«Passei o dia a traduzir — seja o meu próprio texto, seja
aquele que é o seu. Reparo que estou cansada, mas com trabalho. Escrevi estas
linhas na sequência do que ele dizia: “É a alma do lobo que está chorando nessa
voz”.» [Maria Gabriela Llansol na nota introdutória a Sageza, de Paul
Verlaine, cuja tradução assinou]
30.3.12
Sobre A Filha do Optimista, de Eudora Welty
No suplemento Ípsilon do Público de 30 de Março
de 2012, Helena Vasconcelos escreveu sobre A Filha do Optimista, de
Eudora Welty: «A estranheza desta narrativa onde quase nada acontece (…) é um
milagre de concisão e de contenção minimalista, tendo sido considerada pelos
críticos como o trabalho mais subtil de Eudora Welty, a escritora sulista
nascida em Jackson, Mississippi, em 1909.»
A Filha do Optimista, de Eudora Welty, Livro do Dia na TSF
«Com A Filha do Optimista, Eudora Welty ganhou o prémio Pulitzer em 1973. A
história tinha começado por ser publicada, numa versão mais curta, como um
conto, em 1969, na revista New Yorker. Eudora Welty concentra-se sobretudo num
minucioso retrato psicológico das suas personagens, num romance em que - tal
como no resto da obra da autora - não há espaço para experimentalismos e onde
não cabem quaisquer piruetas formais.» [Carlos Vaz Marques no programa Livro do Dia, da TSF, de 28 de Março, que pode ser ouvido aqui]
29.3.12
Sobre A Terceira Miséria, de Hélia Correia
Na revista Time Out Lisboa de 28 de Março, Hugo Pinto
Santos escreve sobre A Terceira Miséria, de Hélia Correia: «Este
poema em “trinta e três respirações” (na sua expressão) não procura ser, e não
é, reverencial perante a memória da Grécia arcaica e clássica. Guiada por
Hölderlin e Nietzsche, batedores privilegiados em terreno minado pela “miséria
da interpretação” (p. 26), a Grécia é menos a resposta do que a fonte da
interrogação – “para que servem / Os poetas em tempo de indigência?” (p. 7).»
28.3.12
Virginia Woolf (25-01-1882/28-03-1941)
«— E com Virginia Woolf,
como aconteceu [a tradução]?
— Foi, em certa
medida, um trabalho alimentar: eu tinha trinta anos e estava naquela altura sem
dinheiro. A oferta de uma tradução pareceu-me uma coisa soberba, embora as
traduções nunca sejam muito bem pagas. Mas tive o prazer de encontrar a autora.
Sendo uma tradutora conscienciosa, pensei: "Vamos lá perguntar-lhe o que é que
ela quer que eu faça, como é que ela quer que eu traduza o seu romance." Era As Ondas, que continua a ser o romance
dela de que eu mais gosto. Mas, na realidade, ela não tinha qualquer opinião
sobre o assunto. Disse-me: "Faça o que você quiser." Não me valeu de muito, mas
ao menos vi-a. Naquela época [1937] já parecia muito ameaçada, muito frágil. [Marguerite
Yourcenar sobre Virginia Woolf, De Olhos Abertos, Relógio D’Água, 2011,
trad. Renata Correia Botelho]
Ler Mais Ler Melhor sobre Negócios em Ítaca, de Bernardo Pinto de Almeida
Negócios em Ítaca, de Bernardo Pinto de Almeida, foi o livro em destaque no programa Ler Mais Ler Melhor que pode ver aqui.
27.3.12
O Doutor Glas, de Hjalmar Söderberg, na blogosfera
No blogue The Catastrophe of My Personality, foi publicada
uma citação de O Doutor Glas, de Hjalmar Söderberg: «Gostava de ter um amigo no qual pudesse
confiar. Um amigo a quem pudesse pedir conselho. Mas não tenho ninguém e, ainda
que tivesse alguém, há, seja como for, limites para o que se pode pedir aos
amigos.»
26.3.12
A Terceira Miséria, «um livro notabilíssimo»
Numa entrevista ao
jornal i, a 25 de Março, Vasco Graça Moura, à pergunta «O que tem lido?»,
o presidente do CCB respondeu: «Li ontem um livro notabilíssimo. Creio que
acaba de sair. Vi-o por mero acaso e comprei-o. É um livro de poesia da Hélia
Correia chamado A Terceira Miséria. Achei magnífico. Tem uma densidade
na meditação sobre a herança clássica que me parece muito importante.» A
entrevista completa pode ser lida aqui.
Dia Mundial da Poesia no Centro Cultural de Belém
O Dia Mundial da Poesia foi comemorado no sábado, 24 de
Março, no Centro Cultural de Belém. Do programa da festa fizeram parte a
inauguração de uma exposição, uma maratona de leitura de poemas de Jorge de
Sena e vários poetas e figuras públicas disseram poemas.
Jaime Rocha foi um dos participantes e leu poemas seus. José
Mário Silva leu, entre outros, dois poemas de Hélia Correia.
A chegar às livrarias
«Ao contrário do seu primeiro romance [Perto do Coração Selvagem], escrito em fragmentos, saltando
constantemente de uma cena para a outra, O
Lustre é um conjunto coerente. Apesar de os seus extensos segmentos
descreverem propositadamente acontecimentos, consistem sobretudo em longos
monólogos interiores, interrompidos apenas por um singular e perturbador
fragmento contendo diálogo ou acção. O livro progride em ondas lentas que se
elevam, alterosas, nos momentos de revelação. As páginas entre estas epifanias
são precisamente os momentos em que o livro se torna mais intolerável para o
leitor, que é forçado a seguir o movimento interior de outra pessoa com um
detalhe microscópico. Acostumado às epifanias, esperando estímulos e surpresas
permanentes, o leitor que aborde o livro pela primeira vez depressa se sente
desconcertado.
Porém, a intensidade glacial do livro exerce um fascínio
particular.
(…) Só quando lido devagar, reflectidamente, e sem
distracções, três ou cinco páginas de cada vez, é que O Lustre revela o seu carácter penetrante.» [Benjamin Moser, Clarice
Lispector — Uma Vida]
A
galdéria, o soldado e a criada, o jovem cavalheiro, a jovem senhora e o seu
marido, este marido e a doce donzela — o segundo deixando a primeira pela
terceira que sorri para o quarto e assim de seguida até ao conde que troca a
actriz pela galdéria, fechando assim a ronda. O que leva estas personagens a
agir assim?
Em dez breves diálogos, A
Ronda apresenta-nos, com perspicaz desenvoltura, o essencial da magia do
coração e dos sentidos.
Desde 1905 que circulavam rumores em Viena sobre uma obra
«licenciosa» que Arthur Schnitzler teria escrito. Era A Ronda, que nenhum teatro se atreveu a encenar e começou por ser
divulgada em edição de autor.
Foi preciso esperar por 1921, depois do colapso do Império
Austro-Húngaro, para que a peça pudesse ser representada em Viena, causando
grande escândalo.
Arthur Schnitzler nasceu em Viena em 1862. Depois de ter
terminado Medicina, dedicou-se ao teatro, tendo-se tornado famoso aos 33 anos
com Liebelei.
Paralelamente à sua obra de dramaturgo, escreveu várias
novelas, romances e livros de aforismos, entre os quais O Tenente Gustl, A História
de Um Sonho e Relações e Solidão.
Schnitzler relacionou-se com Freud, que admirava as suas
obras.
O autor de A Ronda
faleceu em 1931.
Os Anos Doces, de Hiromi Kawakami, Livro do Dia na TSF
Os Anos Doces, de Hiromi Kawakami, foi Livro do Dia na TSF, na sexta-feira, 3 de Março. Carlos Vaz Marques diz: «Com a delicadeza de um filme de Mizoguchi, Hiromi Kawakami dá-nos - numa
linguagem sempre sem quaisquer floreados - uma história de amor sem exaltações,
que é também um retrato da solidão urbana no Japão de hoje.» Para ouvir aqui.
23.3.12
Raymond Roussel em Serralves
Abre amanhã ao público no Museu Serralves a exposição vinda
do Museu Rainha Sofia sobre a vida e obra de Raymond Roussel, em particular
sobre a obra Locus Solus. Luís Miguel Queirós, no ípsilon de 23
de Março, aborda as obras fundamentais de Raymond Roussel, a saber Impressões
de África (1910), Locus Solus (1914), e o poema Novas Impressões
de África (1932).
O jornalista do Público escreve: «A intriga de La Doublure
é talvez um pouco bizarra, mas nada que se compare com a desenfreada
extravagância de Impressões de África (com tradução recente pela Relógio
D’Água), onde se narra a história de um grupo de náufragos brancos capturados
por um régulo africano, que estes entretêm com as mais variadas performances
enquanto esperam ser resgatados. (…)
Ainda assim, Impressões de África, com a sua sucessão
de cenas delirantes, contadas com abundante precisão de detalhes, tem qualquer
coisa de hipnótico, e é provavelmente de mais fácil leitura do que Locus
Solus, que relata a visita de um grupo de pessoas à propriedade do
cientista e inventor Martial Canterel, onde este lhes vai mostrando uma série
de estranhíssimas invenções, entre as quais um diamante cheio de água que
contém uma bailarina, um gato sem pelo e a cabeça de Danton. (…)
O interesse por Roussel reavivou-se recentemente graças à
descoberta, em 1989, de uma grande quantidade de documentos e manuscritos,
incluindo diversos textos inéditos que estavam arrumados há décadas num
armazém. O homem que chegara a profetizar que a sua fama “ensombraria a de
Napoleão e Victor Hugo”, escreve no final da vida: “Refugio-me, à falta de
melhor, na esperança de que os meus livros possam, vir a trazer-me algum
florescimento póstumo.” E desta vez acertou.»
O Declínio da Mentira e A Alma do Homem e o Socialismo, de Oscar Wilde
«Ao ler e reler Wilde, ao longo dos
anos, noto um facto que os seus panegiristas não parecem ter sequer suspeitado:
o facto comprovável e elementar de que Wilde quase sempre tem razão. A Alma do Homem e o Socialismo não só é
eloquente: é também justo.» [Jorge Luis Borges, Sobre Oscar Wilde]
O Declínio da Mentira, de 1889, era o texto
preferido de Wilde e uma brilhante crítica contra a arte realista e o seu «monstruoso
culto dos factos». Para o autor de O Retrato
de Dorian Gray, os escritores
realistas «escrevem romances que se parecem tanto com a vida que a ninguém é possível
acreditar na sua probabilidade». Na sua opinião, «a arte nunca exprime outra
coisa que não seja ela própria» e daí a sua conclusão de que é necessário «ressuscitar
a perdida Arte da Mentir».
Em A Alma do Homem e o Socialismo, texto
publicado em 1891, Oscar Wilde apresenta as suas particulares concepções de uma
sociedade em que a pobreza resulta do funcionamento do capitalismo e não pode
ser resolvida com a caridade e o altruísmo. Para Wilde, o desenvolvimento
tecnológico permitirá ao homem trabalhar menos tempo e cultivar a sua
personalidade. Mas o que mais lhe interessa no socialismo seria a sua
capacidade de desenvolver o individualismo que se exprimiria através da alegria
e da arte, numa espécie de helenismo renovado.
«Onde
o génio de Oscar Wilde se manifesta com mais poder é em A Importância de Ser Earnest e em dois magníficos ensaios, A Alma do Homem e o Socialismo e O Declínio da Mentira.» [Harold Bloom, Génios]
22.3.12
A Terceira Miséria, de Hélia Correia, Livro do Dia na TSF
Ontem, 21 de Março de 2012, o recente livro de poesia de Hélia Correia, A Terceira Miséria, foi Livro do Dia na TSF. Diz Carlos Vaz Marques: «Essa paixão pela Grécia, desde há muito presente na obra de Hélia Correia,
desagua agora neste livro de poesia, onde a Grécia clássica surge como farol e
como impossibilidade.» Para ver e ouvir aqui.
21.3.12
Sobre O Lago, de Ana Teresa Pereira
Na revista Sábado de 26 de Janeiro, Eduardo Pitta
escreveu sobre O Lago, de Ana Teresa Pereira: «Sem alarido, Ana Teresa
Pereira (n. 1958) publicou mais um livro: O Lago. Tem sido assim desde
1989: escreve, publica, os mais atentos reconhecem nela uma voz singular da
literatura portuguesa. Em 30 títulos, a prosa oscila entre o conto de fadas e o
western, sem prejuízo da deriva policial (como no livro de estreia) e da
apropriação de tiques góticos. (…) Como em livros anteriores, Tom marca o
ritmo, desta vez na pele de um encenador teatral que também escreve contos “muito
parecidos uns com os outros”. Prioridade: ser o Pigmalião de Jane.»
20.3.12
Água Viva, de Clarice Lispector
«De
facto, [Água Viva] não se parece com
nada que tivesse sido escrito na época, no Brasil ou em qualquer outro lugar.
Os seus parentes mais próximos são visuais ou musicais, uma semelhança que
Clarice enfatiza ao transformar a narradora, uma escritora, nas versões
iniciais, numa pintora; na altura, ela mesma dava os primeiros passos na
pintura.
(…)
Clarice compara o livro a aromas (“O que
estou fazendo ao te escrever? estou tentando fotografar o perfume”), a
sabores, (“Como reproduzir em palavras o
gosto? O gosto é uno e as palavras são muitas”) e ao tacto, embora a sua
metáfora mais insistente seja em relação ao som: “Sei o que estou fazendo aqui: estou improvisando. Mas que mal tem isso?
Improviso como no jazz improvisam música, jazz em fúria, improviso diante da
platéia.” Isto é música abstracta, “uma
melodia sem palavras”.
Livre
dos constrangimentos de um enredo ou de ter de contar uma história, Água Viva é, todo ele, a crista da
onda.»
Benjamin Moser, Clarice Lispector — Uma Vida
Sobre Encontro em Samarra, de John O'Hara
No suplemento Atual do Expresso de 17 de Março de
2012, Carlos Bessa escreve sobre Encontro em Samarra, de John O’Hara: «E
os últimos dias de Julian são um mergulho no abismo. Porque tomar as atitudes
que ele toma, escancarar o horror da banalidade não é tolerado. O’Hara fá-lo
num registo cinematográfico, capaz de sustentar a imensa tensão da narrativa
com uma grande economia de considerações, e consegue um momento alto da literatura
norte-americana. Cada personagem é a voz de uma parte da cidade e da teia que a
sustenta.»
19.3.12
1089 e Tudo o Resto, de David Acheson
1089 e Tudo o Resto - Uma Viagem pela Matemática, de David Acheson, foi Livro do Dia na TSF. A ler aqui.
16.3.12
Closer, de Patrick Marber
Closer (1997), de Patrick Marber, foi já diversas
vezes levado aos palcos e em 2004 teve uma adaptação cinematográfica de Mike
Nichols. Até 8 de Abril está em cena no Auditório do Casino Estoril. Em 2005 a
Relógio D’Água editou a tradução de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos,
utilizada na representação de 1999, no Teatro Aberto.
15.3.12
Nas livrarias
Uma mulher dá por si a tapar um
buraco a meio da noite numa floresta; uma família tranca-se no quarto de forma
a combater uma estranha epidemia; um feiticeiro castiga duas belas bailarinas
transformando-as numa grotesca performer circense; um coronel é avisado
para que não levante o véu da face da sua já falecida esposa; e um perturbado
pai consegue ressuscitar a filha devorando corações humanos nos seus sonhos.
São contos de humor negro,
repletos de vinganças, mortes perturbantes e melancolia.
14.3.12
A chegar às livrarias
Entre os Actos é um
inovador romance em que as “correntes de consciência” de diferentes personagens
se entrecruzam em torno de uma peça teatral representada ao ar livre num dia de
1939, e que acaba por devolver aos que a ela assistem o espectáculo que eles
próprios representam. O centro é ocupado por Isa e Giles, um casal reunido pelo
amor e o ódio dos gestos de infidelidade.
O livro, que ficaria sem uma
revisão final da autora e seria publicado por Leonard Woolf alguns meses depois
da morte de Virginia, revela uma escritora em plena posse das suas capacidades
criativas. A sua atmosfera é a da incerta claridade, ou como diria Jorge de
Sena, “de uma luz acesa dentro do nevoeiro do tempo”.
Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do
Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do
Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa
sociedade racista.
Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o
irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala
como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando-os a refletirem,
em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que
uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um
dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma
interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação
dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria
aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um
modo brutal. Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em
miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local
que vive em reclusão numa casa vizinha.
«O estilo de Harper Lee revela-nos uma prosa enérgica e
vigorosa capaz de traduzir com minúcia o modo de vida e o falar sulistas, bem
como uma imensa panóplia de verdades úteis sobre a infância no Sul dos EUA.» [Time]
13.3.12
Ler Mais Ler Melhor sobre a edição de Clarice Lispector na Relógio D'Água
Assista aqui ao programa Ler Mais Ler Melhor sobre a edição de Clarice Lispector na Relógio D'Água, com a participação do editor Francisco Vale.
12.3.12
Clubes de leitura
Está em linha o sítio Clube da Leitura, o «primeiro site
social português sobre livros e criação de comunidades de leitores». É um
espaço de discussão de livros, que dá acesso a clubes de leitura em várias
cidades e lhe permite criar o seu próprio clube de leitura. Existem clubes tão
distintos como o da Literatura para Homens Feitos e Mulheres Amadurecidas, com
preferência pelos clássicos, como Em Busca do Tempo Perdido ou Madame Bovary, o Clube dos Cafés ou o Clube Jovem. Toda a
informação está disponível no sítio Clube da Leitura.
Sobre Middlemarch, de George Eliot
No Sol de 9 de Março, Filipa Melo escreve sobre Middlemarch,
de George Eliot: «Virginia Woolf definiu-o como “um dos poucos romances
ingleses escritos para gente crescida”. Middlemarch, a ler com zelo de
leitor maduro, é uma das mais sagazes criações da literatura inglesa, editada
como folhetim entre 1871-72 e em livro em 1874, com imediato sucesso junto do público.
Primeiro traduzido em 1956, como A Vida Era Assim em Middlemarch, por Mário
Domingues, para a editora Romano Torres, o romance regressa às livrarias, numa
excelente tradução de José Miguel Silva e Miguel Serras Pereira.»
A «tradução que honra esta obra-prima do século XIX inglês» é
uma edição da Relógio D’Água.
6.3.12
A Relógio D'Água na Ler de Março de 2012
Na edição de Março de 2012 da revista Ler, Hugo Pinto Santos escreve sobre Lagoeiros, de João Miguel Fernandes Jorge: «Esta é uma poesia exímia na criação de brevíssimos enredos, que os versos estilhaçam, distendem, distorcem, até serem um canto distante, um manto subtil sobre a carne — “De / olhos fixos, adivinhava (mais do que via) o sorriso tímido / lábios gretados (qual a escarpa da ilha) e o moço remeiro tocou-lhe no braço // e do lameiro do cais entrou no pequeno barco” (p. 95).»
No mesmo número, José Guardado Moreira escreve sobre Coração de Trevas e No Extremo Limite, de Joseph Conrad: «Duas das mais poderosas histórias escritas por Joseph Conrad (1857-1924) estão reunidas em Coração de Trevas e No Extremo Limite (Relógio D’Água, trad. Margarida Periquito). […] Exageros à parte, a escrita de Conrad possui uma vibração muito própria que nenhum outro antes ou depois dele conseguiu captar, dotado que era para elevar um idioma de comerciantes rudes a ecos de catedral gótica, não erguida em filigrana de pedra, mas de nuvens de tempestade, aromas deletérios, verdes profundos e azuis ominosos, em paisagens tropicais e do Extremo Oriente, nos difíceis mares da consciência humana, dividida entre a abnegação e a vileza.»
Sobre Necrophilia, de Jaime Rocha
No sítio Leitura Gulbenkian, foi apresentada uma recensão de Rita Taborda Duarte a Necrophilia, de Jaime Rocha: «A poesia de Jaime Rocha tem-se revelado, desde sempre, como uma voz autónoma e de certo modo isolada no panorama poético português. Dificilmente conseguimos seguir-lhe o rasto de uma linhagem definida, ou um percurso partilhado com escolas, correntes ou orientações poéticas mesmo que só difusamente determinadas. Sem cedências à facilidade do reconhecimento e à reflexividade referencial convocadas naturalmente pela própria linguagem e pelo pacto de leitura, esta é uma poesia que se ilumina em muito fortes imagens verbais, que logo se recolhem, como o "desenvolvimento da exclamação", de que nos falava Valéry, mas sem o arroubo metafórico ou lírico, que podem estar subjacentes àquelas palavras do poeta francês.» O texto completo pode ser lido aqui.
5.3.12
A Relógio D'Água no Expresso de 3 de Março de 2012
No Atual do Expresso de 3 de Março, Hugo Pinto Santos escreve sobre Middlemarch, de George Eliot: «O equilíbrio destes e de miríades de outros acidentes — “quem observe atentamente a secreta convergência dos destinos humanos vê como lentamente se preparam os efeitos de uma vida sobre a outra” — demonstra a mestria arquitectural deste romance e revela o “elemento de tragédia presente no que é habitual”.»
Também no Atual, Clara Ferreira Alves escreve sobre Guy de Maupassant. «O conto, a sua forma concisa, curta e eficiente, a sua economia narrativa, deve tanto a Tchékhov como a Maupassant, e Maupassant escreveu dezenas de contos e novelas.»
Diz ainda, a propósito de Bel-Ami: «Uma história de poder, dinheiro e de sexo repete-se em ciclo, com cenário diferente e figuras iguais. A linguagem de Bel-Ami assegura a intemporalidade e universalidade, aceitando o humor e recusando a amargura. Maupassant era, como o seu mestre moralista, Flaubert, um escritor de burgueses que desprezava burgueses. Sem a violência proletária de Zola nem o romantismo de Dumas, estas personagens existem num aquário social onde os peixes pequenos são devorados pelos grandes e as mulheres são pequenos peixes coloridos. Georges Duroy, predador promovido a Georges Du Roy, é punido pela insatisfação. Como o seu criador, poderia tomar como epitáfio que tudo desejava e nada lhe dava prazer.»
José Gil, director do Público por um dia
(fotografia de Daniel Rocha, no sítio do Público)
José Gil foi convidado a dirigir o Público por um dia, o do 22.º aniversário do diário. A edição de hoje apresenta uma «sondagem imaginária» que mostra «o estado da nação e o seu avesso», através de nove áreas definidas pelo filósofo: Educação, Saúde, Saúde Mental, Política, Justiça, Pobreza, Medo, Identidade e Ego. O resultado está disponível gratuitamente nas bancas. O editorial de José Gil pode ser livro aqui.
Ainda a apresentação de A Chegada de Twainy
Para memória da apresentação de A Chegada de Twainy, com texto de Hélia Correia e ilustração de Rachel Caiano, no Espaço Llansol, a 15 de Fevereiro de 2012.
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