28.4.17
Sobre William Shakespeare
«A Relógio D’Água publicou quatro peças de William Shakespeare de uma assentada: Sonho de Uma Noite de Verão, O Rei Lear, Timão de Atenas e Tito Andrónico. A leitura da primeira das peças dá razão aos que a consideram um dos maiores momentos de Shakespeare: um triunfo do cómico e da melancolia.» [Revista Ler, Primavera 2017]
27.4.17
Marlon James em entrevista
«Não há silêncio em Breve História de Sete Assassinatos, romance que valeu o booker a Marlon James. É uma escrita dura, crua, política porque não pode ser de outra forma quando sair de quem cresceu no medo, na Jamaica dos anos 70 e 80. Numa conversa a partir de Minneapolis, onde vive, o escritor pede que não procurem a sua biografia neste livro e lamenta não ter podido votar na América.
O sorriso não é uma expressão frequente no rosto de Marlon James. Há um misto de serenidade e inquietude no modo como se ajeita na cadeira, escuta as palavras, ou fala, ajeitando as mechas da sua longa cabeleira rasta. Tem os braços apoiados na secretária, um computador `ªa frente e uma caneca que leva à boca enquanto ouve o interlocutor num início de conversa feita por Skype. É para quebra gelo: “Confessou ao Guardian ser um nerd e a revista Rolling Stone chama-lhe rebelde. Quem é,. afinal, Marlon James?” Sorri então abertamente, pousa a caneca e responde: “Continuo um nerd, mas não sei nada de rebelde.”
Socialmente desajeitado — ou melhor, desinteressado —, o vencedor do Man Booker Prize em 2015 diz que continua solitariamente a ler, “a investigar temas sem qualquer aplicação prática”, a interessar-se “por coisas pelas quais a maior parte das pessoas não se interessa”, a “idolatrar” os seus autores, Gabriel García Márquez, William Shakespeare, Charles Dickens, Toni Morrison, José Saramago, escritores que lhe ensinaram as bases e também a “subversão de regras” na literatura, que o romance não tem de ser escrito segundo os mandamentos vitorianos que foram a base da sua educação literária. “continuo a achar que essa é a minha herança, a do romance vitoriano, mas o que me interessa autor é poder inovar a partir daí.” Mas um nerd sobretudo por tentar fazer o que lhe dá prazer “sem pensar na aprovação ou na utilidade” desses atos, mesmo que isso o afaste dos outros. Conta que em miúdo passava horas a ler e a desenhar e era um desastre nos desportos, o que lhe valia a reprovação dos colegas de escola. Chamavam-lhe ofensivamente… nerd. Ri. “Isso não me fez mudar porque há em mim, como em toda a minha família, uma espécie de necessidade de reinvenção que se calhar vem dessa ‘nerdice’”, ou seja, por tentar fazer o que lhes dá exaltação. “O meu pai tem mudado de profissão toda a vida. recentemente decidiu tornar-se juiz. E eu também não estou onde estavam, mas continuo um nerd.”» [Entrevista de Isabel Lucas, Ler, Primavera 2017]
18.4.17
A chegar às livrarias: O Sul seguido de Bene, de Adelaida García Morales (trad. de Hélia Correia)
Este volume inclui duas novelas, a primeira das quais, O Sul, deu origem a um filme realizado por Víctor Erice.
Tanto O Sul como Bene se caracterizam por um magnetismo narrativo baseado na especial capacidade de Adelaida García Morales para envolver numa aura de mistério a ausência de personagens masculinas ausentes.
Movendo-se no território da pureza amoral da adolescência, as narrativas percorrem caminhos pouco habituais na ficção espanhola.
Como escreveu Ángel Fernández-Santos, «O Sul é uma das narrativas de amor mais originais na sua poderosa simplicidade».
17.4.17
A chegar às livrarias: Frankie e o Casamento, de Carson McCullers
É com delicadeza, humor e emoção que Carson McCullers narra um fim de semana na vida de uma rapariga de doze anos sem mãe. Em apenas algumas horas, Frankie, uma maria-rapaz, revela todas as suas fantasias durante o casamento do irmão mais velho. É depois, a uma luz perigosa, que o leitor tem acesso à mente de uma criança devastada entre o anseio de pertencer e o impulso de fugir.
Este romance esteve na origem de uma peça de teatro premiada e de um filme.
«Um estudo maravilhoso sobre a agonia na adolescência.» [Detroit Free Press]
13.4.17
A chegar às livrarias: Anne das Empenas Verdes, de L. M. Montgomery (trad. de Maria Eduarda Cardoso)
«É um milhão de vezes melhor ser a Anne das Empenas Verdes do que a Anne de nenhum sítio em especial.»
Quando Anne Shirley chega a Avonlea surpreende toda a gente e abala a calma do lugar. Mas rapidamente a sua imaginação fértil a deixa em apuros…
A chegar às livrarias: Cinco Contos sobre Fracasso e Sucesso, de Alexandre Andrade
Este livro reúne contos em que as personagens oscilam entre o sucesso e o fracasso, com predomínio deste último.
No primeiro, que descreve o projecto malogrado de restauração de um fresco em Itália, o fracasso é anunciado num resumo que antecede o conto propriamente dito, para evitar expectativas exageradas por parte do leitor.
Segue-se «Problema por Resolver», onde as perguntas inesperadas deixam pouco espaço para as respostas definitivas sussurrarem a sua existência, nessa rua Castilho onde Vera Nautilus desempenha a função de telefonista numa agência matrimonial.
Nos três contos finais, cita-se Hölderlin, joga-se ténis, e as personagens continuam de candeias às avessas com um mundo que ora é misterioso, ora é demasiado legível.
12.4.17
Sobre Poemas Escolhidos, de Yorgos Seferis
«Yorgos Seferis (1900-1971) escreveu num dos seus lúcidos ensaios que há duas espécies de helenismo: o “helenismo europeu” e o “helenismo grego”. Queria com isso dizer que “a Grécia” é uma civilização da Antiguidade, longínqua, e que nos últimos séculos foram as outras nações europeias que desenvolveram os temas helenísticos, enquanto os gregos se tornavam culturalmente irrelevantes. Para um grego, portanto, a “sua” tradição é também uma tradição estrangeira, glosada e reformulada pelos “outros”, de Dante e Eliot.
(…)
De modo que não via a mitologia e a geografia gregas como um estratagema discursivo, imagético, mas como uma experiência do tempo passado vivida no tempo presente, que é com frequência uma waste land (e nem faltam as notas eliotianas de fim de página).
Esta antologia breve de uma obra breve é eficaz na apresentação do Nobel de 1963 enquanto “diarista de bordo”, histórico e trans-histórico, situado mas universal.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 8/4/2017]
Bob Dylan em discussão no Palácio Fronteira
O Grupo de Leitura “O Nobel revisitado: Três géneros e três autores premiados”, propôs o comentário de obras de três de autores galardoados com Prémio em três géneros diferentes: um romance de Ohran Pamuk (2006) um livro de contos de Alice Munro (2013) e um ensaio da autoria de Svetlana Aleksievitch (2015).
Anuncia-se agora uma sessão extraordinária, dedicada ao vencedor do Prémio Nobel de Literatura de 2016, Bob Dylan.
A sessão terá lugar no Palácio Fronteira, no dia 20 de Abril, às 19:00, e a poesia e a música de Bob Dylan serão apresentadas por Pedro Pyrrait.
As inscrições são gratuitas e obrigatórias.
Do último Prémio Nobel de Literatura, a Relógio D’Água publicou Canções I e II, Tarântula e Crónicas, volume 1.
11.4.17
Sobre Crónica de Um Vendedor de Sangue, de Yu Hua
«Yu Hua (n. 1960) é tido pelos conhecedores como um dos mais importantes escritores contemporâneos chineses. Autor de três romances, e de algumas colectâneas de contos e outras de ensaios, a sua obra está traduzida para várias línguas europeias; em 2002 tornou-se o primeiro escritor chinês a ser distinguido com o prestigiado James Joyce Foundation Award. O romance Crónica de Um Vendedor de Sangue — o primeiro título de uma série em que a editora Relógio D’Água promete publicar clássicos contemporâneos da literatura chinesa, traduzidos a partir do original — é considerado um dos dez livros mais influentes na China nas últimas décadas.
Crónica de Um Vendedor de Sangue é um retrato impiedoso da China comandada por Mao, mas descrevendo-a, e curiosamente, sem entrar de maneia óbvia e directa nos aspectos mais políticos dessa décadas. Xu Sanguan, o protagonista, trabalhava como distribuidor de casulos na fábrica de seda da cidade. Era um jovem de vinte anos por volta de 1950, filho, e decidiu que tinha chegado a altura de se casar. Mas com o ordenado que ganhava na fábrica de seda, dificilmente conseguiria manter uma família. Entretanto, na aldeia onde vivia um tio, ouviu dizer que os homens que não vendem sangue não arranjam mulher. “Se queremos casar ou construir uma casa precisamos do dinheiro do sangue. O que ganhamos da terra mal chega para matar a fome.”» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 7/4/2017]
10.4.17
Entrevista a Karan Mahajan
«O atentado bombista, a que o Sr. e a Sra Khurana não assistiram, foi um acontecimento arrasador e cheio de repercussões.” A primeira frase do livro põe o leitor perante o trauma que será o motor de A Associação das Pequenas Bombas (Relógio d’Agua), o segundo romance do indiano Karan Mahajan. Em Maio de 1996, o mercado de Lajpat Nagar, no sul de Nova Deli, foi alvo de um atentado terrorista. Treze pessoas morreram ao rebentar “uma bomba de pequena dimensão”. Entre as vítimas estavam os dois filhos do Sr. e da Sra. Kharana, dois rapazes de 11 e 13 anos. O amigo de ambos, Mansoor, ia com eles e sobreviveu, mas a sua existência passou a ser para sempre determinada por um antes e um depois da bomba.
É esta a tragédia definidora não apenas das suas vidas, mas de todo o livro que se estrutura à volta da impossibilidade do luto após um atentado terrorista. Não há luto possível para o terror porque há no terror qualquer coisa de global. A ideia atravessa o romance. “O bom atentado bombista começa em todo o lado ao mesmo tempo. Um mercado cheio de gente também começa em todo o lado ao mesmo tempo”, continua o livro que tanto se passa na intimidade de cada uma das personagens como se alarga, tentando conquistar o domínio universal.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 7/4/2017; entrevista a Karan Mahajan: https://www.publico.pt/2017/04/09/culturaipsilon/noticia/contra-o-olhar-miope-sobre-terrorismo-e-religiao-1767616 ]
Sobre Lincoln in the Bardo, de George Saunders
«Lincoln in the Bardo, o primeiro romance do escritor George Saunders (Amarillo, Texas, 1958), publicado nos Estados Unidos há menos de um mês, vai ter edição portuguesa pela Relógio D’Água.
Em menos de um ano, aquele que é um dos mais elogiados e criativos autores norte-americanos passa de inédito e quase desconhecido em Portugal para um dos autores mais disputados pelas editoras portuguesas. (…)
A Relógio D’água anuncia a publicação desse romance para os próximos meses de Maio ou Junho. A tradução será de José Lima e em português deverá chamar-se Lincoln no Bardo.
Passa-se num tempo muito diferente dos contos. Conhecido por ser um autor focado no quotidiano das classes média e baixa, que narra com recurso ao absurdo e a uma linguagem a desafiar clichés, Saunders situa este livro no século XIX, mais precisamente na morte do filho do presidente Abraham Lincoln. Estamos num cemitério, em Washington D. C., dominados pelo sentimento de perda, com Saunders a conseguir momentos de grande e devastador brilhantismo literário, com a consciência numa deambulação meio alucinada a deixar-se visitar por anjos e fantasmas. O homem na sua dor e na fantasia da sua mente.
Numa recente conversa com o Ípsilon, a propósito da publicação em Portugal de Pastoralia, Saunders contou que levou quatro anos a escrever Lincoln no Bardo, uma obra com menos recurso ao nonsense, mas onde a linguagem e a estrutura voltam a desafiar clichés. Fortemente influenciado por escritores como Raymond Carver ou David Foster Wallace, de quem foi amigo, George Saunders vai aos comportamentos subterrâneos para falar da essência.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 7/4/17]
7.4.17
Sobre Até já não É adeus, de Cristina Carvalho
«Na sua dupla qualidade de título e máxima, “Até já não É adeus” terá presságio e parémia do percurso da autora. Enquanto texto, quer pela sua extensão quer pela sua completude, poderia, como no caso de “Ana de Londres”, ganhar vida própria; enquanto alegoria de uma escrita, recupera e desenvolve um traço muito próprio, suficientemente impetuoso para — umas vezes melhor do que outras — se adequar ao espírito conturbado de um tempo que não tem suficiente espaço para o sortilégio e que no entanto o inventa.
Confesso que esta marca de autor me estimula e que é no conto que encontro a Cristina Carvalho que prefiro, quando a autora se permite conjeturar para lá do devaneio, no reverso de outros géneros que cultiva. É neste universo imagético que Cristina Carvalho constrói vidas em que dissimuladamente incrusta um sonho feito de quotidianos sórdidos, ou encantatórios, que interpelam quem corre o risco de a ler.» [Luísa Mellid-Franco, Expresso, E, 1/4/2017]
Sobre A Poesia como Arte Insurgente, de Lawrence Ferlinghetti
«Nos textos aqui reunidos, que se recusam a pousar em definitivo no aforismo, no poema, ou no manifesto, todo o discurso é utópico. Essa utopia consiste, fundamentalmente, em conceber o poético como suprema rebeldia, acção erguida e reerguida em permanente vigor, “primeira língua antes da escrita” (p.51). A poesia como figuração directa, implacavelmente próxima do pulsar das coisas. É toda a indignação do poeta que aqui reage contra um mundo estagnado e estéril. Dirigida contra consciências e corpos parados que esperam a morte — “A poesia não é uma ocupação sedentária, não é uma prática do género ‘sente-se, por favor’. Levanta-te e diz-lhes o que pensas.” (p.15) Qualquer um destes textos forma um clamor de rebelião que procura na poesia a expressão mais capaz da liberdade e da afirmação mais plena — “Os poemas são notícias sobre os confins mais distantes da consciência, vindos da sua fronteira em expansão” (p.53).» [Hugo Pinto Santos, Caliban, 5/4/17, texto completo aqui.]
Henry David Thoreau na Biblioteca Nacional
“Resistência Civil | Acordo com a Natureza: Bicentenário de H. D. Thoreau”, organizado pelo Grupo de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL) em parceria com a Biblioteca Nacional de Portugal, conta com uma exposição biblio-iconográfica e atividades que exploram a obra e as repercussões do autor.
A 10 de abril, a exposição abre com uma visita comentada, duas palestras e um debate que encadeará os elos do libertarismo, da ecologia, da objeção de consciência e do estilo e influência do poeta ensaísta e no qual participa Alda Rodrigues, tradutora de Walden e Ktaadn.
No dia 26 de abril, haverá um colóquio com comunicações académicas. Para finalizar, haverá leituras da obra do autor, havendo ainda o lançamento de um catálogo e do livro Nada Natural, do poeta Gary Snyder.
A chegar às livrarias: O Que Maisie Sabia, de Henry James (trad. de Daniel Jonas)
«Creio que a impressão que me deixaram essas atividades amorosas entre quatro pessoas adultas, observadas pelo frio olhar de uma espécie de Alice-no-país-das-maravilhas, foi sobretudo a de um romance mundano (…) quase perverso de tão engenhoso, singular pelo virtuosismo com que as personagens secundárias mudam de lugar em redor da pequena heroína, como os elementos de um corpo de baile ou de uma equação de álgebra.
(…) Na época em que James escreveu Maisie, ou seja, em 1897, ninguém se atrevia a explorar seriamente o campo da sexualidade infantil. Freud era conhecido apenas por alguns especialistas. No entanto, não podemos deixar de pensar que a sociedade bem-pensante havia arrumado a um canto o pecado original, e que Santo Agostinho teria ficado menos surpreendido do que os primeiros leitores de Maisie ao comprovar a tranquila naturalidade com que esta rapariga se movimentava no meio a que chamamos o “mal”.» [«Os Encantos da Inocência. Uma Releitura de Henry James», Marguerite Yourcenar]
6.4.17
Sobre A Crisálida, de Rui Nunes
«É outra coisa, no entanto, aquilo que se encontra em causa em Rui Nunes — um lance mais arriscado, uma interrogação sem piedade, uma recusa sem cedências, não apenas ao mundo mas, também, à própria língua. Chamemos-lhe, a título provisório, um resto, mesmo que isso mantenha alguma ambiguidade — o resto da história, por exemplo, que facilmente se encontra em diversos momentos dos textos de Rui Nunes, poderá ainda apontar para um lado redentor. Em Crisálida, Rui Nunes designa como “vulgaridades sem redenção” aquilo que, em última análise, constitui o seu pequeno objecto de experimentação.» [João Oliveira Duarte, Caliban, 3/4/17, texto completo aqui.]
Sobre Crónica de um Vendedor de Sangue, de Yu Hua
«Num mundo de pobres, trabalhadores agrários e operários, o acto de vender do próprio sangue pode ser a diferença entre passar fome ou viver desafogadamente. Quando o dinheiro adquirido através do suor de cada dia não chega para os mais básicos gastos, resta vender um pouco da própria vida para que aqueles que de nós dependem sejam capazes de sobreviver dignamente.
É neste contexto que vive Xu Sanguan, o protagonista de Crónica de um Vendedor de Sangue, de Yu Hua, título inaugural da série de livros agora criada pela Relógio d’Água, onde, além deste, serão publicados clássicos contemporâneos da literatura chinesa, todos traduzidos a partir da língua original, facto mais que louvável, dada a ausência, não apenas de traduções do original, como mesmo de literatura chinesa, no panorama editorial português.
(…)
Também da simplicidade do personagem principal nos chega o tipo de escrita de Yu Hua ao longo da obra. Simples e directa, mas, ao mesmo tempo, recheada de metáforas, parece ter um ritmo muito próprio que é difícil dizer se é unicamente obra do autor, ou também fruto da língua em que está escrita, a chinesa. Mas não é só na escrita que este livro é indissociável da China, e da sua cultura, ainda que a sua história concreta pudesse ser adaptada a muitos outros contextos. Apesar de tudo, foi inserida neste e, não sendo esse o foco da obra, o mesmo tem de ser tido em conta.» [Miguel Fernandes Duarte, Comunidade Cultura e Arte, 31/3/2017]
5.4.17
Elena Ferrante colabora na adaptação a série da sua tetralogia napolitana
«A HBO e o canal de televisão italiano RAI uniram-se na produção da adaptação da tetralogia da escritora napolitana Elena Ferrante ao pequeno ecrã.
A primeira série de oito episódios será sobre o livro “A Amiga Genial” e está já a ser escrita por Francesco Piccolo, Laura Paolucci e Saverio Constanzo, contando igualmente com a colaboração da escritora, cuja identidade real não se conhece até hoje. Segundo Constanzo, a colaboração de Ferrante será fundamental na adaptação do livro à televisão pois pode revelar, «na primeira pessoa, coisas que são muito íntimas, arriscadas, coisas que todos nós sentimos mas que temos receio de admitir». O realizador afirma ainda que irá realizar a série de TV como se de um grande filme de cinema se tratasse, dado o carácter cada vez mais cinematográfico das séries de TV atuais.
Como seria de esperar, a série será gravada em Itália com a produção da Wildside (que também produz a série “The Young Pope”) e da Fandango. Prevê-se que as filmagens comecem já este Verão, com o lançamento previsto dos primeiros episódios da série para 2018.
Os restantes livros da tetralogia, “História do Novo Nome”, “História de Quem Vai e de Quem Fica” e “História da Menina Perdida”, serão igualmente realizados por Constanzo, num total de 32 episódios.» [Comunidade Cultura e Arte: http://www.comunidadeculturaearte.com/obras-elena-ferrante-serie/ ]
Allen Ginsberg recordado no aniversário da sua morte
«Ginsberg ganhou a atenção do público em 1956, depois da publicação de Howl and Other Poems (na tradução portuguesa, Uivo e Outros Poemas), pela City Lights Books. Composto essencialmente por um longo poema, “Howl” (“Uivo”), o livro é um grito de raiva contra uma sociedade destrutiva e abusiva, que levou à loucura “as melhores mentes” da sua geração. Aclamado pela crítica, houve até quem chamasse a Howl um “evento revolucionário na poesia americana”. O poeta norte-americano Paul Carroll considerou-o um “marco desta geração”.
Apesar dos elogios rasgados de alguns críticos, Howl and Other Poems não escapou ao olhar atento das autoridades norte-americanas. Descrito como um livro “obsceno”, foi apreendido pelos serviços alfandegários e pela polícia de São Francisco e alvo de um longo processo por causa da sua linguagem alegadamente sexual. Lawrence Ferlinghetti chegou mesmo a ser preso.
(…)
A polémica acabou por ajudar a transformar “Howl” numa espécie de manifesto da Beat Generation. A verdade é que o poema de versos longos, ao jeito de Walt Whitman (poeta de que Ginsberg gostava particularmente), resume todos os ideias que escritores como Jack Kerouac e William Burroughs defendiam. Ideais que acabaram por marcar profundamente a cultura norte-americana das décadas de 1950 e 1960.» [Rita Cipriano, Observador, 5/4/2017]
Relógio D’Água continua edição das Obras Completas de Raul Brandão
As peças de teatro reunidas serão o próximo volume a publicar na colecção das Obras Completas de
Até agora a Relógio D’Água publicou Memórias (Tomos I, II e III), A Farsa, História Dum Palhaço e A Morte do Palhaço, Vida e Morte de Gomes Freire e El-Rei Junot, Os Pescadores e Húmus.
4.4.17
Hélia Correia em apresentação no King’s College
No dia 28 de Abril, Hélia Correia estará presente na apresentação de Feminine Singular, uma obra de ensaios sobre a variedade de escrita feminina no mundo luso-hispânico.
No livro, organizado por Maria-José Blanco e Claire Williams, analisa-se escritoras que escreveram ou expressaram a sua identidade através de diários, autobiografias, biografias, memórias, literatura de viagem, poesia ou formas de arte visual.
O epílogo do livro foi escrito por Hélia Correia, que participa na apresentação com a leitura de excertos da sua obra.
Sobre Para lá das Palavras, de Carl Safina
«Doutorado em Ecologia, Carl Safina viajou pelo mundo a observar de perto elefantes em África; lobos em Yellowstone; orcas no oceano Pacífico; etc. Neste livro, não só descreve as suas minuciosas observações como analisa o comportamento animal à luz do que vem sendo descoberto sobre o funcionamento dos cérebros não humanos. A resposta ao subtítulo (“o que pensam e sentem os animais”) deixa-nos entre a estupefação e o maravilhamento.» [Expresso, E, 1/3/2017]
3.4.17
A chegar às livrarias: Os Maias, de Eça de Queirós
Eça de Queirós foi o maior romancista português de sempre e Os Maias é a sua principal obra.
É certo que Jorge Luis Borges celebrou a sua novela O Mandarim como um magnífico conto fantástico e que Harold Bloom viu na ironia de A Relíquia a obra mais original do autor.
Mas a verdade é que sucessivas gerações de leitores e de críticos foram redescobrindo Os Maias como uma obra-prima, um livro sobre os costumes portugueses da época, mas sobretudo como um romance que encerra em si uma tragédia, a impossibilidade de um amor, tendo como pano de fundo um país em que o autor reconhece a impossibilidade das mudanças que o tornem europeu.
Os Maias foram escritos ao longo de oito anos e publicados em 1888. A revisão final foi feita no n.º 23 de Ladbroke Gardens, no bairro londrino de Notting Hill, quando Eça era cônsul em Bristol.
Após a publicação de Os Maias, surgiram na imprensa críticas desencontradas. Uma das mais negativas foi de Fialho de Almeida, autor de Contos e de A Cidade do Vício, que é reproduzida nesta edição, bem como a resposta que Eça lhe deu.
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