31.1.17

A chegar às livrarias: O Homem Duplo, de Philip K. Dick (trad. Frederico Pedreira)


A Substância M — mais conhecida por Morte — é a droga mais perigosa à venda no mercado negro. A droga destrói as ligações entre os dois hemisférios do cérebro, causando desorientação e depois danos cerebrais irreversíveis. Bob Arctor, agente secreto da brigada antinarcóticos, tenta encontrar pistas que o levem à origem do fornecimento, mas para se fazer passar por um viciado tem primeiro de se tornar um utilizador…

«Philip K. Dick é Thoreau somado à morte do sonho americano.» [Roberto Bolaño]

Sobre Poesia Completa, de Manoel de Barros




Carlos Vaz Marques fala sobre Poesia Completa de Manoel de Barros no Livro do Dia, da TSF. O programa pode ser ouvido aqui.

Sobre Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James




«A travessia é feita pelas vozes de várias personagens, a abundância delas também violenta. Desde chefes de gangues a sicários, passando por um jornalista da Rolling Stone e uma mulher cujo sonho é seduzir o Cantor, chega-nos tudo através de vários pontos de vista. É provavelmente aqui que se encontra o principal ponto forte da obra, na forma como Marlon James consegue criar vozes, narrações, estilos diferentes para diferentes personagens e diferentes situações. Sempre na primeira pessoa, tal é desde logo patente no dialecto falado por cada um, reflectindo escolaridade, educação ou proveniência. E, à medida que avança o tempo e passam os anos, também se vão denotando certas diferenças no discurso de algumas personagens, e, com isso, evoluções das mesmas.» [Miguel Fernandes Duarte, no site Comunidade Cultura e Arte]

30.1.17

Sobre No Outono, de Karl Ove Knausgård







«Chegou às livrarias No Outono, um dos volumes da tetralogia que Karl Ove Knausgard (n. 1968) dedicou às estações do ano. Célebre pela saga autobiográfica A Minha Luta, da qual estão traduzidos quatro dos seis volumes, Knausgard tornou-se um autor de culto também em Portugal, apesar da mudança de registo na língua de chegada: João Reis e Pedro Fernandes traduziram dois livros a partir dos originais noruegueses, enquanto Miguel Serras Pereira fez as suas traduções a partir das edições inglesas de Um Homem Apaixonado, A Ilha da Infância e Dança no Escuro. No Outono tem ilustrações de Vanessa Baird e compõe-se de um conjunto de três cartas dirigidas a uma filha que vai nascer. Cada carta é preenchida por vinte textos breves, sobre tópicos tão diferentes como sacos de plástico, gasolina, urina, sangue, febre, lábios vaginais, piolhos, Van Gogh, latas de conserva, vomitado, moscas, retretes, etc. Em cada um deles Knausgard expõe o seu ponto de vista: «A vergonha ajusta diferenças, cria segredos, desenvolve tensões. […] É na sexualidade que se trava a grande batalha entre a vergonha e o desejo.» Flaubert tem direito a vénia. Quatro estrelas. Publicou a Relógio d'Água.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito de crítica publicada na revista Sábado]

27.1.17

A chegar às livrarias: O Rei Lear, de William Shakespeare (trad. M. Gomes da Torre)



«Em O Rei Lear o leitor/espectador assiste ao desfile da natureza humana vestida de muitas das suas melhores virtudes e dos seus maiores defeitos e vícios: o amor filial, a devoção do súbdito, a lealdade, a abnegação em prol do amor e do dever, a bondade, a lucidez passam aos nossos olhos lado a lado com o egoísmo, o ódio, a traição, a mentira, a crueldade e a loucura (natural e fingida). Se acrescentarmos que os portadores dessas virtudes e defeitos se estendem pelos vários escalões sociais, que vão do rei ao pedinte, do soldado ao camponês, de nobres a bobos e que os locais da acção são palácios e choupanas, o conforto de lares ricos e os espaços abertos à inclemência do tempo, uns e outros espalhados geograficamente por pontos vários da Inglaterra, poderemos dizer que quase tudo aquilo que compõe a vida humana está presente nesta peça. E é no choque entre essas variadíssimas componentes, virtudes e defeitos, riqueza e pobreza, nobreza e baixeza de carácter que a tragédia assenta, adensando-se de forma imparável, inapelavelmente, à medida que cada um desses variadíssimos aspectos se vai acentuando na acção.» [Da Introdução de M. Gomes da Torre]

Sobre Paris França, de Gertrude Stein







Carlos Vaz Marques falou sobre Paris França, de Gertrude Stein, no programa Livro do Dia, na TSF, de 30 de Dezembro de 2016.

26.1.17

Aventuras na Terra dos Mumins






Até 23 de Abril está patente no Royal Festive Hall, em Londres, uma exposição dedicada às personagens de Tove Jansson. A visita é uma viagem através das histórias, com recriação de cenas dos livros, e apresenta mais de quarenta desenhos originais da escritora finlandesa, tendo como público-alvo adultos e crianças.


De Tove Jansson a Relógio D’Água publicou A Família dos Mumins e O Cometa na Terra dos Mumins.

25.1.17

Livro de José Gil Apresentado na Casa Fernando Pessoa





O mais recente livro de José Gil, Ritmos e Visões, vai ser apresentado na Casa Fernando Pessoa, Rua Coelho da Rocha, n.º 16, em Lisboa, no dia 26 de Janeiro, às 18h30.
A apresentação será feita pelo ensaísta e jornalista António Guerreiro.

Em Ritmos e Visões, José Gil aborda em quatro ensaios aspectos da obra pessoana, em particular no que se refere à transformação das imagens em visões.
«Capaz de revelar uma visão no trajecto de uma folha no ar ou um sonho na mínima percepção de qualquer coisa, o Livro do Desassossego é o grande tratado das visões do século XX; a poesia heteronímica nasce do funcionamento de máquinas rítmicas que produzem certas visões.»

José Gil é um dos raros autores que tem abordado a obra de Fernando Pessoa do ponto de vista filosófico, em livros como Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações (1987), Diferença e Negação na Poesia de Fernando Pessoa (1999), O Devir-Eu de Fernando Pessoa (2010) e Cansaço, Tédio, Desassossego (2013).

A chegar às livrarias: Timão de Atenas, de William Shakespeare (trad. Nuno Pinto Ribeiro)





«A acção de Timão de Atenas oferece a imagem de um corpo descontínuo, quebrado em dois movimentos distintos, marcados pela inflexão operada na figura do herói, nos três primeiros actos a figura generosa e pródiga a distribuir afectos e benesses, nos dois últimos o misantropo impenitente e amargo, vituperando o mundo e os outros, impenetrável a qualquer sinal humano e à comunidade de que voluntariamente se exilou. (…)
A peça não seria uma tragédia, a isso não chegaria, quando muito seria um drama, dignificado pela presença do corajoso Alcibíades e do constante Flávio; mas para além disso essa atípica criação de Shakespeare não poderia aspirar a outra coisa que não à comédia.
A acção dramática abre com um diálogo entre personagens sem nome (a sugestão alegórica desenha-se bem cedo na peça), o Pintor e o Poeta, acto contínuo se lhes juntando o Joalheiro e o Mercador, todos à espera do generoso anfitrião, senhor de todas as virtudes, e o caudaloso movimento de notáveis testemunha eloquentemente a fama e respeito de que goza o nobre Timão.» [Da Introdução de Nuno Pinto Ribeiro]

A chegar às livrarias: Tito Andrónico, de William Shakespeare (trad. M. Gomes da Torre)



«A acção desenrola-se em Roma, num período de decadência do império, mas esta tragédia não pode ser, com propriedade, considerada uma peça histórica, pois nem as personagens nem os episódios nela apresentados fazem parte da história da cidade e, por isso, tem de ser vista estritamente como obra de ficção. Convém, no entanto, sublinhar que Shakespeare não ficou particularmente conhecido pela originalidade dos enredos das suas composições. Como Hughes refere, apenas para algumas das comédias o dramaturgo inventou, ele como os outros seus contemporâneos que escreviam para o teatro iam buscar os enredos a historiadores e cronistas, a peças já existentes ou às novelas italianas (cf. pp. 6-7). Foi provavelmente isso que Shakespeare fez em relação à história de Tito Andrónico, mas não tem sido fácil descobrir onde ele, de facto, se inspirou.» [Da Introdução de M. Gomes da Torre]

24.1.17

Sobre No Outono, de Karl Ove Knausgård




«Ao mesmo tempo que foi publicado Dança no Escuro, veio também a público, do mesmo autor (com algumas ilustrações de Vanessa Baird), a tradução de No Outono, o primeiro de quatro volumes titulados com as estações do ano. São narrativas curtas, apressadas, de duas a três páginas. A abrir o livro pode ler-se “carta a uma filha que vai nascer”, e o primeiro texto é isso que deixa parecer, mas logo os que se seguem mudam de registo, passando a ser uma espécie de ‘descrição do mundo’ em redor do autor, que tem como alvos assuntos como as pastilhas elásticas, os sapos, molduras, golfinhos, víboras, urina, igrejas… Quem leu os volumes de A Minha Luta pouco reconhecerá de Knausgård nestas narrativas curtas, nem o estilo introspectivo, nem a reflexão, nem aquela espécie de prosa tentacular que arrasta o leitor. No entanto, e apesar da ligeireza dos escritos, o leitor ainda é surpreendido de vez em quando com algumas frases de efeito ou com reflexões interessantes, como a que faz sobre a criação de animais domésticos: “O problema do apicultor é que nada se possa oferecer às abelhas que elas não possam arranjar, são completamente autónomas, e que elas se mantenham precisamente ali, nas colmeias do apicultor, não é certo.”» [José Riço Direitinho, Público, Ípsilon, 3/1/2017]

Sobre Morrer Sozinho em Berlim, de Hans Fallada




«Otto e Anna Quangel são cidadãos fiéis do Reich até ao dia em que lhes morre um filho em França. Gente modesta, a vida muda nessa altura para eles. ao ver num cartaz os nomes de três alemães executados por traição, Otto pensa: “Morrer na forca não é pior do que ser destroçado por uma granada ou rebentar com uma bala na barriga! Nada disto é importante (…), tenho de aclarar esta coisa do Hitler (…). De repente vejo apenas repressão e ódio e coação e sofrimento, tanto sofrimento (…). Se não faço nada simplesmente porque sou cobarde e prezo muito a minha tranquilidade, então…” […]
O presente livro, escrito em 1946 e elogiado como obra-prima em vários países que nos últimos anos o descobriram, talvez seja em parte uma forma de expiação, o que ajudará a explicar o tom direto, às vezes quase pedagógico, no qual explora um repertório de tragédias e perversidade, e também de atos redentores.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 21/1/2017]

23.1.17

Livro de José Gil Apresentado na Casa Fernando Pessoa




O mais recente livro de José Gil, Ritmos e Visões, vai ser apresentado na Casa Fernando Pessoa, Rua Coelho da Rocha, n.º 16, em Lisboa, no dia 26 de Janeiro, às 18h30.
A apresentação será feita pelo ensaísta e jornalista António Guerreiro.

Em Ritmos e Visões, José Gil aborda em quatro ensaios aspectos da obra pessoana, em particular no que se refere à transformação das imagens em visões.
«Capaz de revelar uma visão no trajecto de uma folha no ar ou um sonho na mínima percepção de qualquer coisa, o Livro do Desassossego é o grande tratado das visões do século XX; a poesia heteronímica nasce do funcionamento de máquinas rítmicas que produzem certas visões.»

José Gil é um dos raros autores que tem abordado a obra de Fernando Pessoa do ponto de vista filosófico, em livros como Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações (1987), Diferença e Negação na Poesia de Fernando Pessoa (1999), O Devir-Eu de Fernando Pessoa (2010) e Cansaço, Tédio, Desassossego (2013).

Sobre A Poesia como Arte Insurgente, de Lawrence Ferlinghetti




«Publicado originalmente em 2007, este “livrinho (r)evolucionário” é uma espécie de work in progress que esboça a arte poética de um escritor e, através dela, a sua visão do mundo. Quase a cumprir 98 anos de vida, Lawrence Ferlinghetti — o mítico editor de Howl, de Allen Ginsberg, o companheiro de jornada das principais figuras da Beat Generation, o fundador da mítica livraria City Lights, em São Francisco — mantém uma fé inquebrantável no poder das palavras. Reformulando uma pergunta que remonta pelo menos a Hölderlin, questiona o papel dos poetas numa era de ruína civilizacional, apelando a que eles criem “obras que consigam responder ao desafio de um tempo apocalíptico”.» [José Mário Silva, Expresso, E, 21/1/2017]

Sobre Ritmos e Visões, de José Gil




«O mais recente livro do ensaísta José Gil — Ritmos e Visões — é explicado logo no provocador parágrafo inicial do primeiro ensaio: “Toda a obra de Fernando Pessoa se tece à volta de ritmos e visões.” Se uma entrada fulgurante, na frase de abertura de um livro, é fundamental para agarrar o leitor, essa tanto pode prendê-lo como afastá-lo de imediato. Felizmente para mim, funcionou como estímulo para prosseguir na peugada da sua justificação.
O volume é um conjunto de quatro ensaios sobre a obra de Pessoa agarrando significativas facetas da sua poesia para analisá-las através da perspetiva anunciada na citada frase. Pessoa é hoje um tudo-para-todos e abundam as análises que se servem dele para as mais diversas expressões de pensamento. Verdade se diga que Pessoa se presta particularmente a uma miríade de leituras, por isso não surpreende que tal aconteça.» [Onésimo Teotónio de Almeida, JL, 4-1-2017]

Rebuçados Venezianos de Maria Filomena Molder em discussão no Obra Aberta




Obra Aberta é uma conversa quinzenal na Sala Glicínia Quartin do Centro Cultural de Belém em que os convidados falam dos escritores de que gostam.
No próximo dia 26 de Janeiro, António Mega Ferreira e João Queiroz falarão, entre outras obras, de Rebuçados Venezianos, de Maria Filomena Molder.

20.1.17

A chegar às livrarias: O Universo ao Alcance da Mão, de Christophe Galfard (trad. de Miguel Serras Pereira)




Imagine que À Boleia pela Galáxia é um guia real…

Christophe Galfard, físico internacionalmente reconhecido, conduz-nos numa viagem através do passado, presente e futuro do Universo.
O Universo ao Alcance da Mão explora algumas das mais importantes e incríveis ideias dos nossos tempos — Mecânica Quântica, Teoria Geral da Relatividade, Viagens no Tempo, Realidades Paralelas e Universos Múltiplos — com a promessa de que para as entender apenas precisamos da equação: E = mc2.
Escrito tendo por base as últimas descobertas em cada área, O Universo ao Alcance da Mão é essencial para qualquer pessoa que deseja saber como funciona o nosso extraordinário Universo.

«Com a sua aproximação desenvolta, O Universo ao Alcance da Mão é um livro para o leitor sem conhecimento prévio de ciência… Ao terminar, o leitor terá um aprofundado conhecimento do modo como a física contemporânea nos aproximou de um melhor entendimento da realidade.»
[The New York Times Book Review]

«O Universo ao Alcance da Mão é uma obra-prima.»
[Shelf Awareness]

Sobre Todos os Caminhos Estão Abertos, de Annemarie Schwarzenbach




«Nem o facto de Annemarie ter vivido em Lisboa em 1941 (era então casada com um diplomata francês), ano em que a cidade foi ponto de passagem dos judeus em fuga do nazismo, suscita interesse de maior. Verdade que Annemarie é hoje uma figura de culto à margem da obra literária. A origem aristocrática, a beleza andrógina, a militância antifascista, as ligações amorosas com mulheres célebres (entre outras, Carson McCullers e Erika Mann), as histórias associadas às viagens que fez aos Balcãs, Turquia, Pérsia, Palestina, Iraque, Índia, etc., as expedições arqueológicas, as reportagens fotográficas da Grande Depressão americana, as tentativas de suicídio, a dependência da morfina e, last but not least, a circunstância de ter morrido aos 34 anos em consequência de ter caído de uma bicicleta, tudo contribui para o mito. Coligindo textos publicados na imprensa com inéditos, Todos os Caminhos Estão Abertos é o relato de uma viagem ao Afeganistão, entre 1939 e 1940, na companhia de Ella Maillart. As duas partiram de Genebra no carro de Annemarie e só a eclosão da Segunda Grande Guerra abreviou a aventura. No fatídico 1 de Setembro de 1939 estavam em Herat, sem saber do estado do mundo. A reportagem não está isenta de ironia. Annemarie não poupa na invectiva aos hábitos ocidentais, em especial britânicos, parodiando o seu (deles) formalismo por oposição à frugalidade adoptada por si e pela companheira: «nós viajámos sós, sem boy nem chauffeur e, até mesmo, sem gentleman.» A consciência da vaga nazi está presente na narrativa, em particular durante a travessia da Áustria. Apesar da empatia demonstrada pelas tribos afegãs, o tom é objectivo, quase neutro, porém “fotográfico”. É curioso verificar como a Cabul daqueles anos em pouco difere da Cabul descrita na actualidade. Mas tudo acaba em Port Said, no Suez.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito de crítica na revista  Sábado]

19.1.17

Livro de José Gil Apresentado na Casa Fernando Pessoa





O mais recente livro de José Gil, Ritmos e Visões, vai ser apresentado na Casa Fernando Pessoa, Rua Coelho da Rocha, n.º 16, em Lisboa, no dia 26 de Janeiro, às 18h30.
A apresentação será feita pelo ensaísta e jornalista António Guerreiro.

Em Ritmos e Visões, José Gil aborda em quatro ensaios aspectos da obra pessoana, em particular no que se refere à transformação das imagens em visões.
«Capaz de revelar uma visão no trajecto de uma folha no ar ou um sonho na mínima percepção de qualquer coisa, o Livro do Desassossego é o grande tratado das visões do século XX; a poesia heteronímica nasce do funcionamento de máquinas rítmicas que produzem certas visões.»

José Gil é um dos raros autores que tem abordado a obra de Fernando Pessoa do ponto de vista filosófico, em livros como Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações (1987), Diferença e Negação na Poesia de Fernando Pessoa (1999), O Devir-Eu de Fernando Pessoa (2010) e Cansaço, Tédio, Desassossego (2013).

Sobre A Minha Luta, de Karl Ove Knausgård




«Depois de um primeiro volume (A Morte do Pai), profundo e doloroso, em que conta a história de um progenitor frio, alcoólico, e desapegado dos filhos, seguido de um segundo (Um Homem Apaixonado) em que narra a experiência do seu segundo casamento, e de um terceiro (A Ilha da Infância) em que escreve uma espécie de tratado do medo para apresentar a infância como um tempo ferido, surge Dança no Escuro para começar a completar (faltam dois volumes) o mapa íntimo de um homem que procura sentido para a sua experiência de vida através do poder introspectivo trazido pela escrita. (…) Este volume é provavelmente o mais ‘ficcionado’ dos quatro publicados, não apenas pela profusão de diálogos mas igualmente pelas descrições feitas (o que de forma alguma lhe retira o carácter fortemente autobiográfico), e também o menos ostensivamente reflexivo — a reflexão, de certa forma, passou para os actos descritos e conversas, em vez das longas divagações, como se fossem apartes, que se encontravam nos livros anteriores.» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 13/1/2017]

18.1.17

A chegar às livrarias: A Arte da Vida, de Zygmunt Bauman



A procura de felicidade é um tema que ocupa a maior parte da vida dos homens e da cultura e filosofia ocidentais. 
Será possível alcançá-la para lá de períodos mais ou menos breves? E por que razão a imagem que dela temos se vai alterando nas várias etapas das nossas vidas e nas diferentes sociedades?

Neste livro, Zygmunt Bauman avalia o modo como na moderna sociedade de consumidores, líquida e individualizada, construímos a nossa procura de felicidade e expõe as condições que a influenciam.

17.1.17

A chegar às livrarias: Os Prazeres dos Lugares Inóspitos, de Robert Louis Stevenson (trad. Frederico Pedreira)





Este livro inclui a famosa viagem que Robert Louis Stevenson realizou com uma burra ao longo da cadeia montanhosa das Cevenas, no sul de França, durante o ano de 1879.
Autor de vários livros de aventuras, Robert Louis Stevenson era também um viajante entusiástico. Mantendo sempre a curiosidade que estimulava as suas observações sobre lugares distantes e pessoas estranhas, este livro demonstra um espírito ansioso por compreender o desconhecido e o exótico. «Não existem terras estrangeiras», escreveu o autor, «só o viajante é estrangeiro.»

«A melhor de todas as possíveis aventuras.»

[The New York Times Book Review]

13.1.17

Sobre Estado de Crise, de Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni




«Um sociólogo italiano juntou-se ao criador do conceito de “sociedade líquida” para refletir sobre a crise que tem varrido o mundo nos últimos anos. Em diálogo ameno, mas desassombrado, falam do papel do Estado, da “pós-Democracia”, e do que pode vir a ser uma “nova ordem global”. Desde que o livro foi publicado, em 2014, muita coisa mudou (ou se agravou) mas estas pistas de reflexão continuam perfeitamente válidas.» [Expresso]

12.1.17

A chegar às livrarias: Desobediência Civil, de Hannah Arendt (trad. João C. S. Duarte)







«Sempre que os juristas tentam justificar a desobediência civil com fundamentos morais e legais, constroem a sua argumentação sobre a imagem ou do objetor de consciência ou do homem que testa a constitucionalidade de um texto legal. O problema é que a situação do participante na desobediência civil não tem qualquer analogia com nenhum deles pela simples razão de que ele não existe nunca como indivíduo isolado; só pode funcionar e sobreviver como membro de um grupo. Isto raramente é admitido e, mesmo nas raras circunstâncias em que o é, só marginalmente é mencionado; “a desobediência civil praticada por um indivíduo isolado não tem probabilidade de ter muito efeito. O indivíduo será olhado como um excêntrico mais interessante de observar do que de suprimir. A desobediência civil significativa, portanto, será praticada por um certo número de pessoas que têm uma comunidade de interesses”.»

Sobre Ficar na Cama e Outros Ensaios, de G. K. Chesterton




Carlos Vaz Marques fala sobre Ficar na Cama e Outros Ensaios de G. K. Chesterton no programa Livro do Dia. O programa pode ser ouvido aqui

11.1.17

Sobre Escombros, de Elena Ferrante




No programa Livro do Dia de 6 de Janeiro de 2017, Carlos Vaz Marques falou sobre Escombros, de Elena Ferrante. O programa pode ser ouvido aqui.

 

10.1.17

Sobre Cegueira Moral, de Zygmunt Bauman e Leonidas Donskis




«A obra de Bauman foi popularizada pelo conceito de “liquidez” aplicado à leitura da modernidade. Em diálogo com o malogrado Leonidas Donskis, filósofo lituano, o tema central é a “perda de sensibilidade” diante do horror, do sofrimento e do desrespeito pelo humano, na ausência de um conceito de moral.» [Ler, Inverno de 2016]

Na morte de Zygmunt Bauman





Zygmunt Bauman faleceu a 9 de Janeiro de 2017, aos 91 anos, em Leeds, Inglaterra, onde vivia desde 1971. O sociólogo polaco é considerado um dos grandes pensadores da modernidade, tendo elaborado o conceito de “liquidez”, que seria retomado por ensaístas como Umberto Eco no seu livro póstumo de ensaios.

Foi professor emérito de Sociologia das universidades de Leeds e de Varsóvia e é responsável por uma produção intelectual em desenvolvimento que aborda os principais temas contemporâneos.

A sua extensa obra tem sido publicada originalmente na Grã-Bretanha, particularmente difundida em países como Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Espanha, Polónia, Brasil e Japão.

Na Relógio D’Água tem publicados Confiança e Medo na Cidade, Amor Líquido, A Vida Fragmentada e Modernidade e Ambivalência, Estado de Crise e Cegueira Moral.
Chegará em breve às livrarias A Arte da Vida.

9.1.17

Sobre Fruta Deliciosa, de James Hannaham





«Fruta Deliciosa, que obteve o PEN Faukner de ficção este ano, é um violento romance sobre uma família desfeita, a droga, a relação entre mãe e filho, os negros do Minnesota, a travessia do deserto e a procura de liberdade. Não é estranho que as derradeiras palavras do livro sejam sobre isso – um céu onde ser livre.» [Ler, Inverno de 2016]

Sobre Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin



 


«Aleksandr Púchkin é a origem da literatura russa como a conhecemos. Como podia a obra máxima de alguém como ele não estar publicada em português? Sendo Eugénio Onéguin um romance em verso, acho que a primeira coisa para a qual temos de olhar é à dificuldade de uma tradução como esta. Escrito todo – as 389 estrofes – em versos jâmbicos de quatro pés, com esquema rimático AbAbCCddEffEgg, onde as maiúsculas designam feminino e minúsculas masculino, podem facilmente imaginar o quão difícil será trazer uma obra destas para o português (ou qualquer outra língua).» [Miguel Fernandes Duarte, Comunidade Cultura e Arte]


Texto completo aqui.

José Gardeazabal conversa com Isabel Lucas a propósito do seu último livro, Dicionário de Ideias Feitas em Literatura




«Leitura e tempo estão no princípio da escrita como a entende José Gardeazabal. Quem é? Pseudónimo literário de José Tavares que parece não ter grande explicação: “O nome não é importante. Mas o nome cria um espaço para a literatura respirar, é uma forma de respeito para com os leitores e para comigo. O importante é a literatura, já não é mau que se trate de um nome relativamente fácil de pronunciar.” Foi com esse nome que venceu o Prémio Imprensa Nacional Casa da Moeda/Vasco Graça Moura com o primeiro livro,história do século vinte, volume de poesia publicado em 2015, “um olhar o século de fora para dentro, como se fosse coisa viva”, diz numa conversa com o Ípsilon quando sai o seu segundo título, Dicionário de Ideias Feitas em Literatura (Relógio d’Água), prosa fragmentada que materializa em palavras essa relação inicial: o escritor que nasce da experiência do leitor. Ele esclarece: “Os textos do Dicionário partem de uma palavra, de parte de uma frase de um autor, ou uma nota minha a respeito desse autor, e depois abrem para a escrita sob a forma de prosa curta. O único critério foi partir de autores que me proporcionaram alegria enquanto leitor.”
 
 

São 176 entradas. Uma chama-se Agora e parte da leitura de Carlos Drummond de Andrade. Nela o narrador pergunta: “E agora, José? Queres prosa? Queres poesia?” Pega-se na pergunta e, dois livros diferentes num ano, dirigimo-la a Gardeazabal. E agora, José? Ele responde: “Prosa, poesia, teatro, outros textos. O Dicionário... foi catalogado nas livrarias como ‘outras formas literárias’. Há neste livro e nesse excerto uma certa brincadeira com o desafio da feitura da literatura. Um olhar de desafio e de empatia. Como se alguém estivesse no chão de um circo a observar-se a si mesmo como escritor no trapézio, e perguntasse: ‘Prosa? Poesia?’ Anda lá, despacha-te, faz o que tens a fazer.’» [Isabel Lucas, ípsilon, Público, 6/1/17]

 

Fotografia do autor por Enric Vives-Rubio.

6.1.17

Sobre Rebuçados Venezianos, de Maria Filomena Molder



 
«Textos diversos, de diversas proveniências e sobre diversos autores – é este o trabalho crítico de Maria Filomena Molder. Por aqui entramos nos caminhos da estética, da história, da literatura e, essencialmente, da teoria da arte e da arte contemporânea, o seu atlas e tabuleiro de xadrez preferido.» [Ler, Inverno de 2016]

5.1.17

Sobre As Ilhas Gregas. de Lawrence Durrell




«Se as ilhas gregas e o escritor pudessem ser amantes, dir-se-ia que o que Lawrence Durrell alcançou com este livro foi a mais bela declaração de amor. Mais que uma declaração, um dicionário e um tratado dos amantes. As Ilhas Gregas [re]inaugura a nova colecção de literatura de viagens da editora Relógio D’Água e vem etiquetado como tal, talvez até com precisão, não se desse o caso de a maioria daquilo a que hoje se chama literatura de viagens ter muito pouco que ver com literatura. Aqui, felizmente, isso não acontece.» [Hélder Beja, Ponto Final, 30-12-16]

3.1.17

Sobre Walden e Ktaadn, de Henry David Thoreau




«Clássico das letras americanas, Walden é a narrativa do tempo que Thoreau viveu, em isolamento absoluto, nas margens do lago Walden, experimentando uma comunhão total com a natureza. Muitas décadas antes da aparição dos movimentos ecologistas, podemos ver neste texto o fundamento de uma reflexão sobre a necessidade de respeitarmos a biosfera. Complemento perfeito, Ktaadn leva-nos com o autor numa excursão pelas áreas montanhosas da Nova Inglaterra.» [Expresso, E, 31/12/2016]

Pedro Mexia escreve sobre Poemas Escolhidos de T. S. Eliot






«O essencial da obra poética de T. S. Eliot concentra-se num punhado de colectâneas ou sequências, de modo que um volume de “poemas escolhidos” não difere grandemente dos “poemas completos”. Isso confirma a importância desta antologia, que reúne quatro traduções já editadas a título individual.
“Prufrock e Outras Observações” (1917) é memorável sobretudo pelo extraordinário poema “A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock”, que não é bem aquilo que pensamos quando pensamos numa “canção de amor”; o nome “comercial” J. Alfred Frufrock, com a inicial e tudo, acentua esse boicote.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 31/12/17]

Já saiu a Ler de Inverno


 

Na Ler de Inverno destaca-se a entrevista de António Araújo feita por Filipa Melo a propósito do seu livro Da Direita à Esquerda.



A atribuição do Prémio Nobel de Literatura a Bob Dylan é abordada de diversas perpectivas por Francisco José Viegas no editorial, Gonçalo Mira, Fabrício de Morais ou Bruno Vieira Amaral, sendo no entanto de estranhar a ausência de referências às edições portuguesas (Canções I e II, Tarântula, Crónicas, volume 1).

Isabel Lucas entrevista Salman Rushdie, que diz esperar “não estar para morrer e poder escrever mais uns livros”.



A história do politicamente correcto nos Estados Unidos é abordada num artigo da feminista heterodoxa Camille Paglia, e Hugo Pinto Santos fala-nos da obra de Montaigne através de diversos livros e perspectivas, incluindo uma referência à “admirável introdução” de Rui Bertrand Romão na sua antologia de Ensaios publicada pela Relógio D’Água.



A cidade global construída pelas redes sociais é aborada num texto de Timothy Garton Ash, que é parte integrante de um livro a publicar em breve.

Nos destaques, além dos livros já mencionados, são apresentadas várias edições da Relógio D’Água.

2.1.17

Sobre A Noite da Iguana, de Tennessee Williams




A Noite da Iguana, de Tennessee Williams, é apresentada em Lisboa, no Teatro Municipal São Luiz, entre 19 de Janeiro e 5 de Fevereiro, pelos Artistas Unidos.
Estará ainda em cena no Teatro Nacional de São João de 9 a 26 de Fevereiro.
O espectáculo tem encenação de Jorge Silva Melo e tradução de Dulce Fernandes, e conta com a representação de Nuno Lopes, Isabel Muñoz Cardoso e Joana Bárcia, entre outros actores.
O texto faz parte da obra que a Relógio D’Água publicou em 2015, juntamente com outras três peças de Tennessee Williams: Doce Pássaro da Juventude e Outras Peças.

Sobre Ritmos e Visões, de José Gil





«O primeiro dos ensaios, “A Cobra e a Espiral”, é dedicado a Livro do Desassossego, que Gil designa como “o grande tratado das visões do século XX”. Por isso só valeria a pena a leitura do livro, que conta ainda com uma análise da “máquina rítmica” da “Ode Marítima” ou com uma visita à ideia do Quinto Império.» [Ler, Inverno de 2016]

Estreia filme sobre O Corpo enquanto Arte de DeLillo




 

No dia 29 de Dezembro estreou nos cinemas portugueses o filme Até Nunca, do realizador francês Benoit Jacquot, baseado livremente na obra O Corpo enquanto Arte de Don DeLillo, editada pela Relógio D'Água.
O filme foi apresentado no Festival de Veneza, Fora de Competição, e também no Festival de Toronto, na secção Masters, dedicada aos mestres do cinema contemporâneo.
Rodado integralmente em Portugal, numa produção de Paulo Branco, o filme é protagonizado por Mathieu Amalric, Julia Roy e Jeanne Balibar.

 «Neste seu breve e fascinante livro, Don DeLillo habita o universo de Lauren Hartke, uma artista cujo trabalho desafia os limites do corpo. Lauren vive numa encosta isolada, numa casa tortuosa, onde se cruza com um homem estranho, sem idade, um homem com um misterioso conhecimento sobre a sua vida.
Disse o Seattle Times a propósito desta última obra de DeLillo que "as obras-primas ensinam-nos a lê-las". O Corpo enquanto Arte é um romance que nos persegue, belo e profundamente comovente, de um dos melhores escritores do nosso tempo.
Este é o décimo segundo livro de Don DeLillo. As suas obras de ficção já ganharam numerosos prémios nos Estados Unidos e outros países, nomeadamente o National Book Award, o Jerusalem Prize pelo conjunto da obra e a Medalha Howells da American Academy of Arts and Letters pelo seu livro anterior, Underworld.» [da contracapa do livro]

James Hannaham entrevistado pelo ípsilon


 


A jornalista Isabel Lucas entrevistou o escritor nova-iorquino James Hannaham a propósito do lançamento do seu livro Fruta Deliciosa.


«Chama-se Fruta Deliciosa, venceu a última edição do PEN/Faulkner Award, um dos mais prestigiados prémios das letras americanas, e acaba de ser publicado em Portugal.
É terça-feira, passam três semanas desde as eleições. Cheira a lareira nas ruas tranquilas do bairro de Clinton Hill. Chove e já se acendem as primeiras luzes a anunciar a noite apesar de serem quatro e meia da tarde. Num pequeno café na cave de um prédio antigo, Hannaham aquece as mãos numa chávena de chá depois de um dia de aulas de escrita criativa no Pratt Institut, em Brooklyn, Nova Iorque, onde é professor. Meio a rir, diz que o mau humor não o larga desde esse dia 8. O desabafo sai-lhe num tom que se reconhece como o mesmo de Fruta Deliciosa: directo, irónico, perturbante, com as palavras escolhidas para atingir o efeito. O livro foi publicado há mais de um ano, mas agora parece assumir um carácter ainda mais político. “Quando Trump ganhou pensei numa coisa em que já pensara quando estava a escrever o livro: será que é da natureza humana tentar controlar outras pessoas, subjugá-las e satisfazer-se com isso? É uma questão que não tem nada a ver com raça. Pode ter a ver com a subjugação de mulheres por parte dos homens”, diz num inglês sem sotaque que revela uma viagem maior do aquela entre o Bronx, onde nasceu, e Brooklyn, onde vive.» [Entrevista de Isabel Lucas, ípsilon, Público, 30/12/2016]