30.4.19

Sobre Na América, disse Jonathan, de Gonçalo M. Tavares




«Na América, Disse Jonathan nasce de um convite da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento a Gonçalo M. Tavares (GMT) para uma viagem nos E.U.A.. Parte acompanhado apenas de três pequenas aguarelas com retratos de Kafka, García Lorca e Patti Smith, mas é Kafka (juntamente com uma personagem misteriosa chamada Jonathan) quem lhe faz companhia e serve de filtro a tudo o que vê (e escreve), como um coador das cores da realidade. À medida que se desloca, GMT mede diversas variáveis do seu contexto físico e emocional, colocando hipóteses e questões, na sua já habitual deriva de precisão e absurdo, intercalados conforme as conveniências do momento e servidos por uma escrita sem mácula. As pré-concepções de género literário vão sendo desafiadas, entre o humor, o negrume e a ironia, como Kafka talvez fizesse, perante esta dispersão de sentidos e contradições que é a América.» [Paulo Ribeiro da Silva, Revista Intro, 16/04/2019. Texto completo aqui: https://wp.me/p84fVQ-LC ]

Sobre Kudos, de Rachel Cusk




«Precisa e brilhante, Rachel Cusk encerra a trilogia iniciada com A Contraluz e Trânsito. Narrativas dentro de narrativas e personagens à conversa.


Quando deparamos pela primeira vez com Faye, a personagem central da trilogia romanesca de Rachel Cusk (formada por A Contraluz e Trânsito e Kudos), sabemos pouquíssimo sobre ela. Quase nada. É uma escritora, mãe de dois rapazes, recentemente divorciada e ainda a lidar com o impacto emocional da súbita desestruturação da sua vida. No fim dos três romances, não sabemos muito mais. Ela atravessa os romances como uma presença ausente, um fantasma, um mero catalisador das histórias alheias. O que nos conta é o que ouve. E ela ouve tudo. Na sua presença, os outros entregam-se a confidências e desabafos. Podemos suspeitar que Faye perdeu algo, talvez o essencial, mas Cusk nunca nos diz quanto, nem como, nem porquê. Eis, em todo o seu esplendor, uma radical estratégia de apagamento. Quanto mais reflete os outros, menos se revela. No fundo, estamos diante de uma corajosa e original tentativa de reinventar a forma do romance clássico. Como? Pela abolição das suas categorias mais reconhecíveis, nomeadamente a trama. Nenhum dos três romances permite sequer o conforto de uma sinopse. Porque não há propriamente capítulos, ou cenas, apenas uma sucessão de encontros.» [José Mário Silva, E, Expresso, 27/04/2019]

29.4.19

Sobre Léxico Familiar, de Natalia Ginzburg




«Todos comungamos de uma mesma tradição oral – sejam os mitos coletivos, o idioma partilhado ou as mais modestas histórias de família. A escritora italiana Natalia Ginzburg (1916-1991) elevou estas últimas à condição de matéria-prima capaz de desenrolar tanto os fios da petite histoire como da História coletiva. Léxico Familiar é uma pérola que faz rir e chorar, e que cria ressonâncias nos leitores, mesmo que estes não tenham as mesmas memórias: ter quatro irmãos, uma família cheia de idiossincrasias, um contexto político como o da ascensão do fascismo e a Segunda Guerra Mundial, amizades com escritores como Cesare Pavese e Italo Calvino, um luto traumático... O primeiro marido de Natalia, o antifascista Leone Ginzburg, foi exilado na aldeia de Abruzzo, e, depois, preso, torturado (e crucificado), morrendo em 1944 na prisão. Mas é a vida e é a força redentora das palavras que triunfam neste relato intimista, em que até os nomes usados são os verdadeiros.
A novela avança transportada pelas frases, pelos bordões, desabafos, exclamações tragicómicas, saídas de cena, expressões favoritas, desabafos e disparates enunciados por todos os protagonistas da biografia de Ginzburg: o pai, citologista judeu, que disparava o insulto de “cafre” a tudo o que lhe desagradava; a mãe, católica e amante de ópera, que recitava poemas à mesa; a avó cativada pela maneira como o futuro marido dizia “côreio” amaciando os R; os tios, amigos, filhos, fantasmas... São retratos verbais, identitários, que ritmam a prosa como uma canção: “Essas frases são o nosso latim, o vocabulário dos tempos idos são, como os hieróglifos dos egípcios ou dos assírio-babilónios, o testemunho de um núcleo vital que deixou de existir, mas que sobrevive nos seus textos, salvos da fúria das águas, da corrosão do tempo.” Viver para contá-la, escolheu Gabriel García Márquez para batizar as suas memórias. Contar como se viveu, diria Natalia.» [Sílvia Souto Cunha, Visão, 15/4/2019]

26.4.19

Sobre Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai, de Jenny Erpenbeck




«Por fim, a alemã Jenny Erpenbeck está publicada em Portugal e, lamentavelmente, apareceu sem causar estrondo. “Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai”, romance que esteve entre os finalistas do Booker International em 2018, chegou até nós silenciosamente e merece muito mais do que passar ao largo. É um poderoso exercício literário e humanista de compreensão e tentativa de aprofundamento de um dos temas mais trágicos do nosso tempo: o drama dos refugiados africanos na Europa. Isso, sem que a escritora queira ser didáctica — embora o seja — ou moralmente comprometida — inevitavelmente.
O ponto de Erpenbeck é o de questionar a identidade , averiguar o sentido de deslocamento e de estranheza, inquirir sobre até que ponto podemos compreender o que é ser o outro quando o outro parece inacessível. Por razões políticas, culturais, históricas, sociais, económicas, emocionais.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 26/4/2019]

Sobre O Meu Inimigo Mortal, de Willa Cather




Pelos olhos da jovem Nellie, vemos a vida de Myra, uma lenda da cidade do Sul onde ambas nasceram. Myra trocou o luxo e ostentação em que nasceu pelo amor de Oswald Henshawe, um rapaz pobre com quem fugiu. 
Vinte e cinco anos mais tarde, Nellie encontra o casal a viver na elegante pobreza de um modesto apartamento, frequentado por cantores, atores e poetas — no coração da comunidade artística de Nova Iorque.
Mas esta precária distinção dá lugar a uma pobreza real. Myra hospeda-se num hotel barato na Costa Oeste e o seu objetivo de vida — o amor — acaba por se revelar o seu pior inimigo.

De Willa Cather a Relógio D’Água publicou também Uma Mulher Perdida e Minha Ántonia.

24.4.19

Sobre A Casa Assombrada e Outros Contos, de Virginia Woolf




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: A Casa Assombrada e Outros Contos, de Virginia Woolf (trad. de Miguel Serras Pereira)

Em A Casa Assombrada e Outros Contos estão reunidos alguns dos mais inovadores contos originalmente escritos em inglês.

É certo que Virginia Woolf não é uma contista e que foi em romances como «Orlando» e «As Ondas» que sobretudo cumpriu o «insaciável desejo de escrever alguma coisa antes de morrer». Mas é em contos como «A Marca na Parede», «Lappin e Lapinova» e «O Legado» que melhor nos revela o modo como soube captar um universo feminino que os homens desfazem revelando que a marca na parede é uma lesma, recusando-se a recriar a vida de coelhos no ribeiro ao fundo da floresta ou tornando-se apenas desatentos.

Sobre O Táxi N.º 9297, de Reinaldo Ferreira




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Táxi N.º 9297, de Reinaldo Ferreira (Repórter X)

Em março de 1926, verificou-se em Lisboa o assassínio da atriz Maria Alves, estrangulada num táxi com o número 9297 e lançada para a valeta. Investigando por conta própria e baseando-se em anteriores crimes semelhantes, o jornalista Reinaldo Ferreira, conhecido como Repórter X, sugere, nos jornais, que o culpado é o ex-empresário da vítima, Augusto Gomes. Posteriores investigações policiais confirmam a hipótese.
No ano seguinte, Reinaldo Ferreira aluga os estúdios Invicta Film, no Porto, para realizar o filme O Táxi N.º 9297, que tem como ponto de partida a morte de Maria Alves e vai obter os elogios da crítica e a adesão do público. Entre os atores, está a já então famosa Maria Emília Castelo Branco no papel de Raquel de Monteverde.

Aproveitando o êxito do filme, Reinaldo Ferreira adaptou o enredo ao teatro, escrevendo a peça que agora se reedita como novela policial. Trata-se de um dos primeiros «policiais» escritos por um autor português, que não evita alguns estereótipos, onde um enigma surge envolto num enredo de estranhas personagens e uma conspiração internacional que tem Lisboa como cenário.

Sobre Tess dos D'Urbervilles, de Thomas Hardy




«Raros foram os escritores se distinguiram igualmente na poesia e na prosa; Thomas Hardy constituiu uma das mais notáveis excepções. Os seus poemas, longe de preciosismos, escritos numa linguagem próxima do discurso falado, prepararam o caminho para a poesia inglesa moderna. Os seus romances realistas, profundamente pessimistas, recebidos com a maior severidade pela sociedade vitoriana, perspetivam o Homem como refém das duas maiores influências da civilização ocidental: a tragédia grega clássica e a noção de destino, o cristianismo e o conceito de culpa. Nesta obra admirável, Hardy, “o maior escritor trágico entre os romancistas ingleses”, segundo Virginia Woolf, narra a história de Tess, uma jovem camponesa violada por um parente rico que tenta refazer a vida com Angel, por quem sente um amor puro e sincero. Relação que será destruída pelos preconceitos e pelas convenções sociais. Uma vez mais, o autor constrói um romance revelando duas forças em movimento: “a alegria de viver que nos é inerente, e aquilo que se opõe a essa mesma alegria por via das circunstâncias.”» [Agenda Cultural de Lisboa, Abril 2019]

Sobre Ada ou Ardor, de Vladimir Nabokov




Escrito numa prosa irrequieta, fluente e mágica, este romance acompanha Ada desde o seu primeiro encontro na infância com Van Veen em Ardis Hall — a mansão campestre do tio deste, numa luminosa América de sonho. São décadas de êxtase em que atravessam continentes, se separam e reúnem, até compreenderem a estranha verdade da sua singular relação.
Ada ou Ardor é o mais nabokoviano romance de Nabokov.
A imaginação do autor não se exprime apenas no amor de Ada e Van, a irmã e o irmão. O fio narrativo dessa paixão é acompanhado de falsas citações, títulos erróneos, digressões sobre o tempo e ajustes de contas culturais.


«Ada é o livro pelo qual eu gostaria de ser lembrado depois da minha morte.» [Vladimir Nabokov]

23.4.19

Sobre Os Vagabundos do Dharma, de Jack Kerouac




Dois jovens irrequietos procuram o caminho do Zen: desde as maratonas de consumo de vinho, as sessões ininterruptas de poesia e o «yabyum» em São Francisco, até à solidão nas altas Sierras e uma vigília no topo do Pico da Desolação, no estado de Washington. Publicado apenas um ano depois de Pela Estrada Fora ter colocado no mapa a Geração Beat, Os Vagabundos do Dharma está repleto de humor e um contagiante entusiasmo pela vida.


«Uma excitação descritiva sem rival desde os dias de Thomas Wolfe.» [The New York Review of Books]

Sobre O Susto, de Agustina Bessa-Luís




«Publicado em 1958, só agora foi reeditado. O Susto (Relógio D’Água, 248 págs., €17) tem como protagonista José Midões, poeta inspirado em Teixeira de Pascoaes – que Agustina venera, ao ponto de ensaiar-lhe, aqui, uma morte inspirada na de Tolstoi.
Quem o sublinha é o prefaciador António M. Feijó, que também detalha a acesa polémica à época: o irmão de Pascoaes acusou Agustina de desvirtuar a figura com o seu niilismo e audácia. Régio tomou o partido da família do poeta, e as palavras inflamaram-se. Neste livro, que “concilia ficção e crítica”, dramatiza-se, ainda, a relação entre Pascoaes e Pessoa.

Pretextos para a linguagem única de Agustina, que assim abre o volume: “Num povo pessimista, não o bastante para ser neurótico, nem exasperado para ser sobre-humano, depara-se-nos às vezes certo fenómeno de combustão interior e que é pouco menos que uma nova ética.”» [Sílvia Souto Cunha, Visão, 31/03/2019]

Livros na Relógio D’Água a 23 de Abril




A Relógio D’Água assinala o Dia Mundial do Livro, 23 de Abril, pondo à disposição dos leitores os livros que tem publicado e em particular obras assinadas por autores.
Neste último caso estão: Suíte e Fúria, de Rui Nunes; Pequenos Delírios Domésticos, de Ana Margarida de Carvalho; Caos e Ritmo, Portugal, Hoje e O Imperceptível Devir da Imanência, de José Gil; Os Amigos, Livro da Dança e Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares; Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul e Descrição Guerreira e Amorosa da Cidade de Lisboa, de Alexandre Andrade; A Terra de Naumãn, As Pessoas do Drama e Impunidade, de H. G. Cancela; Karen, de Ana Teresa Pereira; Fuck The Polis, de João Miguel Fernandes Jorge; A Saga de Selma Lagerlöf, de Cristina Carvalho; Preparação para a Noite, de Jaime Rocha.



O local de encontro com os leitores será na cave da editora, na rua Sylvio Rebelo, n.º 15, Bairro do Arco do Cego, em Lisboa. O horário é das 09 às 18 horas, com excepção da hora de almoço, que vai das 13:00 às 14:00.

Todos os livros que não estejam ao abrigo da Lei do Preço Fixo (publicados nos últimos dezoito meses) terão um desconto de pelo menos 20 %, durante os dias 23 e 24 de Abril.


Sobre Ensaios Escolhidos, de T. S. Eliot (trad. Maria Adelaide Ramos)




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Ensaios Escolhidos, de T. S. Eliot (trad. Maria Adelaide Ramos)

Este livro reúne alguns dos mais importantes textos de ensaio e crítica literária escritos por Eliot entre 1917 e 1962. Entre eles incluem-se «Reflexões sobre o Verso Livre», «Hamlet», «Os Poetas Metafísicos», «Os Pensamentos de Pascal», «Os Três Sentidos de “Cultura”», «O Que É Um Clássico?», «Poesia e Drama», «Literatura Americana e a Língua Americana» e «A Literatura da Política».

«Ocupa o seu lugar na sucessão directa de poetas-críticos que incluem Sidney, Ben Jonson, Dryden, Samuel Johnson, Coleridge e Arnold.» [F. O. Matthiesen]


«Foi o mais talentoso e mais influente crítico literário em Inglaterra no século XX.» [Hugh Kenner]

22.4.19

Sobre À Beira Do Mar De Junho, de João Miguel Fernandes Jorge




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: À Beira Do Mar De Junho, de João Miguel Fernandes Jorge

«Que nenhuma coisa
nem a fuga da ave
nem as ofertas do ouro
nem a morte

descanse os teus lábios.»


Um episódio luminoso na já vasta obra do autor.

Sobre Crónicas do Mal de Amor, de Elena Ferrante




«Ferrante disse que gosta de escrever histórias “em que a escrita é clara, honesta, e em que os factos — os factos da vida normal — prendem extraordinariamente o leitor”. Com efeito, a sua prosa possui uma clareza despojada, e é muitas vezes aforística e contida (…). Mas o que os seus primeiros romances têm de electrizante é que, ao acompanhar complacentemente as situações desesperadas das suas personagens, a própria escrita de Ferrante não conhece limites, está ansiosa por levar cada pensamento para diante, até à sua mais radical conclusão, e para trás, até à sua mais radical origem. Isto é sobretudo óbvio na forma destemida como os seus narradores femininos pensam sobre filhos e sobre maternidade.» [Do Prefácio de James Wood]

18.4.19

Sobre «As Pessoas Felizes», de Agustina Bessa-Luís



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: As Pessoas Felizes, de Agustina Bessa-Luís (Prefácio de António Barreto)

«As relações entre homens e mulheres estão no centro do mundo agustiniano. Em 1974, já muito tinha mudado sem que os revolucionários soubessem. Mas Agustina sabia. E as suas personagens também. Umas eram ou pensavam que eram pessoas felizes. Outras, porque já sabiam que as coisas tinham mudado, viviam inquietas e inseguras. A protagonista deste romance, Nel, é uma mulher que não é feliz do mesmo modo que os outros, homens e mulheres, mas que quer ser feliz, para o que terá de deixar de ser aquilo a que estava destinada. Há qualquer coisa de premonitório neste romance. Pelos costumes das pessoas, pelos sentimentos, pelas relações entre parentes e familiares, percebe‑se que já muita coisa mudou ou está em mudança antes mesmo de a revolução acontecer. A revolução, aliás, é o coroar de um processo de mudança, mais do que o seu começo. Em algo de essencial, de fundamental, isto é, nos sentimentos, as coisas já eram diferentes antes de 1974.» 
[Do Prefácio de António Barreto]

12.4.19

Sobre «Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul», de Alexandre Andrade


Alexandre Andrade em entrevista à revista Novos Livros, a propósito do seu último livro Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul:

“Quis escrever contos sobre as cores e a maneira como afectam a vida das pessoas, tentando tratar de forma equivalente as reacções mais viscerais e as mais intelectuais, o sensorial e o símbolo: em ambos os casos, quis mostrar personagens imensamente vulneráveis e envolvidas em combate desigual.”

http://www.novoslivros.pt/2019/04/alexandre-andrade-todos-nos-temos-medo.html






11.4.19

Sobre «Kudos», de Rachel Cusk




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Kudos, de Rachel Cusk (trad. Ana Falcão Bastos)

Uma mulher num avião escuta o desconhecido sentado a seu lado que lhe revela a história da sua vida: o seu emprego, o casamento e a angustiante noite que acabara de passar a enterrar o cão da família.
Esta mulher é Faye, que está a caminho da Europa para promover o seu livro, acabado de publicar. Assim que aterra, as conversas que tem com as pessoas que conhece — sobre arte, família, política, amor, tristeza e alegria, justiça e injustiça — suscitam as perguntas mais abrangentes que o ser humano pode fazer. Estas conversas, sendo a última com o seu filho, levam Faye a uma conclusão bela mas dramática.
Kudos completa de uma forma exuberante a trilogia de Rachel Cusk, iniciada com A Contraluz e Trânsito.

Nomeado um dos melhores livros do ano pelo The Guardian, o The Times Literary Supplement, a The New Yorker, o The New York Times e o Financial Times.

«No seu esforço de expor as ilusões da ficção e da vida, Cusk poderá ter descoberto a forma mais genuína de escrever hoje um romance.» [The Atlantic]

«Rachel Cusk é comparável a escritores como J. M. Coetzee e Philip Roth.» [The New York Times]

«Kudos atinge uma espécie de perfeição formal.» [Sally Rooney]





10.4.19

Sobre "Pintado com o Pé", de Djaimilia Pereira de Almeida


 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Pintado com o Pé, de Djaimilia Pereira de Almeida

A primeira parte deste livro reúne textos dispersos, escritos pela autora entre 2013 e 2019 e que vão da crónica ao conto e ao ensaio breve.
Os temas são tão diversos como “A angústia de não ler o suficiente”, “Vida adulta”, “Uma fotografia com Mariam”, “Canção de um mundo que persiste”, “Longe da praia”, “Pensar com as mãos”, “Direito de desaparecer”, “Morrer pela primeira vez” ou “Chegar atrasado à própria pele”, e ainda vários outros.
A segunda parte é formada por dois ensaios, “Inseparabilidade” e “Amadores”.

9.4.19

Sobre A Invenção da Modernidade, de Charles Baudelaire




«Ao contrário do que é costume na maior parte das antologias de Baudelaire, que tende a separar a crítica de arte da crítica literária, procedi a uma justaposição dos textos sobre arte, literatura e música. Esta justaposição não é mais do que o reconhecimento do modo como Baudelaire transita de um campo artístico para outro, procurando analogias e correspondências (no sentido horizontal, sinestésico, da relação entre os sentidos), que o uso de designações cruzadas entre poeta e pintor exemplifica. “M. Victor Hugo est devenu un peintre en poésie; Delacroix […] est souvent […] un poète en peinture” (Salon de 1846).
O que esta antologia procura mostrar é, pois, um pensamento em processo — e isto é moderno.» [Da Introdução]


Este volume reúne os seguintes ensaios: «Salão de 1846» (excertos), «Da Essência do Riso», «Exposição Universal — 1855 — Belas-Artes», «Edgar Poe, a Sua Vida e as Suas Obras», «Novas Notas sobre Edgar Poe», «Madame Bovary de Gustave Flaubert», «Théophile Gautier», «Salão de 1859», «Richard Wagner e Tannhäuser em Paris», «Reflexões sobre Alguns dos Meus Contemporâneos» (selecção), Carta-Prefácio de Le Spleen de Paris», «O Pintor da Vida Moderna», «Projectos de Prefácios para As Flores do Mal».

Entrevista de Gonçalo M. Tavares, no Expresso




«A ideia de estar isolado tornou-se rara», diz Gonçalo M. Tavares em entrevista a Cristina Margato, no Expresso.

«— E porque escreve?
— A escrita resulta da necessidade de isolamento, e a leitura também está ligada a essa necessidade. Hoje, escrever ou ler é quase um luxo. É ficar só, sem ninguém à volta, sem estar ligado à internet. A ideia de estar isolado tornou-se rara.

— Escrever é um tipo de prática espiritual ou de fé?
— Não diria isso, mas nas sociedades “supertecnológicas” quem consegue passar três ou quatro horas sozinho, sem estar ligado à internet, está a introduzir ou a manter séculos passados no século XXI. É como se a pessoa transportasse uma mochila às costas e levasse nela o século XVIII ou o século XIX — os últimos em que a presença corporal era o essencial. Hoje, ler e escrever são quase processos de resistência, revolucionários. Não estar ligado à internet, estar sozinho, implica ultrapassar uma quantidade de obstáculos. Não sendo a escrita um processo espiritual é um processo de abdicação. O contacto com a internet é o mais fácil. […]

— Dá aulas. Seria um escritor a cem por cento se pudesse?

— Não. Gosto muito do contacto com as pessoas, e também não é bom depender apenas da literatura ou da arte. Para mim, o espaço da arte é o da liberdade absoluta. Faço o que tenho necessidade e nunca imponho outro critério que não seja o da liberdade, o da vontade, o da necessidade. Quando revejo, por exemplo, corto, corto e corto. E altero. Às vezes estou a cortar frases e sinto que esse corte vai eliminar cem leitores, e mais outro, e já perdi mais 20 leitores, porque o texto se torna mais denso. Se eu por acaso dependesse economicamente da literatura provavelmente iria pensar: “Será que corto?” E eu corto mesmo muito.» [Gonçalo M. Tavares em entrevista a Cristina Margato, E, Expresso, 6/4/2019]

Sobre A Luz da Guerra, de Michael Ondaatje




«“Um livro de memórias é a herança perdida.” A mão que escreve estas palavras procura resgatar ao tempo os enigmas de uma infância e adolescência perdidas, no rescaldo de uma guerra que lhe roubara os pais e o lançara a ele e à irmã num labirinto de sombras. O escritor canadiano alcança neste livro uma subtileza de expressão, numa história extraordinária, onde o sigilo e a reserva recobrem cada página. […] Assumindo-se como peregrino de si mesmo, o que resta é uma melodia solitária e melancólica. Uma obra-prima.» [José Guardado Moreira, E, Expresso, 6/4/19]


De Michael Ondaatje, a Relógio D’Água editou também O Doente Inglês.

8.4.19

Sobre As Novas Rotas da Seda, de Peter Frankopan




«Antes de o leitor pensar que estamos perante mais um livro que repete opiniões já muitas vezes ouvidas sobre uma criatura fatalmente comentável, diga-se que a abordagem de Frankopan se torna interessante justamente pela perspetiva de base que ele adota: o centro do mundo já não está no Ocidente, pesem todos os sentimentos mal avisados de nostalgia que volta e meia ressurgem, e dos quais Trump é um sintoma. Mal avisados, entre outras razões, porque a realidade nunca foi tão idílica como se julga, embora um estado de ignorância crassa possa levar a dizer isso. Os efeitos dessa irresponsabilidade são considerados em relação às alianças que ele proporciona ou reforça (entre a Turquia e o Irão, por exemplo) e aos riscos que certas ações potenciam (uma crise económica na China levaria a uma crise internacional de vastíssimas proporções). Frankopan está muito longe de ser um apologista da China, e muito menos um apologista cego. A Iniciativa Faixa e Rota (IFR), que integra um projeto maciço de construção de infraestruturas em muitos países, além das questões de influência política traz problemas graves de endividamento. Também potencia a corrupção, com o esbanjamento e a incompetência épica que ele costuma proporcionar — vejam-se os motivos triviais de exibicionismo que os próprios responsáveis locais alegaram para justificar o gasto de 1,5 mil milhões de dólares num porto novo em Turkmenbashi, no Turquemenistão.» [Luís M. Faria, E, Expresso, 6/4/2019]

Sobre No Verão, de Karl Ove Knausgård




«No Verão, último volume da série dedicada às estações, adensa esse exercício de metamorfose literária. Pensado como uma carta dirigida à filha recém-nascida, é um relato microscópico e obsessivo, mapa de todos os elementos (relevantes ou acessórios) do mundo.
Knausgård acompanha, como nos outros títulos da série, os ritmos do ano, explorando, aqui, o que singulariza o tempo estival. Mais do que descrever, interessa-lhe interpretar, propor inesperadas analogias que, envoltas numa prosa intensa e expressiva, aprisionam o leitor. A vida sublimada.» [Luís Ricardo Duarte, Visão, 1/4/2019]

Sobre O Prelúdio, de William Wordsworth




«Nos inícios do século XIX, Wordsworth atingirá o auge da sua carreira poética. Com a sua obra, incluindo os treze livros iniciais de O Prelúdio, chama a atenção de Sir Walter Scott e Thomas de Quincey, com quem estabeleceu laços de amizade. Keats visita-o em 1818 e sente-se consternado ao descobrir que Wordsworth estava bem longe do radicalismo da sua juventude, pois chegava a fazer campanha para as eleições a favor dos conservadores. Esta posição política de Wordsworth deu origem a um certo desencontro ou desentendimento entre ele e a segunda geração dos românticos.
O Prelúdio insere-se na tradição da autobiografia confessional de vários autores de narrativas do século XVIII, surgindo como uma narrativa onde o poeta, além de referir acontecimentos da sua vida desde a infância, relata também eventos históricos. É assim um testemunho do seu tempo e, em simultâneo, do seu desenvolvimento espiritual e intelectual. Possivelmente constituiria, tal como o título sugere, uma introdução para um outro poema, intitulado The Recluse, que, segundo os planos de Wordsworth, seria uma longa composição filosófica; mas nunca chegou a terminar tal obra, tendo apenas sido editados alguns poemas que fariam parte dela.
De acordo com o plano inicial, The Poem — como então era designado O Prelúdio pelo poeta e por Coleridge — não devia exceder os cinco livros, mas o desenvolvimento da narração, o dramatismo das emoções profundas que o percorrem — a viagem pelos Alpes, a estadia em Londres e na França da Revolução Francesa, a sua crise moral e política — constituíram um forte apelo para prolongar o poema, embora tivesse interrompido a sua escrita durante vários anos.

Só após a morte de Wordsworth em 1850 é que surgem os catorze livros com o título The Prelude, atribuído pela sua mulher Mary Wordsworth.» [Do Prefácio]

Sobre Conflito Interno, de Kamila Shamsie




«Conflito Interno, que esteve na lista de finalistas do Man Booker Prize [de 2017], é um romance sobre a lealdade familiar, o poder manipulador da sexualidade e o lugar dos muçulmanos num mundo que os olha com desconfiança.» [John Boyne, Irish Times, 26/8/2017. Texto completo aqui.]

5.4.19

Sobre Poemas, de A. C. Swinburne




«Swinburne é um poeta de lirismo exaltado e frenético, que não está interessado na realidade humilde e decente que os artistas franceses contemporâneos procuram com obstinação e paciência; em vez disso, ele empenha-se na descrição de sonhos e pensamentos subtis que às vezes são engenhosos e grandiosos, às vezes inflados, mas ainda assim magníficos .» [Guy de Maupassant]

Livros da Relógio D'Água sugeridos para leitura de Primavera




«O Susto», de Agustina Bessa-Luís, e «No Verão», de Karl Ove Knausgård, seleccionados pela «Visão» para leituras de Primavera. Para ler aqui.


4.4.19

Sobre Açores — O Canto das Ilhas, de Carlos Pessoa




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Açores — O Canto das Ilhas, de Carlos Pessoa

«Por mim, o gran finale desta viagem pelo arquipélago dos Açores poderia ocorrer com o observador confortavelmente sentado, e por fim serenado, na esplanada exterior do hotel Azoris Faial Garden, na Horta, tendo a piscina suspensa à sua frente e contemplando, no dia que lentamente se extingue, a montanha do Pico para lá do canal, deixando-se fundir com o ocaso solar e aspirando os matizes de luz e cor reflectidos na encosta, enquanto a constante dança das nuvens molda uma e outra e outra vez o maciço rochoso, num movimento incessante de ocultamento e desvelamento da própria montanha, até que a noite caia.
(…)

[A]percebe-se da suspensão do tempo, a imobilidade eterniza-se, a emoção irrompe, tudo ao mesmo tempo, num turbilhão perturbador e único. Enquanto isso, o Sol desce para o ocaso, lá longe na imensidão do mar das Flores, e as luzes vibrantes do dia prestes a terminar ajudam a instalar um estado de excepção, que é a expressão sublime da transcendência na vida, descobrindo, possivelmente pela primeira vez, que só assim ela vale a pena ser vivida.»

Sobre Anne das Empenas Verdes, de L. M Montgomery




«É um milhão de vezes melhor ser a Anne das Empenas Verdes do que a Anne de nenhum sítio em especial.»


Quando Anne Shirley chega a Avonlea surpreende toda a gente e abala a calma do lugar. Mas rapidamente a sua imaginação fértil a deixa em apuros…

Sobre O Vale dos Assassinos, de Freya Stark




Freya Stark viajou a pé, de burro, de camelo e automóvel para chegar à antiga fortaleza de Alamut, descrita por Marco Polo, situada no vale da sociedade secreta dos Assassinos.
Na ausência de mapas da região, Stark convenceu um guia local a conduzi-la através de montanhas e planícies até encontrar a fortaleza coberta de tulipas. Após a viagem, elaborou o primeiro mapa da área.

O Vale dos Assassinos é a viagem a um mundo que hoje só podemos visitar em livro.

Sobre Ressurgir, de Margaret Atwood




Ressurgir é o segundo romance de Margaret Atwood e nele são já visíveis os traços essenciais da sua ficção.
Uma jovem mulher viaja até à remota ilha da sua infância, com o companheiro e um casal amigo, para investigar o misterioso desaparecimento do seu pai. Após a chegada à ilha, antigos segredos afloram à superfície do lago que os rodeia, com objetos nele afundados. 
Imersa nas suas memórias, a narradora compreende que regressar a casa é não apenas voltar a outro lugar, mas também a outro tempo. E depois de descobrir uma caverna submersa com pinturas rupestres, imagina-se em fusão anímica com a natureza. 

Ressurgir é um romance preocupado com as fronteiras da língua, da identidade nacional, da família, do sexo e dos corpos, tendo como pano de fundo um Canadá rural, transformado pelo comércio, a construção, o turismo e a engrenagem dos média. 

Livro disponível em https://relogiodagua.pt/produto/ressurgir/

3.4.19

Sobre Moderato Cantabile, de Marguerite duras




«— O que quer dizer moderato cantabile?
— Não sei.»
Uma lição de piano, uma criança teimosa, uma mãe que ama o filho, não há expressão mais autêntica da vida tranquila numa cidade da província. Mas um súbito grito vem rasgar a trama, revelando sob a contenção de uma narrativa de aparência clássica uma tensão que vai crescendo até ao paroxismo final. 

«Porque é que o grito súbito de uma desconhecida e a visão do seu corpo ensanguentado perturbaram de tal modo Anne Desbaresdes, que é uma mulher jovem e rica, ligada apenas ao seu filho? Porque é que voltou ao café do porto, onde o cadáver da desconhecida desabara ao cair do dia? Porque é que interroga um outro desconhecido, Chauvin, uma testemunha como ela? Uma estranha embriaguez apodera-se dela, os copos de vinho que pede, e que bebe lentamente, são apenas pretextos. Volta todos os dias ao local do crime que outra pessoa cometeu e de cada vez interroga mais, fala um pouco mais longamente.» [Dominique Aury]

«Moderato Cantabile poderia definir-se como sendo Madame Bovary reescrito por Béla Bartók, se não se tratasse, antes de mais, de um romance de Marguerite Duras (que não se parece com ninguém) e do seu melhor livro (o que é dizer muito).» [Claude Roy]

Sobre Tchékhov na Vida, de Ígor Sukhikh




«A estes trechos juntam-se linhas de contos e peças que espelham aquilo de que Tchékhov fala e ainda frases do que se escreveu sobre ele. Textos assinados por biógrafos, amigos, colegas: antes e depois da sua morte. Tudo junto, ficamos entre mãos com uma enciclopédia sobre Tchékhov. Uma declaração de amor tão larga como a vida. São 50 entradas onde se fala de tudo, desde o poder ao dinheiro, passando pela fé e pela medicina. No capítulo “Visão do Mundo”, Maksim Gorki defende Tchékhov daqueles que o acusam de não ver além do seu umbigo: “A maioria de nós, os humanos, tem uma visão do mundo precisamente idêntica à das baratas, ou seja, fica metida num lugar quentinho, mexe as antenas, como pão e procria baratas.” Em 1894, Tchékhov escreve a Suvórin, um amigo: “Pergunta ‘o que deve o homem russo desejar agora?’ A minha resposta é: deve desejar. Precisa, antes de mais, de desejos, de temperamento. Estamos fartos de moleza.” Numa carta ao seu grande amor, Olga Knipper, assume um tom mais prosaico: “Perguntas-me: o que é a vida? É o mesmo que perguntar: o que é  a cenoura? A cenoura é a cenoura, e não se sabe mais nada.” Para quem ama Tchékhov, há um antes e um depois da leitura deste livro.» [Rui Lagartinho, Expresso, E, 30/3/2019]

2.4.19

Lourença Baldaque serve de guia para o mundo de Agustina





«Onde está Agustina? De uma pergunta surge uma busca para encontrar o mundo de uma das mais reputadas escritoras portuguesas. Pela voz da neta, Lourença, seguimos numa viagem pelo mundo da autora de ‘A Sibila’: na casa que construiu, ao lado das memórias e dos mistérios de uma mulher ausente desde 2006 — mas ainda atenta a tudo e a todos.

— E quem é a avó da Lourença?
— É a mesma pessoa. Embora haja um lado privado de Agustina. A minha avó foi sempre uma mulher muito privada — esse lado eu também o conheço, mas não totalmente: há coisas da vida da minha avó às quais nem eu tenho acesso; acho que nem quero ter acesso, acho bom que as pessoas tenham os seus mistérios também e a Agustina tem essa aura de mistério na vida dela e na sua personagem literária; e eu penso que é isso que dá densidade também à sua obra, ou à obra de um artista que consegue preservar esse tal mistério.
É uma avó generosa, é uma avó dura também. Muitas vezes foi um bocado dura. É uma avó que diz o que pensa. Uma avó presente, uma avó... Enfim, que tem muita estima pelos netos e pela família.
— E qual é o porto e o Porto de Agustina Bessa-Luís?
— O porto seguro de Agustina acho que é a sua casa, na cidade do Porto. Foi aqui que escolheu viver. Já vive em permanência na cidade do Porto desde os anos 1960 — teve um período em que andou um bocadinho a escolher o sítio onde ia viver, ainda viveu uma temporada grande em Esposende, mas acabou por escolher o Porto e a cidade do Porto acho que representa para a minha avó a cidade de resguardo para poder criar e imaginar uma obra literária.

Uma cidade — e uma casa — onde pode ter o ambiente certo para poder ler, escrever e pensar toda uma obra.» [Entrevista de Lourença Baldaque a Pedro Botelho, Sapo24, 1/4/2019. Texto completo aqui.]

Livros a sair em Abril de 2019




1 — As Pessoas Felizes, de Agustina Bessa-Luís (Prefácio de António Barreto)
O prefácio é de António Barreto e a obra mostra a lucidez com que a autora de Fanny Owen abordou famílias burguesas nortenhas antes e logo após Abril de 1974.

2 — Trajectos Filosóficos, de José Gil
Em breves ensaios, segue-se o deslizar de certas ideias — como a subjectividade populista ou o tempo da meditação Zazen — segundo linhas improváveis mas rigorosas. Acompanhando o movimento interno dos conceitos, o autor procura responder à pergunta: como se move o pensamento filosófico?

3 — À Beira Do Mar De Junho, de João Miguel Fernandes Jorge
Um episódio luminoso na já vasta obra do autor.



4 — Pintado com o Pé, de Djaimilia Pereira de Almeida
A autora de Luanda, Lisboa, Paraíso persegue, nas suas crónicas e breves ensaios, os fios da memória e as ligações afectivas e familiares como mais ninguém o faz. O livro é completado com dois ensaios mais desenvolvidos, Amadores e Inseparabilidade.



5 — Kudos, de Rachel Cusk (tradução de Ana Falcão Bastos)
É uma das autoras que, com Alice Munro, Margaret Atwood e Michael Ondaatje, colocou a literatura canadiana num lugar de destaque. Tal como em Trânsito, mostra-se capaz de romper com os moldes estabelecidos sem se perder em inovações estéreis.

6 — Tu Sabes que Queres, de Kristen Roupenian (tradução de Alda Rodrigues)
“Amante de Gatos”, um dos contos do livro, foi em 2017 o mais lido, tanto online como em papel, da The New Yorker. Recebeu elogios do The Washington Post. Segundo a The Atlantic, o conto capta o medo de se ser uma jovem mulher a viver em 2017, o que, entre outras coisas, implica uma desesperante necessidade de ser boa e simpática a todo o custo. O livro será adaptado a série de televisão pela HBO.

7 — Açores — O Canto das Ilhas, de Carlos Pessoa
Numa colecção de viagens publicada em Portugal, não podia faltar um volume sobre os Açores. É escrito por um jornalista que percorreu e viveu as suas ilhas em tempos e modos muito diversos.

8 — Pensamentos, de Blaise Pascal (Introdução de T. S. Eliot e tradução de Miguel Serras Pereira)
«Pascal oferece muito sobre que o mundo moderno faria bem em pensar. E de facto, por causa da sua combinação e equilíbrio únicos de qualidades, não sei de nenhum escritor religioso mais pertinente para o nosso tempo.» [Da Introdução de T. S. Eliot]

9 — Ensaios Escolhidos, de T. S. Eliot (tradução de Maria Adelaide Ramos)
Este livro reúne alguns dos mais importantes textos de ensaio e crítica literária escritos por Eliot entre 1917 e 1962.

10 — Party e A Casa, de Agustina Bessa-Luís (Prefácio de António Preto para A Casa)

11 — Ver Uma Mulher, de Annemarie Schwarzenbach (tradução de Isabel Castro Silva)
Esta novela foi escrita pela autora aos 21 anos e narra a atracção amorosa entre duas mulheres, revelando uma coragem rara na época.

12 — Mataram a Cotovia — Romance Gráfico, de Harper Lee (adaptado e ilustrado por Fred Fordham)


13 — Chico Caramelo e as Suas Ferramentas, de Chris Monroe (tradução de Maria Eduarda Cardoso)