Em abril de 1945,
cerca de um ano após ser presa pelos nazis e enviada como prisioneira para
Auschwitz, Lili Jaffe (cujo nome de solteira era Lili Stern) foi salva pela
Cruz Vermelha e levada à Suécia. Lá, anotou num diário os principais
acontecimentos por que havia passado: a captura pelos alemães, o quotidiano no
campo, as transferências para outros locais de trabalho, mas também a
experiência da libertação, a saudade dos pais e a redescoberta da feminilidade.
Esse diário — hoje
depositado no Museu do Holocausto em Jerusalém e que, traduzido diretamente do
sérvio, tem aqui a sua primeira publicação mundial — foi o ponto de partida
para este livro absolutamente incomum, escrito e organizado por Noemi Jaffe. Em
O Que os Cegos Estão Sonhando?, há três gerações de mulheres da
mesma família que se debruçam sobre o horror de Auschwitz, no impulso — tão
imprescindível quanto vão — de, como observa Jeanne Marie Gagnebin, erguer uma
defesa “contra a brutalidade do real”.