29.11.11

Nas livrarias




Numa época de grave crise económica e perante a desorientação dos governos, é altura de revelar o que de facto acontece nas salas de corretagem e nos bares da City, um dos principais centros financeiros do mundo actual.
Geraint Anderson quebra o código de silêncio da Square Mile com humor e franqueza, revelando segredos explosivos sobre a vida voraz, e bastantes vezes corrupta, no coração do maior mercado monetário da Europa. Dos gigantescos bónus aos monstruosos egos, passando pelo recurso à informação privilegiada e o dia-a-dia repleto de excessos, Cityboy pinta-nos o quadro de uma realidade financeira deliberadamente desregulada que em muito contribuiu para a crise actual.

Clarice Lispector com traduções em língua inglesa e novos livros em Portugal




Depois de escrever a biografia de Clarice Lispector, Benjamin Moser foi contactado pelas editoras New Directions, dos EUA, e pela Penguin Modern Classics, da Grã-Bretanha, ambas com interesse na tradução das obras da escritora brasileira. «Como tantos escritores internacionais sabem, é bastante raro ter uma oportunidade de ser editado em inglês. Mais raro ainda — quase inédito — é ter duas. Mas graças a editores dedicados em Londres e em Nova Iorque, Clarice Lispector, a maior escritora do Brasil, vai ter essa segunda oportunidade [depois de algumas traduções com problemas, publicadas no anos 80]», afirma Benjamin Moser.
Segundo o Ípsilon de 25 de Novembro, o romance A Hora da Estrela acaba de sair em paperback, com o título The Hour of the Star, traduzido por Benjamin Moser e com um prefácio do escritor irlandês Colm Tóibín. O académico Johnny Lorenz vai traduzir Sopro de Vida e a poetisa Idra Novey A Paixão segundo G. H. Por sua vez, Stefan Tobler assume a tradução de Água Viva.



A Relógio D’Água irá, ao longo do próximo ano, publicar quase integralmente a obra de Clarice Lispector ainda inédita em Portugal (mas disso daremos notícia detalhada na próxima semana).

Exposição sobre Raymond Roussel em Serralves




Raymond Roussel, cuja principal obra, Impressões de África, foi recentemente publicada pela Relógio D’Água, será em Abril de 2012 o tema de uma exposição no Museu de Serralves, vinda do Museu Rainha Sofia de Madrid onde estará patente até 27 de Fevereiro.
«Locus Solus: Impressiones de Raymond Roussel» reúne mais de três centenas de obras de artistas como Marcel Duchamp, Salvador Dalí, Max Ernst, Francis Picabia ou Rodney Graham inspiradas no autor de Impressões de África e Locus Solus.
João Fernandes, director do Museu de Serralves, diz que Roussel é um autor com «um imaginário poderoso e surpreendente», o que talvez explique que esta exposição seja a primeira do protocolo entre o Museu Rainha Sofia e Serralves.



João Fernandes afirma ainda, no Público de 25 de Novembro, acerca de Impressões de África (1910): «Este livro é uma espécie de terramoto. Muitas vezes não percebemos nada do que se passa, mas as situações atraem-nos, prendem-nos. E depois ele explica-as. Há sempre um encanto, uma estranheza pelo que não entendemos.»

28.11.11

Novo livro infanto-juvenil de Hélia Correia

 
 
 
«— Ninguém há de arrancar-me um “ai” — dizia Twainy.
A verdade é que ninguém tencionava arrancar-lhe coisa alguma.
Twainy estava sozinha, tão sozinha que o próprio vento se afastava dela, assustado com tanta solidão.
Twainy não era bem uma pessoa. Mas também já não era transparente. Estava numa fase vegetal. Tinha uma flor no alto da cabeça, a cara como uma maçã, e pés de pau. Parecia um arbusto, mas andava. Provavelmente ia tornar-se rapariga. Mas pouco percebia do assunto.»

Da Relógio D'Água para 2012



Em distribuição nas livrarias.

25.11.11

Novidades




Oliver Sacks é conhecido como um explorador da mente humana — um neurologista que analisa casos raros me complexos. No entanto, Sacks é também membro da American Fern Society, revelando desde a sua infância um fascínio por plantas primitivas e pela sua adaptação a climas diferentes.
Em Diário de Oaxaca, Sacks conta-nos a viagem que realizou com alguns colegas da American Fern Society a Oaxaca, uma província no México. Este livro junta a paixão de Sacks pela história natural e a riqueza da cultura humana com o seu olhar atento ao pormenor. Diário de Oaxaca é uma evocação de um lugar, das suas plantas, do seu povo e de todas as suas maravilhas.



Flush é a biografia de um spaniel, mais concretamente do cão da poetisa inglesa Elizabeth Barrett Browning, autora de Sonetos Portugueses.
Como escreve Fernando Guimarães no prefácio, a narrativa faz-se a partir de «vários pontos de vista que podem ser tanto os de Flush como os do narrador ou de outros personagens».
Mas como é um cão o protagonista, muitas descrições das casas burguesas, dos jardins e dos bairros pobres da Inglaterra do século xix são-nos dadas de um modo mais olfactivo do que visual.

Para Flush «o amor é sobretudo odor; a forma e a cor, odores; a música, a arquitectura, a lei, a política e a ciência são odores. Para ele a própria religião era um odor».

E o novo livro de poesia de João Miguel Fernandes Jorge:

A Relógio D'Água nos media na semana de 21 a 27 de Novembro




Na Time Out Lisboa de 23 de Novembro, Ana Dias Ferreira escreve sobre O Arranca Corações, de Boris Vian: «Claro que tratando-se de Boris Vian, tudo isto é contado dentro de uma atmosfera surrealista, onde os meses se designam Junhulho e Jambril, as personagens se chamam coisas como Jacquemort e Culblanc, e os homens vendem velhos em feiras, torturam animais e deitam todos os seus vícios e crimes para dentro de uma ribeira vermelha. Um mundo como um lugar terrível, que todos aceitam, num livro que consegue incomodar e assaltar o leitor com a percepção de que guardar os filhos em cofres não é uma ideia tão má quanto isso.»

18.11.11

A chegar às livrarias



«No zócalo, um maluco que estava rodeado de fumos disse-me que tinha uma marca que ia do centro da testa até cada uma das pernas: uma marca que começava lá em cima num ponto único e se dividia depois: uma linha para cada perna. Era uma marca invisível, um caminho invisível: primeiro um sítio maldito que partia do centro da testa, mas depois a tinta maldita ia-se diluindo em traço. E de um traço único passava a dois traços, um para cada uma das pernas, traços cada vez mais finos, menos malditos, mais fracos, e chegavam os dois traços aos pés já quase sem forças, sem maldição, sem raiva»



«De pernas esticadas e apoiada nos cotovelos, Yasue olhava o mar. Massas enormes de nuvens fervilhavam gigantescas, imensas na sua tranquila majestade. Dir-se-ia que bebiam todos os barulhos cá de baixo, até o rumor do mar.
Estava-se no pino do Verão e havia fúria nos raios de Sol.
As crianças cansaram-se do castelo de areia. Desataram a correr para que a água jorrasse das poças à beira das ondas. Acordada do pequeno e tranquilo universo pessoal para o qual tinha resvalado, Yasue correu atrás delas.
Mas não estavam a fazer nada que fosse perigoso. Tinham medo do bramido das ondas. Havia um pequeno redemoinho para lá da rebentação. Kiyoo e Keiko de mão dada, com água até à cintura e os olhos brilhantes, faziam frente à água, sentindo a areia mexer debaixo dos pés nus.
— Parece que alguém nos está a puxar — disse Kiyoo à irmã.
Yasue aproximou-se deles e proibiu-os de irem mais longe. Mostrou-lhes Katsuo, não o deviam deixar sozinho, deviam ir brincar com ele. Mas não lhe prestaram atenção. Estavam de pé, de mãos dadas, felizes, e olhavam-se sorrindo. Tinham um segredo: a areia que sentiam mexer debaixo dos pés.»


Reconhecido mestre de visões atormentadas, H. P. Lovecraft criou o seu estilo próprio em 1931 através do livro Nas Montanhas da Loucura.
O relato das misteriosas descobertas de uma expedição às ruínas de uma civilização perdida na Antárctica, onde as ameaças são inesperadas, é uma leitura essencial para qualquer entusiasta do terror clássico.

«H. P. Lovecraft ainda não foi superado como o maior escritor de histórias de terror clássico do século XX.» [Stephen King]

Agenda Relógio D'Água, autores de sempre para 2012




Esta agenda celebra os clássicos, ou seja, os autores que sucessivas gerações de leitores vão redescobrindo e fazendo seus.
Fá-lo através de fragmentos de obras, de correspondência, ou entrevistas de Oscar Wilde, Fernando Pessoa, Lev Tolstói, Walt Whitman, Marcel Proust, García Lorca, Montaigne, Marguerite Yourcenar, Nietzsche, Tchékhov, Walter Benjamin e Virginia Woolf.
Os textos escolhidos são acompanhados de fotografias, quadros e outras ilustrações que procuram descrever o trajecto de vida dos autores e recriar a época em que viveram. A agenda está disponível em duas capas diferentes.


14.11.11

A Relógio D'Água no Expresso de 12 de Novembro de 2011




No Atual do Expresso de 12 de Novembro, Ana Cristina Leonardo escreve sobre O Arranca Corações, de Boris Vian, novela que «estilhaça o conforto realista e não deixará de surpreender os leitores de hoje. Vian, acima de tudo uma cabeça livre, deixa-se levar pelo radicalismo da imaginação, saltando de situações banais para poderosas simbologias, sentimentos trágicos e diálogos soberbos. Sempre com o humor a impedir-lhe a pomposidade. O texto agarra-nos de imediato. Um homem caminha ao longo de uma falésia rodeado de uma Natureza encantadora.»


No mesmo suplemento, num texto intitulado «Um par de Boots», Pedro Mexia escreve sobre Enviado Especial, de Evelyn Waugh, que considera «“incorrecto” e muito divertido. O género satírico de Waugh estava no auge [1938], e são fabulosas todas as conversas surreais sobre a burocracia oficial e a hipocrisia diplomática. Parte da comédia tem um componente à clef, mas mesmo quem não reconheça os modelos em quem o romancista se inspirou pode divertir-se com a presunção, a paranóia e o tédio.»

9.11.11

A Relógio D'Água na revista Os Meus Livros de Novembro de 2011




Na revista Os Meus Livros deste mês, Ana Paula Gouveia atribui quatro estrelas e meia a O Moinho à Beira do Floss, de George Eliot, «pseudónimo da escritora britânica do século XIX Marian Evans», que, diz, «é uma agradável surpresa. Empolgante, emocionante, comovente e dramático são adjectivos que se podem facilmente atribuir à história da família Tulliver e, nomeadamente, à vida da filha mais nova, Maggie, que acompanhamos desde criança até à idade adulta. Insubmissa, curiosa, inteligente, lutadora e independente, Maggie distinguia-se das mulheres de então também pelas suas características físicas, onde se destacam uns grandes olhos negros e uma pele morena.»



Numa crítica a uma obra de Penelope Fitzgerald, Pedro Ribeiro refere o primeiro livro da autora publicado em Portugal, A Flor Azul, que é uma edição da Relógio D’Água.

7.11.11

A Relógio D'Água na revista Ler de Novembro de 2011




Na lista dos livros saídos por dias de Outono, apresenta-se Pela Estrada Fora — O Rolo Original, de Jack Kerouac, com tradução de Margarida Vale de Gato.


Rui Bebiano escreve sobre Viver no Fim dos Tempos, do «filósofo em combate» Slavoj Zizek: «O ponto de partida é a iminência da catástrofe e a procura da redenção.» […] «… publicado originalmente em 2010, é um excelente exemplo dessa prolixidade e da vastidão de um olhar que incorpora a capacidade de questionar as dimensões menos visíveis do mundo actual.»

Cosmópolis de Don DeLillo em filme de David Cronenberg




O realizador David Cronenberg visitou Portugal para apresentar o filme A Dangerous Method, que trata da relação entre Freud, Jung e Sabina Spielrein.
Francisco Ferreira, crítico do Expresso (5-11-2011), escreveu uma reportagem sobre o último dia de rodagens de Cosmópolis, próximo filme do cineasta canadiano, que é também uma produção de Paulo Branco.
A adaptação cinematográfica do romance de Don DeLillo foi filmada em Toronto entre Maio e Julho e deverá chegar às salas de cinema em Maio de 2012.
Cosmópolis foi publicado pela Relógio D’Água em 2003 e, embora tenha sido por algum tempo eclipsado pelos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, o tema readquiriu a maior actualidade.
A personagem do romance, Eric, é um enriquecido corretor da Bolsa, que numa manhã de engarrafamento decide atravessar Manhattan na sua sofisticada limusina para cortar o cabelo. É então que Eric decide apostar contra a subida do iene, o que lhe traz consequências imprevisíveis.

4.11.11

Em Novembro nas livrarias



 
Em Canções Mexicanas, Gonçalo M. Tavares apresenta-nos uma série de fragmentos narrativos de clara nitidez. É a sua visão da actual Cidade do México, uma megalópole de 20 milhões de habitantes, com loucos que se manifestam, lutas de raparigas ainda crianças e suicidas, seres para quem o sentimento europeu de procura de felicidade é algo de incompreensível.
É uma escrita, como em todos os seus livros, avessa às tradições líricas e sentimentais da prosa portuguesa.

A Relógio D'Água nos media na semana de 31 de Outubro a 6 de Novembro de 2011




No Ípsilon do Público de 4 de Novembro, Maria da Conceição Caleiro escreve: «Iris Murdoch é uma autora maior de língua inglesa. Arrebatou inúmeros prémios, entre os quais o Booker (1978). Escreveu 25 romances, publicou obras de filosofia (a tese sobre Sartre dotá-la-ia de uma sensibilidade existencialista). Politicamente interveniente, foi também activista de esquerda. Sob a Rede, o primeiro livro (1954), foi desde logo aplaudido. Em 2005, a Time considera-o um dos cem melhores livros em língua inglesa desde 1923; os responsáveis pela Modern Library julgam-no uma das maiores obras do século XX.»

1.11.11

Don DeLillo em Portugal




No Atual de 29 de Outubro, Clara Ferreira Alves, enviada pelo Expresso a Nova Iorque, entrevista Don DeLillo, que neste momento se encontra em Lisboa como convidado do Lisbon & Estoril Film Festival.
A introdução de Clara Ferreira Alves (CFA) abunda em generalidades controversas («o autor americano»; «o que torna DeLillo universal é o modo como trata […] a alma americana»; etc.). Por outro lado, a jornalista parece ignorar as obras do autor publicadas em Portugal. Refere White Noise e Underworld pelos títulos em inglês (saíram em Portugal como Ruído Branco e Submundo), citando outras obras em português, como O Homem em Queda e Ponto Ómega. A entrevistadora não menciona também a adaptação cinematográfica em curso do romance de DeLillo Cosmópolis (realização de David Cronenberg e produção de Paulo Branco).




Na entrevista, o autor de Ruído Branco, aborda, a dada altura, o seu primeiro livro, Americana, recentemente publicado pela Relógio D’Água. A propósito desse romance DeLillo afirma: «Ao cabo de dois anos dentro do livro, senti que era um escritor. Mesmo que este livro nunca seja publicado, mesmo que nunca seja acabado, sou um escritor. Já tinha deixado o emprego.»




CFA interroga DeLillo sobre o que existe na sua obra de Camus, Genet, Proust e Joyce. O autor de Ruído Branco, Mao II e Libra, sublinha apenas a sua relação com Joyce: «Sobretudo Joyce. A beleza da linguagem. O Joyce do Ulisses. Lembro-me de ler as três primeiras páginas de Ulisses nesse quartinho e ainda me vejo a lê-las, com o sol a entrar pela janela. A beleza pura da língua inglesa, que no meu trabalho se tornou a língua americana.»
FV