31.1.12

A Chegada de Twainy apresentado no Espaço Llansol




O livro A Chegada de Twainy, com texto de Hélia Correia e ilustrações de Rachel Caiano, vai ser apresentado no próximo dia 11 de Fevereiro, sábado, às 15h30, no Espaço Llansol — Associação de Estudos Llansolianos, na Rua Dr. Alfredo Costa, n.º 3, 1.º E e F, em Sintra (junto à Câmara Municipal).
Hélia Correia irá explicar a génese do livro, que será apresentado pela Professora Albertina Pena. Rachel Caiano orientará uma oficina de ilustração para crianças.
Haverá ainda leitura de excertos do livro pela actriz Inês Nogueira e música feita por jovens intérpretes.

30.1.12

A Relógio D'Água no Atual de 28 de Janeiro de 2012




No suplemento Atual do Expresso de 28 de Janeiro, Manuel de Freitas escreve sobre O Lago, de Ana Teresa Pereira: «Aos que pudessem achar que a escrita da autora se estava a enredar de modo quase previsível nas suas próprias obsessões, O Lago vem provar que não é exatamente assim. O deserto cresce, confundindo-se com a neve, e a trama deste livro resume-se ao encontro entre um dramaturgo/autor e uma “dançarina ferida” que, ao tornar-se atriz e amante do primeiro, se coloca à mercê de um deus sinistro, alguém que só podia amar “um ser criado para ele” e que “não separa o palco da vida”.»

24.1.12

Mademoiselle Fifi e Contos da Galinhola, de Guy de Maupassant



Mademoiselle Fifi não é uma jovem francesa, mas a alcunha de um oficial do exército prussiano que invade a França em 1870.
Durante algum tempo a sua perversa brutalidade desfaz todos os obstáculos que lhe surgem no caminho. Mas um dia, em que partilha com outros oficiais a rotina dos vencedores, decide organizar uma festa com prostitutas normandas. E é então que lhe surge a inesperada resistência dos vencidos.
Neste livro, José Saramago traduz trinta e cinco contos de Guy de Maupassant. E, como escreve no prefácio, que fez para os Contos e Novelas do autor de Horla e A Casa Tellier: «Maupassant agita-se neste mundo de dor, de violência, neste mundo sôfrego e inquieto que quer e não sabe o que quer – agita-se violento e violentado como qualquer outro seu irmão de condição, esmagado de mistério e de ansiedade, buscando um sentido de vida, sentindo essa mesma vida fugir-lhe como areia por entre os dedos que queriam prender tudo, segurar tudo. Truculento, capaz de escárnio, destruidor de conformações morais e sociais, Maupassant não pode afinal reprimir o impulso de amor e piedade que em si despertam os destroços que ele próprio causou. É como se a si próprio se destroçasse, é como se de si próprio se apiedasse.»

23.1.12

Biografia do autor de David Copperfield


El sueño de Dickens, obra inacabada de Robert Williams Buss

Segundo a biografia que Peter Ackroyd fez de Dickens, os poucos meses que o autor de David Copperfield trabalhou na fábrica Warren, no n.º 30 de Hungerford Stairs, uma zona industrial insalubre e infestada de ratos, mudaram a história da literatura.
Dickens tinha 12 anos e a sua jornada de trabalho era de 10 horas, com uma pequena pausa para almoço. O salário era de 6 a 7 xelins por semana.
É essa a tese do autor de Dickens, que considera que «grande parte da energia criativa de Dickens» nasce «nessa infância e a sua visão do mundo é forjada nessa altura».
Peter Ackroyd considera que Dickens foi a «primeira celebridade global», pois foi muito popular em Inglaterra e nos Estados Unidos da América e a sua presença atraía multidões.
Recorde-se que dia 7 de Fevereiro próximo se celebra o bicentenário do nascimento do autor de David Copperfield, O Amigo Comum, Os Cadernos de Pickwick e de outros romances que marcaram a literatura a partir de meados do século XIX.

Sobre Negócios em Ítaca, de Bernardo Pinto de Almeida




No blogue «Contra Mundum», H. G. Cancela escreve sobre Negócios em Ítaca, de Bernardo Pinto de Almeida: «Se o referente gráfico imediato do livro talvez seja o surrealismo, o verdadeiro suporte estético destes textos é o romantismo. O romantismo pleno de Hölderlin ou o romantismo moderno de Rilke. É neste plano que Bernardo Pinto de Almeida alcança maior brilho: na quase fundadora e consciente inocência de quem acredita na palavra como lugar de efectivação da experiência. Esta, num gesto reiterado, serve de suporte à escrita e de instrumento de mediação do real. A subjectividade que o romantismo revelou não se confunde com a estrita experiência interior do sujeito, com a pura afectividade. Comporta-a, mas é sobretudo lugar de modelação da realidade como coisa humana.»
Texto completo aqui.

A chegar às livrarias




Joyce acabou de escrever Retrato do Artista quando Jovem em 1914, ano de publicação de Gentes de Dublin.
A novela descreve a infância em Dublin de Stephen Dedalus e a sua busca de identidade. As diferentes fases da vida do protagonista, da infância à vida universitária, refletem-se em mudanças no estilo narrativo. Os aspetos biográficos são tratados com irónico distanciamento, num trajeto que culmina com a rutura com a Igreja e a descoberta de uma vocação artística.
A obra é também um reconhecível auto-retrato da juventude de James Joyce, assim como uma homenagem universal à imaginação dos artistas.

 (Reedição)
«O nome do filósofo cuja vida se extinguiu durante a fuga aos polícias hitlerianos foi adquirindo uma auréola nos quinze anos que decorreram desde a sua morte, apesar do carácter esotérico dos seus primeiros trabalhos e do carácter fragmentário dos últimos.
O fascínio pela sua pessoa e oeuvre leva inevitavelmente a uma atracção magnética ou a uma defesa estremecida.» [T. W. Adorno, 1955]

20.1.12

A Relógio D'Água na Time Out de 18 de Janeiro de 2012



Na Time Out Lisboa, Hugo Pinto Santos escreve sobre Bel-Ami, de Guy de Maupassant: «O romance de 1885 está longe de ser a manhosa dilatação do que o autor fazia em conto. A passagem do regime breve para um compasso alargado faz-se com a elegância e a superioridade de um mestre, para lá do formato da narrativa. (…) O que torna Bel-Ami um romance excepcional, além do seu alcance estilístico, é não ser a história da ascensão e queda de Duroy — esquema exausto —, mas o retrato impiedoso e amoral de certa realidade. Sem edulcorantes.»

Também de Guy de Maupassant, a Relógio D'Água editará brevemente Mademoiselle Fifi e Contos da Galinhola, com tradução de José Saramago.

19.1.12

A Relógio D'Água na revista Os Meus Livros de Janeiro de 2012




Num número dedicado ao teatro, são indicadas dez peças fundamentais. De entre elas, a Relógio D’Água publicou A Gaivota, de Anton Tchékhov, sobre a qual diz Luís Miguel Cintra: «Remete-nos para a vida toda. E a vida é mesmo maior. Um dia chega a morte.»




Nesta edição, os vários colaboradores da revista apontam ainda os melhores livros de 2011, alguns dos quais editados pela Relógio D’Água. Teresa Pearce de Azevedo escolhe De Olhos Abertos, de Marguerite Yourcenar. Susana Nogueira destaca Uma Porta nas Escadas, de Lorrie Moore. Hugo Pinto Santos elege O Duelo, de Anton Tchékhov, e Crítica da Razão Cínica, de Peter Sloterdijk. Ana Paula Gouveia indica O Moinho à Beira do Floss, de George Eliot.


Fátima Lopes Cardoso escreve sobre Flush— Uma Biografia, de Virginia Woolf: «Virginia Woolf inspira-se nas alusões a um belo exemplar de raça spaniel, que descobre nas cartas de amor clandestino entre os poetas Elizabeth Barrett e Robert Browning, e constrói uma obra de estrutura clássica com princípio, meio e fim, mas singularizada por um jogo narrativo entre a consciência do protagonista, o discurso do biógrafo e os excertos da correspondência de Barrett.»


Destacamos também a crítica ao ensaio recentemente publicado sobre a obra de Ana Teresa Pereira: Além-sombras: Ana Teresa Pereira, de Duarte Pinheiro. Diz Hugo Pinto Santos: «O universo ficcional de Ana Teresa Pereira é um dos territórios mais fascinantes, e ao mesmo tempo mais inabordáveis (circularidade referencial, obsessiva reinvenção de personagens e espaços, uma autora “mistura de mulher, de bicho e de nevoeiro”) do que entre nós se entende por escrito ficcional.»

16.1.12

Conto de Natal de Hélia Correia




A pedido do JL, Hélia Correia escreveu um conto de Natal. A ilustração é de Afonso Cruz. Para ler aqui.

A Relógio D'Água no Diário de Notícias de 14 de Janeiro de 2012




No suplemento Quociente de Inteligência, do Diário de Notícias de 14 de Janeiro, João Céu e Silva escreve sobre O Lago, de Ana Teresa Pereira: «O Lago terá sido um dos últimos livros a ir para as livrarias na época de Natal que acaba de ser celebrada. Por isso, a novela de Ana Teresa Pereira afogou-se perante as centenas de títulos que a acompanhavam nos caixotes que terão chegado às livrarias — e, porventura, nem foram abertos —, e poucos leitores terão tido hipótese de a descobrir entre as últimas novidades de 2011. (…) Quanto a esta situação pouco há a fazer e a opção é dar conta do último livro de Ana Teresa Pereira, logo a abrir o ano de 2012.»
João Céu e Silva termina parafraseando Se Nos Encontrarmos de Novo: «Talvez seja possível apreciar uma escritora por causa de um livro.»

A Relógio D'Água no Expresso de 14 de Janeiro de 2012



No suplemento Atual, do Expresso de 14 de Janeiro de 2012, Pedro Mexia escreve sobre Lagoeiros, o último livro de poesia de João Miguel Fernandes Jorge: «Ninguém encena melhor esse teatro de sombras do que este poeta, com a sua sintaxe elíptica, as inversões vocabulares, os devaneios cromáticos, os adjectivos sintéticos, os remates luminosos como flashes. Alguns textos passam do particular ao geral com grande elegância e tornam-se poemas dramáticos, como “As Caldeiras” e “Hotel da Penha de França”, exercícios de quase ficção ou de intensidade emocional. Do museu vivo fazem também parte alguns encontros imediatos furtivos, “ao modo de Kavafis”, poemas de sedução comovida e fria, que tornam homens concretos em figuras abstractas. E que acendem na noite um “pequeno fogo” precário.»


Ainda no Atual, António Guerreiro entrevista Hermínio Martins, acerca da sua mais recente obra, Experimentum Humanum: «Hermínio Martins fez quase todo o seu percurso de professor e investigador nas universidades inglesas e americanas. Isso explica parcialmente o relativo desconhecimento (fora de um círculo estrito das ciências sociais) da sua obra em Portugal. No entanto, perante um livro como o que publicou há alguns meses, Experimentum Humanum. Civilização Tecnológica e Condição Humana (Relógio D’Água), é preciso lê-lo e reconhecê-lo como uma figura cimeira das ciências sociais e humanas em Portugal, alguém que atravessa de maneira notável as fronteiras das disciplinas e passa produtivamente da sociologia à filosofia, à epistemologia e à história da ciência e da cultura, o que faz de Experimentum Humanum uma daquelas obras raras, no rigor científico, no diálogo de saberes, na capacidade de penetrar nas questões essenciais do nosso tempo.

Adoecer, de Hélia Correia, finalista do Prémio Literário Casino da Póvoa




De uma lista de mais de 200 livros, o júri, constituído por Ana Paula Tavares, Fernando Pinto do Amaral, José António Gomes, Patrícia Reis, Pedro Mexia, escolheu, além de Adoecer, de Hélia Correia, os seguintes títulos: A Cidade de Ulisses, Teolinda Gersão; As Luzes de Leonor, Maria Teresa Horta; Bufo e Spallanzan, Rubem Fonseca; Do Longe e do Perto - Quase Diário, Yvette Centeno; Dublinesca, Enrique Vila-Matas; O Homem que Gostava de Cães, Leonardo Padura; Os Íntimos, Inês Pedrosa; e Tiago Veiga – Uma Biografia, Mário Cláudio.
O vencedor será anunciado a 23 de Fevereiro.

13.1.12

Obra Completa de Clarice Lispector na Relógio D’Água




A Relógio D’Água acaba de adquirir os direitos para a edição, até 2018, de toda a obra de Clarice Lispector.
Além de manter a publicação e reeditar Perto do Coração Selvagem, Laços de Família, A Paixão segundo G. H., A Maçã no Escuro, Uma Aprendizagem ou O Livros dos Prazeres, A Hora da Estrela, Contos Reunidos e A Cidade Sitiada, serão editadas outras obras de ficção de Clarice Lispector, os seus livros infanto-juvenis e dois álbuns.


Os novos romances a sair ao longo de 2012 são Água Viva, O Lustre, Para não Esquecer e Um Sopro de Vida.


No mesmo período serão editados os textos infanto-juvenis, estranhos e singulares, como toda a obra de Clarice. É o caso de A Mulher Que Matou os Peixes e A Vida Íntima de Laura, reunidos num só volume, e de O Mistério do Coelho Pensante, Quase de Verdade e Como Nasceram as Estrelas.


De todo inesperados são os álbuns que, sob pseudónimo, Clarice Lispector divulgou com conselhos dedicados às mulheres e que foram organizados pela professora Aparecida Nunes. É o caso de Correio Feminino e Só para Mulheres — Conselhos, Receitas e Segredos, em que é visível o estilo da autora e o seu interesse pela elegância feminina através de inúmeras sugestões práticas. Nestes textos, inicialmente publicados na imprensa a partir de 1940, Clarice aborda temas como a maternidade e a educação dos filhos, os tratamentos de beleza, o veneno para ratos, a escolha dos perfumes e os dilemas morais, passando do trivial ao transcendental com desconcertante à-vontade.
A Relógio D'Água prossegue assim a divulgação da obra de Clarice Lispector, que iniciou há 22 anos com Onde Estiveste de Noite e Laços de Família.

Dom Quixote em leitura no São Luiz




A partir de 24 de Janeiro, às 21h, até Julho, em duas sessões mensais, a Comunidade de Leitores do Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, lerá Dom Quixote.
«Capítulo após capítulo, enquanto partilhamos a leitura, vamos também discutindo as ideias que dela emergem e vamos conhecendo melhor o contexto cultural do espaço ibérico seiscentista.»
Mais informações aqui.

11.1.12

Coração de Trevas e No Extremo Limite




«Bastante mais terrível [que o Inferno de Dante] é o de Coração de Trevas, o rio de África que o capitão Marlow sobe, entre margens de ruínas e de selvas e que pode muito bem ser uma projeção do abominável Kurtz, que é a meta. Em 1889, Teodor Josef Konrad Korzeniowski subiu o Congo até Stanley Falls; em 1902, Joseph Conrad, hoje célebre, publicou em Londres Coração de Trevas, talvez o mais intenso dos contos elaborado pela imaginação humana.
No Extremo Limite não é menos trágico. A chave da história é um facto que não revelaremos e que o leitor descobrirá gradualmente. Nas primeiras páginas já há indícios.
H. L. Mencken, que certamente não é pródigo em ditirambos, afirma que No Extremo Limite é uma das melhores narrativas, extensa ou breve, nova ou antiga, das letras inglesas. Compara os dois textos deste livro às composições musicais de Johannes Sebastian Bach.» [J. L. Borges]

9.1.12

Katherine Mansfield


Katherine Mansfield (14-10-1888 – 09-01-1923)

«Ler os contos de Katherine Mansfield é caminhar entre crianças asfixiadas pela educação tradicional, adolescentes de sonhos impossíveis, soldados de fardas ridículas, mulheres que esboçam gestos de revolta e velhos nos confins do tempo. É sobre estes "seres sem história" que Katherine Mansfield escreve, revelando o drama oculto na aparência dos seus gestos usuais. E todo o seu condão está nessa capacidade de riscar fósforos na escuridão dos dias, iluminando, com ironia e emoção, recantos obscuros da vida.» [Do Posfácio de Francisco Vale à edição dos Contos de Katherine Mansfield]

Eduardo Pitta sobre Raymond Roussel




Na revista Sábado de 5 de Janeiro de 2011, Eduardo Pitta escreve sobre Impressões de África, de Raymond Roussel. A propósito, diz no blogue Da Literatura: «Escrevo ainda sobre Impressões de África, romance de Raymond Roussel (1877-1933) que passou despercebido à data da publicação (1910). Roussel, que influenciou os surrealistas, os dadaístas, os autores do futuro Nouveau Roman, bem como os artistas e poetas da Escola de Nova Iorque (Kooning, Ashbery e outros), era de opinião que o livro podia, e talvez devesse, ser lido de forma arbitrária, embora aconselhasse os amigos a começar pelo décimo capítulo. Edição Relógio d’Água.»

6.1.12

Os Pássaros Brancos e Outros Poemas, de W. B. Yeats




«William Butler Yeats era, exclusivamente, um poeta que escreveu em sintonia com a dinâmica transformadora do seu tempo, mas por caminhos de incontestável originalidade, fundando um estilo dramático de enorme teor musical e conduzindo a poesia para uma zona iluminada de reflexão, onde os universos religioso, político, afectivo e filosófico surgem transfigurados pela magia da palavra, como simples elementos constituintes da perturbadora alquimia do ser.»
[Do Prefácio de Laureano Silveira]

4.1.12

A Relógio D'Água na Ler de Janeiro de 2012




No primeiro número de 2012, Carla Maia de Almeida visita Hélia Correia no mundo das fadas, a propósito do seu mais recente livro infanto-juvenil: «Sobre A Chegada de Twainy, a história de uma fada perdida da sua gente — isto é, das outras fadas, gnomos, duendes, elfos e restantes elementos da little people, a “gente pequena” —, quase tudo pode ser explicado, mesmo sabendo que “os porquês são sempre acasos”. Sendo um livro imbuído de maravilhoso, paradoxalmente, “está cheio de realidade”. De lugares, personagens e referências mais ou menos explícitas que fazem parte do mundo da escritora.»


José Mário Silva diz de Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares, cuja 2.ª edição sairá nos próximos dias: «A Cidade do México tem, sobre o narrador destas histórias curtas e oníricas, um efeito semelhante ao da tarantela, esse ritual das pessoas que foram picadas por uma aranha venenosa e têm de dançar para não morrer. É isso que a prosa de Tavares faz: dança para não morrer, cura-se pelo movimento, segue o fluxo das multidões (“não há rua, não se vê o chão, se olhas para baixo és empurrado, se olhas para cima és empurrado”), os textos correm, saltam, tropeçam, tentam escapar para longe dos bairros tenebrosos onde o fio de uma navalha espera o turista incauto, o estrangeiro vulnerável.»


Na secção «Zona Franca», Fernando Sobral dá o seu aval a Cityboy, de Geraint Anderson: «No mundo financeiro, repleto de sonhos, há um lado que nos lembra Darth Vader. É esse universo subterrâneo e desconhecido que Geraint Anderson descreve, depois de durante bastante tempo o ter feito nas páginas de um jornal londrino. Se a obra, por vezes, parece um livro de ficção é porque a marcha do mundo financeiro está repleta de situações quase inacreditáveis.»

3.1.12

2011, balanço de um ano indeciso





Em 2011, editores, críticos e até autores insistiram nos gestos habituais como se nada à sua volta se houvesse alterado.
O novo Acordo Ortográfico foi recebido com a mesma resignada acrimónia com que o camponês acolhe o mau tempo. E o lançamento de plataformas para distribuição de e-books quase não evoluiu, deixando-se a iniciativa dessa reestruturação do sector a empresas que lhe são alheias, como a Google.

Editores
Na edição há a destacar a feliz entrada na ficção portuguesa da Tinta-da-China, com obras de Maria Dulce Cardoso e Mário de Carvalho, e as publicações da Ahab, que prolonga nas suas escolhas a lacónica exactidão do seu nome.
Algumas editoras de poesia, da Averno à Alma Azul, lançaram novos autores, interessantes mas a necessitarem de confirmação.
As ex-editoras independentes, integradas na Leya ou na Porto Editora, usaram os meios financeiros acrescidos de que agora dispõem para disputarem autores às editoras que se mantiveram à margem do processo de concentração. O resultado foi o agravamento da crise de algumas destas e que o ensaio, sobretudo o relacionado com o actual estado de coisas, fosse ignorado num autismo editorial sem paralelo europeu.
Dois acontecimentos singulares abalaram a vida editorial.
O primeiro foi o desmoronamento da Babel — quem não se lembra do seu conselho editorial integrado por dezenas de intelectuais e da meteórica ascensão do seu director a presidente da APEL?
O episódio parece nada ter a ver com uma qualquer maldição bíblica, mas com a tentativa de aplicar métodos de gestão financeira a um sector com regras próprias. Nem Pessoa, nem Heinrich Böll ou os seus leitores parecem dar-se bem com túneis megalómanos como o que a Babel levou à feira do livro de Lisboa.
Outro acontecimento significativo ocorreu com a Difel. O seu fim e rápida dispersão dos despojos, de Umberto Eco a Isabel Allende, revela a vulnerabilidade de catálogos baseados na ficção traduzida, num período em que as agências internacionais impõem contratos com prazos de vigência cada vez menores.

Críticos

Os críticos continuaram a privilegiar no seu balanço anual a ficção, poucos deles se mostrando disponíveis para lidar com o ensaio e a ciência.
Nesta paisagem pouco diversa, não é de estranhar que se tenha confirmado a importância de um crítico e um escritor que não concebem ficção sem ideias.
É o caso de Rogério Casanova, sempre brilhante quando não troca o seu papel de crítico com sentido de humor pelo humor sem sentido. Um exemplo é dado pelos textos que publicou na Ler de Janeiro de 2012. Além da análise que faz sobre Vida e Destino, de Vassili Grossman, escreveu o artigo mais consistente que sobre o recém-falecido Christopher Hitchens saiu na imprensa portuguesa. Ao contrário de textos acríticos e até de algumas colagens, Rogério Casanova fala da banalidade de um trajecto político feito entre o estrépito das polémicas e de erros de análise que não diminuem o interesse pelas reflexões que os acompanharam.
Na literatura a confirmação é Gonçalo M. Tavares, em deliberada ruptura com as tradições sentimentais da literatura portuguesa, uma linguagem despojada que soube integrar no seu universo pessoal as tradições do romance centro-europeu de entre guerras, de Kafka a Robert Walser.

E 2012?
Nada, neste início de ano, anuncia alterações drásticas no sector editorial.
Apenas, como é usual em períodos de crise, os editores reduzem os títulos e as tiragens e os livreiros alargam as promoções. Alguns dos fãs de José Rodrigues dos Santos e de Margarida Rebelo Pinto parecem começar a ter dúvidas se eles serão mesmo esses génios da literatura cujo último romance é preciso comprar a correr. Esta dúvida seria mesmo um dos poucos sinais de esperança para a literatura neste início de 2012.

Francisco Vale

2.1.12

Relógio D’Água, a mais citada nos balanços dos críticos do Expresso




No Atual de 30 de Dezembro de 2011, os críticos do Expresso fazem um balanço do ano editorial. Com oito escolhas dos livros que publicou, a Relógio D’Água é a editora mais citada pelos críticos que destacam cada um deles dez obras.
Ana Cristina Leonardo refere Impressões de África, de Raymond Roussel, e Nas Trevas Exteriores, de Cormac McCarthy (acrescentando David Copperfield, de Charles Dickens, às dez obras escolhidas).
António Guerreiro destaca Experimentum Humanum, de Hermínio Martins, e A Mão do Oleiro, de Rui Nunes.
José Mário Silva menciona O Progresso do Amor, de Alice Munro, e Luís M. Faria refere em primeiro lugar Middlemarch, de George Eliot.
Luísa Mellid-Franco selecciona O Lago, de Ana Teresa Pereira, e Paulo Nogueira destaca Flush, de Virginia Woolf.
Pedro Mexia, além dos dez títulos escolhidos, menciona outros dez, «em jeito de afinidade ou contraponto», entre eles Impressões de África, de Raymond Roussel.

A Relógio D’Água nos media na semana de 26 de Dezembro de 2011 a 1 de Janeiro de 2012




Na Time Out de 28 de Dezembro, Ana Dias Ferreira considera Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares, «mais “excitante” e à flor da pele do que o habitual. Ou seja, um dos seus melhores de sempre, o que é dizer muito».

Portugal, Hoje editado na Sérvia



Portugal, Hoje — O Medo de Existir acaba de ser publicado na Sérvia. A tradução é de Vesna Vidakovic, e a editora a Mediterran Publishing.

Três títulos da Relógio D'Água entre os melhores livros de 2011 no ípsilon





Na lista dos melhores livros de 2011 do ípsilon, elaborada pelos críticos da casa, constam três títulos da Relógio D’Água: Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares; Middlemarch, de George Eliot; e A Mão do Oleiro, de Rui Nunes.