31.1.22

Sobre O Vale dos Assassinos, de Freya Stark

 



Freya Stark viajou a pé, de burro, de camelo e automóvel para chegar à antiga fortaleza de Alamut, descrita por Marco Polo, situada no vale da sociedade secreta dos Assassinos.

Na ausência de mapas da região, Stark convenceu um guia local a conduzi-la através de montanhas e planícies até encontrar a fortaleza coberta de tulipas. Após a viagem, elaborou o primeiro mapa da área.

O Vale dos Assassinos é a viagem a um mundo que hoje só podemos visitar em livro.


O Vale dos Assassinos (trad. de Ana Maria Chaves) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-vale-dos-assassinos/

Sobre Vale Abraão, de Agustina Bessa-Luís

 



«As suas personagens não eram bonecos vestidos de ideias que em lugar de pensarem os sentimentos eram pensadas por eles, usava nexos afectivos, não racionais, as suas obras não obedeciam a uma ordenação lógico-discursiva, obedeciam a uma tumultuosa ordenação do caos, a inteligência não era apanágio do autor, era uma característica da escrita, no sentido em que as palavras solucionavam a tessitura de acordo com uma implacável lógica interna, não nos conduzia a parte nenhuma, mergulhava-nos em nós mesmos dando-nos a conhecer o nosso caos interior, descodificando-o e mostrando-nos a sua complexa simplicidade

(parece um paradoxo mas não é)

e construiu uma obra única de catalogação do mundo, uma aprendizagem das luzes e das trevas da qual saímos como quem desperta de um sonho, devorados pela prosa, reduzidos às cinzas de um fogo que nos devolve inteiros a nós mesmos. Aprende-se com ela como as trevas são claras e como tudo é excepcional.» [Do Prefácio]


Vale Abraão e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

Livros de Gonçalo M. Tavares editados no Iraque e na Palestina

 


Acabam de sair no Iraque, com tradução para árabe de Abdul Hadi Sadoun, as adaptações para crianças de O Senhor Valéry.
No final de 2021, «O Osso do Meio» obteve o 2.º lugar no Prémio Oceanos, estando agora entre os finalistas do Prémio Literário Casino da Póvoa.
Obras de Gonçalo M. Tavares estão traduzidas em numerosas línguas europeias, além do chinês, japonês, hebraico, hindu e crioulo, num total de cerca de 60 países.
Além do Iraque, está publicado em editoras de diferentes países árabes como o Egipto, Marrocos, Kuwait e, recentemente, um dos seus livros foi publicado numa editora da Palestina.


Sobre Léxico Familiar, de Natalia Ginzburg



 

Léxico Familiar é o principal livro de Natalia Ginzburg e um clássico da literatura italiana contemporânea.

A narrativa acompanha a vida dos Levi, que viveram em Turim entre 1930 e 1950, período em que se assiste à ascensão do fascismo, à Segunda Guerra Mundial e aos acontecimentos que se lhe seguiram.

Natalia, uma das filhas do professor Levi, foi testemunha dos momentos íntimos da família e dessa conversa entre pais e irmãos que se converteu num idioma secreto.

Nesta narrativa de pendor autobiográfico, os acontecimentos quotidianos misturam-se com reflexões que mantêm toda a atualidade. 

O livro venceu em 1963 o Prémio Strega.


«A sua simplicidade é um feito, bem conseguida e admirável, e bem-vinda a um mundo literário em que o manto da omnisciência é tão prontamente envergado.» [The New York Times Book Review]


Léxico Familiar e As Pequenas Virtudes (trad. Miguel Serras Pereira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/natalia-ginzburg/


Sobre A Balada do Café Triste, de Carson McCullers




A Balada do Café Triste narra o encontro, numa pequena povoação norte-americana, de Miss Amelia com um corcunda que se afirma vagamente seu primo e um condenado, Marvin Macy, que regressa da prisão para se vingar de um repúdio antigo. A particular sensibilidade de Carson McCullers transforma este encontro de paixões numa história bela, estranha e nostálgica que termina com um combate entre Miss Amelia e Macy no café que depois disso permanecerá para sempre triste.

Escrito em 1951, dezasseis anos antes da sua morte, este livro de Carson McCullers foi considerado por Tennessee Williams uma das obras-primas em prosa da língua inglesa. 


A Balada do Café Triste (trad. José Guardado Moreira) e outras obras de Carson McCullers estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/a-balada-do-cafe-triste/

Sobre O Vento nos Salgueiros, de Kenneth Grahame

 



No dia em que fazia quatro anos, o filho de Kenneth Grahame chorava desconsoladamente. 

Para acabar com o choro, o pai prometeu-lhe contar todas as histórias que ele quisesse, permitindo-lhe escolher os protagonistas. O resultado de muitas noites de narrativas foi O Vento nos Salgueiros, publicado em 1908. 

Na margem do rio, o Toupeira, o Rato, o Sapo, o Texugo e o Lontra levam uma vida tranquila, mas discutem sobre a necessidade de abandonar o lar e viver excitantes aventuras. 

A segura margem do rio e o amplo mundo que representa o desconhecido e o arriscado são os cenários desta narrativa que celebra os encantos da vida simples e da amizade.


O Vento nos Salgueiros (trad. Maria Eduarda Cardoso) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-vento-nos-salgueiros/

30.1.22

Sobre O Sul, seguido de Bene, de Adelaida García Morales

 



«Amanhã, assim que fizer dia, irei visitar a tua campa, pai. Disseram‐me que entre as suas fendas a erva cresce bravia e que sobre ela nunca brilham flores apanhadas de fresco. Ninguém te visita. A mamã foi‐se embora para a terra e tu não tinhas amigos. Diziam que eras tão esquisito... Mas, por mim, nunca te achei nada de estranho. Pensava nessa altura que tu eras um mágico e que os mágicos eram sempre grandes solitários. Talvez por isso é que escolheste aquela casa a dois quilómetros da cidade, perdida no campo, sem qualquer vizinhança. Era grande de mais para nós, embora assim a tia Delia, tua irmã, pudesse vir de vez em quando passar uns tempos. Tu não gostavas muito dela: em compensação, eu adorava‐a. Tínhamos também lugar para a Agustina, a criada, e para Josefa, que odiavas. Ainda a vejo tal como chegou à nossa casa, vestida de preto, com uma saia muito comprida, até aos tornozelos, e aquele véu negro que lhe cobria os cabelos riçados.» [p. 11]


O volume inclui duas novelas, a primeira das quais, O Sul, deu origem a um filme realizado por Víctor Erice.

Tanto O Sul como Bene se caracterizam por um magnetismo narrativo baseado na especial capacidade de Adelaida García Morales para envolver numa aura de mistério a ausência de personagens masculinas ausentes.

Movendo-se no território da pureza amoral da adolescência, as narrativas percorrem caminhos pouco habituais na ficção espanhola.

Como escreveu Ángel Fernández-Santos, «O Sul é uma das narrativas de amor mais originais na sua poderosa simplicidade».


O Sul seguido de Bene (trad. Hélia Correia) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-sul-seguido-de-bene/

De As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

 



«Alice começava a aborrecer-se imenso de estar sentada à beira-rio com a irmã, sem nada para fazer: espreitara uma ou duas vezes para o livro que a irmã lia, mas não tinha gravuras nem diálogos. «E de que serve um livro», pensou Alice, «se não tem gravuras nem diálogos?»

Por isso cogitava de si para si (com certa dificuldade, porque o dia quente a fazia sentir estúpida e sonolenta), se havia de dar-se ao trabalho de levantar-se e colher margaridas pelo prazer de fazer com elas um colar de flores. Foi então que, de repente, um Coelho Branco com olhos cor-de-rosa passou a correr ao pé dela.

Não era coisa muito extraordinária; nem Alice pensou que fosse assim muito inusitado ouvir o Coelho dizendo:

— Credo! Credo! Vou chegar atrasadíssimo!

(Quando mais tarde pensou nisso, ocorreu-lhe que devia ter ficado espantada, mas naquela altura pareceu-lhe tudo bastante natural.) Porém, quando o Coelho deu em puxar um relógio do bolso do colete, e olhou para ele e desatou a correr, Alice levantou-se imediatamente, porque lhe passou na ideia que nunca antes tinha visto um coelho com um bolso de colete, nem um relógio que tirasse de lá, e, ardendo de curiosidade, correu pelos campos atrás dele, mesmo a tempo de o ver enfiar-se por uma enorme toca debaixo de uma sebe.

Num instante, Alice enfiou-se também atrás dele, sem pensar sequer como diabo é que havia de sair outra vez.»


Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho (trad. Margarida Vale de Gato) e outras obras de Lewis Carroll estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lewis-carroll/

29.1.22

Sobre Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin

 



«Eugénio Onéguin apreende-se desde as primeiras estrofes como uma sátira, nunca violenta ou gratuita, mesclada de tristezas. A ironia (e a auto-ironia) da sua linguagem apelam à inteligência e ao espírito crítico do leitor.

A ligeireza da sua fala, que permite uma leitura fácil e sem tensão, combina-se com uma grande profundidade de ideias, exprimidas sempre como que a brincar, com uma enorme abrangência na descrição da realidade — pessoas, lugares, estações do ano, actividades, costumes, vida cultural, etc. Diz Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios com Púchkin: “Uma ligeireza — é a impressão que nos produzem as suas obras, a sensação geral e instantânea. (…) Mal ele apareceu na poesia, a crítica falou da ‘fluência e ligeireza extraordinárias dos seus versos’, de que ‘eles, aparentemente, não lhe custaram trabalho nenhum’.”» [Do Preâmbulo dos Tradutores]


Eugénio Onéguin (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/eugenio-oneguin/

Sobre Peças em Um Acto, de Anton Tchékhov

 



«Na sua produção dramatúrgica, depois de uma peça tão extensa como Platónov, Tchékhov como que estabilizou a sua produção em peças de algumas dezenas de páginas, certamente guiado por um maior contacto com os palcos e com a vida real do teatro. No meio dessa sua intensa produção, tanto na prosa como na dramaturgia, escreveu as peças em um acto, não às centenas como em certa ocasião sugeriu ser capaz de escrever, nem a dúzia a que mais tarde se limitou com maior realismo, mas menos de uma dezena. […]

Sendo embora curtas, estas peças em um acto nem por isso são “pequenas”, porque, como todas as grandes obras, mantêm a sua actualidade e a sua frescura.» [Do Prefácio de António Pescada]


Inclui as peças Na Estrada Real; O Canto do Cisne; O Urso; O Pedido de Casamento; O Trágico à força; A Boda; O Aniversário do Banco; e Os Malefícios do Tabaco.


Peças em Um Acto (trad. António Pescada) e outras obras de Anton Tchékhov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/anton-tcheckhov/

28.1.22

Sobre Marca de Água, de Joseph Brodsky

 



Em Marca de Água, Joseph Brodsky apresenta-nos um gracioso, inteligente e variado retrato de Veneza.

Observando os mais diversos aspetos da cidade, os canais, as ruas, a arquitetura, as pessoas e a gastronomia, Brodsky capta a magnificência, a fragilidade e a beleza da cidade.

Ao mesmo tempo, desfilam as próprias memórias que Brodsky tem de Veneza, que foi a sua morada de muitos invernos, dos seus amigos, inimigos e amantes. O livro reflete, com enorme força poética, sobre o modo como a passagem do tempo afeta Veneza, alterando a relação entre a água e a terra, a luz e a escuridão, a vida e a morte.


Marca de Água (trad. Ana Luísa Faria) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/marca-de-agua-sobre-veneza/

Sobre O Separar das Água e Outras Novelas, de Hélia Correia

 



«Como todas as vilas recolhidas, afastadas das grandes capitais, as notícias chegavam a Vilerma tardiamente e muito acrescentadas. A Revolução Russa e o milagre de Fátima vieram a um tempo, entrelaçados, como formas visíveis do tremendo combate de Deus e do Diabo, que arrastava consigo a perdição do mundo.

O padre Benjamim, subitamente pálido, apoiava no ventre, sobre o lado direito, a mão consoladora. Queixava‐se do fígado e o vinho da missa tornara‐se‐lhe amargo.

Andava assoberbado de trabalho, com novenas e preces, mortes e confissões. Uma gripe maligna e a tuberculose cavalgavam nas vilas, exterminavam. Demonstrando alguns restos de decência, preferiam, na escolha, os casebres dos pobres, o que tornava breves as cerimónias de enterro e indignava apenas os fazedores de campas luxuosas, com mármore e doirados e mãos vindas do chão a segurar nas jarras de alabastro.

O milagre de Fátima deixara o padre Benjamim perplexo. Dera em falar sozinho e em vomitar. Escrevera para Lisboa, pedindo informações, pormenores que lhe dessem alguma garantia. Mas, não tendo resposta, resignou‐se, supondo que até mesmo o cardeal estaria tão espantado como ele.

Secretamente, entrara‐lhe a inveja pelo corpo moído das insónias. Naquela vila branca e infecunda, ele sempre esperara qualquer coisa, um sinal que descesse da lua derretida ou mesmo uma criança que nascesse a declamar os salmos em latim, só um pequeno sopro perfumado que lhe ateasse as velas no altar. Enfim, uma qualquer divina distinção.» [pp. 13-14]


Este livro reúne três novelas de Hélia Correia.

Saído em 1981, O Separar das Águas foi o primeiro livro publicado pela autora. Villa Celeste foi editado em 1985. Com Soma, de 1987, Hélia Correia aproximou-se de um meio social diferente, mais jovem e de linguagem urbana. 

O Separar das Águas e Outras Novelas e outras obras de Hélia Correia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/

Sobre É Complicado, de danah boyd

 



O que há de novo sobre a forma como os jovens comunicam através de plataformas como o Facebook, Twitter ou Instagram? De que modo as redes sociais afetam a sua qualidade de vida?

Neste livro a especialista em cultura jovem e tecnologias danah boyd desmistifica os principais mitos relativos ao uso das redes sociais pelos jovens. A autora explora os temas da identidade, privacidade, segurança, perigo e bullying, argumentando que a sociedade coloca o paternalismo e o protecionismo como obstáculo no caminho dos jovens para se manterem informados e capazes de pensar, o que os tornaria cidadãos ativos através das suas interações online.

Apesar deste ambiente de receio e contenção, boyd revela que os jovens encontram maneira de se manterem conectados e de formarem uma identidade própria.


«Ao explicar o mundo em rede dos jovens, boyd demonstra possuir os conhecimentos de uma socióloga, a atenção de uma repórter e a experiência de uma tecnóloga. Para os pais que estejam a pensar no que estão a fazer os seus filhos online, este é um livro indispensável.» [Walter Isaacson, CEO do Aspen Institute, autor do livro Steve Jobs]


«Elaboradamente investigado através de entrevistas e estudos de cerca de uma década, o livro de boyd é a análise mais importante da cultura em rede que jamais li.» [Cory Doctorow, Boing Boing]


«Para quem quer entender os mundos digitais habitados pelos jovens de hoje. Este é o livro a ler.» [Joward Gardner, coautor de The App Generation]


É Complicado (trad. Artur Lopes Cardoso) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/e-complicado/

Sobre Pippi das Meias Altas nos Mares do Sul, de Astrid Lindgren

 



Alguma vez repreendeste um tubarão?

A Pippi já!


Sabes o que é um «gatafão»?

A Pippi sabe!


Consegues transportar o teu pai aos ombros?

A Pippi consegue!


A Pippi, o Tommy e a Annika partiram para uma grande aventura — uma viagem à Ilha Cannikani, onde o pai da Pippi é rei. Juntos, exploram cavernas secretas e jogam ao berlinde com pérolas. E encontram piratas e tubarões que, felizmente, conseguem derrotar. 


«Qualquer livro da série “Pippi” é motivo de celebração. Este não é exceção.»   [The New York Times]


Pippi das Meias Altas nos Mares do Sul (trad. de Marta Mendonça) e outras obras de Astrid Lindrgen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/astrid-lindgren/

De Poemas Escolhidos, de W. B. Yeats

 



«AO SER-ME SOLICITADO UM POEMA DE GUERRA


Em tempos como estes parece-me melhor que

A boca de um poeta tudo cale, pois na verdade

Não nos cabe o dom de corrigir um estadista;

Já se intromete bastante quem logra agradar

A uma rapariga na indolência da sua juventude

Ou a um velho numa noite de inverno.»


Poemas Escolhidos (trad. Frederico Pedreira) e outras obras de W. B. Yeats estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-butler-yeats/


27.1.22

Sobre Entretenimento e Paixão na História do Ocidente, de Byung-Chul Han

 



O entretenimento, a distração e a intranscendência afirmam-se nos mais diversos âmbitos da sociedade ocidental, alterando a compreensão do mundo. “A totalização do entretenimento tem como consequência um mundo hedonista.”

Os valores que se lhe opõem são os da paixão, próprios das culturas cristãs, em que tradicionalmente se enaltece o trabalho, o esforço, o sofrimento e a seriedade. A arte relacionada com esses valores é a que integra o sofrimento e o combate entre o bem e o mal.

Perante esta oposição, parece impossível qualquer reconciliação.

Mas, como mostra Byung-Chul Han, o jogo e a paixão talvez não sejam tão antagónicos como poderiam parecer. Para o provar, o filósofo germano-coreano toma como referência Kant, Hegel, Nietzsche, Heidegger, Luhmann e Rauschenberg, e analisa as formas de entretenimento surgidas ao longo da história, evidenciando a importância do ócio nos nossos sistemas sociais.


Entretenimento e Paixão na História do Ocidente (trad. Miguel Serras Pereira) e outras obras de Byung-Chul Han estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/byung-chul-han/

Sobre «A Paixão segundo G. H.», de Clarice Lispector

 



A Paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, em clube de leitura da Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora


A Paixão segundo G. H, de Clarice Lispector, foi o livro escolhido por Tânia Ganho para o mês de Fevereiro do clube de leitura da Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora.

A sessão decorre no dia 2 de Fevereiro, pelas 18:30. A actividade é gratuita e requer inscrição prévia por email (bibliotecas@cm-amadora.pt) ou telefone (214 369 054).


«A Paixão segundo G. H.» e outras obras de Clarice Lispector estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Sobre O Que os Cegos Estão Sonhando?, de Noemi Jaffe

 



Em abril de 1945, cerca de um ano após ser presa pelos nazis e enviada como prisioneira para Auschwitz, Lili Jaffe (cujo nome de solteira era Lili Stern) foi salva pela Cruz Vermelha e levada à Suécia. Lá, anotou num diário os principais acontecimentos por que havia passado: a captura pelos alemães, o quotidiano no campo, as transferências para outros locais de trabalho, mas também a experiência da libertação, a saudade dos pais e a redescoberta da feminilidade.

Esse diário — hoje depositado no Museu do Holocausto em Jerusalém e que, traduzido diretamente do sérvio, tem aqui a sua primeira publicação mundial — foi o ponto de partida para este livro absolutamente incomum, escrito e organizado por Noemi Jaffe. Em O Que os Cegos Estão Sonhando?, três gerações de mulheres da mesma família que se debruçam sobre o horror de Auschwitz, no impulso — tão imprescindível quanto vão — de, como observa Jeanne Marie Gagnebin, erguer uma defesa “contra a brutalidade do real”.


O Que os Cegos Estão Sonhando? está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-que-os-cegos-estao-sonhando/

Sobre Contos e Diários, de Isaac Bábel

 



Este livro inclui contos de O Exército de Cavalaria e outras narrativas dispersas por várias publicações e que se intitularam aqui «Contos Diversos». Inclui também O Diário de Petersburgo e O Diário de 1920.


«Como contista, Bábel rivaliza com Turguénev, Tchékhov, Maupassant, Gógol, Joyce, Hemingway, Lawrence e Borges. Tal como eles, é um génio da forma, mas pertence à família de Kafka na particular dicotomia do seu génio. Kafka escreve num alemão purificado que é praticamente idiossincrásico e Bábel é um mestre da literatura russa, mas ambos, misteriosamente, são escritores judeus, ambíguos perante a tradição e alheios a ela.» [Harold Bloom]


Contos e Diários (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra) e Contos Escolhidos (tradução de Nailia Baldé) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/isaac-babel/

26.1.22

Sobre Diários, de Virginia Woolf

 



«O que nos diz o Diário da pessoa de Virginia Woolf que nos permita conhecê-la melhor? O aspecto mais impressionante, creio ser a evidência de uma mulher extremamente contraditória. Desde logo, as alterações radicais dos estados de espírito, a dramática inconstância dos terrores e euforias vivenciais, de um dia “tão divinamente feliz” e de outro exausta e deprimida. Igualmente a dicotomia entre a necessidade de “estar na vertigem das coisas” (o prazer que diz incomparável de jantares e festas, das visitas, das bisbilhotices) e o isolamento com os livros, a escrita, o jardim, a lareira, Leonard. Deseja a animação, os estímulos que põem a mente à prova, os mexericos fervilhantes, e logo se farta da afluência das visitas, despreza os convivas enfadonhos e banais, acusa o desgaste das frioleiras, a perda de tempo com ninharias, anseia beber uma boa “dose de silêncio”.» [Do Prefácio]


Diários (selecção, tradução, prefácio e notas de Jorge Vaz de Carvalho) e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/


Sobre Diários, de Franz Kafka

 



«Quando começou a escrever os diários, em 1909, Kafka trabalhava numa companhia de seguros (licenciara-se em Direito, a contragosto, para satisfazer as expectativas familiares), vivia ainda com os pais e as três irmãs em Praga, mas recentemente passara a ter um quarto próprio, convivia regularmente com os amigos Felix Weltsch, Oskar Baum e Max Brod, com quem frequentava conferências e cafés, cinemas e bordéis, já começara a publicar textos em revistas e a ser conhecido como autor num círculo restrito. (…)

Nos catorze anos de que os diários dão registo, acompanhamos as inquietações obsessivamente elaboradas ao longo de uma vida: o conflito com o pai, ou a forma peculiar de violência que é a violência em família; o judaísmo; o corpo e a doença; a hesitação entre casamento e celibato, ambos temidos e desejados; a vida profissional como prisão. Acompanhamos (mais por omissão) a turbulência dos tempos, de que é exemplo a muito citada entrada de 2 de Agosto de 1914, no início da Primeira Guerra Mundial: «A Alemanha declarou guerra à Rússia. – À tarde, natação» (p. 332). Mas praticamente não há elemento que não seja visto à luz da preocupação central de Kafka: a sua vocação de escritor, entendida como a forma de resistência ou de sobrevivência de alguém que, no seio da própria família, foi posto à margem do mundo e dos homens.» [Da Nota Introdutória]


Diários (trad. Isabel Castro Silva) e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/

Sobre Diários, de Sylvia Plath

 



Francisco Vale falou com Luís Caetano sobre Diários, de Sylvia Plath, no programa A Ronda da Noite de 24 de Janeiro. O programa pode ser ouvido aqui: https://www.rtp.pt/play/p1299/e594150/a-ronda-da-noite


Diários (1950-1962) (trad. José Miguel Silva e Inês Dias) e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/

25.1.22

Sobre A Campânula de Vidro, de Sylvia Plath

 



«The Bell Jar veio pela primeira vez a público em Inglaterra, no dia 14 de janeiro de 1963, editado pela Heinemann, com autoria atribuída a Victoria Lucas.

O motivo que terá levado Sylvia Plath a recorrer a um pseudónimo prende-se com a óbvia coincidência existente entre personagens, eventos e lugares ali descritos, e a realidade biográfica da autora. Essa confusão entre realidade e ficção tem servido, ao longo dos anos, a uma vasta panóplia de equívocos que mais não fizeram do que dissimular o lugar da sua obra poética e narrativa na literatura anglo-americana contemporânea.» [Do Posfácio]


A Campânula de Vidro (trad. Mário Avelar) e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/

Sobre A Promessa, de Damon Galgut

 



«Em A Promessa, Damon Galgut parte da história da família Swart para construir um inteligente e intrincado retrato da África do Sul nos últimos 30 anos. Começando em meados dos anos 80, antes do fim do apartheid, e terminando nos tempos atuais, 20 anos depois do seu término, o romance espelha e reflete sobre vários momentos decisivos na luta pelo fim da segregação, que a promessa feita por Rachel a Salome simboliza.

[…]

A mensagem final de A Promessa, não é pessimista, mas otimista e de esperança por uma África do Sul e um mundo melhor.» [Rita Cipriano, Observador, 22/1/2022: https://observador.pt/2022/01/22/damon-galgut-uma-maldicao-familiar-e-uma-promessa-por-cumprir-na-africa-do-sul-do-apartheid/]


«A Promessa», de Damon Galgut (trad. José Mário Silva), está disponível em: https://relogiodagua.pt/produto/a-promessa-pre-venda/

Sobre A Ilha de Sukkwan, de David Vann

 



Uma ilha deserta no sul do Alasca, a que só se consegue chegar de barco ou de hidroavião, repleta de florestas e montanhas escarpadas. Este é o cenário que Jim escolhe para desenvolver em novas bases a relação com o filho Roy, de 13 anos, que mal conhece. 

Doze meses numa cabana isolada do resto do mundo, colaborando para enfrentar uma natureza rude. Parece uma boa oportunidade para recuperar o tempo perdido. Mas as difíceis condições de sobrevivência e a tensão emocional a que se veem sujeitos rapidamente transformam esta estada num pesadelo asfixiante, tornando a situação incontrolável.

A Ilha de Sukkwan é uma história de um suspense avassalador. Com esta narrativa, que nos leva às profundezas da alma humana, David Vann afirmou-se como um dos escritores norte-americanos de primeiro plano.


“Brilhante… Vann segue a prosa vigorosa de Cormac McCarthy e de Hemingway, mas possui uma agilidade muito própria.” [The Times]


A Ilha de Sukkwan e Aquário (trad. José Lima) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/david-vann/

Sobre Rodeado de Ilha, de João Miguel Fernandes Jorge

 



«No conto inicial de “Rodeado de Ilha”, “A Economia das Paixões”, JMFJ assume o “errático balanceio de narrador” (p. 15), mas isso apenas quer dizer um narrador e, por conseguinte, narrações, de uma elegante flexibilidade — “Agora sou levado a deslocar aqueles que atrás ficaram e a contar a sua história” (p. 194). De regresso ao prodigioso “Hermengarda” — uma das mais brilhantes ficções de JMFJ, e talvez uma das suas personagens de maior força e conseguimento —, poderemos ser tentados a pensar em Agustina, perante a força indómita desta “mulher que já não tem paciência” (p. 273), e de outras figuras femininas que com ela “contracenam”, como Silvana; ainda antes disso, porém, devíamos atentar no início do conto. Este surge-nos como a rubrica ou as dramatis personae de uma peça teatral, género não praticado por JMFJ, que, no entanto, várias vezes se refere com apreço a “Benilde ou a Virgem Mãe”, de José Régio. Aqui, não teremos, em sentido estrito, um drama, ainda que se possa entrever, nestas falas, e na forma como estas surgem, um certo eco do texto dramático. Hermengarda, protagonista do conto que tem o seu nome, já se disse, pode evocar em nós Agustina. O que talvez não seja impróprio, se pensarmos (e é apenas um exemplo) no seguinte passo: “Sabes que ele [Cristo] deu cabo da fortuna da mãe, que era uma senhora muito rica da Judeia?” (p. 300).»[Hugo Pinto Santos, ípsilon, Público, 21/2/2022: https://www.publico.pt/2022/01/21/culturaipsilon/critica/joao-miguel-fernandes-jorge-empenhamento-instantes-1992231]


Rodeado De Ilha e outras obras de João Miguel Fernandes Jorge estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/joao-miguel-fernandes-jorge/

Sobre As Ondas, de Virginia Woolf

 



As Ondas é considerado o mais radical romance de Virginia Woolf — um desses raros escritores que nasceu no «instante em que uma estrela se pôs a pensar».

Marguerite Yourcenar, sua tradutora francesa, descreveu-o assim:

«As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor, seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra a Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegri nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade.

Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas é um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciarem-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através das outras, é o centro do livro, ou melhor, o seu coração.»


As Ondas (tradução de Francisco Vale) e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

24.1.22

Sobre Morte em Pleno Verão e Outros Contos, de Yukio Mishima

 



«Neste conjunto de nove contos e um texto que o autor descreve como uma “peça No moderna”, Yukio Mishima revela aos leitores a extensão do seu talento, ao explorar uma variedade de caminhos até à complexa personalidade japonesa.» 

[Robert Trumbull, The New York Times, 01-05-1966]


Morte em Pleno Verão e Outros Contos (trad. Graça Vilhena, Luís Filipe e Manuel Alberto) e O Tumulto das Ondas (trad. Manuel Resende) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/y-mishima/

Sobre As Margens e a Escrita, de Elena Ferrante (tradução de Margarida Periquito)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: As Margens e a Escrita, de Elena Ferrante (tradução de Margarida Periquito)


Este livro reúne textos inéditos de Elena Ferrante sobre várias aventuras de escrita, entre as quais a sua própria.

Foram conferências preparadas por ocasião das Umberto Eco Lectures e do encerramento do congresso Dante e altri classici.

Estas abordagens do prazer de ler e escrever pronunciam-se em particular contra a «língua má», historicamente alheia à verdade das mulheres, propondo uma nova expressão dos talentos de escrita femininos.


Esta e outras obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/

Sobre 1984, de George Orwell e Xavier Coste

 



«A actual apetência da banda desenhada por adaptações de romances e a entrada em domínio público das obras de George Orwell provocaram a convivência nas livrarias portuguesas de nada mais nada menos do que três versões do seu “1984”, diferentes na forma e no estilo.

Para quem procurar uma boa banda desenhada, a escolha deve recair na versão do francês Xavier Coste, editada em Portugal pela Relógio D’Água, já distinguida com alguns prémio significativos no seu país de origem.

Coste, neste “1984”, apostou numa reduzida presença de textos de apoio — fugindo à tentação do texto ilustrado — e numa narrativa que avança com base nos diálogos e muitas vezes até nas sequências gráficas, que se revelam francamente legíveis.

Esta opção liberta o desenho, dá-lhe espaço para respirar e, a par do formato generoso, praticamente quadrado, potencia o uso de imagens de grande dimensão.» [F. Cleto e Pina, Jornal de Notícias, 21/2/2022: https://www.jn.pt/artes/apropriacao-fiel-e-conseguida-de-1984-14515280.html]

Sobre Notas de Inverno sobre Impressões de Verão, de Fiódor Dostoievski

 



Este livro resulta da primeira viagem de Dostoievski ao estrangeiro, efectuada em 1862.

Desafiado pelos amigos a descrever as suas impressões, o autor de Crime e Castigo respondeu através de uma mistura de ensaio e ficção.

A obra reúne observações de viagem, esboços, comentários, que no conjunto constituem uma tipologia mais imaginária do que real do Ocidente. Em muitas das cenas descritas, situadas em Paris, Londres ou em carruagens de comboio, encontramos a prosa incisiva do autor de Memórias do Subterrâneo e Os Demónios.


Notas de Inverno sobre Impressões de Verão (trad. António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

Sobre Verão, de Edith Wharton

 



Edith Wharton chamou a Verão o seu «Ethan escaldante».

A novela tem como pano de fundo o mundo rural, o que representa uma mudança em relação ao ambiente de classe alta urbana da maioria das suas obras.


Verão (trad. Maria de Lourdes Guimarães) e outras obras de Edith Wharton estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/edith-wharton/

23.1.22

Sobre Um Amor, de Sara Mesa

 



Um Amor foi considerado pelos críticos do El País e do La Vanguardia

o melhor livro publicado em Espanha em 2020.


A história decorre em La Escapa, uma pequena povoação rural, para onde Nat, uma jovem tradutora, se mudou por razões económicas e também em busca de equilíbrio emocional.

O seu senhorio oferece-lhe um cão num aparente gesto de boas-vindas. Os outros habitantes da zona com quem se relaciona, a rapariga da loja, o sempre disponível Píter, a velha e confusa Roberta, Andreas, o alemão com quem terá um caso amoroso, acolhem-na com distante normalidade. Mas na povoação respira-se um ambiente de preconceito, incompreensão e estranheza em relação a tudo o que é diferente, em particular a uma mulher que vive só.

O senhorio acaba por revelar-se um homem brusco, agressivo e nada disposto a ajudar a resolver os problemas de que a casa padece, desde as fendas às infiltrações, e o próprio cão mostra a todo o momento que teve um passado de maus-tratos.

La Escapa, dominada pelo monte El Glauco, vai confrontando Nat com silêncios, equívocos, preconceitos e tabus e também com ela própria e os seus fracassos.

Um Amor aborda assim a linguagem não como meio de aproximação, mas de diferença e até de exclusão.

As pulsões mais arcaicas dos habitantes de La Escapa emergem quando o cão oferecido a Nat morde uma criança e quase toda a comunidade procura nela um bode expiatório.


“As suas arestas surgem sob uma prosa de desconcertante limpidez, escorreita e ágil: lê-se com uma velocidade que associamos ao desfrutar, mas no m sentimo-nos desamparados. Um romance magnífico.” [Nadal Suau, El Cultural]


“Uma novela exigente e exacta.” [Carlos Prado, El País]


“Lendo-a, pensei em Camus, em Faulkner, no Coetzee de Desgraça.” [Manuel Rodríguez Rivero, El País]


Um Amor, de Sara Mesa (trad. Miguel Serras Pereira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/um-amor/