No suplemento
Atual do Expresso de 14 de Dezembro, José Mário Silva escreveu sobre As Longas
Tardes de Chuva em Nova Orleães, de Ana Teresa Pereira: «As atmosferas são as
mesmas, o que se passa no interior das personagens, apesar de todos os ecos e
simetrias, é sempre diferente. E o desenlace também. Desta vez, numa trama que
mais para o fim se aproxima das ambiguidades identitárias de Inverness
(2010), há algo que se quebra e se perde. Lá onde os atores exibem “os ossos” e
arriscam mostrar tudo o resto (“a sua ternura e a sua dignidade, e a sua
embriaguez, e o seu desespero”), um gesto de recusa separa a ficção da
realidade. O que unia as personagens, o que as distinguia dos demais, era algo
de muito frágil, “como o fio de uma teia de aranha”. Ser outro é um processo “delicado”
que de repente pode “desfazer-se no ar”. Subtil, Ana Teresa Pereira mostra-nos,
em surdina, essa impalpável tragédia.»
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