30.4.22

Sobre Madame Bovary, de Gustav Flaubert

 



«Madame Bovary sou eu», disse uma vez Flaubert, a quem o êxito do seu romance publicado em 1857 acabou por irritar, de tal modo eclipsou os seus outros livros.

Emma Bovary persegue a imagem do mundo que lhe é dada por uma certa literatura desligada da realidade. Arrastada pelas suas ilusões, a mulher do prosaico Charles Bovary imagina-se uma grande amorosa.

A realidade revela-se impiedosa. E, no entanto, Madame Bovary, na época judicialmente perseguido devido à sua «cor sensual» e à «beleza provocadora de Emma», está longe de ser uma simples lição de realismo.


«O romance, que em breve seria rotulado de “realista” pelos seus contemporâneos — embora Flaubert resistisse à etiqueta, como resistia a alinhar‐se com qualquer “escola” literária —, é agora visto como a primeira obra‐prima da ficção realista. Contudo, quando o descobrimos, temos paradoxalmente muita dificuldade em entender onde está o seu carácter radical, pela simples razão de que Madame Bovary mudou, de facto, e definitivamente, a forma como os romances passaram a ser escritos, e por isso a sua abordagem parece‐nos, agora, absolutamente familiar.» [Da Introdução de Lydia Davis]


Madame Bovary, de Gustave Flaubert (trad. João Pedro de Andrade), com introdução de Lydia Davis (trad. José Mário Silva) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gustave-flaubert/

Sobre Os Sonâmbulos, de Christopher Clark

 



«Um dos mais impressivos e estimulantes estudos jamais feito acerca deste período.» [Max Hastings, Sunday Times]


«Uma obra-prima.» [Harold Evans, The New York Times Book Review]


«O melhor livro que li este ano, ou mesmo em vários anos.» [Simon Heffer, New Statesman, Livro do Ano]


«Os argumentos de Clark sobre as causas da Primeira Guerra Mundial são de tal forma convincentes que colocam os antigos consensos históricos numa gaveta… Uma obra-prima. Não é todos os dias que temos o privilégio de ler um livro que restrutura o nosso entendimento de um dos principais acontecimentos da história mundial.» [Simon Griffith, Daily Mail]


«À medida que nos aproximamos do seu centésimo aniversário, irão aparecer ainda diversos livros sobre a Primeira Guerra Mundial, mas poucos tão esclarecedores como este.» [Tony Barber, Financial Times, Livro do Ano]


«Pesquisado de forma impecável, defendido de forma provocante e escrito de forma elegante… para Clark, os estadistas de 1914 eram “sonâmbulos, vigilantes que não viam — assombrados por sonhos, mas cegos à realidade do horror que se preparavam para trazer ao mundo.» [Dominic Sandbrook, Sunday Times, Livro do Ano]


Os Sonâmbulos (trad. Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/os-sonambulos/

29.4.22

Sobre Políticas de Poder, de Margaret Atwood

 



«Um livro de poesia que se chama Políticas de Poder, […] uma obra que foi originalmente lançada em 1971. É publicada agora pela Relógio D’Água e atravessa esta história das relações entre homens e mulheres de uma forma muito contundente […], põe aqui em situação o jogo naturalmente romântico, mas também social, político, cultural, e uma relação de poder […]. » [Maria Ramos Silva, Pop Up, Observador, 28/4/2022: https://observador.pt/programas/pop-up/novas-temporadas-esperamos-ou-desistimos/]


Políticas de Poder (tradução de Ana Luísa Amaral) de Margaret Atwood está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/margaret-atwood/

Sobre Da Luz Para Dentro, de José Gardeazabal

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Da Luz Para Dentro, de José Gardeazabal


«que nada fique dos nadas

contentemo‑nos com tudo


a aura do Minotauro

guia‑nos no labirinto»



Da Luz Para Dentro, novo livro de poesia de José Gardeazabal, é o segundo volume das Líricas.


Os livros de José Gardeazabal editados pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gardeazabal/

Conversa sobre “O conto americano escrito por mulheres”: Alice Munro, Lucia Berlin e Lydia Davis

 



Amanhã, dia 30 de Abril, pelas 15h00, na Biblioteca Palácio Galveias, Antónia Lima, Filipa Melo e Isabel Lucas conversam sobre “O conto americano escrito por mulheres” como Alice Munro, Lucia Berlin e Lydia Davis.

A conversa será moderada por Ana Barroso.

O evento é organizado pelo CEAUL/ULICES, Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa.

A entrada é livre, de acordo com a disponibilidade dos lugares da sala.


Os livros de contos de Alice Munro e Lydia Davis estão disponíveis em 

https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/

e

https://relogiodagua.pt/autor/lydia-davis/


Apresentação de Cartografias de Lugares mal Situados (10 Contos da Guerra), de Ana Margarida de Carvalho

 



Apresentação de Cartografias de Lugares mal Situados (10 Contos da Guerra), de Ana Margarida de Carvalho, por Emídio Fernando, dia 6 de Maio, às 18:30, na livraria Palavra de Viajante.


«Cartografias de Lugares mal Situados» e outras obras de Ana Margarida de Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/

Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee e Fred Fordham

 



Um retrato assombroso de raça e classes sociais, inocência e injustiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação no Sul Profundo dos EUA dos anos trinta. 

Mataram a Cotovia, de Harper Lee, mantém a mesma atualidade que tinha em 1960, quando foi escrito, durante os turbulentos anos do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos.

Agora, este aclamado romance renasce como romance gráfico. Scout, Jem, Boo Radley, Atticus Finch e a pequena cidade de Maycomb, no Alabama, são representados de forma nítida e comovente pelas ilustrações de Fred Fordham.


“Este fantástico romance gráfico revela uma nova perspetiva aos antigos leitores do livro, sendo ao mesmo tempo uma bela introdução para jovens ou para qualquer adulto a quem esta incrível história tenha passado ao lado.” [USA Today]


O romance e o romance gráfico de Mataram a Cotovia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/harper-lee/

Byung-Chul Han sobre A Polícia da Memória, de Yoko Ogawa



 

«No seu romance A Polícia da Memória, a escritora japonesa Yoko Ogawa fala de uma ilha sem nome. Uns casos estranhos inquietam os habitantes da ilha. As coisas desaparecem aí inexplicavelmente e mesmo de forma irrecuperável. Coisas aromáticas, cintilantes, reluzentes, maravilhosas: fitas para o cabelo, chapéus, perfumes, pequenos sinos, esmeraldas, selos e até rosas e pássaros. As pessoas já não sabem para que serviam todas essas coisas. Com elas, desaparecem também recordações.

Yoko Ogawa descreve um regime totalitário que, com a ajuda de uma polícia da memória semelhante à polícia do pensamento de Orwell, proscreve coisas e recordações da sociedade. Os indivíduos vivem num eterno inverno de esquecimento e de perda. Quem persegue recordações em segredo é preso. […]

A Polícia da Memória pode ler‑se em analogia com o nosso presente.» [Byung-Chul Han, Prólogo de Não-Coisas]





Não-Coisas (trad. Ana Falcão Bastos) e outras obras de Byung-Chul Han estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/byung-chul-han/


A Polícia da Memória, de Yoko Ogawa (tradução de Inês Dias), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-policia-da-memoria/


28.4.22

Sobre China versus América — Um Alerta, de Oliver Letwin

 



«Uma machadada na globalização económica mundial com a “desconexão” entre, por um lado, as economias desenvolvidas e, por outro, a China e a sua zona de influência geoeconómica “não é tanto um risco, é uma quase-certeza”, refere em entrevista ao Expresso Oliver Letwin, autor de “China versus América. Um Alerta”, que foi publicado agora em português pela editora Relógio D’Água.» [Entrevista de Jorge Nascimento Rodrigues a Oliver Letwin, Expresso: https://expresso.pt/economia/2022-04-18-Para-enfrentar-a-China--e-a-Russia--e-preciso-agir-como-os-golfinhos-aconselha-Oliver-Letwin-autor-de-China-versus-America-575ccc99]


China versus América — Um Alerta (trad. João Paulo Moreira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/china-versus-america-um-alerta/

Apresentação de Penélope Está de Partida e Da Luz Para Dentro, de José Gardeazabal

 



Apresentação de Penélope Está de Partida e Da Luz Para Dentro, de José Gardeazabal, dia 5 de Maio, na Livraria da Travessa, às 18:30, por Frederico Pedreira.


Os livros de José Gardeazabal editados pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gardeazabal/

Sobre Os Mumins e a Grande Cheia, de Tove Jansson

 



Originalmente publicado em 1945, «Os Mumins e a Grande Cheia» é o primeiro livro do universo mágico criado e ilustrado por Tove Jansson. Narra a história da busca da Mamã Mumin e do Mumintroll pelo desaparecido Papá Mumin e o modo como descobriram o Vale dos Mumins.


«Um tesouro perdido, agora redescoberto… Uma obra-prima.» [Neil Gaiman]


«Jansson era um génio de um modo subtil. Estas histórias simples estão repletas de emoções únicas, profundas e complexas, como jamais se viram em literatura para crianças ou adultos.» [Philip Pullman]


«Tove Jansson é, sem dúvida, uma das maiores escritoras de livros para crianças.» [Sir Terry Pratchett]


«Os Mumins e a Grande Cheia» (trad. Maria Eduarda Cardoso) e outras obras de Tove Jansson estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/tove-jansson/

Sobre Nesta Grande Época, de Karl Kraus

 



«A partir de 1902, ano em que publica o texto “Moral e criminalidade”, Kraus encontra o seu primeiro grande tema, a hipocrisia da moral dominante e as suas consequências, nomeadamente, para a opressão da mulher, vitimizada pelo aparelho judiciário com a conivência activa de uma imprensa sensacionalista. Nesta área sobre todas sensível numa sociedade de cariz vitoriano, reina a mais nefasta confusão entre o público e o privado: enquanto assuntos públicos são tratados como negócios entre particulares, a esfera privada, nomeadamente a esfera íntima da mulher, é invadida sem quaisquer escrúpulos. A crítica à moral sexual dominante e, em particular, ao uso de um enquadramento jurídico obsoleto e misógino como sustentáculo de uma sociedade hipócrita, que nega à mulher o direito à sexualidade, percorre toda a primeira década da revista, atingindo, pode dizer-se, um quase paroxismo num texto como “A muralha da China”, de 1910, incluído no presente volume.» [Do Prefácio de António Sousa Ribeiro]


Nesta Grande Época (trad. de António Sousa Ribeiro) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nesta-grande-epoca/


27.4.22

Sobre Livro dos Prefácios à Obra de Agustina Bessa-Luís, introdução de Mónica Baldaque

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Livro dos Prefácios à Obra de Agustina Bessa-Luís, introdução de Mónica Baldaque


Reúnem-se neste livro prefácios escritos para obras de Agustina Bessa-Luís, assinados por Gonçalo M. Tavares, João Bénard da Costa, Rui Ramos, António M. Feijó, Agustina Bessa-Luís, João Miguel Fernandes Jorge, José Tolentino de Mendonça, António Barreto, Hélia Correia, Bruno Vieira Amaral, António Preto, Pedro Mexia, Jorge Cunha, António Lobo Antunes, Bernardo Pinto de Almeida, Mário Cláudio, António Mega Ferreira, Mónica Baldaque e Ernesto Montequin.


«Surpreendentes páginas estas aqui reunidas, libertas dos romances que as inspiraram, tornadas autónomas, como monólogos soprados ao sentimento de cada um.» [Da Introdução de Mónica Baldaque]


As obras de Agustina Bessa-Luís já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

Sobre Eles, de Kay Dick

 



Obra-prima perdida da distopia, Eles é um romance passado numa Inglaterra onde os livros são confiscados e a National Gallery esvaziada. É por isso uma meditação sobre arte, memória e inconformidade.

Com um prefácio de Carmen Maria Machado, é agora recuperada esta distopia clássica e radical que ficou esquecida no tempo, mas que se revela hoje mais atual do que nunca.


“Um livro assustadoramente presciente.” [Margaret Atwood]


“Uma obra-prima.” [Emily St. John Mandel]


“Cristalina. A obra de uma encantadora.” [Edna O’Brien]


“Fiquei obcecada com esta obra-prima de 1977.” [Lauren Groff]


“Exuberante, hipnótico e compulsivo…” [Eimear McBride]


“Uma escrita belíssima.” [The Times]


Eles (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/eles-pre-venda/

Relógio D’Água publica dois novos romances de Cormac McCarthy

 

«A Relógio d'Água vai publicar este ano os dois novos romances do escritor norte-americano Cormac McCarthy, "O Passageiro" e "Stella Maris", que rompem um silêncio de 16 anos do autor.» Mais informação aqui.


Os livros de Cormac McCarthy (tradução de Paulo Faria) já editados pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cormac-mccarthy/

26.4.22

Sobre O Amante, de Marguerite Duras

 



O Amante é, em larga medida, um romance autobiográfico.

A narradora vive desde a infância com a mãe e os irmãos na Indochina Francesa. Tem quinze anos quando, ao atravessar um afluente do Mékong, conhece um chinês rico e experimentado nas lides do amor, por quem se apaixona. Tudo parece separá-los, a idade, a riqueza e os preconceitos, que se opõem a uma relação amorosa entre um asiático e uma europeia.

A narrativa fala das incertezas de uma adolescente que tem a sua primeira experiência do amor físico, se lança na travessia dos sentidos, e procura a libertação do domínio da mãe e da asfixiante relação que esta tem com o filho mais velho.

Esta paixão adolescente decorre num cenário exótico, perverso, num fundo de lentidão e meandros asiáticos. 

Quase tudo parece esbatido pela memória, a adolescente de rosto infantil e precoce com um chapéu de homem e sapatos de baile, ou a mãe, que luta contra a ruína familiar, ou mesmo a escandalizada comunidade branca. Nítido, só o homem jovem numa barcaça, junto da limusina e do motorista. Ele será a personagem nítida, com uma posição clara, a do amante que dá título ao livro.

Publicado em 1984, O Amante recebeu o Prémio Goncourt e o Prémio Ritz Paris Hemingway, para o melhor romance publicado em inglês, em 1986.


O Amante (trad. Luísa Costa Gomes e Maria da Piedade Ferreira) e outras obras de Marguerite Duras estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/marguerite-duras/

Relógio D’Água, Quarenta Anos de Livros

 


Quatro décadas após a sua formação, em Novembro de 1982, a Relógio D’Água mantém-se uma editora independente e fiel ao seu entendimento de que deve ser avaliada tanto pelos bons livros que publica como pelos maus livros que sabe evitar.

Começou com autores portugueses como Hélia Correia, José Gil, Rui Nunes, João Miguel Fernandes Jorge e Ana Teresa Pereira, para referir apenas alguns que ainda hoje publica. Tem agora um catálogo com cerca de mil e oitocentos títulos que pretendem ser parte integrante e importante de qualquer biblioteca.

A editora definiu-se desde o início como um projecto cultural, não se limitando a publicar as obras que pensa que os leitores querem ler, antes os entusiasmando também pelo que de mais original existe em ficção e ensaio. Procura assim estabelecer uma aliança entre a imaginação dos autores e os leitores capazes de reconhecer os livros que podem alterar o seu modo de pensar e viver.

Além de centenas de autores traduzidos das mais diversas línguas, tem no seu catálogo romancistas portugueses como Agustina Bessa-Luís, José Cardoso Pires, Vitorino Nemésio, Hélia Correia, Rui Nunes, Gonçalo M. Tavares, Ana Margarida de Carvalho, Ana Teresa Pereira, H. G. Cancela, Alexandre Andrade, Cristina Carvalho, Djaimilia Pereira de Almeida e José Gardeazabal; poetas como Fernando Pessoa, Cesário Verde, António Gedeão, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, José Miguel Silva, Miguel-Manso, Maria Andresen, Jaime Rocha, Bernardo Pinto de Almeida, Frederico Pedreira; e ensaístas como José Gil, Maria Filomena Mónica, António Barreto, Maria Filomena Molder e Humberto Brito.


Iniciativas para 2022


A Relógio D’Água considera que o melhor meio de comemorar este seu aniversário consiste em avançar com a sua programação habitual, até por esta integrar três importantes centenários, a saber, o nascimento de Agustina Bessa-Luís, a morte de Marcel Proust e a edição de Ulisses de Joyce.

– Para celebrar o centenário de Agustina Bessa-Luís, será publicado o Livro de Prefácios às suas obras; As Sibilas — Diálogos em sfumato, de Mónica Baldaque; uma antologia de entrevistas reunidas e apresentada por Lourença Baldaque e livros como Breviário do Brasil (com prefácio de Anamaria Filizola), e A Alma dos Ricos. Por seu lado, o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís vai impulsionar debates e iniciativas em ligação com diversas autarquias e instituições.

– Os cem anos de Ulisses de Joyce serão celebrados no dia 16 de Junho, o Bloomsday, com o lançamento de uma edição em capa dura. A nossa tradução de Ulisses, feita por Jorge Vaz de Carvalho, recebeu o Grande Prémio de Tradução Literária APT/SPA, em 2015.

– Marcel Proust faleceu em Novembro de 1922. Além de uma promoção especial dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, traduzido pelo poeta Pedro Tamen, publicar-se-ão algumas obras menos conhecidas do autor.

– Na ficção traduzida, destacamos o lançamento de dois novos romances de Cormac McCarthy, O Passageiro e Stella Maris, que rompem um silêncio de dezasseis anos do autor, de Querida Kitty de Anne Frank, A Estrela da Manhã de Karl Ove Knausgård, My Year of Rest and Relaxation de Ottessa Moshfegh, Matriz de Lauren Groff, Moon Witch, Spider King de Marlon James, Small Things like These de Claire Keegan, Our Missing Hearts de Celeste Ng, The Marriage Portrait de Maggie O'Farrell, Inquietos de Linn Ullmann, Memória da Memória de Maria Stepanova, e Casa de Marilynne Robinson.

– A ficção científica continua com Flores para Algernon de Daniel Keyes e a continuação da série Duna.

– Na ficção portuguesa, teremos novos títulos de Gonçalo M. Tavares (A Pedra e o Desenho com ilustrações de Julião Sarmento), de Djaimilia Pereira de Almeida, Sandro William Junqueira, Amadeu Lopes Sabino (Felix Mikailovitch), e Obras Escolhidas de Ana Teresa Pereira.

– No ensaio, continuaremos a publicar Montaigne, uma antologia de textos de Musil, Duas Mulheres de Maria Filomena Mónica, Nadar num Lago à Chuva de George Saunders, Cartas do Pai, sobre o Gulag, com prefácio de Liudmila Ulítskaia, e Infocracia de Byung-Chul Han. Outros ensaios abordarão temas da actualidade como a Rússia de Putin (O Futuro É História, de Masha Gessen), Belt and Road: A Chinese World Order de Bruno Maçães, Da Guerra de Carl von Clausewitz e O Fim do Mundo Clássico de Peter Brown.

– Na filosofia, destacamos A Morte Breve e a Democracia Imanente de José Gil e Reflexos Primitivos de Peter Sloterdijk.

– Os clássicos continuam com a edição de romances de Gogol, de Charles Dickens, Fiódor Dostoiévski, Charlotte Brontë e George Eliot.

– Nas biografias e diários, teremos, depois de Diário do Escritor de Fiódor Dostoiévski, os diários de Patricia Highsmith, uma biografia de Hannah Arendt, a correspondência de Virginia Woolf e Todas as Cartas de Clarice Lispector.

– Bob Dylan e Nick Cave são músicos que reflectem sobre a sua arte. A Filosofia da Canção Moderna reúne os primeiros textos de Dylan depois de receber o Nobel da Literatura. Em Faith, Hope and Carnage, conhecemos aspectos da vida de Nick Cave nos últimos anos e as suas reflexões sobre arte, música, fé e sofrimento.

– Na poesia, prosseguirá a edição de obras de Paul Celan (começando por Sete Rosas mais Tarde), Emily Dickinson (Herbarium, traduzido por Ana Luísa Amaral), Políticas de Poder de Margaret Atwood, a reedição de obras de Hölderlin e Brecht e dois títulos de José Gardeazabal.

E, claro, há livros e autores que ainda não anunciámos, pois é preciso continuar a surpreender os leitores.


Francisco Vale

De O Tempo, Esse Grande Escultor, de Marguerite Yourcenar

 



«No dia em que uma estátua é acabada, começa, de certo modo, a sua vida. Fechou‑se a primeira fase, em que, pela mão do escultor, ela passou de bloco a forma humana; numa outra fase, ao correr dos séculos, irão alternar‑se a adoração, a admiração, o amor, o desprezo ou a indiferença, em graus sucessivos de erosão e desgaste, até chegar, pouco a pouco, ao estado de mineral informe a que o seu escultor a tinha arrancado.

Já não temos hoje, todos o sabemos, uma única estátua grega tal como a conheceram os seus contemporâneos.»


O Tempo, Esse Grande Escultor (trad. Helena Vaz da Silva), Como a Água Que Corre e De Olhos Abertos estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/marguerite-yourcenar/

Sobre Poemas, de Mário de Sá-Carneiro

 



«A poesia de Mário de Sá-Carneiro, sobretudo nalguns poemas de Dispersão, possui um fulgor, uma força e um dinamismo únicos na lírica portuguesa contemporânea. Pode-se dizer que na sua obra há poemas que nascem de uma impulsão arrebatadora que domina inteiramente a consciência e o corpo, e para a qual a imaginação e a linguagem encontram imediatamente a síntese viva e fulgurante da realidade poética. Essa impulsão pode ser tão intensa e instantânea que se volve vertigem, delírio ou álcool (palavras-chave da poesia do autor de Indícios de Oiro) ou esvai-se, após o seu súbito surgir, ou então obscurece a consciência do sujeito: «Mas a vitória fulva esvai-se logo… / E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…», «É só de mim que ando delirante — / Manhã tão forte que me anoiteceu.» [Do Prefácio de António Ramos Rosa]


Poemas e outras obras de Mário de Sá-Carneiro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/mario-de-sa-carneiro/



25.4.22

Sobre Alexandra Alpha, de José Cardoso Pires

 



«Com uma escrita de apuro, Cardoso Pires traça um ambiente turvo. Com uma escrita áspera, Cardoso Pires retrata pessoas indolentes. Com uma escrita exacta, Cardoso Pires assenta diálogos derivativos, enrolados, incongruentes — e essa coisa é que é linda. (…)

Nunca antes, na nossa literatura, o dia 25 de Abril foi descrito de forma tão vibrante e tão vivida (…).

Este é um livro para ser lido de lanterna na mão. Ou, então, com uma daquelas luzes de mineiro que estes usam no capacete para descer às profundezas. É de escuridão e de bas-fond lisboeta que se trata. De uma certa vida boémia que já não existe — ou já não será exactamente assim. É um livro noctívago, este. Cheio de velhos lobos-de-bares. “Bares dialécticos com meninas à Godard”, outros “com máquinas de discos aos coices”.

Em torno de Alexandra, a publicitária, a mulher do corpo desmemoriado, cuja mais interessante característica é não prestar contas a ninguém, enxameiam as mais bizarras personagens.» [Do Prefácio de Ana Margarida de Carvalho]


Alexandra Alpha e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

24.4.22

Sobre Uma Mulher Perdida, de Willa Cather

 



Em Uma Mulher Perdida, publicado em 1923, Willa Cather criou como que uma resposta a Madame Bovary, um retrato subtilmente inconstante de uma mulher que reflecte as convenções do seu tempo mesmo quando as desafia.


«Uma Mulher Perdida foi alguém que muito amei durante a minha infância. Agora o problema era mostrá-la não como uma heroína convencional de ficção, mas como ela verdadeiramente era, e sem me preocupar com mais nada na história excepto essa personagem.» [Willa Cather]


«Willa Cather interessa-se pela energia. Tem uma grande capacidade, enquanto romancista, de mostrar os seres humanos quase como formas de energia: crianças e adolescentes incapazes de imaginar a morte, a efémera ferocidade sexual da juventude, o poder invulgar daqueles que sobrevivem, a decadência do poder em todos eles, mesmo nas criaturas apaixonadas que ela mais admira.» [A. S. Byatt]


«Willa Cather foi uma das maiores romancistas americanas da primeira metade do século XX, equiparável a Theodore Dreiser, Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald. (…) O seu génio, a meu ver, emerge mais claramente em dois pequenos romances líricos, My Ántonia (1918) e Uma Mulher Perdida (1923).» [Harold Bloom, «Génio»]


Uma Mulher Perdida (trad. Paulo Faria) e outras obras de Willa Cather estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/willa-cather/

23.4.22

Sobre 31 Sonetos, de William Shakespeare

 



«De entre os 154 sonetos que William Shakespeare nos deixou, publicados em 1609, já no reinado de Jaime I, e que se julga terem sido escritos ao longo de toda a sua carreira, escolhi 31 para esta antologia. Para além do critério de gosto, sempre subjectivo mas nunca irrelevante, essa escolha não foi arbitrária. Os primeiros 126 sonetos do poeta e dramaturgo inglês são dirigidos a um homem, jovem, belo e nobre, geralmente referido como “lovely boy”, ou “fair youth”, amado e idolatrado pelo poeta, que sabe não ser retribuído o seu amor. Os restantes sonetos (do 127 ao 152) são dedicados a uma mulher, normalmente referida como “dark lady”, perigosamente sedutora, uma amante traidora e cruel, mas capaz também de despertar satisfação sexual. Por sua vez, os dois últimos sonetos (153 e 154) recorrem à figura de Cupido para fechar o triângulo amoroso sugerido pela presença do jovem e da mulher como destinatários, exprimindo o conflito entre o poeta e os seus dois objectos amorosos, mas não tratando directamente as temáticas presentes nos dois primeiros grupos: a passagem inexorável do tempo, a procriação, o desejo, o erotismo, o ciúme, o abandono, a paixão, ou a força da palavra e da poesia como única forma de perpetuar a beleza e o amor — e a memória do amor.

Seleccionei 25 sonetos de entre o primeiro grupo, os dedicados ao homem jovem, 5 sonetos de entre o segundo grupo, os dedicados à mulher escura e infiel, e o Soneto 154, o último de toda a série. Casos houve em que os sonetos foram agrupados (como os Sonetos 88, 89 e 90), visto dialogarem entre si e se constituírem como argumento próprio. Pareceu-me que esta escolha ofereceria a quem lê uma amostra expressiva do conjunto completo.» [Da Introdução de Ana Luísa Amaral]


31 Sonetos (trad. Ana Luísa Amaral) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

Sobre Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento, de George Steiner

 



«Schelling, entre outros, atribui à existência humana uma tristeza fundamental, inescapável. Mais particularmente, esta tristeza oferece o fundamento sombrio sobre o qual assentam a consciência e a cognição. Este fundamento sombrio deve, na verdade, ser a base de toda a perceção, de todo o processo mental. O pensamento é rigorosamente inseparável de uma “melancolia profunda e indestrutível”. A cosmologia atual oferece uma analogia à crença de Schelling. Aquela do “ruído de fundo”, dos comprimentos de onda cósmica, esquivos mas inescapáveis, que são os vestígios do Big Bang, do surgimento do ser.»


Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento (trad. Ana Matoso) e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

22.4.22

sobre D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes

 



“Não nos rimos dele por muito tempo. As suas armas são a piedade, a sua bandeira a beleza, em todas as situações permanece… gentil, desamparado, puro, generoso e galante. A paródia torna-se um modelo ideal.” [Vladimir Nabokov, em Leituras sobre o D. Quixote]


“Dom Quixote, Falstaff e Emma Bovary representam essas descobertas da consciência; criando-os, na iluminação recíproca do acto criador e do crescimento da coisa criada, Cervantes, Shakespeare e Flaubert chegaram literalmente a conhecer “partes” de si próprios antes insuspeitadas.” [George Steiner]


“Não queria compor outro Quixote — o que é fácil —, mas “o” Quixote. Não vale a pena acrescentar que nunca encarou a possibilidade de uma transcrição mecânica do original; não se propunha copiá-lo. A sua admirável ambição era produzir umas páginas que coincidissem — palavra por palavra e linha por linha — com as de Miguel de Cervantes.”

[Jorge Luis Borges, “Pierre Menard, autor do Quixote”]


D. Quixote de la Mancha (trad. e notas de José Bento) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/d-quixote-de-la-mancha/

Sobre Meadowlands, de Louise Glück (tradução de Inês Dias)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Meadowlands, de Louise Glück (tradução de Inês Dias)


As vozes dos protagonistas da Odisseia entrelaçam-se com as de um homem e de uma mulher dos dias de hoje, à beira da ruptura.


«ÍTACA


O amado não

precisa de estar vivo. O amado

vive no pensamento. O tear

é para os pretendentes, encordoado

como uma harpa com fio branco de mortalha.


Ele era duas pessoas.

Ele era o corpo e a voz, o simples

magnetismo de um homem vivo, mas também

o sonho ou retrato moldado

aos poucos pela mulher que trabalha no tear,

ali sentada numa sala repleta

de homens sem imaginação.


Tal como lamentas

o enganado mar que tentou

levá-lo para sempre

e levou apenas o primeiro,

o verdadeiro marido, deves

lamentar estes homens: eles não sabem

o que vêem;

não sabem que, quando se ama assim,

a mortalha se transforma num vestido de noiva.» [p. 29]


Meadowlands e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

O Mal de Ortov, de Jaime Rocha, na Zé dos Bois

 




Está em cena até amanhã, 23 de Abril, na Zé dos Bois, em Lisboa, a peça O Mal de Ortov, de Jaime Rocha, com encenação de Paulo Campos dos Reis e interpretação de Philippe Araújo.

Mais informação em https://zedosbois.org/programa/o-mal-de-ortov/


O Mundo de Ortov (inclui O Mal de Ortov) e outras obras de Jaime Rocha já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jaime-rocha/

De O Sermão do Fogo, de Agustina Bessa-Luís

 



«Uma pequena bouça de pinheiros, dum verde cheio dessas cãs dos pinheiros como vassouras amolecidas pelo uso, estendia‑se ao sul; tratava‑se de árvores adultas, cascudas, ligeiramente flectidas pelo vento durante o crescimento. Alguns cogumelos cresciam nos troncos e anunciavam a sua decrepitude, apesar dos fogosos ramos e do toucado de pinhas que a chuva apodrecera um pouco e que começavam a cair. O solo era arenoso, um céspede brilhante e líquido brotava entre as raízes do tojo, e nada mais comovente para Amélia do que o ruído dos passos que pisavam a agulha seca, a gorda folhagem da chorina, a açucarada contextura da areia pálida e húmida. Ela marchava devagar, com o seu ligeiro pisar, próprio das pessoas a quem o movimento assusta e que vivem sedentariamente; era a segunda vez que andava sozinha no pinhal circundado por esteios de pedra onde se prendia velho arame farpado; e, como acontece com as mulheres caprichosas, gostava de contemplar‑se no seu retrato bucólico e triste, guardando, porém, no fundo do coração, a certeza duma breve comédia e dum desfrute da natureza sem qualquer convicção. Quando se extrai uma surpresa duma insignificância, isso equivale a receber uma lição gratuita aparentemente, mas em cujo acaso não se acredita. Tal é a alma do homem — duvida sempre da simplicidade dos factos sucedidos no âmbito do seu próprio ser; o natural não acontece senão no reino bruto, a razão não nos incita ao que é natural, mas ao que é possível.» [p. 11]


O Sermão do Fogo e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

Sobre Fogo Pálido, de Vladimir Nabokov

 



Fogo Pálido é um romance que não se parece com nenhum outro. O corpo principal é um poema que no original tem 999 versos repartidos em quatro cantos e escritos pelo fictício John Shade. Tem também um prefácio e um índice de um editor Charles Kinbote, além de um comentário, que assume a forma de notas a versos numerados no poema. 

A relação entre Kinbote e Shade ocorre na fictícia pequena cidade universitária norte-americana de New Wye, onde são vizinhos entre Fevereiro e Julho de 1959.

Kinbote escreve o seu comentário, que se centra sobretudo nas suas próprias preocupações, numa cabana turística na igualmente fictícia cidade de Cedarn. 

O resultado é um romance irónico, literário em segundo grau e completamente intrigante. 


Fogo Pálido (trad. Telma Costa) e outras obras de Vladimir Nabokov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/vladimir-nabokov/