31.1.20

Sobre Os Miseráveis, de Victor Hugo





Publicado em 1862, Os Miseráveis permanece, ao longo de mais de um século e meio, um dos romances mais importantes e populares de toda a literatura.
A obra teve cerca de 65 versões cinematográficas, a primeira delas em 1909.
Victor Hugo terminou de escrever Os Miseráveis quando contava sessenta anos. Através da personagem de Jean Valjean, o autor empreendeu uma vasta acusação sobre as desigualdades sociais da sua época. 
Os Miseráveis não é apenas a narrativa de desgraça e reabilitação de um forçado às galés, vítima da sociedade, mas antes de tudo uma história do povo de Paris.
A vida de Jean Valjean e a ligação que tem com Cosette é o fio condutor da narrativa. Através das suas vidas e encontros, desenha-se um fresco social variado, uma imagem de uma humanidade miserável, mas capaz de todas as grandezas. Homem do povo, esmagado por sucessivas humilhações, Jean Valjean assume as expiações dos pecados do mundo e, num esforço para se resgatar, assume o destino trágico da humanidade em busca de um mundo melhor. 

Os dois volumes de Os Miseráveis, de Victor Hugo (trad. de Júlia Ferreira e José Cláudio), estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/victor-hugo/

Sobre A Carta de Lorde Chandos, de Hugo von Hofmannsthal




A Carta de Lorde Chandos, publicada em 1902, é uma missiva ficcionada a Francis Bacon, em que Lorde Chandos, atravessando uma crise literária e filosófica, explica porque não é capaz de continuar a escrever.
O texto corresponde a uma crise do seu autor. Em 1901, Hofmannsthal renunciara à carreira universitária, reviu a sua obra poética, casou com Gerty Schlesinger e foi viver para uma pequena povoação próximo de Viena. Debate-se com a falta de sentido da expressão poética e literária e com o absurdo dos conceitos abstractos, e pensa que um novo começo só pode surgir de uma atitude, a decência de ficar calado.

«Lorde Chandos, um jovem da nobreza rural da época isabelina, em quem no entanto se pode sem dificuldade pressentir o homem culto, formado em Oxford, e o cavalheiro esteta dos nossos dias, escreve ao seu amigo paterno, o Lorde‑Chanceler Bacon, o pensador mais vigoroso da sua época, e descreve, é certo que com a reserva e o mutismo a seu respeito impostos pela sua educação e pela sua natureza, uma experiência extremamente terrível. A unidade intuitiva mística do Eu, da expressão e da coisa perdeu‑se para ele de uma só vez, de tal forma que o seu Eu é brutalmente conduzido ao isolamento mais hermético, isolado num mundo rico ao qual deixou de ter acesso e cujas coisas nada lhe querem dizer, nem sequer os respectivos nomes.» [Da Introdução de Hermann Broch]

A Carta de Lorde Chandos (trad. Carlos Leite) e Andreas (trad. Leopoldina Almeida) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hugo-von-hofmannsthal/

Sobre Ulisses, de James Joyce




Ulisses é um romance de referências homéricas, que recria um dia de Dublin, a quinta-feira de 16 de Junho de 1904, o mesmo em que Joyce conheceu Nora Barnacle, a jovem que viria a ser sua mulher. 
Nesse único dia e na madrugada que se lhe seguiu, cruzam-se as vidas de pessoas que deambulam, conversam, tecem intrigas amorosas, viajam, sonham, bebem e filosofam, sendo a maior parte das situações construídas em torno de três personagens. A principal é Leopold Bloom, um modesto angariador de publicidade, homem traído pela mulher, Molly, e, de modo geral, o contrário do heróico Ulisses de Homero. 
Joyce começou a escrever esta obra em 1914, recorrendo às três armas que dizia restarem-lhe, «o silêncio, o desterro e a subtileza». 
Depois de várias dificuldades editoriais, Ulisses seria publicado pela Shakespeare & Company, em Paris, em 1922, no dia de aniversário de Joyce. 

«Mais do que a obra de um só homem, Ulisses parece de muitas gerações (…). A delicada música da sua prosa é incomparável.» [J. L. Borges, James Joyce, 1937]

«As grandes obras em prosa do século xx são, por esta ordem, o Ulisses de Joyce; A Metamorfose de Kafka; Petersburgo de Béli, e a primeira metade do conto de fadas Em Busca do Tempo Perdido de Proust.» [Vladimir Nabokov]


Ulisses (trad. Jorge Vaz de Carvalho) e outras obras estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/james-joyce/

Clarice Lispector no programa Nada Será como Dante




No ano em que se comemora os cem anos do nascimento de Clarice Lispector, Pedro Lamares e Filipa Leal lêem excertos de A Descoberta do Mundo. 

Esse e outros livros de Clarice Lispector estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Sobre A Casa no Largo Puff, de A. A. Milne




Num lugar encantado, no cimo da Floresta, um rapazinho e o seu Urso estarão sempre a brincar.

Junta-te ao Puff, ao Porquito e a todos os seus amigos do Bosque dos Cinquenta Hectares nestas histórias sobre o Urso mais famoso do mundo. Entre outras aventuras, o Trigue descobre o que os Trigues gostam de comer, o Porquito faz um Feito Grandioso, e o Puff inventa um jogo novo. 

A Casa no Largo Puff  (trad. de Manuel Grangeio Crespo) e Joanica-Puff (trad. Helena Briga Nogueira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/a-a-milne/

30.1.20

Sobre Mulherzinhas, de Louisa May Alcott




«Alcott concluiu o manuscrito de Mulherzinhas em poucos meses, sentada na secretária que o pai tinha construído para ela em Orchand. Quando o entregou a Thomas Niles, este achou-o “aborrecido”. “Também acho”, concordou a escritora no seu diário. Depois de o entregarem a algumas raparigas, a sua opinião mudou — acharam-no “esplêndido”. “Uma vez que foi escrito para elas, elas são as melhores críticas, por isso devo estar satisfeita”, admitiu. O sucesso com que o romance foi recebido confirmou a qualidade da obra que Alcott nunca tencionou escrever.» [Rita Cipriano, Observador, 29/1/2020. Texto completo em https://observador.pt/2020/01/29/mulherzinhas-o-sucesso-literario-de-louisa-may-alcott-foi-o-que-a-autora-menos-gostou-de-escrever/ ]

Mulherzinhas (trad. Marta Mendonça) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/louisa-may-alcott/ . A mais recente adaptação cinematográfica estreia hoje em Portugal.

Sobre O Anjo Camponês, de Rui Nunes




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Anjo Camponês, de Rui Nunes

«O anjo é sem enquanto, não o teve, não o tem, nem o terá. Sabe desde sempre o que chamavam ao filho de Hilde, chamavam-lhe tortulho, chamavam-lhe maricas, não tinha nome, e continua sem ele, morto, restituir-lhe-ão aquele que o baptismo lhe deu:
na cripta de Rosenheim, a omissão ficará reduzida a um traço entre duas datas.
Envelheceu, o anjo.
Taxidermizado.
Ou: envelheceram-no os meus olhos?

Irrompe a chiadeira dos pardais. Uma, duas, três, quatro, cinco badaladas. E o corpo desenha-se, de imperceptível em imperceptível, até à revelação: este é o meu corpo: uma merda de corpo, a água entornada no tampo de mármore da mesa-de-cabeceira, o vidro sujo que apaga o fulgor
da anunciação:
o vazio está escrito em maiúsculas, tão grandes, que não se sabe que nome, que letra, que bocado. Só traços. Um aqui, outro ali.
A intenção obscura de que voz?»


Esta e outras obras de Rui Nunes estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/

Sobre O Vale dos Assassinos, de Freya Stark




Freya Stark viajou a pé, de burro, de camelo e automóvel para chegar à antiga fortaleza de Alamut, descrita por Marco Polo, situada no vale da sociedade secreta dos Assassinos.
Na ausência de mapas da região, Stark convenceu um guia local a conduzi-la através de montanhas e planícies até encontrar a fortaleza coberta de tulipas. Após a viagem, elaborou o primeiro mapa da área.
O Vale dos Assassinos é a viagem a um mundo que hoje só podemos visitar em livro.

O Vale dos Assassinos (trad. de Ana Maria Chaves) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-vale-dos-assassinos/

29.1.20

Morreu o poeta e tradutor Manuel Resende




Morreu hoje, aos 71 anos, Manuel Resende. Traduzia do inglês, francês, grego, russo e alemão, entre outras línguas. Entre os autores que ajudou a divulgar em Portugal estão clássicos como Ésquilo ou William Shakespeare, escritores como Lewis Carroll, Henry James, Kavafis, Saki, Katherine Mansfield, Mishima, Lydia Davis, além de obras de Sigmund Freud, Peter Sloterdijk e Karl Marx.
Deixou uma obra poética não muito extensa, mas de invulgar qualidade, publicada recentemente em Poesia Reunida, editada pela Cotovia.
Nascido no Porto, Manuel Resende estudou na Faculdade de Ciências e depois na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, tendo estado ligado aos movimentos estudantis dos anos 60. Já na altura era conhecido por gestos como o de ler poesia de Jacques Prévert e outros poetas em esplanadas dos cafés do Porto.

No início dos anos 70, esteve ligado à criação da LCI. Durante vários anos trabalhou em Bruxelas como tradutor principal da União Europeia.


«O poeta obscuro

Quero apertar-te nos braços, querido poeta,
beijar-te e tirar-te da morte.
Chamam-te obscuro, porque cantavas no escuro,
com a voz rouca afogada
na região torrencial das lágrimas
e o ouvido cheio de gritos.
Como se pode cantar entre gritos
com a voz enrouquecida?
Não te vás ainda, não morras,
deixa para amanhã,
deixa-me lavar-te as feridas com água pura
tenho aqui água, descansa, em quantidade.

Querias uma palavra? Está aqui:»

Sobre Dá-Me a Tua Mão, de Megan Abbott




“Não temos personalidade enquanto não tivermos um segredo.”

Kit Owens tinha ambições modestas. Até ao momento em que a misteriosa Diane Fleming se inscreveu na mesma escola e chegou à sua aula de Química. A partir daí, o brilhantismo académico de Diane estimulou Kit, e as duas desenvolveram uma amizade fora do comum. Mas essa amizade durou apenas até ao momento em que Diane partilhou um segredo que alterou tudo.
Mais de uma década depois, quando julgava ter esquecido Diane, Kit começa a concretizar os sonhos científicos que a amiga despertara nela. Mas o passado persegue-a, quando tem conhecimento de que Diane é a competidora principal para um lugar que ambas pretendem.

«Este livro mostra Megan Abbott no seu melhor.»[Paula Hawkins, autora de A Rapariga no Comboio]

«Uma escrita obscura, eficiente, bela e absorvente.»[Meg Wolitzer, autora de A Persuasão Feminina]

«Abbott tem uma capacidade única de mergulhar os seus leitores nos temas que aborda.»  [New York Times Book Review]

«Megan Abbott, a rainha do suspense, escreve o seu melhor livro até hoje. Uma história chocante sobre ambição, desejo e obsessão.» [People]


Dá-Me a Tua Mão (trad. Helena Briga Nogueira) e Saberás Quem Sou (trad. Frederico Pedreira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/megan-abbott/

Sobre O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça, de Ana Margarida de Carvalho




«“O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça”, de Ana Margarida de Carvalho (AMC), ora publicado, é, estilisticamente, a continuação de “Que importa a fúria do mar” (2013) e “Não se pode morar nos olhos de um gato” (2016), seus dois romances anteriores, mas de natureza diferente, mais solto, livre de amarras sintáticas e do poder referencial da semântica, desenhando uma escrita liberta de constrangimentos canónicos, realizando in actu o poder da paixão da escrita, fundindo todas as capacidades mentais — entendimento, imaginação, sensibilidade — na composição de uma frase. […] Ler um capítulo isolado (um qualquer)  é penetrar  num labirinto sem fio de Ariane e experimentar a soberba capacidade imaginativa e lexical da autora.» [Miguel Real, JL, 15/1/2020]

“O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça” e “Pequenos Delírios Domésticos” estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/

Sobre Mrs Palfrey no Claremont, de Elizabeth Taylor




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Mrs Palfrey no Claremont, de Elizabeth Taylor (trad. Margarida Periquito)

Numa chuvosa tarde de domingo, em janeiro, Mrs Palfrey, que recentemente se tornara viúva, chega ao Hotel Claremont, onde irá passar o resto dos seus dias. 
Os outros hóspedes são pessoas — altamente perturbadas e excêntricas — que vivem de migalhas de afeição e de um interesse obsessivo pelas refeições servidas no hotel. Juntos, lutam contra os seus inimigos gémeos: o tédio e a morte. 
Até que, um dia, Mrs Palfrey conhece o jovem e belo escritor Ludo, dando início a uma amizade pouco convencional... 

«Nomeado pelo The Guardian como um dos “100 melhores romances de sempre” e finalista do Man Booker Prize, Mrs Palfrey no Claremont é uma visão irónica e compassiva da amizade entre uma mulher de idade e um jovem autor, escrita por uma romancista magnífica, o elo de ligação que faltava entre Jane Austen e John Updike.» [Independent


De Elizabeth Taylor a Relógio D’Água publicou também Angel (trad. Helena Briga Nogueira). Ambas as obras, até agora inéditas em Portugal, estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elizabeth-taylor/

Sobre O Duelo, de Anton Tchékhov




O Duelo, de Anton Tchékhov, é uma novela narrada a partir do ponto de vista de diversas personagens reunidas no mesmo objectivo: esquecer os dias que perderam e aproveitar da melhor forma os que ainda têm para viver.
Tchékhov coloca em confronto, numa pequena cidade do Cáucaso, um funcionário e a sua jovem mulher, um médico militar, um zoólogo de ideias radicais e um diácono dado ao riso. A história é contada através dos olhos de cada protagonista, conseguindo o leitor entender que qualquer um deles, independentemente da sua relação com os outros, procura apenas uma forma de escapar ao rotineiro dia-a-dia.
É nesse ambiente que o ódio crescente entre o zoólogo e o funcionário culmina num duelo e este numa espécie de redenção. E quando o zoólogo deixa a cidade, as oscilações do seu barco são transformadas por Tchékhov numa metáfora da vida.

«Quando os padrinhos propõem que se façam as pazes, normalmente não lhes dão ouvidos, encarando isso como mera formalidade. Amor-próprio e tal, pronto. Mas peço-lhe encarecidamente que preste atenção ao estado em que se encontra Ivan Andréitch. Ele hoje não está no seu estado normal, por assim dizer, não está no seu perfeito juízo, está num estado miserável. Aconteceu-lhe uma desgraça. Detesto mexericos… — Chechkóvski corou e olhou para trás —, mas, como se trata de um duelo, acho necessário comunicar-lhe…»

Esta e outras obras de Anton Tchékhov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/anton-tcheckhov/

28.1.20

Sobre Orgulho e Preconceito, de Jane Austen




Neste romance, publicado pela primeira vez em 28 de Janeiro de 1813, Jane Austen procede a uma profunda introspecção das suas personagens. E, como noutros livros seus, a ironia é posta ao serviço dessa compreensão.
A chegada de vários jovens marca uma profunda transformação na vida de uma família de classe média rural, os Bennets, em particular na das suas cinco filhas.
Um desses jovens é Darcy, membro da alta sociedade que se distingue pelo seu orgulho. Desenvolve-se uma série de desafios, de equívocos, de julgamentos apressados, que conduzem à mágoa e ao escândalo, mas também ao autoconhecimento e amor. E os encontros e desencontros entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy marcam o ritmo da narrativa e o seu adiado epílogo.

«As principais heroínas de Austen — Elizabeth, Emma, Fanny e Anne — possuem uma tão grande liberdade pessoal que as suas individualidades não podem ser reprimidas. (…) Uma concepção de liberdade interior que se centra numa recusa de aceitar a estima a não ser de alguém a quem se conferiu estima situa-se no mais alto grau da ironia. A suprema cena cómica em toda a obra de Austen é a rejeição que Elizabeth faz da primeira proposta de casamento de Darcy (…).» [Harold Bloom] 

Orgulho e Preconceito (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Jane Austen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jane-austen/

Sobre Memórias, Sonhos, Reflexões, de C. G. Jung




«E se, em geral, as memórias já são um espaço privilegiado para qualquer escritor exibir aquilo que de melhor tem no currículo, mais ainda o são para quem se dedica a analisar a psicologia humana. As confissões de Santo Agostinho não são apenas o relato completo da sua conversão; toda a passagem do mundo da retórica para o Cristianismo é um tratado sobre a estrutura do desejo. Da mesma forma, as Confissões de Rousseau são o ato de que o Emílio é a potência: o Bom Selvagem ganha forma no próprio Rousseau. 
Com Jung o caso é semelhante: além de serem um registo interessante sobre a vida de um pensador de primeira, estas Memórias, Sonhos, Reflexões são um importantíssimo tratado prático de psicanálise. É certo que é interessante seguir o seu percurso na Suíça, de um rapazito pobre propenso a neuroses ao interesse pela metafísica, motivado pela teologia reformada e por Schopenhauer e Kant, ou das suas pequenas irritações com a atmosfera escolar ao estudo de medicina; mas estas memórias têm especial interesse por representarem a análise de quem analisa. Jung nunca perde o foco de analista, pelo que tudo na sua vida é analisado à luz de coisas muito maiores.» [Carlos Maria Bobone, Observador, 25/1/2020. Texto completo em https://observador.pt/2020/01/25/carl-jung-e-o-fascinio-das-boas-memorias/ ]

Sobre Sobre a Tirania, de Timothy Snyder




Timothy Snyder é historiador e professor na Universidade de Yale. Venceu o Prémio Hannah Arendt em 2013 com o livro Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin e é co-autor de Thinking the Twentieth Century, o último livro do historiador Tony Judt. Neste livro, o autor explica-nos como podemos resistir e sobreviver aos movimentos de autoritarismo.

«Este escritor não nos deixa ficar com ilusões sobre nós próprios.» [Svetlana Alexievich, Vencedora do Prémio Nobel da Literatura 2015]

«Este livro tem de ser lido. É inteligente e intemporal.» [George Saunders]


«Sobre a Tirania é o livro mais interessante sobre literatura de resistência.» [Carlos Lozada, The Washington Post]

Sobre Dizer Não não Basta, de Naomi Klein




Neste livro, Naomi Klein expõe as forças que explicam o sucesso de Donald Trump, mostrando que não se trata de uma aberração mas sim de um produto dos nossos tempos — imagens de marca de reality shows, obsessão pelas celebridades e por CEO, Vegas e Guantánamo e banqueiros gananciosos— tudo em um.
A autora expõe também a sua opinião sobre como podemos quebrar estas políticas de choque, contrariar o caos e a divisão que hoje imperam, e alcançar o mundo de que precisamos.
Dizer Não não Basta é um dos dez livros da longlist do National Book Award de Não Ficção.

«Naomi Klein escreveu um guia de esperança para a pessoa comum. Leiam este livro.» [Arundhati Roy]

«Urgente, oportuno e necessário.» [Noam Chomsky]

«(…) Este livro é um manual para nos emanciparmos através da única arma de que dispomos contra a misantropia organizada: a desobediência construtiva.» [Yanis Varoufakis]


Dizer Não não Basta (trad. de José Miguel Silva) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/naomi-klein/

Sobre Celeste e Làlinha, de José Cardoso Pires




«Celeste é que nem quis saber de mais nada, correu logo para a rua, com a boneca muito presa ao coração. Apertava-a até à dor do bem-querer.
Era uma negrinha só ternura e ainda por cima indefesa porque tinha um braço estropiado, provavelmente roído por qualquer bicho do mato. Mas o braço pouco importava, a criança ainda gostava mais dela por causa dessa fatalidade. Principalmente não podia esquecer os olhos, que eram como duas pétalas de marfim sobre um cheiro de canela.
“Làlinha, minha Làlinha… Fizeram-te mal, Làlinha?”
Sentadas ao portal, Celeste e Làlinha tinham à volta delas um campo de refugiados, casinhotos de cimento, ruas povoadas de galinhas, caixotes de porão às portas. Entre latas de flores havia um manjerico plantado num capacete colonial.»


Celeste & Làlinha e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

Sobre Carol, de Patricia Highsmith




«Trata-se da história de amor entre Therese Belivet, uma jovem mulher de 19 anos, aprendiza de cenógrafa, e Carol Aird, uma mulher mais velha, casada e com uma filha. No início do romance, Carol encontra-se em fase de divórcio e Therese tem um namorado, Richard, por quem não está apaixonada. Após um breve encontro nuns armazéns de Nova Iorque, onde Therese trabalha temporariamente como vendedora, a ligação entre as duas mulheres vai-se desenvolvendo, culminando numa relação amorosa, no decurso de uma viagem pelos Estados Unidos.» [Da Nota de Leitura de Ana Luísa Amaral]

Esta e outras obras de Patricia Highsmith estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/patricia-highsmith/

27.1.20

Sobre Ensaios Biográficos Escolhidos, de J. M. Keynes




Este livro reúne ensaios biográficos e recordações de John Maynard Keynes, que, além de ser um notável economista, possuía uma cultura sofisticada e participou nas negociações relacionadas com a Primeira Guerra Mundial. 
Os primeiros ensaios abordam o livro The World Crisis, de Churchill, que trata de questões tão significativas como as diferentes perceções que sobre a Primeira Guerra Mundial tiveram os dirigentes militares e os responsáveis políticos.
Os textos sobre Newton são dos mais importantes sobre o autor dos Principia e a sua complexa personalidade (Keynes adquiriu grande parte dos documentos da arca de originais que Newton deixou, muitos deles sobre alquimia e religião).
A crítica de Trotsky ao reformismo dos socialistas ingleses leva Keynes a uma refutação das teses revolucionárias.
O breve apontamento sobre um encontro cúmplice com Einstein num banquete em Berlim revela os poderes de observação de Keynes, embora a sua descrição dos financeiros judeus não esteja isenta de preconceitos antissemitas.
«O Dr. Melchior: Um Inimigo Vencido» fala-nos dos corredores das negociações que antecederam o Tratado de Versalhes. É uma descrição da arte da negociação diplomática que sublinha o talento de Keynes para narrar factos históricos e descrever o perfil dos que neles participaram.
O último texto, «As Minhas Convicções Juvenis», evoca a juventude de Keynes, Cambridge nos anos 1900, e as origens do grupo de Bloomsbury, (com as suas ideias filosóficas, éticas e o choque com D. H. Lawrence, que considerava os seus participantes «casos perdidos»). Recorde-se que Keynes foi um dos principais participantes do grupo, ao lado de Virginia Woolf, que lhe admirava o talento literário.

Ensaios Biográficos Escolhidos, A Grande Crise e Outros Textos e Teoria Geral do Emprego, do Juro e a Moeda, de J. M. Keynes, estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/j-m-keynes/

Sobre A História, de Elsa Morante (trad. José Lima)




A História foi publicado em 1974 e tem como cenário a cidade de Roma durante a Segunda Guerra Mundial. 
Num dia de janeiro de 1941, um soldado alemão caminha pelo bairro operário de San Lorenzo. Àquela hora pouca gente se vê nas ruas.
No seu deambular sem rumo, o soldado, alto, louro e um pouco embriagado, encontra Ida, uma professora viúva que regressa a casa depois do trabalho.
O soldado segue Ida até ao humilde andar que partilha com o filho. Viola-a e depois, com um pedido de desculpas, fuma um cigarro, sai e nunca mais saberemos dele.
Deste ato brutal, mas que a guerra torna quase banal, nasce uma criança, e a história da família judia de Ida vai encher as muitas páginas de um romance que iluminou toda a segunda metade do século xx.

“Elsa Morante foi minha mestra.” [Elena Ferrante]

“Este nosso mundo cai aos pedaços… Só tu, Elsa, consegues dar-lhe forma e dignidade.” [Italo Calvino]

A História e A Ilha de Arturo estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elsa-morante/

Sobre Corpos Celestes, de Jokha Alharthi




«O nome Jokha Alharthi estará a associado a um tempo, este. Natural de Omã, tornou-se aos 41 anos na primeira mulher do seu país a ser publicada em inglês e, depois disso, a primeira entre os escritores árabes a vencer o International Man Booker com o romance Corpos Celestes. Aconteceu em Maio de 2019, dez anos depois de ter começado a escrever o livro enquanto fazia um doutoramento em poesia clássica árabe na universidade de Edimburgo, e nove anos depois de ter saído originalmente.
A espécie de milagre deu-se quando Alharthi, depois de interromper o doutoramento, ter regressado a Edimburgo, onde encontrou Marilyn Booth, que seria a sua nova orientadora. Ofereceu-lhe um exemplar, Booth encantou-se e quis traduzi-lo, mesmo sem haver editora interessada. Só mais tarde apareceu a escocesa Sandstone e o rumo de Corpos Celestes alterou-se. […]
Em ambiente doméstico, Corpos Celestes, que chega  a Portugal pela Relógio D’Água, é um livro político que encontra eco no actual contexto mundial, a partir de um lugar cultural e socialmente distante dos olhares do Ocidente. Influenciada por escritores como Gabriel García Márquez, Yasunari Kawabata, Yukio Mishima, Tchékhov ou o poeta árabe Mahmoud Darwish, a voz de Alharthi reflecte a contradição em que nasceu e foi criada e torna-se simbólica por ser capaz de passar essa complexidade de uma forma literariamente bela, sem concessões a fórmulas fáceis que promovam o olhar exótico.» [Isabel Lucas, Ípsilon, Público, 24/1/2020]

Corpos Celestes está disponível nas livrarias e em https://relogiodagua.pt/produto/corpos-celestes/

Sobre O Outono em Pequim, de Boris Vian (trad. Luiza Neto Jorge)




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Outono em Pequim, de Boris Vian (trad. Luiza Neto Jorge)

O romance O Outono em Pequim é de 1947, o mesmo ano em que Vian escreveu A Espuma dos Dias. Publicado pela primeira vez nas Éditions du Scorpion, o livro contém elementos surrealistas.
A Pequim que surge no título não é literal. Os protagonistas têm em comum dirigirem-se a um deserto imaginário chamado Exopotâmia, onde está em construção uma estação de comboios. A narrativa começa com as peripécias de Amadis Dudu, que, não tendo conseguido apanhar o autocarro para ir trabalhar, acaba a bordo do 975, que o leva a esse deserto. Esse acaso revela-se frutuoso para Amadis.
O Outono em Pequim é uma narrativa de desilusão do mundo adulto, construído sobre o absurdo da sociedade industrial. Mas é também, tal como A Espuma dos Dias, uma história de amor sem esperança.
O narrador detém por vezes deliberadamente o desenrolar da história para comentar o que se está a passar. E é esse seu olhar irónico que evidencia os aspectos absurdos do romance.


De Boris Vian, a Relógio D’Água publicou também A Espuma dos Dias, Morte aos Feios, Elas Não Percebem Nada, Irei Cuspir‑Vos nos Túmulos, Cantilenas em Geleia, As Formigas e O Arranca Corações.

Sobre As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho, de Lewis Carroll




«Deixem-me acrescentar, pois sinto que me deixei divagar num tom demasiado sério para um prefácio de um conto de fadas, a deliciosa e ingénua observação de uma menina a quem quero muito, quando lhe perguntei, depois de a conhecer há dois ou três dias, se ela lera As Aventuras de Alice e o Do Outro Lado do Espelho. “Sim, sim”, respondeu ela prontamente, “li os dois! E acho…” (disse ela mais devagar, como se pensasse no assunto), “acho que o Do Outro Lado do Espelho é mais estúpido do que As Aventuras de Alice. Não lhe parece?” Mas eu achei que não seria de bom-tom entrar nessa discussão.» [Prefácio de Lewis Carroll, Dezembro 1886]

Esta e outras obras de Lewis Carroll estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lewis-carroll/

24.1.20

Sobre O Atelier de Noite, de Ana Teresa Pereira




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Atelier de Noite, de Ana Teresa Pereira

Agatha Christie esteve desaparecida durante quase duas semanas, que ainda hoje permanecem envoltas em mistério. Num outro conto, Ana Teresa Pereira fala-nos do desaparecimento de uma outra mulher.

«Havia um homem na sua história. Claro que havia um homem na sua história. Nota-se na boca.»


Este e outros livros de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

Sobre Poemas, de A. C. Swinburne




«ROSAMUNDA

O medo é uma almofada sob os pés do amor,
Com cores que são para ele tranquilas;
Vermelho suave e branco tingido de sangue, azul
De flores, verde que se une ao estio,
Doce púrpura prometido ao mar e um negro calcinado.
Todas as formas coloridas do medo, presságio e mudança,
Uma triste profecia seguida de incertos rumores,
Premonições, astrologias e perigosas
Inscrições, o que a memória nos recorda, 
Tudo fica encoberto pelo manto do amor,
E, quando ele o sacode, tudo será derrubado, 

Agitado e levado no rosto poeirento do ar.»


«Swinburne é um poeta de lirismo exaltado e frenético, que não está interessado na realidade humilde e decente que os artistas franceses contemporâneos procuram com obstinação e paciência; em vez disso, ele empenha-se na descrição de sonhos e pensamentos subtis que às vezes são engenhosos e grandiosos, às vezes inflados, mas ainda assim magníficos .» [Guy de Maupassant]


Poemas, de A. C. Swinburne, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/poemas-swinburne/