30.11.20

Sobre Estojo — Poesia Édita & Inédita, de Miguel-Manso.

 


Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Estojo — Poesia Édita & Inédita, de Miguel-Manso.

A presente obra reúne, reorganiza, recompõe (em alguns casos) uma selecção de textos colhidos no que foi sendo publicado em livro pelo poeta Miguel-Manso desde 2008 e acrescenta outros, até aqui inéditos nesse formato.

«13

os textos são um retrato dos dias

ou um salão dentro do qual repousa
uma jarra de porcelana

formas que resultam de frágil
consistência pedindo à violência o seu
imodesto exercício de tumulto

quantas gerações mais de versos

porém
queimarão à vez e com brandura estes
mesmíssimos enredos»

28.11.20

Sobre O Senhor Brecht e o Sucesso, de Gonçalo M. Tavares

 



O senhor Brecht é um contador de histórias, histórias por vezes políticas e com um certo humor negro. Tem sucesso e isso é um problema.


«O desempregado com filhos


Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão que te resta.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a cabeça.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.»


O Senhor Brecht e o Sucesso e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/


27.11.20

Sobre O Silêncio, de Don DeLillo

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: o novo romance de Don DeLillo, O Silêncio (tradução de Paulo Faria)


De uma das vozes mais ousadas e essenciais das letras norte-americanas, nasce este novo romance, onde, num futuro próximo, cinco personagens se reúnem num apartamento em Manhattan durante um evento catastrófico. 

DeLillo completou-o semanas antes da pandemia de Covid-19. E, apesar de retratar uma catástrofe diferente, nele podemos encontrar um misterioso consolo para o que hoje acontece. 


É domingo de Super Bowl, em 2022. Cinco pessoas jantam num apartamento

em Manhattan. Uma professora de Física reformada e o marido, em companhia de um ex-aluno, aguardam a visita de um casal amigo que chega após um voo dramático de Paris. A conversa varia entre um telescópio situado no centro-norte do Chile, marcas favoritas de whiskey e o Manuscrito de 1912 sobre a Teoria Especial da Relatividade, de Einstein. 

Até que, subitamente, algo acontece, e as conexões digitais que sustentam

o mundo actual são interrompidas. O que se sucede é uma conversa, profunda e emotiva, sobre o que faz de nós seres humanos. 

Nunca a arte da ficção se tornou um guia tão premente para este mundo desconcertante. E nunca a presciência, a imaginação e a linguagem de DeLillo se revelaram de tal modo reveladoras e essenciais.


«Misterioso e inesperadamente tocante. DeLillo oferece-nos consolo através do seu entendimento do mistério do mundo real.» [The New York Times Book Review]


«Ousado, provocador e requintado. Capta os medos crescentes da nossa era.» [The Washington Post]


«Uma obra-prima. O seu efeito é transcendente.» [Chicago Tribune]


«Este livro absorve toda a obra de DeLillo e transforma-a em pedra ou cristal.» [Rachel Kushner]


Esta e outras obras de Don DeLillo estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/don-delillo/


Peter Handke em entrevista

 



Peter Handke em entrevista a Isabel Lucas, por ocasião da sua passagem por Portugal, em participação no LEFFEST


«Isabel Lucas — Essa sensação, ou sentimento silencioso de que fala, aparece também em A A Ladra de Fruta. Quer explicar esse sentimento?

Peter Handke — Oh, isso! O momento mis elevado na vida é quando se consegue sentir o outro, a pessoa que temos à frente. Sobretudo os estranhos, acontece encontrar alguém e, por um momento, sabemos. Não está nos romances do século XIX. Nunca ninguém pensou em Dostoievski ou Melville por esse motivo, porque eles sabem tudo acerca do outro, mas às vezes eu não sei nada sobre os outros e há um instante, muito preciso, não com muita frequência, em que diante de um estranho sinto como que o princípio de um romance. Um início. Não é um dom só meu, mas foi-me dado. Acho que outro sentimento épico no trabalho hoje podemos fazê-lo como o fizeram no século XIX o grande Tolstoi, Flaubert ou Stendhal, o meu herói francês.

[…]

IL — Já ensaiou inúmeras situações dramáticas em mais de 80 títulos publicados, entre romances, contos, novelas, argumentos, peças de teatro, poesia, ensaio. A Ladra de Fruta é o seu nono romance. Como é que nasceu?

PH — A primeira ideia foi olhar os jovens de hoje. Vejo problemas dramáticos nos jovens de hoje. Vejo-os, sinto-os. Não apenas com a nossa filha. Há tantas perguntas que parecem sem resposta a esta geração. O que fazer hoje? Para onde ir?» Qual é o “me” lugar? Não estou a falar de mim, mas de muitos, muitos jovens. Este foi o começo.

IL — E temos um homem e uma mulher de gerações diferentes a viajar pelo interior de um país, França, o narrador idoso e a jovem Alexia que anda atrás da mãe. […] Ela é apresentada como uma espécie de Hamlet pela mãe.

PH — Sim por vezes temos de fazer essas pequenas brincadeiras. Essas pequenas coisas são muito importantes na escrita épica. Seguir e contar pequenas coisas que se passam ao lado no mesmo ritmo.

IL — Há um momento em que o narrador diz: “E agora não era eu que decidia, era a história.” É o momento em que passa a ser a história a criar-se a si mesma.

PH — é verdade. E esse é o momento mais bonito e também um dos mais dolorosos, o momento em que a imaginação começa a criar. Não é mais um documentário e passar a ser uma narrativa ficcional. Quando essa transformação se dá no romance é maravilhoso. [Peter Handke em entrevista a Isabel Lucas, ípsilon, Público, 27/11/2020]


A Ladra de Fruta (trad. Helena Topa) e outras obras de Peter Handke estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/peter-handke/


Sobre Almanaque do Céu e da Terra, de Cristina Carvalho

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Almanaque do Céu e da Terra, de Cristina Carvalho


“E sabemos a alegria que é passear à noite, no Verão, sob um céu estrelado. Gritamos com as estrelas-cadentes, esperamos todos os anos, lá para Agosto, pela chuva de São Lourenço, e as auroras boreais são o deslumbramento total. Desejamos, então, que nem um só farrapo de nuvem nos tolde a visão, para apreciarmos uma estrela a deslizar velozmente ou a rodopiar no mais alto firmamento.”


Esta e outras obras de Cristina Carvalho estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/


Sobre A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante

 



«Agora traduzido, A Vida Mentirosa dos Adultos mantém a exuberância descritiva da sua ficção. Quem leu a tetralogia A Amiga Genial sabe do que falo. Denominador comum à obra precedente: Nápoles, conflito de classes, a experiência das mulheres, a perversidade das relações familiares. Giovanna mente aos pais, coisa que ambos fazem com ela. Um romance sobre o poder e as consequências da mentira? De certo modo, sim. Aos doze anos, ouvindo o pai dizer à mãe que a filha «está a ficar com a cara de Vittoria» (a tia malvada), descobre-se feia. A partir daí, todo o plot gira em torno da aversão que julga causar. O aspecto mais interessante é o confronto entre a rudeza dos bairros populares e a “respeitabilidade” da cidade burguesa. Não é um livro amável, mas o contrário é que seria de admirar.» [Eduardo Pitta, Sábado, 26/11/20]


A Vida Mentirosa dos Adultos (trad. Margarida Periquito) e as outras obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/


Casa da América Latina comemora centenários de Clarice Lispector, Mario Benedetti e Olga Orozco

 




Para comemorar os centenários do nascimento de Clarice Lispector, Mario Benedetti e Olga Orozco, a Casa da América Latina organizou o evento Três vezes Cem, que termina hoje, às 18:00, com uma sessão em que participa Alberto Manguel, intitulada “Clarice Lispector, Mario Benedetti e Olga Orozco na literatura latino-americana”, moderada pelo jornalista Pedro Santos Guerreiro. A sessão acontece online e pode ser acompanhada na página de Facebook da Casa da América Latina. Mais informação aqui.


As obras de Clarice Lispector editadas em Portugal estão disponíveis em  https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/


26.11.20

Sobre O que Move o Silêncio do Cavalo e Anteriores Lugares, de Maria Andresen

 



«O cavalo do título “O que Move o Silêncio do Cavalo e Anteriores Lugares” vem do poema “Da mudez do cavalo”, um dos inéditos da primeira parte deste volume. E os lugares anteriores são as outras obras poéticas da autora aqui reunidas: “Lugares” (2001), “Livro das Passagens” (2006) e “Lugares, 3” (2010). Um lugar, neste sentido, tanto pode ser um sítio como um poema, os poemas sobre lugares ou aqueles que não se referem a lugar nenhum. Se lermos os livros por ordem cronológica (que esta edição inverte), vemos que logo em “Lugares” aparecem noções de “casa” e “morada” e que até se fala de um “pensamento da casa”. O lugar é tudo aquilo que existe, tudo o que é habitável e nomeável, mas é também o inominável e o imaginado. Em certos casos, são lugares vividos, lugares solares, jardins de Lisboa ou praias ao Sul; mas também podem  ser microacontecimentos, variações de luz, glicínias caídas no chão, insignificâncias que evocam, com enorme pudor, alegrias ou melancolias.» [Pedro Mexia, E, Expresso, 21/11/2020]


O que Move o Silêncio do Cavalo e Anteriores Lugares, de Maria Andresen, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-que-move-o-silencio-do-cavalo-e-anteriores-lugares/


Sobre Belos Cavalos, de Cormac McCarthy

 



«Em Belos Cavalos, John Grady, misto de cavaleiro medieval e centauro, embrenha-se em terras ignotas que os mapas não cartografam e aí encontra um lugar paradisíaco, a camaradagem entre homens e o amor de uma mulher, mas enceta também uma descida aos infernos e descobre os recantos negros do coração humano. Em toda a obra de Cormac McCarthy não há outro herói assim, atrevo-me a dizer. (…) Ele é o arqui-herói por excelência, estóico, corajoso, sereno, o homem que encontra ânimo quando tudo parece perdido, que exerce sobre os que o rodeiam um ascendente natural e que, ao que tudo indica, está verdadeiramente em contacto com as forças ocultas no seio da Natureza, em particular com a alma dos cavalos.» [Do Prefácio]


«Um western moderno (…) que transcende os limites do seu género com imaginação indisciplinada, ousada e insondável. Belos Cavalos é um verdadeiro original americano.» [Newsweek]


«O ritmo elegíaco de Belos Cavalos retrata as terras áridas do Texas e do norte do México com uma paixão que a maioria dos escritores não consegue ou não se atreve a explorar.» [Boston Globe]


«Um grande acontecimento.» [The New York Times]


Belos Cavalos recebeu o National Book Award de Ficção e o National Book Critics Circle Award de Ficção.


Belos Cavalos (trad. Paulo Faria) e outras obras de Cormac McCarthy estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cormac-mccarthy/


Sobre A Escola de Topeka, de Ben Lerner

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: A Escola de Topeka, de Ben Lerner (tradução de Alda Rodrigues)


Do autor de 10:04 e Leaving the Atocha Station, A Escola de Topeka narra o drama de uma família do Centro-Oeste dos Estados Unidos da América durante a viragem do século. É uma história sobre a adolescência, em que Jane lida com o legado abusivo do pai e as transgressões matrimoniais de Jonathan, ao mesmo tempo que tenta educar um lho numa época de mudança de valores sobre a masculinidade.

Mas o livro é também uma análise do presente, abordando o colapso do discurso público, o que esteve na origem dos trolls da Nova Direita e a crise de identidade que atinge os homens brancos norte-americanos.


Mais informação em https://relogiodagua.pt/produto/a-escola-de-topeka/

Sobre A União do Céu e do Inferno, de William Blake

 



«Cristo ensinou que o homem se salva pela fé e pela ética; Swedenborg acrescentou a inteligência; Blake impõe-nos três caminhos de salvação: o moral, o intelectual e o estético. Afirmou que o terceiro havia sido pregado por Cristo, pois cada parábola é um poema.

Como Buda, cuja doutrina, de facto, era ignorada, condenou o ascetismo. Nos seus Provérbios do Inferno, lemos: “O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria” (…)

Blake nunca saiu de Inglaterra, mas percorreu, como Swedenborg, os reinos dos mortos e dos anjos. Percorreu as planícies de areia ardente, os montes de fogo compacto, as árvores do mal e o país dos labirintos tecidos. No verão de 1827, morreu cantando.» [J. L. Borges]


A União do Céu e do Inferno (trad. João Ferreira Duarte) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-uniao-do-ceu-e-do-inferno-2/


25.11.20

Sobre Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

 



«Muitos livros maravilhosos cativaram a minha imaginação, mas algo extraordinário aconteceu com Mulherzinhas. Reconheci‑me, como num espelho, na rapariga teimosa e magricela, que corria, rasgava as saias a subir às árvores, falava em calão e denunciava as pretensões sociais. Uma rapariga que se podia encontrar encostada a um grande carvalho com um livro, ou à sua secretária, no sótão, de volta de um manuscrito. Era Josephine March. Até no nome respira liberdade, uma rapariga chamada Jo. Louisa May Alcott envolvera‑se num manto de glória, trabalhara à sua própria secretária e cunhara um novo tipo de heroína. Uma obstinadamente moderna rapariga americana do século XIX. Uma rapariga que escrevia.» [Do Prólogo de Patti Smith]


Mulherzinhas (trad. Marta Mendonça) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/louisa-may-alcott/

A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida, entre os dez finalistas do Prémio Oceanos

 




Foram ontem anunciados os semifinalistas do Prémio Oceanos, entre os quais se encontram três obras de autores portugueses: A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida; Obnóxio, de Abel Barros Baptista; e Autobiografia, de José Luís Peixoto.

Os três premiados serão anunciados em Dezembro e escolhidos por um júri composto por Carlos Mendes de Sousa, Joana Matos Frias, Ondjaki, Inocência Mata, Angélica Freitas, João Cezar de Castro Rocha e Viviana Bosi.


A Visão das Plantas e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre O Meu País — Notas sobre Nacionalismo, de Maria Filomena Mónica

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Meu País — Notas sobre Nacionalismo, de Maria Filomena Mónica


«Foi ao escrever este livro que compreendi serem o nacionalismo e o patriotismo coisas diferentes: o primeiro é inseparável do desejo de poder, enquanto o segundo é meramente defensivo. O facto de a minha pátria ser Portugal não me leva a pensar que seja a melhor do mundo: reconheço tão-só que foi aqui que nasci, foi aqui que cresci, foi aqui que tive ‑lhos e netos. E agora, que me foge a curta vida, gosto mais dela porque finalmente me deu a oportunidade de pensar, falar e escrever livremente.»


Esta e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/


Sobre Duna, de Frank Herbert

 



Uma mistura de aventura e misticismo, ambientalismo e política, Duna venceu o primeiro Prémio Nebula, partilhou o Prémio Hugo e é hoje reconhecido como o mais importante épico de ficção científica.

Obra-prima de Frank Herbert, Duna decorre no planeta deserto de Arrakis. Narra a história de Paul Atreides, herdeiro de uma família nobre encarregada de governar um mundo inóspito, onde a única coisa de valor é uma especiaria, melange, que é na verdade uma droga capaz de prolongar a vida e expandir a consciência. Cobiçada em todo o universo conhecido, a melange revela-se um tesouro pelo qual as pessoas estão dispostas a matar. Quando os Atreides são traídos, a destruição da sua família conduz Paul a um destino mais importante e arriscado. E, à medida que evolui, dando forma ao misterioso Muad’Dib, tornará real o sonho mais antigo e perseguido pela humanidade.


«Não conheço nada que se lhe compare, além de O Senhor dos Anéis.» [Arthur C. Clarke, autor de 2001, Odisseia no Espaço]


«É possível que Duna seja mais relevante agora do que na data em que foi publicado.» [The New Yorker]


Duna será brevemente adaptado ao cinema por Denis Villeneuve, tendo como actores Timothée Chalamet, Josh Brolin, Jason Momoa, Zendaya, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Javier Bardem, Dave Bautista, Stellan Skarsgård e Charlotte Rampling.


Duna (trad. Jorge Candeias) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/duna/

24.11.20

De Não Sabemos mesmo O Que Importa,de Paul Celan

 



«CORONA


À minha mão vem o Outono comer suas folhas: somos amigos.

Descascamos o tempo das nozes e ensinamo‐lo a partir:

o tempo retorna à casca.


No espelho é domingo,

no sonho dorme‐se,

a boca diz a verdade.


O meu olho desce até ao sexo da amada:

olhamo‐nos,

dizemo‐nos algo sombrio,

amamo‐nos como papoila e memória,

dormimos como vinho nas conchas,

como o mar no jorro‐sangue da Lua.


Estamos abraçados à janela, vêem‐nos da rua:

chegou a altura de se saber!

Chegou a altura de a pedra se dignar em florir,

de o coração do desassossego começar a bater.

Chegou a altura de ser altura.


Chegou a altura.» [Não Sabemos mesmo O Que Importa, p. 19]



«Um dos grandes poetas alemães do pós-guerra, em quem a liberdade do surrealismo e a linhagem do expressionismo intervencionista (Brecht, etc.) ou visionário (Trakl) criam uma linguagem nova.» [Jorge de Sena]


Não Sabemos mesmo O Que Importa de Paul Celan (trad. e posfácio de Gilda Lopes Encarnação) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nao-sabemos-mesmo-o-que-importa/


Elena Ferrante escolhe os seus quarenta livros preferidos escritos por mulheres

 





A loja online Bookshop.org divulgou a lista dos 40 livros preferidos de Elena Ferrante assinados por escritoras. Entre os 40 títulos encontram-se vários editados pela Relógio D’Água: Léxico Familiar, de Natalia Ginzburg; A Paixão segundo G. H., de Clarice Lispector; A Ilha de Arturo, de Elsa Morante; Amada Vida, de Alice Munro; O Sino, de Iris Murdoch; Um Bom Homem É Difícil de Encontrar, de Flannery O’Connor; e Pessoas Normais, de Sally Rooney. Gilead, de Marilynne Robinson, será publicado pela Relógio D’Água em 2021.

Todos os títulos escolhidos por Elena Ferrante aqui.



As obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/

Gonçalo M. Tavares conversa com Alberto Manguel

 



«A erudição de Alberto Manguel e a originalidade de Gonçalo M. Tavares eram o garante de uma conversa invulgar. encontraram.-se na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra para uma cena da série documental Herdeiros de Saramago […].

Quando se iniciaram os preparativos para a rodagem da série documental Herdeiros de Saramago, Gonçalo M. Tavares manifestou de imediato o desejo de se encontrar, no episódio em que é protagonista, com um leitor muito especial: o autor de Uma História da Leitura. Ainda não estava sequer no horizonte a ideia de Alberto Manguel se tornar um lisboeta honorário. a doação à capital da sua célebre biblioteca, trazendo para Lisboa mais de 40 mil volumes, vai fazer nascer o Centro de Estudos da História da Leitura. alberto Manguel é um leitor entusiasmado e um entusiasta da obra de Gonçalo M. Tavares. O escritor português vê em Manguel um leitor que acrescenta novas camadas de sentido aos livros que escreve. O encontro entre ambos (presumivelmente o primeiro de muitos, agora que são quase vizinhos) aconteceu num lugar com fortes ressonâncias literárias: a magnífica biblioteca setecentista do Palácio Nacional de Mafra, lugar a que Saramago deu um passado mítico inesquecível.

Alberto Manguel: Este lugar onde estamos é um lugar imaginário.

Gonçalo M. Tavares: É incrível, sim. Deu origem ao Memorial do Convento, de Saramago.

AM: Ah, eu pensei que Saramago, com o Memorial do Convento, é que deu origem a este lugar.

GMT: [Risos.] Podia ser uma hipótese.

[…]

GMT: Eu tenho montes de cadernos com projetos. Seguindo essa ideia de Borges, qualquer dia publico os projetos. O que é bonito num projeto é que ele tem a potência de não estar ainda materializado.

AM: E o leitor não pode criticar-te um projeto. Tu dizes-lhe: ainda não está terminado. Katherine Mansfield diz, no diário, que quando escreve tem um projeto; e esse projeto é perfeito, como um chá que vai preparar. Tem a chaleira quente, o chá está pronto, mas, quando vai fazê-lo, descobre que afinal o chá não tem sabor. Era preferível tê-lo em projeto.

GMT: Eu gosto do projeto que é também uma síntese. Quando falo de síntese não é tanto da frase perfeita. É mais como se tivéssemos uma ideia que pode ocupar cem metros quadrados e tentássemos reduzi-la para dez metros quadrados, um metro quadrado, um centímetro quadrado… Uma linha de textos deve ter cinco milímetros quadrados. Portanto, é tentar pôr uma ideia que pode ocupar cem metros quadrados em cinco milímetros quadrados. Por isso é que eu falo da coisa como síntese e potência, e não como perfeição. a perfeição era estar lá tudo. O que eu vejo é o leitor a pegar naqueles cinco centímetros quadrados e a começar a desdobrá-los; passar para um metro quadrado, para dez metros quadrados, para cem metros quadrados. Como se fosse uma coisa japonesa em papel. Um desdobrar que é manual e individual, do leitor.» [Visão, 12/11/2020]


As obras de Gonçalo M. Tavares editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/

23.11.20

Sobre Dois Hussardos e A Felicidade Familiar, de Lev Tolstói




Este livro reúne duas narrativas de Tolstói, escritas na década de cinquenta do século XIX.

Dois Hussardos (1856) tem, segundo Italo Calvino, as melhores características da primeira fase criativa de Tolstói.

«Um dos textos em que a “construção” tolstoiana é mais visível é Dois Hussardos, e como este é um dos seus contos mais típicos – do primeiro e mais directo Tolstói –, e dos mais belos, observando como é feito podemos aprender alguma coisa sobre o modo de trabalhar do autor.

Escrito e publicado em 1856, Dois Hussardos apresenta-se como reevocação de uma época já remota, os inícios do século XIX, e o tema é o da vitalidade, irrompente e sem freio, uma vitalidade vista como já longínqua, perdida, mítica. As estalagens onde os oficiais em marcha esperam a muda dos cavalos para os trenós e se depenam uns aos outros jogando às cartas, os bailes da nobreza de província, as noites de boémia “com os ciganos”: é na classe alta que Tolstói representa e mitifica esta violenta energia vital, quase um fundamento natural (perdido) do feudalismo militar russo.» [Porquê Ler os Clássicos?, Italo Calvino]


Dois Hussardos e A Felicidade Familiar (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) e outras obras de Lev Tolstói estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/

 

Sobre Madame Bovary, de Gustave Flaubert

 



«Madame Bovary sou eu», disse uma vez Flaubert, a quem o êxito do seu ro­mance publicado em 1856 acabou por irritar, de tal modo eclipsou os seus outros livros.

Emma Bovary persegue a imagem do mundo que lhe é dada por uma certa literatura desligada da realidade. Arrastada pelas suas ilusões, a mulher do prosaico Charles Bovary imagina-se uma grande amorosa.

A realidade revela-se impiedosa. E, no entanto, Madame Bovary, na época judicialmente perseguido devido à sua «cor sensual» e à «beleza provocadora de Emma», está longe de ser uma simples lição de realismo.


Madame Bovary (trad. João Pedro de Andrade) e outras obras de Gustave Flaubert estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gustave-flaubert/


Sobre Demasiada Felicidade, de Alice Munro

 



Na primeira história, uma jovem mãe é libertada, por um volte-face surpreendente, do sofrimento de ter perdido os seus três filhos. Noutra história, uma rapariga reage a um caso humilhante de sedução com uma solução astuta ainda que pouco louvável. Outros contos revelam as zonas de sombra de um casamento, a crueldade insuspeita das crianças ou a maneira como a cara desfigurada de um rapaz é o motor de tudo o que há de bom e de mau na sua vida. E na longa história que dá título ao livro, acompanhamos Sophia Kovalevsky — emigrante russa e matemática de finais do século XIX — numa viagem que empreende no Inverno através da Europa, até chegar à Suécia onde encontra finalmente uma universidade disposta a contratar uma mulher para leccionar Matemática.

Alice Munro transforma uma vez mais acontecimentos e emoções complexos em histórias que iluminam a maneira imprevisível como os homens e as mulheres acomodam e muitas vezes transcendem o que acontece nas suas vidas. 


«Na sua mais recente recolha de contos, Demasiada Felicidade – um título que é a um tempo de uma ironia cortante e de uma sinceridade apaixonada – Munro explora temas, ambientes e situações já familiares na sua obra, agora vistas numa surpreendente perspectiva temporal. O uso que faz da linguagem poucas mudanças conheceu ao longo das décadas e a sua concepção do conto permanece inalterada. Munro é herdeira do realismo lírico de Tchékhov e Joyce, demonstra pouco interesse pela ficção tensa e despojada dos diálogos de Hemingway e a ostentação literária de Nabokov é-lhe inteiramente estranha – como de resto qualquer espécie de “experimentalismo”.» [Joyce Carol Oates, The New York Review of Books]


Demasiada Felicidade (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Alice Munro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/


Sobre O Conteúdo da Felicidade, de Fernando Savater

 



«Na memória, de resto, a felicidade é qualquer coisa como um poço de beatitude em que nada acontece e nada falta: um espaço em branco, mas de um branco brilhante. Daí que Tolstoi afirmasse que as famílias felizes não têm história; e Hegel, que os períodos de felicidade são como vazios na história dos povos. Outro paradoxo, pois: a felicidade é uma das formas da memória, mas também como que o reverso amnésico da mesma. Recordamos o momento feliz como aquele em que nos esquecemos de tudo o resto. É precisamente porque não há realmente nada que contar da felicidade que nos agarramos à sua recordação — à recordação de um vazio, de um espaço em branco, de uma perda — com a força inamovível e algo ridícula de um ato de fé. Enquanto objeto conceptualizável, a felicidade é opaca, revela‑se refratária à tarefa reflexiva. A sua expectativa ou a sua nostalgia dão que pensar, mas ela própria — enquanto presença recordada — não.»


O Conteúdo da Felicidade (trad. Francisco Vale) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-conteudo-da-felicidade-2/


22.11.20

Sobre Confiança e Medo na Cidade, de Zygmunt Bauman

 



Como se manifesta a experiência quotidiana nas zonas de habitação da nossa cidade? Existe ainda um modo de pensar, um padrão de comportamento, um momento nas relações capaz de constituir um terreno comum sobre o qual possamos fundar uma confiança recíproca? Ou serão a fragmentação e a precariedade processos tão profundos que aumentam a distância social e a indiferença? Os outros serão apenas uma ameaça ou, pelo contrário, sujeitos com os quais temos o dever de conviver e cooperar? O que prevalece, o medo ou a confiança?

Zygmunt Bauman, sociólogo polaco radicado em Inglaterra, foi considerado um dos mais atentos observadores das contradições do mundo moderno e pós-moderno. Bauman não procura as leis absolutas do comportamento humano, tão-pouco as enreda numa crítica moral, antes se concentra nos laços que permitem a vivência em comum e que tendem a desaparecer.


Confiança e Medo na Cidade (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de Zygmunt Bauman estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/zygmunt-bauman/

21.11.20

Sobre Os Sete Pilares da Sabedoria, de T. E. Lawrence

 



“Hogarth defendeu que Lawrence tinha o dever histórico de elaborar uma crónica à altura da Revolta Árabe. Lawrence cedeu relutantemente, mas, depois de aceitar esta incumbência, concretizou‑a com a mesma força motriz impressionante que tinha gerado na campanha.” [B. H. Liddell Hart]


“É um dos melhores livros alguma vez escritos em língua inglesa. Como narrativa de guerra e aventura, é inultrapassável.” [Winston Churchill]


“Descreve a Revolta Árabe contra os turcos, vista por um inglês que nela tomou parte. No que seria aparentemente uma simples crónica militar, Lawrence da Arábia teceu um painel inusitado de retratos, descrições, filosofias, emoções, aventuras e sonhos. Para levar a cabo a sua missão, serviu-se de uma extraordinária erudição, uma memória impecável, um estilo que ele próprio inventou… uma total desconfiança em si mesmo e uma fé ainda maior.” [E. M. Forster]


“T. E. Lawrence foi “libertador da Arábia, tradutor heroico da Odisseia, asceta, arqueólogo, soldado e grande escritor. […] Negava sono e comida ao seu corpo e as suavidades do afeto à sua alma varonil”, acabando por “recusar a glória e até por recusar o prazer do exercício literário”. [Jorge Luis Borges]


Os Sete Pilares da Sabedoria, de T. E. Lawrence, com prefácio de B. H. Liddell Hart (tradução de Alda Rodrigues e Marta Mendonça), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/os-sete-pilares-da-sabedoria/

Sobre Reino Transcendente, de Yaa Gyasi

 



Em Reino Transcendente, Yaa Gyasi traça um retrato íntimo e profundo de uma família oriunda do Gana que se mudou para o estado do Alabama, nos EUA.

Gifty está a fazer um doutoramento em Neurociências na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, onde estuda circuitos neuronais do comportamento de procura de recompensa em ratos, assim como circuitos neuronais relacionados com depressão e vício.

O irmão, Nana, que fora um promissor basquetebolista na escola, morrera com uma overdose de heroína depois de uma lesão no tornozelo o deixar viciado em OxyContin. E a mãe, deprimida com o regresso do marido ao Gana e a morte do filho, não sai da cama. 

Gifty está decidida a descobrir uma base científica que justifique o sofrimento que a rodeia. Mas quando entra no mundo das ciências exatas, tentando entender o mistério da sua família, acaba por redescobrir a ânsia espiritual que mantinha desde criança, primeiro na igreja evangélica e depois em rutura com ela.


«Um romance repleto de momentos brilhantes, reveladores, que são tão divertidos como pungentes… Gifty é provocadoramente vital.» [James Wood, The New Yorker]


«Gyasi recorda-me outras escritoras que abordaram a experiência de imigrantes na América — Jhumpa Lahiri, Yiyun Li e Chimamanda Ngozi Adichie, em particular… Reino Transcendente troca o brilhantismo de Rumo a Casa por outro tipo de glória, mais granular e difícil de definir.» [The New York Times Book Review]


«Um livro genial… uma reflexão profunda sobre ciência e espiritualidade que lembra os livros de Richard Powers e Marilynne Robinson…» [Ron Charles, The Washington Post]


«Poderia dizer que Reino Transcendente é um romance para os nossos tempos. E é. Mas é muito mais do que isso. É um livro para todos os tempos.» [Ann Patchett]



 Reino Transcendente (trad. Helena Briga Nogueira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/reino-transcendente/

20.11.20

Sobre A Perna Esquerda de Paris seguido de Roland Barthes e Robert Musil, de Gonçalo M. Tavares

 



“Maria Bloom estava apaixonada e, como na inclinação de um caminho, os seus seios e a sua boca inclinavam-se para o desejo. Certas coisas invisíveis vêem-se.

Em Paris Maria Bloom falava delicadamente, noutras cidades dizia rápido o que tinha a dizer e calava-se; era agressiva. Os sítios influenciam o discurso.

Toda a fechadura é um sinal de fracasso da humanidade.

Maria Bloom por vezes era literária nas extremidades eróticas, o que aborrecia os homens. Preferiam que ela fosse erótica nas frases, erótica no alfabeto. No entanto existiam ainda outros dias.

Não se prende o amor com pregos, ao coração. Daí a fragilidade.”


Esta e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/


Sobre Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo

 



«Lá estava ele, sério, imóvel, absorto, num olhar e num pensamento. Paris inteira jazia aos seus pés, com as mil flechas dos seus edifícios e o seu horizonte circular de suaves colinas, com o rio a serpentear sob as pontes e o povo a ondular nas ruas, com a nuvem dos seus fumos e a montuosa cadeia dos telhados a comprimirem Notre-Dame nas suas malhas cerradas. Mas de toda esta cidade, o arcediago apenas fixava um ponto concreto do pavimento: a Place du Parvis; e de toda aquela multidão, apenas uma figura: a cigana.

Seria difícil definir de que natureza era aquele olhar e de onde provinha a chama que dele brotava. Era um olhar fixo, mas repleto de perturbação e de tumulto. E, pela imobilidade profunda de todo o seu corpo, apenas agitado de onde em onde por um tremor automático como uma árvore sacudida pelo vento, pela tensão dos cotovelos, mais marmóreos do que a balaustrada em que se apoiavam, ao ver-se o sorriso petrificado que lhe contraía o rosto, parecia que em Claude Frollo só estavam vivos os olhos.»


Esta obra e Os Miseráveis de Victor Hugo estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/victor-hugo/

Sobre O Retrato de Dorian Gray — Edição não Censurada, de Oscar Wilde

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Retrato de Dorian Gray — Edição não Censurada (trad. de Margarida Vale de Gato, revista por Paulo Faria e Margarida Vale de Gato)



Esta edição reproduz o texto original de O Retrato de Dorian Gray, enviado em Março ou Abril de 1890 por Oscar Wilde a J. M. Stoddart, director de uma revista literária de Filadélfia. Mas este publicou a novela que havia solicitado a Oscar Wilde depois de ter retirado algumas centenas de palavras com referências homossexuais e que, em sua opinião, poderiam ofender as susceptibilidades dos leitores. Recorde-se que, no final do século XIX, a homossexualidade era ostracizada e mesmo criminalizada tanto nos EUA como no Reino Unido e na generalidade dos países. Em 1891, ao preparar a edição em livro, o próprio Oscar Wilde decidiu ampliá-la com novos capítulos, mas excluiu ao mesmo tempo várias referências homoeróticas que haviam escapado à censura de Stoddart. Como é explicado na nota acerca do texto, de Paulo Faria, esta edição retoma o texto original, enviado para a Lippincott’s Monthly Magazine.


Esta e outras obras de Oscar Wilde estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/oscar-wilde/

Sobre O Abismo de Fogo, de Mark Molesky

 



No Dia de Todos os Santos, em 1755, um sismo abalou a terra, desde o fundo do oceano Atlântico até às costas ibérica e africana. No caminho estava Lisboa, então uma das cidades mais ricas do mundo e capital de um vasto império. Em minutos, parte da cidade transformou-se em ruínas.

Mas isto foi apenas o começo. Meia hora depois, um maremoto originado pelo terramoto atingiu o litoral português, provocando uma enchente no rio Tejo, arrastando milhares de pessoas para o mar. No final do dia, ondas gigantes haviam feito vítimas em quatro continentes.

Completando a destruição, uma tempestade de fogo engoliu quase tudo o que restava da cidade, atingindo os sobreviventes com temperaturas que excederam os 1000 ºC. As chamas prolongaram-se por várias semanas.

Tendo por base novas fontes, as últimas descobertas científicas e um profundo conhecimento da História da Europa, Mark Molesky dá-nos um relato do Grande Desastre de Lisboa e do seu impacto no Ocidente, em que se inclui a descrição do primeiro movimento de ajuda humanitária mundial, do aparecimento de uma ditadura em Portugal (que, apesar de tudo, serviu para modernizar o país) e do efeito da catástrofe no Iluminismo europeu.

Muito mais do que uma crónica sobre destruição, O Abismo de Fogo é um emocionante drama humano onde surgem personagens inesquecíveis, como o marquês de Pombal, que encontra no caos o caminho para o poder, ou Gabriel Malagrida, o carismático jesuíta que acabou por ser morto devido à sua interpretação do terramoto como castigo divino.


«As batalhas perenes da humanidade entre a fé e a razão sempre foram postas à prova nos momentos de calamidade. O terramoto de 1755 foi o primeiro e mais dramático desses momentos na era moderna, e aguardava pacientemente o seu historiador. Tem finalmente, em Mark Molesky, o seu brilhante analista.» [Simon Schama]


O Abismo de Fogo, de Mark Molesky, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-abismo-de-fogo-o-grande-terramoto-de-lisboa/