29.12.17

Naomi Klein Entrevistada por Isabel Lucas para o Ípsilon


A Isabel Lucas entrevistou Naomi Klein para o suplemento Ípsilon, do Público, a propósito da publicação de Dizer Não não Basta, saído recentemente na Relógio D’Água.
A autora de No Logo afirma que «o futuro, com ou sem Trump, não tem necessariamente de ser uma catástrofe».

«Que impulso esteve na génese deste livro?
É um tipo de livro muito diferente para mim. Normalmente levo alguns anos a escrever um livro e este é o resultado de uma intervenção mais urgente numa conversa que estava — e está — a decorrer. Eu estava muito apreensiva ao ver o modo como os círculos mais liberais, de esquerda, estavam a metabolizar Trump, como se fosse um intruso vindo de fora, um alien num sistema político que de outra forma estaria saudável, como se dissessem que sem Trump tudo estaria bem. Trump estava a ser discutido fora de contexto, o protesto assim não fazia sentido. E os media focavam-se no impeachment. Isso também me irritava, porque nessa narrativa ele é a aberração e sem ele tudo fica bem. Eu não vejo Trump dessa maneira, de todo. Eu vejo Trump como uma criação made in America. Mas ele é uma caricatura muito exagerada, a combinação de uma herança cultural e política, o culminar de uma grande evolução. É isso que precisamos de entender, como precisamos de entender o caminho que o levou a Presidente. Acho que temos de nos preocupar se alguém ainda mais perigoso do que ele puder vir a ser Presidente depois dele. Se olharmos para Roy Moore e em como esteve próximo de ser eleito, a única coisa que evitou que ganhasse no Alabama foram as suspeitas de pedofilia. Não foram as suas políticas que são tão extremas, mais extremas do que as de Trump, mais racistas, mais homofóbicas. Acho que há versões de Trump por aí, na cultura política dos Estados Unidos. São piores do que Trump, mais abertamente racistas e mais competentes. Se não formos à raiz das causas que tornaram possível a eleição de Trump, o que se segue a Trump pode ser pior do que Trump.» [Isabel Lucas, Ípsilon, 17/12/29]








Sobre Uma Boa Morte, de Hans Küng








«Talvez se deva iniciar a leitura deste livro do polémico teólogo Hans Küng, Uma Boa Morte, pelo epílogo. Isto porque tratando o volume da relação do crente cristão com a morte e o direito ou não em dispor da sua vida, o autor confessa o que se passou com ele próprio a este nível (…).» [João Céu e Silva, Diário de Notícias, 17/12/23]




27.12.17

A Relógio D’Água no Balanço do Observador


No balanço do ano do Observador são destacados três livros da Relógio D’Água: As Pessoas do Drama, de H. G. Cancela, por Carlos Maria Bobone; A Sibila, de Agustina Bessa-Luís, por Joana Emídio Marques; e Retalhos do Tempo — Um Memorial de Dublin, de John Banville, por Nuno Costa Santos.




26.12.17

A Relógio D’Água no Balanço do Expresso


A revista E, do semanário Expresso, fez o balanço dos livros de 2017.
Entre os da Relógio D’Água são destacados: Descrição Guerreira e Amorosa da Cidade de Lisboa, de Alexandre Andrade (escolhido por José Mário Silva), Baixo Contínuo, de Rui Nunes (escolhido por Manuel de Freitas), O Alienista e Outros Contos, de Machado de Assis, e Poemas Escolhidos, de Yorgos Seferis (escolhidos por Pedro Mexia), e Lincoln no Bardo, de George Saunders (escolhido por Rui Lagartinho).




21.12.17

Sobre Conflito Interno, de Kamila Shamsie




«Entre muitas releituras clássicas, a mais interessante foi a de Kamila Shamsie, em Conflito Interno, que contrasta o papel do estado moderno com os eternos laços do amor e da lealdade, ao apresentar o mito de Antígona através da história de duas irmãs e do seu irmão jihadista.» [Guardian, 30/11/17, Os melhores livros de ficção de 2017]

20.12.17

A chegar às livrarias: «Porquê Este Mundo», de Benjamin Moser (trad. de Maria Beatriz Sequeira)





«Porquê Este Mundo» relançou nos EUA e em muitos outros países o interesse pela obra da autora de «Perto do Coração Selvagem».
A biografia levou Benjamin Moser a investigar a vida de Clarice em três continentes, consultar manuscritos inéditos e realizar dezenas de entrevistas. Pôde assim mostrar que a obra de Lispector tinha relações estreitas com a sua agitada vida, a história do século xx e as tradições judaicas da família.
Nascida em 1920, numa Ucrânia devastada pela Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevique, com a família forçada à emigração pelos pogroms que violentaram a mãe e arruinaram o pai, Clarice Lispector tornou-se no Brasil uma mulher cujos talento literário, beleza e originalidade intrigaram muitos escritores e artistas.
Acompanhando Lispector desde Tchechelnik até ao Recife, depois ao Rio de Janeiro e mais tarde, como esposa de diplomata, a Nápoles, Berna e Washington, até ao regresso definitivo ao Rio de Janeiro, esta biografia mostra como Clarice transformara as suas lutas de mulher numa arte de carácter universal.

«Uma biografia digna do seu grandioso tema […] Uma das escritoras mais misteriosas do século xx é finalmente revelada com as suas cores vibrantes.» [Orhan Pamuk]

«Viva, ardente e intelectualmente rigorosa.» [The New York Times Book Review]


«Com uma pesquisa meticulosa […] Bem escrito e notável […] Moser é impressionante.» [New York Review of Books]

Sobre Escombros, de Elena Ferrante




«Recolha de textos dispersos, sobretudo cartas e correspondência trocada nos últimos 25 anos, que dão a conhecer as inquietações da escritora perante o seu público e os meios de comunicação, mas também o seu amor pela obra de Elsa Morante, pela sua Nápoles natal e pela mitologia clássica greco-latina.» [Inês Belo, Visão, 14/12/17]

Carlos Leite distinguido com Menção Honrosa pela tradução de “Morrer Sozinho em Berlim”, de Hans Fallada




A tradução de “Morrer Sozinho em Berlim”, de Hans Fallada, por Carlos Leite, foi distinguida com uma Menção Honrosa do Grande Prémio de Tradução Literária 2017 da Associação Portuguesa de Tradutores e da Sociedade Portuguesa de Autores.
O Grande Prémio foi atribuído a António de Sousa Ribeiro, pela tradução de “Os Últimos Dias da Humanidade”, de Karl Kraus.
A tradução de “A Vegetariana”, de Han Kang, por Maria do Carmo Figueira, recebeu também uma Menção Honrosa.
O júri foi presidido por Teresa Seruya.

A cerimónia da atribuição do prémio teve lugar dia 15 de Dezembro, às 17h30, na Sociedade Portuguesa de Autores.

19.12.17

«Livros para oferecer no Natal»





«Neste livro de quase 700 páginas […] há chacinas frequentes, há histórias de gangues, de música, de drogas, mas, acima de tudo, de personagens – inspiradas em pessoas reais – que cresceram em ambientes de extrema violência, nomeadamente na Jamaica da segunda metade do séc. XX. O ponto de partida é uma tentativa de assassinato a Bob Marley (quase sempre tratado como “O Cantor” ao longo da obra) quando este se preparava para protagonizar o concerto pela paz Smile Jamaica em 1975, mas a história avança bem além disso, até 1991.

Marlon James reflecte, com esta obra, acerca do papel que um artista pode ter na vida política e cívica de um país e sociedade; de que forma é possível, por trás de uma bandeira ganha com o poder da música, ter influência sobre quem manda, sejam eles políticos ou gangsters (ou ambos). Será isso possível ainda para mais com a oposição dos EUA que, provavelmente ainda mais que actualmente, estendiam a sua influência ao resto do mundo, muitas vezes sobre a forma de incentivo à violência.» [Comunidade Cultura e Arte, 18/12/17]

Livros de 2017 que vale a pena ler






«Um novo ciclo para o vasto espólio literário agustiniano, agora abrigado e bem cuidado na editora Relógio D'Água, que começou com A Sibila, um livro icónico.» [Inês Belo, Visão, 14/12/17]

Sobre Este Ofício de Poeta, de Jorge Luis Borges




«Este Ofício de Poeta coloca em papel seis maravilhosas palestras que permitem presenciar o raciocínio de um extraordinário homem de letras, não no que toca à sua escrita (embora «O Credo de um poeta» gire em torno da sua perspectiva como escritor), mas enquanto leitor perspicaz e atencioso. Borges mergulha nos recantos mais belos que a literatura oferece, trazendo consigo à superfície (para a audiência e para nós, leitores), a responsabilidade que um leitor atento deve à literatura que mais alegria lhe dá, bem como o prazer que poderá advir dessa relação. Se a literatura pudesse falar, agradeceria. Não sendo o caso, nós, enquanto leitores atentos, agradecemos por ela.» [Lauro Reis, Forma de Vida, 22/11/17, texto completo aqui ]

18.12.17

Sobre A Princesa de Clèves, de Madame de Lafayette




«… tem uma dimensão intensamente introspetiva avant la lettre. É, nesse sentido, inaugural do romance psicológico, revelando a modernidade de uma escritora do século XVII. Voltaire disse sobre o livro que era um dos primeiros em que os “hábitos das pessoas honestas e as aventuras naturais foram escritos com graciosidade”, salientando que antes de Madame de Lafayette, nascida em Paris, em 1634, se escrevia com “um estilo empolado, coisas pouco verosímeis”.» [JL, 6/12/17]

Sobre Pequenos Delírios Domésticos, de Ana Margarida de Carvalho




«O primeiro, uma ferroada irónica na atmosfera húmida dos Açores, é um conto perfeito narrado à século XXI, muito diferente da estrutura do conto clássico. Atmosfera natural, ambiente social, vida individual de Jaime, obstáculo ao desenrolar da narrativa, pedido extemporâneo, acaso (o computador esquecido ou roubado), final insólito (não sintetizamos os contos para não tirar ao leitor o prazer de os ler).
O segundo, “Como ela em triste céu”, um dos mais delirantes mas realista dos contos “domésticos”, um cruzamento doentio entre dedos hiperativos, com vontade própria, e objetos a caírem do céu, reproduzindo, na imaginação enferma de um adulto, o ambiente de guerra vivido na infância (bombas, morteiros, minas terrestres, cocktails molotov).
Finalmente, o terceiro, talvez o melhor conto, “Última Ceia”, desenha um ambiente perfeito ao modo de AMC: claustrofobia familiar, família atípica com genealogia anómala (pares de gémeos) e casa anormal, marginalidade social, ambiente de abjeção em contraste com a burguesia típica, institucional, passiva e obediente (Mateus), sobrevalorização de sentimentos negativos das personagens, inclusive de animais (gata zarolha), final insólito mas bem estruturado.

Se Ana Margarida de Carvalho venceu a montanha do romance, como os prémios o comprovam, venceu igualmente a colina dos contos. “Pequenos Delírios Domésticos” é a comprovação.» [Miguel Real, JL, 6/12/17]

A chegar às livrarias: Mulherzinhas, de Louisa May Alcott (trad. de Marta Mendonça)





Este ano, o Natal não será o mesmo para Meg, Jo, Beth e Amy. O seu pai está a combater, e a família passa por tempos difíceis. 

Mas, apesar de serem pobres, a vida das quatro irmãs March é repleta de acontecimentos. Fazem jogos, encenam peças, estabelecem amizades, discutem, lutam contra os seus vícios, aprendem com os erros, ajudam-se em momentos de doença e deceção e envolvem-se em todo o tipo de sarilhos.

15.12.17

Sobre Relógio sem Ponteiros, de Carson McCullers




«Foi o último romance da escritora norte-americana Carson McCullers, de que se assinala este ano o centenário. Relógio sem Ponteiros é mais uma história passada no sul dos Estados Unidos, da autora de O Coração É Um Caçador Solitário e de A Balada do Café Triste, também já publicados pela chancela. Desenvolvida em torno de quatro homens, de diferentes gerações, a narrativa, eivada de ironia, equaciona nostalgias, anseios, preconceitos e a ideia de redenção.» [JL, 6/12/17]

14.12.17

Deuses de Barro apresentado hoje, às 18:00, na Biblioteca Palácio Galveias




«Primordial e fundador, Deuses de Barro foi escrito quando Agustina tinha 19 anos e permaneceu inédito até agora. E, sendo um romance inicial, nele se revela, desde logo, uma geografia recorrente e as coordenadas do futuro universo ficcional da escritora, mesmo em latência, os traços de algumas das histórias e personagens que criou mais tarde.
A 1.ª edição de Deuses de Barro, que será o 5.º volume das Obras Completas de Agustina que a Relógio D’Água está a publicar, permite assim um exercício “arqueológico”, um regresso às origens de uma escrita das mais poderosas da literatura portuguesa contemporânea, com o prazer de reencontrar no princípio um território firme e conhecido.

Nesse primeiro romance, Agustina, que costumava aconselhar que se escrevesse sempre sobre o que se conhecia, tomou para si própria o conselho, escrevendo sobre o mundo rural, a Casa do Paço, em Travanca, um “mundo fechado, que frequentara em criança e adolescente, onde o convívio com as tias Maria e Amélia foram um exemplo para a sua vida, um legado de sabedoria transmitido como uma profecia”, como escreve em prefácio Mónica Baldaque, filha da escritora.» [JL, 6/12/17]

13.12.17

Sobre As Pessoas do Drama, de H. G. Cancela





«A inquietação deste drama advém precisamente dessa violência surda e insidiosa que se aloja a cada momento da sua ação, da sua estranheza que é construída por uma linguagem obsessiva e depurada, realçada por uma imagética impressiva e uma densidade metafórica assinalável. Podemos ficar envolvidos (ou não) pela estranheza desta linguagem, pela inquietação do seu universo ficcional, mas não ficamos imunes à contaminação que a sua leitura provoca. E se “Impunidade” já revelava uma voz singular na ficção portuguesa contemporânea, com “As Pessoas do Drama” o nome de Helder G. Cancela dificilmente poderá ser ignorado, inscrevendo-se numa linhagem de autores como Gonçalo M. Tavares, Rui Nunes, Jaime Rocha, Hélia Correia, Dulce Maria Cardoso ou António Lobo Antunes. Espreita-nos na sua obra o negrume de Dostoievsky e de Thomas Bernhard, em todas essas figuras alinhadas pela constelação de uma escrita que tem o poder de nos dar o lado mais obscuro do humano e sem ilusões que a embelezem. Sem antídotos que a salvem.» [Maria João Cantinho, JL, 6/12/17]

Sobre O Rio da Consciência, de Oliver Sacks




«Sacks escreveu livros ao longo de mais de 45 anos — principalmente acerca do funcionamento do cérebro e, ao mesmo tempo, debruçando-se sobre tudo — e ensinou-nos muito sobre como pensamos, recordamos e percebemos, sobre como damos sentido ao mundo e a nós próprios.» [Nicole Kraus, The New York Times, 4/12/17, texto completo aqui.]

12.12.17

Apresentação de Romance Inédito de Agustina Bessa-Luís





Deuses de Barro, romance inédito que Agustina Bessa-Luís escreveu aos dezanove anos, vai ser apresentado no próximo dia 14 de Dezembro, às 18h00, na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa.

Serão projectados três documentários sobre a obra de Agustina Bessa-Luís, As Sibilas do Passo, Fanny e a Melancolia e Ema e o Prato de Figos, realizados por Adriano Nazareth.


Os textos dos documentários foram adaptados ou ficcionados das obras de Agustina Bessa-Luís por Mónica Baldaque, autora do prefácio a Deuses de Barro.

Sobre Mr Fox, de Helen Oyeyemi




«A britânica (de origem nigeriana) Helen Oyeyemi escreve somo se estivesse a salvar a sua melancolia — e a reinventar a abordagem da ficção e da realidade sem saber em qual dos campos se manter. A história de Mary Foxe, a personagem, é uma interrogação permanente à improbabilidade do seu amor.» [Revista LER, Outono 2017]

Sobre Tempo de Escolha, de António Barreto




«Esquerda e direita continuam a existir, mas este é um tempo de escolhas mais profundas — e é possível aplaudir boas políticas de maus governos, bem como vituperar más políticas de bons governos. Nesta coleção de crónicas, Barreto mostra porque é uma das nossas vozes mais serenas e inteligentes.» [Revista LER, Outono 2017]

11.12.17

A chegar às livrarias: Uma Boa Morte, de Hans Küng (trad. de Miguel Serras Pereira)





Durante séculos, foi imposta aos crentes cristãos a proibição de terminar com a vida.
No entanto, Hans Küng defende que uma boa morte se fundamenta no respeito profundo pela vida de qualquer pessoa e nada tem que ver com o infeliz suicídio arbitrário.
Se temos responsabilidade sobre a nossa vida, porque haveria essa responsabilidade de terminar na sua última fase? É precisamente como cristão que Hans Küng apela ao direito de cada qual decidir responsavelmente sobre o momento e a forma da sua morte.
Neste breve ensaio, que procura contribuir para a mudança de atitude da Igreja, Hans Küng mantém a coerência e a autenticidade que revelou no seu conflito com a hierarquia católica romana. A sua defesa da eutanásia (cujo significado etimológico é “boa morte”) insere-se assim nas suas preocupações antropológicas e religiosas.

“Gostaria de morrer consciente e de me despedir digna e humanamente dos seres que me são queridos”, escreve Hans Küng.

Leituras de Natal recomendadas pelo Expresso






«Um dos grandes acontecimentos editoriais do ano foi o anúncio de que a Relógio D’Água reeditará a obra completa de Agustina Bessa-Luís, incluindo títulos há muito esgotados. Numa primeira leva, temos a oportunidade de (re)descobrir livros essenciais como “A Sibila”, “Fanny Owen” e “Vale Abraão” — com prefácios de Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia e António Lobo Antunes, respetivamente. De particular interesse é a publicação do romance “Deuses de Barro”, escrito aos 19 anos e até hoje inédito. Mónica Baldaque sublinha que esta ficção, apesar da sua condição de “esboço” dos “mundos fechados” sobre os quais escreveria depois, “representa já um grito e liberdade, ousadia, revolta e desafio”.» [José Mário Silva, Expresso, E, 2/12/17]

7.12.17

Sobre Pequenos Delírios Domésticos, de Ana Margarida de Carvalho




A propósito do seu livro de contos Pequenos Delírios Domésticos, saído na Relógio D’Água, Ana Margarida de Carvalho diz:


«De uma forma ou de outra, todos [os contos] se passam em contexto doméstico, digamos assim. Em todos eles há sempre uma casa, ou a memória de uma casa, ou o desejo de uma casa, ou a saudade dela… Casa mais no sentido de chão e menos no sentido de teto. Geralmente são casas tortuosas, labirínticas, sem nexo arquitetónico, pouco óbvias, até nada acolhedoras, onde nos podemos perder. Não só na geografia, mas também nas memórias, nos vislumbres ou no reflexo de um espelho. E podem, sim, não ser acolhedoras» nem benignas, mas todas as personagens sentem um inabalável desejo de voltar… Nem que demorem dez anos e só tenham um velho cão cego à sua espera…» [JL, 6/12/2017]

A chegar às livrarias: Mulheres Excelentes, de Barbara Pym (trad. de Vasco Gato)





Mulheres Excelentes é uma das melhores e mais divertidas comédias de Barbara Pym. 
Mildred Lathbury, filha de um sacerdote, é uma solteira que vive em Inglaterra durante os anos 50. Ela é uma das «mulheres excelentes»: mulheres inteligentes, compreensivas e trabalhadoras que os homens tomam como garantidas.
À medida que Mildred se envolve na agitada vida dos novos vizinhos — a antropóloga Helena Napier, Rocky, o seu elegante marido, e Julian Malory, o vigário que mora ali perto —, revela-se o modo como as personagens interagem num mundo de costumes perdidos e desejos contidos.

«O melhor livro de introdução a Barbara Pym.» [The New York Times]

«Uma lembrança surpreendente de que a solidão pode ser uma opção (…).» [John Updike]

A chegar às livrarias: Chuang Tse (tradução e comentários de António Miguel de Campos)





Chuang Tse é uma colectânea de textos enigmáticos, divertidos, irónicos e perspicazes que a tradição atribui ou de algum modo associa ao escritor e filósofo Chuang Chou, que viveu no final do século IV a.C., e que fascinam quem quer saber mais sobre o Tao do que o que nos diz o Tao Te King. Em conjunto com ele, forma a base textual e filosófica da escola de pensamento taoista. Pouco conhecido no Ocidente, é uma das mais importantes obras literárias de toda a história chinesa e exerceu uma enorme influência na cultura de toda a Ásia Oriental. A maioria dos estudiosos considera-a superior, em quase todos os aspectos, ao muito mais conhecido Tao Te King. A filosofia nele exposta, que incita cada pessoa a encontrar por si própria a felicidade interior, facilitou a assimilação do pensamento budista na China e a sua evolução para o budismo Zen.

A chegar às livrarias: A Desobediência Civil e Outros Ensaios, de Henry David Thoreau (trad. de Inês Dias)






Este livro é representativo do pensamento de Thoreau, e inclui cinco dos seus ensaios mais lidos e citados. “A Desobediência Civil”, o seu ensaio político mais influente, enaltece a lei da consciência em relação à lei civil. “A Vida sem Princípios” apresenta a essência da filosofia do autor sobre independência e individualismo. “A Escravatura no Massachusetts” é um duro ataque à indiferença do governo perante a escravatura. “Em Defesa do Capitão John Brown” é um eloquente compromisso do abolicionismo radical. “Caminhar” celebra os prazeres desta atividade, advogando a conservação dos locais selvagens da Terra.

6.12.17

Apresentação de Romance Inédito de Agustina Bessa-Luís





Deuses de Barro, romance inédito que Agustina Bessa-Luís escreveu aos dezanove anos, vai ser apresentado no próximo dia 14 de Dezembro, às 18h00, na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa.

Serão projectados três documentários sobre a obra de Agustina Bessa-Luís, As Sibilas do Passo, Fanny e a Melancolia e Ema e o Prato de Figos, realizados por Adriano Nazareth.


Os textos dos documentários foram adaptados ou ficcionados das obras de Agustina Bessa-Luís por Mónica Baldaque, autora do prefácio a Deuses de Barro.

Leitura de Natal recomendada pelo Expresso






«Entre o final de oitocentos e os anos 1930, Yeats experimentou vários modos poéticos: do simbolismo ao neo-realismo, do folclore ao esoterismo, terminando num modernismo inesperadamente acutilante. Esta nova tradução, de Frederico Pedreira, mais extensa do que outras disponíveis, permite acompanhar de perto essa viagem.» [Pedro Mexia, E, Expresso, 2/12/17]

A chegar às livrarias: O Louco Verão dos Mumins, de Tove Jansson (trad. de Maria Eduarda Cardoso)





Uma onda gigante ameaça inundar o Vale dos Mumins.
No momento em que a família Mumin é expulsa de casa, parte de imediato em busca de uma nova morada. E, como os Mumins são pequenas criaturas cheias de recursos, rapidamente encontram um novo lar muito original: um teatro flutuante.

«Um tesouro perdido, agora redescoberto… Uma obra-prima.» [Neil Gaiman]

«Jansson era um génio de um modo subtil. Estas histórias simples estão repletas de emoções únicas, profundas e complexas, como jamais se viram em literatura para crianças ou adultos.» [Philip Pullman]

«Tove Jansson é, sem dúvida, uma das maiores escritoras de livros para crianças.» [Sir Terry Pratchett]


De Tove Jansson, a Relógio D’Água publicou também A Família dos Mumins e O Cometa na Terra dos Mumins.

A chegar às livrarias: Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais, de Maria Filomena Molder





«O que estás a tentar fazer nem sempre tem bons resultados. Deita fora essa proximidade contigo, põe de lado esse feitiço da rememoração a quente. Põe o lamento na boca de outrem. Desfaz essa amizade com o teu próprio lamento. Deita pela borda fora os objectos sensíveis com os quais encheste a memória, alguns são surpreendentes, mas tens de te livrar deles e talvez te reapareçam desfigurados, macerados pelas ondas, transformados em pertenças do mar. Já não são mais teus, já não te protegem. Estão prontos para serem pastos das tuas chamas. Assim como os tens são refractários ao fogo, não consegues transformá-los em cinzas. E é isso por que anseias, sem saberes como fazê-lo. Tenta o que te disse. Requer uma disciplina feroz, uma frieza, um desprendimento, a que terás de obedecer sem teres de te decidir. Às vezes, sem dares por nada, já começaste a experiência que, também inadvertidamente, interrompes, e de novo te prendes amorosamente às tuas lembranças. Não encostes o ouvido à concha, o segredo que ouvias foi enterrado. Agora desce entre os mortos. Ao terceiro dia, ressurreição. Isso não sei.» [Do capítulo «Motivos obrigados»]


A composição de Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais constitui uma amálgama, a entender, de preferência, no sentido goethiano (alquímico). Duas indicações apenas, os textos foram escritos entre 2003 e 2016, e a ordem não é cronológica. 

5.12.17

Sobre Karen, de Ana Teresa Pereira



«Tenho pensado muito em Karen»
Ana Teresa Pereira, no Jornal da Madeira, a propósito da atribuição do prémio Oceanos

Entrevistada por foi entrevistada por Susana de Figueiredo, Ana Teresa Pereira diz:

« “Eu não posso falar muito de Karen, porque ela é um dos mistérios do livro. No fundo, nunca sabemos nada sobre ela. E como só vemos o mundo através dos seus olhos [e ela está muito confusa], nunca descobrimos quem é afinal esta mulher. É por isso que se torna, para mim, tão difícil falar sobre este livro… É um livro todo escrito por dentro.” Mas a autora sabe quem é a Karen… “A autora acha que sabe, mas por vezes também se surpreende. Há muita coisa que escapa à minha vontade, porque ali coexistem o meu inconsciente, o inconsciente do livro e o inconsciente do próprio leitor, que tem uma influência muito forte.” Na verdade, estamos perante um policial em que o mistério vai crescendo página a página: a neblina nunca se desfaz, por vezes indicia uma espécie de clareira, mas logo torna a adensar-se, a fazer-nos deambular num limbo de realidades. O desfecho? Não existe. “Karen” tem muitas referências à pintura abstrata, e de facto acaba por ser uma espécie de policial abstrato, em segunda mão, ao qual falta a última página e, mesmo assim, queremos lê-lo.» [Jornal da Madeira,1/12/17]

4.12.17

Sobre O Rio da Consciência, de Oliver Sacks




Carlos Vaz Marques falou sobre O Rio da Consciência, de Oliver Sacks, no Livro do Dia, na TSF, de 15 de Novembro. O programa pode ser ouvido aqui.