29.10.21

Sobre Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector

 



«A certeza de que dou para o mal, pensava Joana.

O que seria então aquela sensação de força contida, pronta para rebentar em violência, aquela sede de empregá-la de olhos fechados, inteira, com a segurança irreflectida de uma fera? Não era no mal apenas que alguém podia respirar sem medo, aceitando o ar e os pulmões? Nem o prazer me daria tanto prazer quanto o mal, pensava ela surpreendida. Sentia dentro de si um animal perfeito, cheio de inconsequências, de egoísmo e vitalidade.

Lembrou -se do marido que possivelmente a desconheceria nessa ideia.

Tentou relembrar a figura de Otávio. Mal, porém, sentia que ele saíra de casa, ela se transformava, concentrava-se em si mesma e, como se apenas tivesse sido interrompida por ele, continuava lentamente a viver o fio da infância, esquecia-o e movia-se pelos aposentos profundamente só.»


Poucos livros conseguiram fixar de modo tão nítido as reacções mais íntimas de um ser humano, as suas sensações e descobertas, do que este primeiro romance de Clarice Lispector, então ainda uma adolescente.


Perto do Coração Selvagem e outras obras de Clarice Lispector estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Sobre A Crisálida, de Rui Nunes

 



«Hoje, a violência já não está circunscrita aos territórios de caça, rodeados de arame electrificado. Coutadas. Há, por todo o lado, palavras de um sangue indiferente. E há o sangue. Os mapas tornaram-se frágeis e os mortos não têm um deus atrás que os receba:

mostra-se o carrasco vestido de carrasco e o lampejo da faca:

a morte é sempre antiquíssima:

homens ajoelhados, ou o tiro através do pára-brisas de um carro, ou uma rajada de metralhadora numa mercearia de bairro, ou bocados que geram bocados. Nem merda somos. A merda é ainda um sinal de vida. Somos a antecipação de um monte de carne, onde não pousam moscas nem abutres.»


A Crisálida e outras obras de Rui Nunes estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/

Sobre O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett

 



Mary Lennox, criança solitária e indesejada, chega da Índia para viver com o tio em Yorkshire. 

Entregue a si própria, pouco tem com que se entreter e começa a explorar a casa enorme e sombria, até que numa bonita manhã de sol se depara com um jardim secreto que muros cobertos de hera ocultavam. Pela primeira vez na sua breve e triste vida, Mary descobre uma coisa que merece a sua afeição e empenha-se em devolver o jardim à sua antiga glória. Quando o jardim começa a florir e a transformar-se como por magia, ninguém permanece indiferente.


O Jardim Secreto (trad. Maria de Lourdes Guimarães) e Uma Princesinha (trad. Rita Carvalho e Guerra) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frances-hodgson-burnett/

28.10.21

Sobre Arsène Lupin, Gentleman Ladrão, de Maurice Leblanc

 



Arsène Lupin, Gentleman Ladrão é uma colectânea de nove contos, inicialmente publicados na revista Je sais tout em Julho de 1905. Esta colaboração resultara de um convite do editor da revista, que procurava uma alternativa às narrativas policiais de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle.

A obra conheceu um enorme sucesso com a criação de um protagonista dotado de imaginação fértil, agilidade física e mental, sentido de humor, elegância e com uma falta de escrúpulos associada a um código de honra que o levava a proteger sempre os mais frágeis.

Neste primeiro livro, Arsène Lupin demonstra a sua capacidade para esconder jóias de um modo original, escapar à prisão, assaltar cofres, descobrir jóias falsas, mostrando ainda como desde rapaz se revelara o seu talento de assaltante.


«Vinte vezes vi Arsène Lupin e vinte vezes foi um ser diferente que me apareceu, melhor, o mesmo ser de que vinte espelhos me enviassem outras tantas imagens deformadas, cada uma com olhos diferentes, uma forma especial de figura, um gesto próprio, a sua silhueta e o seu carácter próprios.»


https://relogiodagua.pt/autor/maurice-leblanc/

De Poemas, de John Donne

 



«O ANIVERSÁRIO


Todos os reis e seus favoritos,

toda a glória, honrarias, beleza e talentos,

o próprio sol que marca as horas, conforme elas passam

envelhecem um ano, agora mais do que era

quando tu e eu nos vimos pela primeira vez:

todas as outras coisas se aproximam da destruição,

só o nosso amor não declina;

este não tem amanhã nem ontem,

correndo, nunca foge de nós

e conserva o seu primeiro, último e eterno dia. […]» [p. 17]


Poemas de John Donne (tradução de Maria de Lourdes Guimarães e Fernando Guimarães) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/poemas-3/

Sobre Rodeado De Ilha, de João Miguel Fernandes Jorge

 



«Pergunto‑me porque me converti deste modo aos Açores. O meu gosto por ilhas. Desde sempre a visão das Berlengas e o Baleal. Uma vez, um amigo escreveu‑me uma carta em que me dizia «tens que conhecer os Açores». Nos dias que se seguiram a essa carta vi, no Museu de Arte Antiga, uma tela de Crivelli. Foi no inverno de 80. A «Virgem e Menino com Santos e Doador» só muito lateralmente tinha que ver com os Açores: a pintura pertencia a alguém de S. Miguel. Ignoro o seu nome. De resto, como pude comprovar nas ilhas, as suas gentes são um acumular de castas, de extractos que entre si não comunicam ou, se o fazem, os seus elos são imperceptíveis a um continental, que é sempre um estrangeiro, um pequeno inimigo que inscreve o uso dos verbos perder, vencer, gozar, sofrer — viver e morrer — a uma outra latitude. É um facto que me seria fácil saber, junto do museu, o nome do proprietário do Crivelli. Nunca o fiz. E quis a sorte que a minha chave na ilha (um seu natural) pertence, ou circulasse, num plano não coincidente desses vasos incomunicantes onde repousam as gentes da ilha.» [p. 206]


Rodeado De Ilha reúne textos ensaísticos e ficcionais de João Miguel Fernandes Jorge e inclui também apontamentos diarísticos e de viagem.

Muitos dos seus temas preferidos, como a arte ou os espaços electivos como os Açores e a Madeira, estão também presentes.


Rodeado De Ilha e outras obras de João Miguel Fernandes Jorge estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/rodeado-de-ilha/

Sobre O Rapaz Que Seguiu Ripley, de Patricia Highsmith

 



«E se o rapaz que conhecera na noite anterior fosse Frank Pierson? Dezasseis anos. Parecia tê-los, mais do que os dezanove que lhe dissera. Do Maine, não de Nova Iorque. Quando o velho Pierson morrera não tinha aparecido um retrato da família toda no IHT? Pelo menos aparecera um retrato do pai, cujo rosto Tom não conseguia recordar. Ou teria sido no Sunday Times? Mas do rapaz de há três dias lembrava-se melhor do que era costume lembrar-se das pessoas. A expressão do rapaz era bastante meditativa e séria; não sorria facilmente. Boca firme, sobrancelhas escuras, retilíneas. E o sinal na face direita, demasiado pequeno para aparecer numa fotografia de tamanho médio, talvez, mas um sinal. O rapaz não fora apenas delicado; fora cauteloso.»


Um jovem americano com quem Tom se relaciona por acaso poderá ser o herdeiro de uma fortuna. De quem foge ele afinal? Que razões o levam a ocultar tão desesperadamente o seu segredo? Que perigos esperam Tom se o ajudar?

Este é o enigma do quarto romance da série Ripley. 


O Rapaz Que Seguiu Ripley (trad. Carolina de Oliveira) e outras obras de Patricia Highsmith estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/patricia-highsmith/

27.10.21

Sobre Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento, de Alice Munro

 



Nesta coletânea de contos (um deles esteve na origem do filme Ódio Amor), Alice Munro alcança novas fronteiras, criando narrativas que se entrelaçam e ramificam como memórias, habitadas por personagens complexas e contraditórias, tal como as pessoas que fazem parte do nosso dia a dia.

Uma teimosa e persistente governanta abandona os hábitos pelos quais sempre se regeu depois de ouvir a piada de uma adolescente. Uma estudante universitária visita a sua tia, acabando por descobrir de forma acidental um segredo que a faz repensar a vida. Um incorrigível galanteador vê a sua vida virada do avesso quando decide colocar a sua mulher numa casa de repouso para a terceira idade. Uma jovem paciente que sofre de cancro descobre uma súbita e inesperada ponte para uma nova vida. Uma mulher recorda uma tarde de sexo intenso com um desconhecido, apercebendo-se de como essa memória a transformou e manteve viva.

Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento representa Alice Munro no seu melhor, observadora, meticulosa e serenamente lúcida.


Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento e outras obras de Alice Munro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/

Sobre Uma Estranha Amizade, de Maria Filomena Mónica

 



«Finalmente, havia as diferenças políticas, que se foram agravando à medida que o tempo passava. Basta atentar na diferença das suas posições aquando do Ultimato inglês. Eça era, sempre fora, um liberal. Ramalho era alguém que de tal forma odiava a democracia representativa que desde cedo começou a sonhar com um governo liberto de um parlamento, tendo acabado nos braços do Integralismo Lusitano, um movimento que, no caso de alguns dos seus mais importantes ideólogos, viria a aderir ao salazarismo. Em suma, a amizade entre Eça e Ramalho nunca foi simples, porque a Weltanschauung de ambos, isto é, as respectivas visões do mundo, não eram coincidentes. É por isso que a amizade entre eles foi sempre estranha.»


Esta e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/

Adaptação de Denis Villeneuve de Duna terá segunda parte em 2023

 



«Dune, a nova versão cinematográfica do ambicioso romance de ficção científica de Frank Herbert, vai continuar para mais um filme de Denis Villeneuve, anunciou a Warner Brothers ao final do dia de terça-feira. O filme, que se estreou em Portugal na passada quinta-feira e foi o filme mais visto do fim-de-semana nas salas portuguesas, termina precisamente no início de uma nova fase nas aventuras de Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet, sugerindo a muito provável continuação do épico nas mãos do realizador canadiano.» [Público]



Duna (trad. Jorge Candeias) e O Messias de Duna (trad. Ana Mendes Lopes) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre Um Diário de Preces, de Flannery O'Connor

 



«Gostava de escrever uma prece bonita.»

Esta frase foi escrita por Flannery O’Connor durante a sua juventude, neste diário profundamente espiritual, recentemente descoberto entre os objetos que deixou na Georgia.

«Há em volta de mim um vasto mundo sensível que eu deveria ser capaz de usar como instrumento em Teu louvor.»

Escrito entre 1946 e 1947, enquanto O’Connor estudava longe de casa na Universidade de Iowa, Um Diário de Preces é um portal raro de acesso à vida íntima da escritora. Não apenas revela a relação singular de O’Connor com o divino, como nos mostra a forte ligação entre o seu desejo de escrita e o seu enternecimento por Deus.

«Tenho de escrever que irei tornar-me artista. Não no sentido da fancaria estética, mas no sentido do engenho estético: caso contrário, sentirei a minha solidão constantemente […]. Não quero sentir-me solitária toda a vida, mas as pessoas, ao recordarem-nos de Deus, apenas acentuam a nossa solidão. Meu bom Deus, por favor, ajuda-me a tornar-me uma artista, por favor, faz que isso me aproxime de Ti.»

O’Connor não podia ser mais explícita em relação à sua ambição literária: «Por favor, ajuda-me, meu bom Deus, a ser uma boa escritora e a conseguir que me aceitem mais textos para publicação», escreveu.

Segundo W. A. Sessions, que conhecia O’Connor, não foi uma coincidência que a autora tenha começado a escrever as histórias que formaram o seu primeiro romance, Sangue Sábio, durante os anos em que escreveu estas meditações singulares e profundamente imaginativas.


Um Diário de Preces (tradução de Paulo Faria) e outras obras de Flannery O’Connor estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/flannery-oconnor/


Sobre Mary Ventura e o Nono Reino, de Sylvia Plath

 



Mary Ventura e o Nono Reino, conto que permaneceu inédito até há pouco, narra a história de uma jovem que se debate com os dilemas da entrada na vida adulta, numa tentativa de assumir o controlo do próprio destino.

Escrito em 1952, quando Sylvia Plath tinha vinte anos e estudava na Smith College, o conto começa com uma viagem. Mary despede-se dos pais na estação. Tem de apanhar o comboio com destino ao misterioso Nono Reino. Apesar de não se sentir preparada, cede à insistência dos pais e entra no comboio, onde conversa com uma mulher idosa que parece já ter feito aquela viagem muitas vezes. Mas o que começa como uma história prosaica vai-se convertendo num pesadelo que se adivinha nas enigmáticas palavras da mulher que acompanha Mary nesse percurso de descoberta, terror e libertação.


Mary Ventura e o Nono Reino (trad. Helena Briga Nogueira) e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/


De Sylvia Plath, a Relógio D’Água publicará em breve “Diários, 1950-1962”, com tradução de José Miguel Silva e Inês Dias.

Sobre D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes

 



«Ocioso leitor: sem que eu jure, poderás acreditar que eu gostaria que este livro, como filho da inteligência, fosse o mais formoso, o mais airoso e mais sensato que se possa imaginar. Mas não pude contrariar a ordem da natureza; que nela cada coisa engendra uma sua semelhante. E assim — que poderia engendrar o meu estéril e mal cultivado engenho senão a história de um filho seco, encarquilhado, caprichoso e cheio de pensamentos inconstantes e nunca imaginados por outrem, como quem foi engendrado numa prisão onde todos os tormentos encontram o seu lugar e onde todo o triste ruído faz a sua habitação? O sossego, o lugar aprazível, a amenidade dos campos, a serenidade dos céus, o murmurar das fontes, a quietude do espírito oferecem ocasião para que as musas mais estéreis se mostrem fecundas e ofereçam ao mundo partos que o cumulem de assombro e de contentamento. Acontece um pai ter um filho feio e sem nenhuma graça, e o amor que lhe tem põe-lhe uma venda nos olhos para que não veja os seus defeitos, antes os considere dons do espírito e maravilhas, contando-os aos seus amigos como subtilezas e ditos graciosos. Mas eu, que, embora pareça pai, sou padrasto de D. Quixote, não quero deixar-me levar pela corrente do hábito, nem suplicar-te quase com lágrimas nos olhos, como outros fazem, leitor caríssimo, que perdoes ou escondas os defeitos que neste meu filho vires, pois não és seu parente nem seu amigo, e tens a tua alma no teu corpo e o teu livre-arbítrio, como o homem que pode ser exemplo, e estás em tua casa, onde és senhor dela, como o rei dos impostos que lhe pagam, e sabes o que geralmente se diz, que debaixo do seu manto o rei mato. Tudo isto te isenta e torna livre de todo o respeito e obrigação, e assim, podes dizer da história tudo o que te parecer, sem receio de que te caluniem pelo mal nem premeiem pelo bem que dela disseres.» [Do Prólogo]


D. Quixote de la Mancha (trad. e notas de José Bento) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/d-quixote-de-la-mancha/

26.10.21

Constelação Clarice no Instituto Moreira Salles Paulista até 27 de Fevereiro de 2022

 





A exposição Constelação Clarice, com curadoria de Eucanaã Ferraz e Veronica Stigger, celebra a obra e o legado de Clarice Lispector. Mais informação em: https://ims.com.br/exposicao/constelacao-clarice-ims-paulista/


As obras de Clarice Lispector estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Porquê Este Mundo, a biografia escrita por Benjamin Moser, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/porque-este-mundo-uma-biografia-de-clarice-lispector/

Sobre De Profundis, Valsa Lenta, de José Cardoso Pires

 



«Devo dizer-lhe que é escassa a produção literária sobre a doença vascular cerebral. A razão é simples: é que ela seca a fonte de onde brota o pensamento ou perturba o rio por onde ele se escoa, e assim é difícil, se não impossível, explicar aos outros como se dissolve a memória, se suspende a fala, se embota a sensibilidade, se contém o gesto. E, muitas vezes, a agressão, como aquela que o assaltou, deixa cicatriz definitiva, que impede o retorno ao mundo dos realmente vivos. É por isso que o seu testemunho é singular, como é única a linguagem que usa para o transmitir. Eu explico-me melhor: o conhecimento científico das alterações das funções nervosas superiores obtém-se em regra por interrogatórios exaustivos, secos, monótonos, e recorrendo a testes padronizados, ou seja, perguntas idiotas cientificamente testadas e estatisticamente aferidas — dizem os autores.» [Do Prefácio de João Lobo Antunes]


Esta e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

Sobre As Aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi

 



Esta é a história do boneco de madeira que desejou tornar-se rapaz. Tudo começa quando o desprevenido Gepeto esculpe um pedaço de madeira que consegue andar e falar. Assim nasce Pinóquio, que, depois de causar vários problemas a Gepeto, vive inúmeras aventuras, no decurso das quais é perseguido pela Raposa e pelo Gato, aconselhado pelo Grilo-Falante e salvo por uma linda Menina de cabelos azul-turquesa. Além disso, o nariz cresce-lhe quando conta uma mentira. Como se isso não bastasse, é transformado num burro e engolido por um tubarão, antes de alcançar a felicidade.

 

As Aventuras de Pinóquio (trad. Margarida Periquito) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/aventuras-de-pinoquio-as/

Sobre Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

 



Neste romance, Jane Austen procede a uma profunda introspecção das suas personagens. E, como noutros livros seus, a ironia é posta ao serviço dessa compreensão.

A chegada de vários jovens marca uma profunda transformação na vida de uma família de classe média rural, os Bennets, em particular na das suas cinco filhas.

Um desses jovens é Darcy, membro da alta sociedade que se distingue pelo seu orgulho. Desenvolve-se uma série de desafios, de equívocos, de julgamentos apressados, que conduzem à mágoa e ao escândalo, mas também ao autoconhecimento e amor. E os encontros e desencontros entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy marcam o ritmo da narrativa e o seu adiado epílogo.


«As principais heroínas de Austen — Elizabeth, Emma, Fanny e Anne — possuem uma tão grande liberdade pessoal que as suas individualidades não podem ser reprimidas. (…) Uma concepção de liberdade interior que se centra numa recusa de aceitar a estima a não ser de alguém a quem se conferiu estima situa-se no mais alto grau da ironia. A suprema cena cómica em toda a obra de Austen é a rejeição que Elizabeth faz da primeira proposta de casamento de Darcy (…).» [Harold Bloom] 


Orgulho e Preconceito (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Jane Austen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jane-austen/

A partir do Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares

 



«Em 2020, o Mundo foi obrigado a parar. Num momento em que a incerteza sobre o futuro tomava conta dos dias, Gonçalo M. Tavares escrevia uma crónica-diário que falava desse mundo tomado pela pandemia. Durante dez semanas, a atriz Isabel Abreu fazia eco destas palavras, a partir de sua casa, onde lia os textos e filmava o seu dia a dia em isolamento. Diário da Peste recupera, agora, estes vídeos.» [Da página de YouTube do Teatro Nacional D. Maria II: https://www.youtube.com/channel/UCQgNulw8L7QfLq_JMSFLmug]


«Diário da Peste» e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/

25.10.21

Sobre Como se o Mundo Existisse, de Ana Teresa Pereira

 



«Um texto muito interessante, de Ana Teresa Pereira, pela Relógio D’Água, Como se o Mundo Existisse: pequenas peças, muitas fabulosas, de teatro, de apontamentos sobre a vida, de Ana Teresa Pereira.» [Francisco Louçã, Tabu, SIC Notícias, 22-10-2021: https://tinyurl.com/42k6zru3]


Como se o Mundo Existisse e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

Sobre Boas Esposas, de Louisa May Alcott (tradução de Marta Mendonça)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Boas Esposas, de Louisa May Alcott (tradução de Marta Mendonça)


Meg, Jo, Beth e Amy cresceram juntas, tendo como vizinho Laurie, e chegou a altura de descobrirem o seu lugar no mundo e de fazerem as coisas com que sempre sonharam. Deparam-se com dificuldades e apaixonam-se, e, quando as tragédias acontecem, encontram conforto umas nas outras e na sua casa.



Boas Esposas e Mulherzinhas estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louisa-may-alcott/

Entrega dos Prémios PEN a Hélia Correia e José Gil

 





Hélia Correia, com «Acidentes», e José Gil, com «O Tempo Indomado», venceram, respectivamente, os Prémios de Poesia e de Ensaio do PEN Clube 2021.

O júri do Prémio de Poesia foi constituído Rita Marnoto, Margarida Braga Neves e Ana Mafalda Leite e o de Ensaio por Mário Avelar, Cristina Vieira e Miguel Serras Pereira.

O Prémio de Narrativa foi atribuído a «Os Vivos e os Outros», de José Eduardo Agualusa.

A entrega dos prémios terá lugar hoje, dia 25 de Outubro, pelas 17:00, na Fundação Calouste Gulbenkian.


https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/

https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/

Sobre Linha Final, de Don DeLillo (tradução de Paulo Faria)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Linha Final, de Don DeLillo (tradução de Paulo Faria)


«Linha Final, de Don DeLillo, é um romance em que se exploram a fundo os meandros do futebol americano enquanto espelho da angústia e do medo contemporâneos.» [Da Nota Prévia de Paulo Faria]


«Uma obra-prima.» [The Washington Post]


«Maravilhoso... este livro faz-nos questionar se existem limites para o potencial de DeLillo.» [The New York Times]


Linha Final e outras obras de Don DeLillo estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/don-delillo/

24.10.21

Sobre De Noite Todo o Sangue É Negro, de David Diop

 



«A loucura suscitada pela violência das guerras é tema muito explorado. Mas o francês Diop consegue, neste romance breve distinguido com o prémio International Booker 2021, criar fulgor. As primeiras linhas do novelo literário (que, desfeito, obrigará a reler as pistas iniciais) transportam-nos para a consciência de Alfa Ndiaye: o soldado senegalês, combatente na I Guerra Mundial, a remoer as vozes dos antepassados e o remorso por não ter acabado com a agonia de Mademba Diop, seu “mais do que irmão” ferido. É o gatilho que o fará decepar as mãos dos alemães mortos, destravar o delírio. “E, vista de longe, a nossa trincheira apareceu-me como os lábios entreabertos do sexo de uma mulher imensa. Uma mulher aberta, oferecida à guerra, aos obuses e a nós, os soldados. Foi a primeira coisa inconfessável que me permiti pensar.” Mitos, redenção, lost in translation, tudo terá aqui um papel.» [Sílvia Souto Cunha, Visão, 13/10/2021: https://visao.sapo.pt/visaose7e/livros-e-discos/2021-09-13-selecao-internacional-10-novos-livros-sem-fronteiras/]


De Noite Todo o Sangue É Negro, de David Diop (tradução de Miguel Serras Pereira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/de-noite-todo-o-sangue-e-negro/

23.10.21

Hoje, às 18:00, apresentação de As Crónicas de Explosão, de Yan Lianke, na Livraria Linha de Sombra, na Cinemateca Portuguesa

 





Terá hoje lugar uma conversa a propósito da publicação de “As Crónicas de Explosão”, de Yan Lianke, um dos mais destacados e influentes representantes da literatura chinesa contemporânea. Falar-se-á sobre a obra, o autor e o seu “Mitorrealismo”, mas também sobre os restantes autores chineses publicados em Portugal, assim como outros ainda não traduzidos em português.

Com a presença de:

Tiago Nabais – Tradutor de “As Crónicas de Explosão” e de outros livros chineses

Hélder Beja – Jornalista, argumentista, co-fundador do Festival Literário de Macau, do qual foi diretor de programação durante sete anos

Sara Figueiredo – Jornalista e crítica literária, colabora com o Expresso e a revista Blimunda. Editora do suplemento literário do Ponto Final (Macau)


As Crónicas de Explosão (trad. Tiago Nabais) e Sonho da Aldeia Ding (trad. Marta Mendonça) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/yan-lianke/

Sobre O Riso, de Henri Bergson

 



«Que significa o riso? Que há no fundo do risível? Que descobriremos de comum entre um esgar de palhaço, um jogo de palavras, um quiproquó de vaudeville, uma requintada cena de comédia? Que destilação nos dará a essência, sempre a mesma, a que tantos e tão diversos produtos vão buscar ora o seu odor indiscreto, ora o seu delicado perfume? Os maiores pensadores, desde Aristóteles, têm enfrentado este pequeno problema, que se escapa sempre aos seus esforços, desliza, foge, ressurge, desafio impertinente lançado à especulação filosófica.

O que nos desculpa, ao abordarmos por nossa vez o problema, é o facto de não visarmos encerrar numa definição a fantasia cómica. Vemos nela, antes do mais, algo de vivo. Tratá­‑la­‑emos, por muito leve que ela seja, com o respeito que devemos à vida. Limitar-nos-emos a vê-la crescer e desabrochar.»


O Riso (trad. Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-riso-2/

22.10.21

Bode Inspiratório em debate dia 23 de Outubro, no FOLIO

 





Amanhã, pelas 17h30, no Espaço Ó, Ana Margarida de Carvalho, escritora que concebeu e ergueu o projecto online, e Paula Perfeito,«voz e rosto» do projecto, fundadora e gestora do Entre | Vistas, falam sobre Bode Inspiratório.


O livro Bode Inspiratório está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/bode-inspiratorio-escape-goat/

Sobre 1984, de George Orwell e Xavier Coste

 



1984, adaptação de Xavier Coste do romance de George Orwell, vence Prémio Albert Uderzo 2021 de Melhor Contribuição para a Nona Arte


Na versão de Xavier Coste, 1984 de George Orwell torna-se ainda mais ameaçador e atual.


«Uma adaptação audaciosa.» [Le Monde]


«Xavier Coste conseguiu o impossível, adaptando magnificamente a BD este romance de culto.» [Canal BD]


«Uma versão perturbante e terrífica.» [BoDoï]


1984 (trad. Miguel Serras Pereira) e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/

Sobre Big Sur, de Jack Kerouac

 



«Esta fecunda escrita natural não tem semelhante na última metade do século XX, é uma síntese de Proust, Céline, Thomas Wolfe, Hemingway, Genet, Thelonious Monk, Bashô, Charlie Parker e da própria compreensão do sagrado de Kerouac.

Big Sur é uma humana, exacta narrativa da espantosa devastação causada pelo delirium tremens alcoólico de Kerouac, um romancista excepcional que forçou os seus limites, uma proeza que poucos escritores tão atormentados realizaram (…). Aqui encontramos a São Francisco dos poetas, e reconhecemos o herói Dean Moriarty dez anos depois de Pela Estrada Fora. Jack Kerouac era um “autor”, como o seu grande igual W. S. Burroughs disse, e aqui, no cume do seu genial temperamento sofredor, escreveu através da dor para acabar no brilhante poema final “O Mar”, nos alucinatórios sons do oceano Pacífico em Big Sur.» [Allen Ginsberg, 10-10-91, N. Y. C.]


Big Sur (trad. Paulo Faria) e outras obras de Jack Kerouac estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jack-kerouac/

Sobre Mundo Belo, onde Estás, de Sally Rooney

 



Mundo Belo, onde Estás, de Sally Rooney, nomeado para An Post Irish Book Awards na categoria de Romance do Ano. Mais informação aqui.

A tradução de Marta Mendonça de Beautiful World, Where Are You chegará em breve às livrarias portuguesas.

Sr. Salário e Pessoas Normais estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sally-rooney/


21.10.21

Sobre O Diário de Dorian Gray — Edição não Censurada, de Oscar Wilde

 



Esta edição reproduz o texto original de O Retrato de Dorian Gray, enviado em Março ou Abril de 1890 por Oscar Wilde a J. M. Stoddart, director de uma revista literária de Filadélfia. Mas este publicou a novela que havia solicitado a Oscar Wilde depois de ter retirado algumas centenas de palavras com referências homossexuais e que, em sua opinião, poderiam ofender as susceptibilidades dos leitores. Recorde-se que, no final do século XIX, a homossexualidade era ostracizada e mesmo criminalizada tanto nos EUA como no Reino Unido e na generalidade dos países. Em 1891, ao preparar a edição em livro, o próprio Oscar Wilde decidiu ampliá-la com novos capítulos, mas excluiu ao mesmo tempo várias referências homoeróticas que haviam escapado à censura de Stoddart. Como é explicado na nota acerca do texto, de Paulo Faria, esta edição retoma o texto original, enviado para a Lippincott’s Monthly Magazine.


O Retrato de Dorian Gray — Edição não Censurada (trad. Margarida Vale de Gato revista por Paulo Faria) e outras obras de Oscar Wilde estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/oscar-wilde/

Sobre A Mão Esquerda das Trevas, de Ursula K. Le Guin

 



Considerada uma obra maior da ficção científica, A Mão Esquerda das Trevas conta a história de um viajante solitário terrestre, enviado em missão para Inverno.

O objetivo da missão é permitir que Inverno seja incluído numa civilização galáctica. Os seus dois regimes políticos mais importantes são uma monarquia governada por um rei extravagante e um regime comunal, dirigido por uma burocracia minuciosa e racionalista.

Mas o mais estranho para o enviado terrestre é a particular androginia dos habitantes, que apenas numa dada fase assumem uma forma inteiramente feminina ou masculina, podendo ao mesmo tempo ser mães de umas crianças e pais de outras.

Este contacto com um modo de pensar diferente e as suas consequências nas relações pessoais e sociais permite alargar a compreensão da nossa própria realidade.


«Le Guin, mais do que Tolkien, elevou a fantasia à alta literatura, para o nosso tempo.» [Harold Bloom]


A Mão Esquerda das Trevas (tradução de Fátima Andrade) está disponível aqui: https://relogiodagua.pt/produto/a-mao-esquerda-das-trevas/

Sobre Cristina Carvalho e Selma Lagerlöf

 



Cristina Carvalho e Selma Lagerlöf em apresentação no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa no Rio de Janeiro


Hoje, a partir das 17:00 (Rio de Janeiro), Alda Lentina participa na mesa-redonda “Interlocuções Femininas” e fala sobre “Invisíveis Correntes: Selma Lagerlöf, O Imperador de Portugal (1914), e Cristina Carvalho, A Saga de Selma Lagerlöf (2018).


A Saga de Selma Lagerlöf e outros livros de Cristina Carvalho estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/

Eu Sou Clarice, de Rita Calçada Bastos, no São Luiz

 




Até dia 24 de Outubro, Carla Maciel sobre ao palco da Sala Mário Viegas, para apresentar a peça de Rita Calçada Bastos.


«Em Eu Sou Clarice, Rita Calçada Bastos propõe-se criar um objeto teatral a partir da vida e da obra de Clarice Lispector, escritora que sempre a intrigou. Esse objeto teatral resulta do eco que essa escritora maior tem na sua visão da vida. A primeira vez que tomou conhecimento da sua obra foi há cerca de 20 anos, com o livro A Hora da Estrela. “Sempre me interessou saber quem é a pessoa por detrás de um livro: quais as suas inquietações, qual a sua experiência de vida e o seu entendimento da mesma… no caso de Clarice, isso esteve muito presente. A matéria da sua escrita é intemporal porque vem da condição humana, desta coisa de ser pessoa”, diz Rita Calçada Bastos.» Mais informação em https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/eu-sou-clarice/


As obras de Clarice Lispector estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Porquê Este Mundo, a biografia escrita por Benjamin Moser, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/porque-este-mundo-uma-biografia-de-clarice-lispector/

Ana Margarida de Carvalho no FOLIO

 





Amanhã, às 18:00, na Mesa 9 da Tenda Vila Literária, Ana Margarida de Carvalho conversa com João Paulo Borges Coelho sobre “Depois da guerra e da revolução”. A conversa é moderada por Helena Vasconcelos.


«Cartografias de Lugares mal Situados» e outras obras de Ana Margarida de Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/


20.10.21

Sobre A Taça Dourada, de Henry James

 



A Taça Dourada, publicado em 1904, é o último romance de Henry James. Tendo como pano de fundo a Inglaterra, é um estudo complexo sobre o casamento e o adultério, e explora a relação ambígua entre Adam Verver e a sua filha Maggie e o modo como ameaça os respectivos casamentos. Com mestria, o autor recorre à consciência das personagens — a pormenores obsessivos e revelações — como forma de fazer avançar o enredo.

Descrito como «labiríntico e claustrofóbico», foi considerado pelo The Guardian um dos cem melhores romances jamais escritos.


A Taça Dourada (tradução de Carlota Pracana) e outras obras de Henry James estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/henry-james/