]


Vida após Vida venceu o Costa Book Award 2013. No romance Um Deus em Ruínas Kate Atkinson continua a história da família Todd.

Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/kate-atkinson/

Sobre Confabulações, de John Berger

 



«Uma língua falada é um corpo, uma criatura viva […]. E o lugar onde esta criatura reside é tanto o que não se diz quando o que se diz.»

O trabalho de John Berger revolucionou o modo como entendemos a linguagem visual. Neste novo livro, o autor escreve sobre a linguagem em si, e como se relaciona com o pensamento, a arte, a música, a narrativa e o discurso político contemporâneo.

O livro inclui ainda os desenhos, notas, memórias e reflexões de Berger, que vão desde Albert Camus ao capitalismo global. 

Confabulações mostra-nos «o que é verdadeiro, essencial e urgente.»


«Berger ensina-nos a pensar, a sentir. Ensina-nos a olhar para as coisas até conseguirmos ver o que pensámos que não estava lá. Mas, acima de tudo, ensina-nos a amar perante a adversidade. É um mestre do seu ofício.» [Arundhati Roy]


«Berger lida com o pensamento do mesmo modo que um artista lida com a tinta.» [Jeanette Winterson]


Confabulações (trad. de Maria Eduarda Cardoso) e Para o Casamento (trad. de Luísa Feijó) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/john-berger/

Sobre A Íris Selvagem, de Louise Glück

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: A Íris Selvagem, de Louise Glück (tradução de Ana Luísa Amaral)


Com A Íris Selvagem, a Relógio D’Água continua a publicação da obra, em edição bilingue, da vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2020. O título recebeu o Prémio Pulitzer em 1992 e apresenta três vozes ao longo da evolução da Primavera até ao fim do Verão num jardim da Nova Inglaterra.


Louise Glück recebeu o Prémio Nobel da Literatura de 2020, “pela sua inconfundível voz poética, que, com uma beleza austera, tornou universal a existência individual”.

O prémio da Academia Sueca reconhece um longo percurso de escrita de poesia e ensaio.

Louise Elisabeth Glück nasceu a 22 de Abril de 1943 em Nova Iorque, filha de emigrantes húngaros, que se haviam fixado nos EUA algumas décadas antes.

Estudou na Sarah Lawrence College e na Universidade de Columbia.

Teve uma infância e adolescência difíceis, mas um contacto precoce com autores gregos e latinos permitiu-lhe acolher a herança clássica e escrever uma poesia que, através de imagens universais, aborda a fragilidade essencial dos seres humanos.

É autora de mais de uma dezena de livros de poesia e de dois ensaios, “Proofs and Theories” (Prémio PEN/Martha Albrand) e “American Originality”.

Recebeu o National Book Critics Circle Award por “The Triumph of Achilles” e o Pulitzer por “A Íris Selvagem”. Recebeu também o Bobbit Prize, concedido pela Biblioteca do Congresso, o William Carlos Williams Award da English-Speaking Union.

Louise Glück foi poeta laureada em 2003 e 2004, membro da Academia Americana de Artes e Letras e escritora residente da Rosenkranz na Universidade de Yale.

Vive em Cambridge, Massachusetts, nos EUA.


Averno (trad. Inês Dias) e A Íris Selvagem estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Sobre A Muralha, de Agustina Bessa-Luís

 



«É tentador descrever A Muralha, publicada em 1957, três anos após A Sibila, de maneira superlativa: como um dos maiores romances escritos em português; como um dos documentos mais profundos sobre a cultura europeia depois da II Guerra Mundial; ou ainda como o grande romance da cidade do Porto, tal como Os Maias é o grande romance de Lisboa.» [Do Prefácio de Rui Ramos]


Esta e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/


16.12.20

Sobre O Mistério de Edwin Drood, de Charles Dickens

 



«A história, ou a parcela da história que Dickens escreveu, pode ser lida nas páginas deste volume. O tema, como verão, é o desaparecimento do jovem arquitecto Edwin Drood, depois de uma noite festiva, à primeira vista destinada a comemorar a sua reconciliação com um inimigo temporário, Neville Landless; o serão tem lugar na casa do tio de Drood, John Jasper. Dickens prosseguiu a escrita da história o suficiente para explicar ou dinamitar o primeiro e mais óbvio dos seus enigmas. (…) uma narrativa terminada pode conferir a um homem a imortalidade, no sentido ligeiro e literário do termo; uma narrativa incompleta, porém, sugere uma outra imortalidade, mais urgente e mais estranha.» [Do Posfácio de G. K. Chesterton]


«Trata-se de uma história em que o criminoso não confessa a sua culpa e não é castigado. Os seus motivos, embora os possamos adivinhar, não são esmiuçados. Em bom rigor, não chegamos a ter a certeza absoluta da identidade do criminoso, nem sequer da natureza do crime cometido. O mal, em certa medida, triunfa. Não é feita justiça. Chesterton disse que este foi o primeiro romance policial. Talvez, mas, a ser assim, O Mistério de Edwin Drood é também o supremo romance policial.» [Do Prefácio de Paulo Faria]


O Mistério de Edwin Drood (trad. Paulo Faria) e outras obras de Charles Dickens estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charles-dickens/