31.10.11

«Para uma nova gaia ciência»




No Atual, suplemento do Expresso de 29 de Outubro de 2011, António Guerreiro escreve sobre Crítica da Razão Cínica, de Peter Sloterdijk: «A projeção de Peter Sloterdijk como um filósofo de envergadura nietzschiana começou com este livro, que continua a ser um marco fundamental de identificação do autor, que avançava intempestivamente com uma análise da sociedade contemporânea, a partir da qual chegava a uma nova configuração epocal: o nosso tempo — esta é a tese fundamental — é caracterizado pelo triunfo do cinismo.»

28.10.11

Hélia Correia, Gonçalo M. Tavares e Pedro Mexia na Relógio D'Água


No próximo mês de Novembro vão ser editados na Relógio D’Água uma obra infanto-juvenil de Hélia Correia e uma outra ficcional de Gonçalo M. Tavares.
De Pedro Mexia sairá em breve um livro de textos críticos.



Em Canções Mexicanas, Gonçalo M. Tavares apresenta-nos uma série de fragmentos narrativos de clara nitidez. É a sua visão da actual Cidade do México, uma megalópole de 20 milhões de habitantes, com loucos que se manifestam, lutas de raparigas ainda crianças e suicidas, seres para quem o sentimento europeu de procura de felicidade é algo de incompreensível.
É uma escrita, como em todos os seus livros, avessa às tradições líricas e sentimentais da prosa portuguesa.



Depois de Adoecer, Hélia Correia regressa com A Chegada de Twainy a um universo que lhe é familiar, o das fadas. As ilustrações são de Rachel Caiano. O livro começa assim:
«— Ninguém há de arrancar-me um “ai” — dizia Twainy.
A verdade é que ninguém tencionava arrancar-lhe coisa alguma.
Twainy estava sozinha, tão sozinha que o próprio vento se afastava dela, assustado com tanta solidão.
Twainy não era bem uma pessoa. Mas também já não era transparente. Estava numa fase vegetal. Tinha uma flor no alto da cabeça, a cara como uma maçã, e pés de pau. Parecia um arbusto, mas andava. Provavelmente ia tornar-se rapariga. Mas pouco percebia do assunto.»


Pedro Mexia reúne mais de uma centena de textos em O Corso, título que ilustra o seu particular modo de conceber a crítica, uma abordagem mais ou menos arriscada a um conjunto de poetas, prosadores e ensaístas portugueses.
A alguns deles foi já possível vê-los com alguma distância, outros podem muito bem cruzar-se com o autor nas ruas de Lisboa sob este incerto céu de Outono.

26.10.11

Novidades



Georges Duroy, de alcunha Bel-Ami, é um homem jovem e de belo físico. Um encontro ocasional mostra-lhe o caminho da ascensão social. Apesar da sua vulgaridade e ignorância, consegue integrar a alta sociedade apoiando-se nas amantes e no jornalismo.
Cinco mulheres vão sucessivamente iniciá-lo nos mistérios da profissão, nos segredos da vida mundana e assegurar-lhe o êxito ambicionado. Nesta sociedade parisiense, em plena expansão capitalista e colonial, a Imprensa, a política e a finança estão estreitamente ligadas. E as mulheres educam, aconselham e manobram na sombra.
Mas, por trás das combinações políticas e financeiras e do erotismo interesseiro, está a angústia que até um homem como Bel-Ami transporta consigo.
Bel-Ami é um dos romances mais vezes transposto para o cinema.
Em 2011 os realizadores Declan Donnellan e Nick Ormerod rodaram um novo filme, com os actores Robert Pattinson (no papel de Georges Duroy), Uma Thurman (Madeleine Forestier), Kristin Scott Thomas (Virginie) e Christina Ricci (Clotilde).

 

Lord Copper, magnata e proprietário do Daily Beast¸ orgulha-se do seu talento para descobrir jornalistas de qualidade, o que não quer dizer que não cometa um ou outro erro. Num jantar com Mrs Algernon Stitch, fica convencido de ter encontrado o repórter perfeito para cobrir uma pequena guerra em África. Enviado Especial é uma sátira sobre Fleet Street e a busca incessante de notícias, e uma das melhores comédias escritas por Waugh.


Encontro em Samarra apresenta-nos, em ritmo acelerado e com humor negro, a rápida ascensão e declínio de Julian English. Em 1930, English pertencia à elite social da sua terra natal. Mas, quando decide lançar um cocktail à cara de um poderoso parceiro de negócios, a sua vida começa a percorrer uma espiral descontrolada — arrastando o seu casamento pelo caminho.
Um clássico da literatura norte-americana.

Três novos clássicos na Relógio D’Água


Para a Relógio D’Água a publicação dos clássicos nunca foi um meio de secundarizar escritores actuais, mas um meio de permitir a sua redescoberta pela actual geração de leitores e de levar alguns críticos fascinados com o espírito do tempo a suspeitar que é bem possível que a literatura não tenha começado com o penúltimo Nobel ou o último Booker Prize.



Depois de David Copperfield, de Charles Dickens (com ilustrações de Phiz), vai ser em breve publicado Middlemarch, de George Eliot, pela primeira vez em edição completa no nosso país.


Segue-se, no início de 2012, o romance Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski, traduzido do russo por António Pescada, e tendo como prefácio um texto de Sigmund Freud.
FV

25.10.11

A Relógio D'Água nos media na semana de 22 a 29 de Outubro de 2011




No suplemento «Atual» do Expresso de 22 de Outubro, Luís M. Faria escreve sobre Impressões de África, de Raymond Roussel: «Se dissermos que há freaks, fantasmas, execuções, malabarismo, hipnotismo, sangue a coagular instantaneamente e muitas outras versões do maravilhoso, percebe-se que o delírio imaginativo deste autor excêntrico que pouco sucesso teve durante a vida — e também não precisava, sendo rico — é pelo menos tão grande como a sua destreza verbal. E a fantasia, claro, não esconde um lado negro.»

19.10.11

José Gil além-fronteiras




Depois da edição espanhola de Portugal, Hoje: O Medo de Existir, pela Editora Regional de Extremadura, está também disponível a edição sérvia do mesmo título, pela Mediterran Publishing.
Está neste momento em negociação a tradução para castelhano de A Arte como Linguagem.

18.10.11

Mais Um Número de Feira, de Tom Robbins




E se o corpo apresentado naquele jardim zoológico de berma de estrada for quem dizem que é — que peso poderia isso ter no futuro da civilização ocidental? E se uma jovem vidente de nome Amanda restabelecesse o circo de pulgas como um modo de entretenimento e o culto da fertilidade como a principal religião da nossa sociedade tecnológica?
Mais Um Número de Feira responde a estas questões e muitas mais. Conta-nos, por exemplo, como foram os anos sessenta, recriando a época de dentro para fora.

A Relógio D'Água nos media na semana de 16 a 22 de Outubro de 2011




Na revista Domingo do Correio da Manhã, João Pereira Coutinho escolhe escrever sobre As Desventuras do Sr. Pinfold, de Evelyn Waugh: «é o relato impressionante (e hilariante) de um intelecto em colapso. Mas é também a história de uma luta: a luta de um homem para recuperar a sanidade, tudo servido pela prosa elegante e poderosamente sarcástica de um mestre do humor. Alguém que se olha ao espelho e amplifica todos os defeitos até ao cúmulo da irrisão.»

14.10.11

Nas livrarias a partir desta semana




Nesta obra o leitor é transportado para a Praça dos Troféus, situada no centro de Ejur, capital de Ponukelé, onde a população se prepara para a sagração do imperador Talu VII.
Descobrimos inscrições inesperadas e estranhas máquinas, no meio das quais homens e mulheres de raça branca e negra se dedicam a exercícios complicados ou insignificantes, trágicos ou ridículos.
Só alguns capítulos depois se desvenda a implacável lógica de um tal cenário.



David Copperfield conta-nos a aventura de um rapaz, desde a infância infeliz até à descoberta da sua verdadeira vocação, a de romancista. Entre os fantásticos personagens do livro estão o seu padrasto, o senhor Murdstone; Steerforth, o brilhante mas desprezível colega de escola; a formidável tia Betsey Trotwood; o humilde e traiçoeiro Uriah Heep; a frívola e encantadora Dora; e ainda Micawber, uma das maiores criações cómicas da literatura de todos os tempos.
Em David Copperfield, romance considerado por Dickens como o seu favorito, o autor baseou-se na sua própria experiência para criar um mundo de tragédia e comédia, ingenuidade e desilusão.

11.10.11

Jaime Rocha recebe Prémio PEN Clube de Poesia




O Prémio PEN Clube 2010 na categoria de poesia foi atribuído a Jaime Rocha, poeta e dramaturgo, pela sua obra Necrophilia. O júri integrou Francisco Belard, Liberto Cruz e Manuel Frias Martins. A notícia completa pode ser lida aqui.
Transcrevemos abaixo um dos poemas do livro.

14.

Um cavaleiro acorda dentro de uma nuvem
para reclamar aquele corpo. Vem de um
vulcão onde habitam formigas gigantes.
mas o homem ouve uma outra voz, uma voz
que vem da terra como um hino. O céu
abre-se como se uma enxurrada o tivesse
cortado em dois. E todas as outras figuras
do poema saltam desse espaço e se juntam
de novo para cantá-lo, o pedreiro, o cavaleiro,
o guerreiro, o homem da montanha. Como se
a memória da mulher não fosse mais pesada
que o seu corpo e o choro deles regressasse
como um dilúvio para sepultar os prados.

10.10.11

Sobre Experimentum Humanum, de Hermínio Martins




No Público de 9 de Outubro pode ler-se um texto de Frei Bento Domingues, O. P., também sobre Experimentum Humanum, de Hermínio Martins: «Hermínio Martins, um grande investigador da Universidade de Oxford, acaba de publicar uma obra, Experimentum Humanum (Civilização Tecnológica e Condição Humana), que enfrenta, de forma rigorosa, muitas questões que numa época de aceleração da aceleração, convergem para a superação da condição humana no caminho para o pós-humano. A confluência das tecnologias (biotecnologia, nanotecnologia, computação, tecnologias de informação e de comunicação, neurociências/neurotecnologia ou ciência cognitiva) não será usada só para melhorar a condição humana mas para a modificar no seu futuro genético, neurológico e psíquico.» Texto completo aqui.

7.10.11

Tomas Tranströmer, leitor de T. S. Eliot






«O meu pão diário é Quatro Quartetos de T. S. Eliot, que mastigo deliciosamente entre os dentes», afirmou um dia Tomas Tranströmer, Prémio Nobel da Literatura em 2011.

Bob Dylan, Nobel material




Bob Dylan, apontado como um dos favoritos para o Prémio Nobel da Literatura em 2011 (e mais).

6.10.11

A Relógio D'Água na revista Os Meus Livros de Outubro de 2011




Na revista Os Meus Livros de Outubro anuncia-se a chegada às livrarias de Caso Kukótski, de Liudmila Ulítskaia, em que se pode ler «meio século da história russa, numa narrativa que aborda as relações entre ciência e religião».



Publica-se ainda uma crítica de Teresa Pearce de Azevedo a As Desventuras do Sr. Pinfold, de Evelyn Waugh, em que, «acumulando as facetas de personagem e de observador, o escritor católico romano», o Sr. Pinfold, apresenta «pontos de contacto» com o autor da obra. «Numa escrita fria e distanciada dos desagradáveis sintomas da esquizofrenia temporária de Pinfold e de Waugh, sentimos que descreve eventos nos quais participou, mas com um olhar analítico e quase de crítica.» Quanto ao contra que Teresa Pearce de Azevedo aponta à obra: «um tema tão actual que se torna (quase) desagradável», estamos contra.

A Relógio D'Água na revista Ler de Outubro de 2011




Na Ler de Outubro de 2011, José Guardado Moreira escreve sobre o primeiro romance de Iris Murdoch, Sob a Rede, com tradução de Maria de Lourdes Guimarães: «Jake Donaghue é um estouvado aspirante a escritor que vive de traduções de romances de um obscuro autor gaulês, e muitos outros esquemas para se manter à tona numa Londres de vaudeville, enquanto acumula manuscritos não publicados.»

4.10.11

Um Quarto com Vista, de E. M. Forster




Neste romance de comédia social, Forster ocupa-se de um dos seus temas favoritos: a imaturidade da classe média inglesa, aqui representada por um grupo de turistas expatriados em Florença. Os turistas ingleses são observados com um olhar minuciosamente irónico. A excepção é Lucy Honeychurch, uma jovem fascinada pela exuberância da paisagem humana e que, apesar da sua educação vitoriana, procura agir com naturalidade.
Nas suas relações com a preconceituosa prima Charlotte, os pouco convencionais Emersons e o arrogante noivo, Lucy vê-se dividida entre as actividades sociais e os sobressaltos do coração.
Esta edição inclui o texto escrito mais tarde por Forster, Uma Vista sem Quarto.

3.10.11

A Relógio D'Água na Time Out




Na Time Out de 21 de Setembro de 2011, José Carlos Fernandes faz uma leitura bem-disposta de O Olhar da Mente, de Oliver Sacks: «Há uma probabilidade de cerca de dois por cento de o prezado leitor sofrer de prosopagnosia congénita. Não é razão para ficar inquieto: apesar de o nome poder instilar receio, a prosopagnosia é apenas a dificuldade em reconhecer rostos. (…) Oliver Sacks, no seu permanente questionamento de como opera a mente, vir-se neste seu recente livro para a visão, recorrendo a casos clínicos desconcertantes e perturbadores.»



Na Time Out de 28 de Setembro, Hugo Pinto Santos atribui cinco estrelas (em cinco) a Caso Kukótski, de Liudmila Ulítskaia, dizendo que a autora «partilha com Pável Kukótski a capacidade de ver para dentro dos seres. Como o médico de Caso Kukótski, consegue penetrar o opaco e traduzir o complexo de redes e vísceras que motiva o animal humano. Do que poderia ser um risível super-poder, a autora faz uma alavanca narrativa particularmente eficaz.»