29.9.11

James Franco deita mãos à obra de Cormac McCarthy




O actor e realizador James Franco suspendeu o projecto da adaptação cinematográfica de Blood Meridian, de Cormac McCarthy, para se dedicar à adaptação cinematográfica de Child of God, também de Cormac McCarthy, autor cujas obras têm sido frequentemente transformadas em longas-metragens, como as recentes A Estrada e Este País Não É para Velhos. Mais informações em Hollywood.
Antes e depois da chegada dos filmes ao grande ecrã, a Relógio D’Água tem disponíveis todos estes romances, com tradução de Paulo Faria.

27.9.11

«Prazer de Ler», da RDP Internacional, dedicado a Ana Teresa Pereira




No programa Prazer de Ler, Isabel da Nóbrega dá a conhecer «textos fundamentais da melhor literatura portuguesa», escolhidos e lidos por si. Aqui pode ouvir os excertos de O Fim de Lizzie, de Ana Teresa Pereira.

Hélia Correia recebe Prémio Especial do Júri da revista Máxima




O Prémio Especial do Júri da revista Máxima foi atribuído a Hélia Correia pelo seu romance Adoecer.

Crítica da Razão Cínica, de Peter Sloterdijk




Crítica da Razão Cínica, publicado por ocasião do bicentenário da Crítica da Razão Pura de Kant, é, antes de mais, uma crítica da modernidade.
Para Peter Sloterdijk, o actual cinismo resulta da perda das ilusões iluministas.
Na Antiguidade, com Diógenes, o cinismo era uma atitude individual confinada a uma corrente filosófica de reduzida expressão.
No nosso tempo, enquanto «falsa consciência», é um fenómeno generalizado que Sloterdijk detecta nos mais diversos campos, da vida privada à religião.
Como resposta a este cinismo moderno, e para que ele possa ser ultrapassado, o autor sugere a redescoberta das virtudes do antigo cinismo ou, mais exactamente, do kinismo, que passa pelo riso, a insolência e a invectiva. Este processo poderia permitir transformar o ser (Sein) em ser consciente (Bewusstsein).
Surgida na Alemanha em 1983 e considerada então por Habermas como a principal obra filosófica das últimas décadas, Crítica da Razão Cínica permite-nos também entender melhor o trajecto intelectual de Sloterdijk e as polémicas suscitadas pelos seus livros mais recentes.

O Arranca Corações, de Boris Vian





Jacquemort, psiquiatra, chega a casa de Angel e Clémentine, que está em final de gravidez. Jacquemort vai então ajudá-la a dar à luz três rapazes gémeos, Noël, Joël e Citroën, que, ao contrário dos irmãos, nunca grita.
Angel está fechado em casa há dois meses pela mulher, que aceitou mal a gravidez. Só depois do parto é libertado. Jacquemort revela-lhe as razões que o levaram a este recanto aparentemente tranquilo. Ele possui uma capacidade de vazio e procura preenchê-la psicanalisando as pessoas e assimilando os seus sentimentos através de uma psicanálise «integral».
Neste romance, Boris Vian revela um universo terrível, o dos desejos mais implacáveis, em que todo o amor esconde o ódio.
Como escreveu Gilbert Pestureau, no prefácio à edição francesa, neste romance em que o número três desempenha um papel central, «os adultos são selvagens, ferozes ou infelizes, condenados à solidão, enquanto as crianças, cúmplices na magia, procuram secretamente a sua paixão de viver». Tudo isto numa «aldeia entorpecida na vergonha e na religião», onde «os trigémeos exploram o seu universo feérico enquanto uma mãe, que os ama demasiado, lhes reduz inexoravelmente o espaço».

26.9.11

A Relógio D'Água nos media na semana de 19 a 25 de Setembro de 2011



No suplemento «Quociente de Inteligência» do Diário de Notícias de 24 de Setembro, João Céu e Silva escreve sobre o recentemente publicado Pela Estrada Fora – O Rolo Original, de Jack Kerouac: «A quem interessaria o livro Pela Estrada fora (On the Road), escrito em três semanas por um desconhecido? A resposta óbvia seria a ninguém, em vez de a milhões de leitores, mas a verdade é que essa produção literária escrita em tempo recorde está nas listas francesas e americanas dos cem livros mais importantes que foram publicados no século XX e que, por isso, foi recentemente ressuscitada em Portugal na sua versão primeira, intitulada Pela Estrada fora — O Rolo Original.
Até agora, os leitores marcados por essa história delirante desconheciam o verdadeiro livro, aquele escrito de rompante e num rolo de papel porque o seu autor não queria perder tempo a introduzir novas folhas na máquina de dactilografar Underwood preta. Ou seja, a autoria de Pela Estrada fora só pertence verdadeiramente a Jack Kerouac desde há uns cem dias, no caso da tradução portuguesa, já que as anteriores edições, apesar de terem a sua assinatura na capa, eram resultado da reescrita da mão escrupulosa do editor Malcolm Cowley, que suavizou o manuscrito, quer a nível de gramática ao incluir pontuação e parágrafos, quer no expurgo de alguma vagabundagem malvista à época, bem como as "imoralidades" hetero, homossexuais e alucinogénias mais graves que ali se poderiam ler com uma inesperada clareza até então nunca impressa.»

22.9.11

O Moinho à Beira do Floss, de George Eliot




O Moinho à Beira do Floss fala-nos dos altos e baixos de uma família de Lincolnshire. Mistura subtilmente humor, polémica e tragédia. Sempre que o leio encontro algo de novo e fascinante.
É uma história poderosa e emocional, mas ao mesmo tempo um romance feminista que aborda de forma muito clara a questão dos direitos da mulher à educação.
George Eliot é uma escritora que consegue ser polémico e contar uma boa história ao mesmo tempo. [Marina Lewycka]

20.9.11

Experimentum Humanum e Hermínio Martins na revista Nada




No último número da revista Nada, João Urbano escreve sobre o livro Experimentum Humanum, cuja edição considera um acontecimento: «Neste caso um acontecimento em língua portuguesa, mas seria um acontecimento em qualquer língua e em qualquer parte do mundo que se regule ou sofra os efeitos do “princípio da aceleração”. E se nem a órbita do nosso planeta lhe escapa... Mesmo sendo um livro altamente crítico e irónico, senão mesmo mordaz, em relação à tecnodisseia em que estamos metidos, não a condena em absoluto e muito menos se barrica numa espécie de ecologia profunda.»

Pode ainda ler-se uma entrevista de João Urbano e Paulo Urbano ao autor da obra, Hermínio Martins.

Adoecer, de Hélia Correia, na short-list do Prémio Literário Fernando Namora




Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, João Tordo, Pedro Rosa Mendes e Valter Hugo Mãe são os finalistas do Prémio Literário Fernando Namora e o vencedor será conhecido no dia 2 de Outubro.

O prémio, instituído pela Estoril Sol há 14 anos, tem o valor de 25 mil euros, e o júri é presidido por Vasco Graça Moura e constituído por Guilherme d’Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual, e ainda Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.

16.9.11

Nem só de filmes se faz um realizador





«Woody Allen é um génio.» [Miguel Esteves Cardoso, ípsilon, 16-09-2011]

14.9.11

Robert Walser citado na blogosfera




«Num sofá do estilo Segundo Império estava sentada uma dama, que seria mais bela ainda se não se esforçasse tanto por o parecer.»

Robert Walser, 2004 (1925), A Rosa.

Citado por Bruno Sena Martins aqui.

12.9.11

Novas Traduções de James Joyce na Relógio D’Água



A Relógio D’Água vai publicar, pela primeira vez, traduções da poesia de James Joyce e lançar novas traduções das suas principais obras de ficção narrativa.
A poesia, Música de Câmara, é traduzida por João Almeida Flor. Paulo Faria traduz A Portrait of the Artist as a Young Man e Margarida Vale de Gato Dubliners. Finalmente, Ulysses é traduzido por Jorge Vaz de Carvalho.



Por outro lado, ao longo de 2012, a Relógio D’Água vai reunir em um ou dois volumes as Obras de Ficção Completas de Virginia Woolf, James Joyce (excepto Finnegans Wake), Oscar Wilde, Franz Kafka, Lewis Carroll e Joseph Conrad.




A Relógio D'Água no Expresso de 10 de Setembro de 2011




No suplemento «Atual» do Expresso de 10 de Setembro de 2011, Pedro Mexia escreve sobre As Desventuras do Sr. Pinfold: «As primeiras décadas da produção romanesca de Evelyn Waugh estão quase integralmente representadas na edição portuguesa: Declínio e Queda (1928), Corpos Vis (1930), Negócios Escuros (1932), Um Punhado de Pó (1934), Enviado Especial (1945) e O Ente Querido (1948); só não existe tradução de Put Out More Flags (1942). Em compensação, não havia nada de 1950 em diante, período em que Waugh saiu um pouco de moda. Essa lacuna é agora preenchida com As Desventuras do Sr. Pinfold, de 1957, o penúltimo romance de Waugh, e o mais autobiográfico.»

9.9.11

A Relógio D'Água no Ípsilon de 9 de Setembro de 2011




No «Ípsilon» do Público de 9 de Setembro, José Riço Direitinho escreve sobre Caso Kukótski, de Liudmila Ulítskaia: «[…] a autora russa cria uma personagem feminina inesquecível, Elena. (…) pertence àquela singular galeria das mulheres que ao longo dos seus livros vão sentindo a degradação, mulheres que no princípio são “resgatadas” pelos homens (sempre com um papel socialmente mais importante) devido à sua beleza, mas que eles aos poucos vão “largando”. Um romance inesquecível.»

De Liudmila Ulítskaia, a Relógio D’Água publicou também Mentiras de Mulher e Funeral Divertido.

8.9.11

A Relógio D’Água na revista Ler de Setembro de 2011




Na revista Ler, José Gil desvenda a José do Carmo Francisco pormenores sobre o seu próximo livro, depois do recente O Humor e a Lógica dos Objectos de Duchamp, de que é co-autor com Ana Godinho: «[…] poderá vir a chamar-se Filosofia do Corpo. A partir de um seminário e de um curso livre que dei na Universidade Nova, analiso em vários campos das ciências humanas (psiquiatria, psicanálise, retórica, politologia) e práticas (tradução e desporto) certos fenómenos em que o inconsciente tem um papel muito importante.»



Tiago Cavaco escreve sobre A Morte, de Maria Filomena Mónica (MFM), publicação da Fundação Francisco Manuel dos Santos com coordenação editorial da Relógio D’Água: «A parte mais vibrante […] é o relato da partida terrena da mãe de MFM. Ficamos com a sensação de que merecia o volume inteiro. As observações são sensíveis e prendem-nos. A estranheza perante as rotinas da religião, o desassombro da crónica em circunstâncias habitualmente mais dadas ao silêncio, o jeito para fazer da nota particular uma inclinação para o provérbio, são apenas algumas das razões que fazem da autora uma voz única na nossa escrita.»



Surge ainda uma breve nota sobre a publicação de De Olhos Abertos, livro de entrevistas do escrito e crítico literário Matthieu Galey a Marguerite Yourcenar, «que reúne testemunhos (alguns inéditos) da autora de Memórias de Adriano».

Novidades da Fundação Francisco Manuel dos Santos com coordenação editorial da Relógio D'Água




A actualidade deste livro não resulta somente da crise do tempo presente. Desde a Antiguidade se sabe que o compromisso com a coisa pública exige desinteresse e virtude, ética frequentemente desmentida pela história concreta do Homem. Daí a permanente tensão entre a idealidade e a prática, pano de fundo que possibilita avanços e recuos num percurso em que, entre o consenso e a contradição, o optimismo épico da aventura humana não raro desagua no seu oposto. O livro que agora vem a lume constitui uma síntese desse itinerário, tendo como eixo a história da ideia de res publica, bem como as suas relações com todas as demais que, combatendo o que conduz ao arbítrio e ao servilismo perante os poderes, potenciam a elevação dos indivíduos à participação cívica.



A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são valores que, mesmo consagrados formalmente como direitos universais do Homem, continuam a ser objecto de vivas controvérsias. Entre a tradição de não intervenção das autoridades públicas iniciada com a aprovação da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos e a defesa da necessidade do olho vigilante de entidades reguladoras, são também duas escolas de pensamento que se confrontam. Num tempo em que as empresas de media tradicionais enfrentam enormes dificuldades e desafios, importa defender o jornalismo profissional e independente, até porque este desempenha um papel central no equilíbrio dos sistemas de pesos e contrapesos e de governo limitado que caracterizam as democracias modernas.



Neste ensaio falamos de governo da justiça. Em Portugal temos um modelo errado de governo da justiça. A democracia portuguesa decidiu em 1976 que a justiça era um problema dos juízes e dos juristas. Arranjou uma fórmula fácil e desresponsabilizadora, a autonomia do poder judicial. O resultado é uma justiça em crise de ruptura, um Estado de direito democrático deficiente e uma ausência de um plano de reformas estruturantes.
Como qualquer organização, a justiça necessita de um sistema eficiente e eficaz de governação. Isso não pode nem vai acontecer com o actual ordenamento. Temos de mudar os fundamentos do actual modelo de governo da justiça. A médio prazo, o poder político deve simplesmente abandonar o actual modelo de conselhos judiciários.

6.9.11

A Relógio D'Água na revista Os Meus Livros de Setembro de 2011




Na revista Os Meus Livros de Setembro de 2011, dá-se conta da chegada às livrarias de Sob a Rede, o primeiro romance de Iris Murdoch, que «decorrre numa zona de Londres onde os escritores em luta pelo reconhecimento estão lado a lado com apostadores profissionais de sucesso, estrelas de cinema ou filósofos inquietos».



Na mesma revista, Hugo Pinto Santos escreve, sem contras a apontar, sobre O Progresso do Amor, de Alice Munro, «escritora canadiana, contista de notável oficina»: «Onze narrativas servidas por uma escrita de impecável rigor, uma ficção despojada, de concisão desarmante. […] Não são de amor, estes contos, tão-pouco de desamor; antes um progresso guiado pelo equívoco e o forçoso, cativeiro familiar ou outro, o medo, a luxúria poisos onde o amor é uma luz que não chega a acender-se toda.»



Teresa Pearce de Azevedo leu a «lição de vida» de Marguerite Yourcenar, De Olhos Abertos: «O livro, para quem já a conhece ou à sua obra, é mais um ponto de interesse. Caso seja um “novato” no tema, é uma óptima maneira de o abordar.»

5.9.11

Talvez o último texto de Raúl Ruiz




O prefácio de Raúl Ruiz à edição de Mistérios de Lisboa de Camilo Castelo Branco é talvez o último texto escrito pelo realizador chileno recentemente falecido.
Publicado em Outubro do ano passado, o texto aborda a concepção literária e cinematográfica de Raúl Ruiz. Publica-se a seguir um extracto desse prefácio.

«No Chile, no final dos anos 50, quando comecei a interessar-me pelo teatro e pelo cinema, os raros aspirantes a dramaturgos, e ainda menos a cineastas, éramos submetidos ao treino daquilo que se designava por «técnica de construção dramática». Em poucas semanas, professores vindos do Norte punham-nos a par das técnicas simples e eficazes que permitiam encenar histórias que interessavam a toda a gente. A história, diziam-nos, começa quando alguém em quem focalizamos a nossa atenção quer alguma coisa e luta para consegui-la (Guilherme Tell quer partir a maçã que o seu filho tem sobre a cabeça, e não a própria cabeça). Existe sempre nela risco, incerteza, peripécias submetidas ao destino da flecha que o herói vai atirar (de facto, ela encarna aqui literalmente a flecha narrativa, que deve servir de guia a toda e qualquer história).
Há crise, clímax e desenlace.
E depois felicidade ou tragédia.
Para os adolescentes que nós éramos naqueles tempos, a doxa peremptória do sistema narrativo americano era irrefutável. Mais tarde, o teatro épico de Brecht tentou fazer uma crítica (esmagadoramente dogmática) do chamado drama burguês, sem grandes resultados.
O teatro épico chegou e partiu sem alterar muito as coisas. Pelo contrário, o moderno drama americano veio para ficar. Eu, nem épico nem moderno, optei por refugiar-me na dramaturgia dos sonhos.
Mas, essa «toda a gente»? Esse cidadão comum? O homem anónimo, o obscuro contribuinte a quem se destinavam as histórias que íamos contar?
Bem, para esses havia os melodramas mexicanos, as novelas da televisão, o teatro radiofónico da tarde e da noite, de antes do pequeno-almoço.
Que contavam as histórias dos dramas populares?
Nada em particular e tudo em geral (ser feliz, o grande amor, fama imortal e coisas assim).»