30.4.21

Sobre Jack, de Marilynne Robinson

 



«Ao longo dos anos, Robinson tem dito que continua a regressar a Gilead porque tem saudades das personagens ou porque quer dar a uma figura que noutra obra era secundária a intensidade e a atenção que se atribui a um protagonista. Mas numa entrevista à “The Paris Review” em 2008, depois de publicar “Home”, rejeitou a ideia de que Jack fosse um candidato a uma exploração profunda. “Perderia o Jack se tentasse aproximar-me demasiado dele enquanto narradora”, disse. […] “Ele é alienado de uma forma complicada. As outras pessoas não o acham compreensível e ele não as acha compreensíveis.”

Robinson previu que tornar Jack um protagonista criaria problemas, e é revelador que, ainda assim, o tenha considerado irresistível.» [Jordan Kisner, The Atlantic, Outubro 2020. Texto completo em https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2020/10/marilynne-robinsons-lonely-souls/615493/ ]


Jack, de Marilynne Robinson (tradução de Alda Rodrigues), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/jack-gilead-4/

Sobre Mary Ventura e o Nono Reino, de Sylvia Plath

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Mary Ventura e o Nono Reino, de Sylvia Plath (tradução de Helena Briga Nogueira)


Mary Ventura e o Nono Reino, conto que permaneceu inédito até há pouco, narra a história de uma jovem que se debate com os dilemas da entrada na vida adulta, numa tentativa de assumir o controlo do próprio destino.

Escrito em 1952, quando Sylvia Plath tinha vinte anos e estudava na Smith College, o conto começa com uma viagem. Mary despede-se dos pais na estação. Tem de apanhar o comboio com destino ao misterioso Nono Reino. Apesar de não se sentir preparada, cede à insistência dos pais e entra no comboio, onde conversa com uma mulher idosa que parece já ter feito aquela viagem muitas vezes. Mas o que começa como uma história prosaica vai-se convertendo num pesadelo que se adivinha nas enigmáticas palavras da mulher que acompanha Mary nesse percurso de descoberta, terror e libertação.


Esta e outras obras de Sylvia Plath estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sylvia-plath/

Hamnet, de Maggie O’Farrell, com tradução de Margarida Periquito, chega às livrarias em Maio

 


«Por altura do anúncio da atribuição do Women’s Prize, a presidente do júri de 2020, Martha Lane Fox, destacou que a obra expressa “algo de profundo sobre a experiência humana, que parece ser tanto extraordinariamente atual como duradouro”. Colette Bancroft, que integrou o painel de 21 críticos que escolheram os vencedores da edição de 2020 dos National Book Critics Circle Awards, anunciados em março deste ano, descreveu o romance como “um estudo transcendente e maravilhoso do luto e da arte”.

Para a editora portuguesa, trata-se de “uma das mais importantes obras literárias deste início do século XXI”.» [Rita Cipriano, Observador, 29/4/2021]



Sobre Sobre a Revolução, de Hannah Arendt

 



Sobre a Revolução permite uma compreensão histórica da diferente natureza dos sistemas políticos actuais nos EUA e na Europa. Neste livro, Hannah Arendt debruça-se sobre os princípios que subjazem a todas as revoluções, começando pelos grandes primeiros exemplos da América e de França e mostrando como a teoria e a prática da revolução evoluíram desde então.


«Os admiradores de Hannah Arendt vão ver com agrado a sua incursão neste domínio relativamente negligenciado da revolução comparada. Nunca é maçadora, mas imensamente erudita, sempre imaginativa, original e plena de intuições.» [Sunday Times]


Esta e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

Sobre Na Penúria em Paris e em Londres, de George Orwell

 



«É bastante curioso, o primeiro contacto que travamos com a pobreza. Pensámos sempre muito, para começar, acerca da pobreza — foi ela o que tememos durante toda a vida, aquilo que sabíamos que nos iria acontecer mais tarde ou mais cedo; mas quando acontece é completamente diferente, na sua configuração absolutamente prosaica. Pensávamos que ia ser muito simples; mas é extraordinariamente complicado. Pensávamos que ia ser terrível; é apenas sórdido e aborrecido. É a extraordinária baixeza da miséria o que se descobre de início; os expedientes que implica, a mesquinhez intrincada, o poupar dos cotos de vela.»


Na Penúria em Paris e em Londres (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/

Sobre Paris França, de Gertrude Stein

 



Em Paris França, Gertrude Stein dá-nos a sua visão da cidade em que escolheu viver durante mais de quarenta anos, numa época em que o seu exemplo foi seguido por escritores e artistas das mais diversas nacionalidades, de Hemingway a Joyce e Salvador Dalí.

Em sugestiva desordem, sucedem-se as recordações de infância, opiniões sobre a França e os Franceses, a arte, a gastronomia, a moda e a guerra. Muitos episódios narrados estão carregados de humor.

A obra de Stein foi também uma reflexão sobre a linguagem e muitas das suas narrativas têm um estilo inconfundível, presente neste livro de estranha pontuação. 

Paris França foi publicado pela primeira vez em 1940, no dia em que a França foi ocupada pelos Alemães.


Paris França (tradução de Miguel Serras Pereira) e A Autobiografia de Alice B. Toklas (tradução de Margarida Periquito) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gertrude-stein/

29.4.21

Sobre Pnin, de Vladimir Nabokov

 



Publicada em 1957, Pnin é a mais divertida obra de Nabokov. O seu protagonista é Timofey Pavlovich Pnin, um professor russo emigrado nos EUA, que dá aulas a meia dúzia de alunos que o consideram uma espécie de fenómeno raro.

Os seus problemas de adaptação ao modo de vida americano são múltiplos. Vão desde os eletrodomésticos e automóveis à mediocridade dos seus colegas, um bando de ambiciosos que põem à prova a sua paciência.

Mas a sua preocupação maior não é a sua semirrespeitável vida académica, mas a esposa, uma mulher rodeada de psiquiatras, que nunca o amou e por quem ele continua comovedoramente apaixonado.

No final Pnin parece encontrar uma espécie de felicidade, emergindo como um ser civilizado e capaz de conservar alguma dignidade humana no meio de uma incivilização que o próprio Nabokov terá conhecido nas universidades de Cornell e Wellesley.


Pnin (trad. Telma Costa) e outras obras de Vladimir Nabokov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/vladimir-nabokov/

Sobre Os Poemas, de Konstandinos Kavafis

 



«Depois de Poemas e Prosas em 1994, temos toda a poesia que Kavafis (com Eliot, para mim, o maior poeta da primeira metade do século XX) quis considerar inteiramente como a sua — exemplos de alguns poemas que ele deliberadamente afastou podem encontrar-se, todavia, espalhados pelo Prefácio e Notas.» [Joaquim Manuel Magalhães]


«Os Poemas» e «Poemas e Prosas» estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/konstandinos-kavafis/

Novidades da Relógio D’Água que chegarão às livrarias em Maio de 2021:

 





1 — Hamnet, de Maggie O’Farrell

2 — Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares

3 — Exalação, de Ted Chiang

4 — A Ascensão do Dinheiro, de Niall Ferguson

5 — Rebelião na Quinta, de George Orwell (Prefácio de Ann Patchett)

6 — Sr. Salário, de Sally Rooney

7 — Mary Ventura e o Nono Reino, de Sylvia Plath

8 — O Messias de Duna, de Frank Herbert

9 — Fahrenheit 451: A Adaptação Autorizada, de Ray Bradbury e Tim Hamilton

10 — Sonho da Aldeia Ding, de Yan Lianke

11 — Vita Nova, de Louise Glück


Sobre História da filosofia Ocidental, de Bertrand Russell

 



«Um livro importante… um trabalho do mais alto grau pedagógico, acima dos conflitos entre partidos ou opiniões.» [Albert Einstein]


«Continua a ser de forma incontestável a introdução perfeita ao seu assunto… é o tipo de filosofia que a maioria das pessoas quer ler, mas que apenas Russell poderia ter escrito.» [Ray Monk, University of Southampton, UK]


«Uma prosa bela e luminosa, não apenas nítida do ponto de vista clássico, mas escrupulosamente honesta.» [Isaiah Berlin]


«É uma visão atenta e abrangente das principais figuras do pensamento ocidental, a que se juntam referências de personalidades e peculiaridades dos pensadores que dão ainda mais vida ao livro.» [The Week]


«O livro de um grande filósofo. Um olhar lúcido e magistral à história do seu próprio objecto de estudo, maravilhosamente legível e esclarecedor.» [The Observer]


História da Filosofia Ocidental e A Conquista da Felicidade estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/bertrand-russell/

Reino Transcendente, de Yaa Gyasi, na shortlist do Women’s Prize for Fiction 2021

 




O segundo romance de Yaa Gyasi, Reino Transcendente, que a Relógio D’Água editou no ano passado, é um dos finalistas do Women’s Prize for Fiction 2021 (em 2020, o prémio foi atribuído a Hamnet, de Maggie O’Farrell, que a Relógio D’Água irá editar em breve): «Gyasi fala de uma família ganesa no Sul profundo e da sua luta para lidar com os problemas quando as suas vidas se desmoronam — é outra comunidade esquecida.»

Os outros 5 finalistas são How the One-Armed Sister Sweeps Her House, de Cherie Jones; No One is Talking About This, de Patricia Lockwood; Piranesi, de Susanna Clarke; The Vanishing Half, de Brit Bennett; e Unsettled Ground, de Claire Fuller.

O júri do prémio é composto por Bernardine Evaristo (presidente), Elizabeth Day; Vick Hope; Nesrine Malik; e Sarah-Jane Mee.

A obra vencedora será conhecida dia 7 de Julho.


Em Reino Transcendente, o romance que se segue a Rumo a Casa, Yaa Gyasi traça um retrato íntimo e profundo de uma família oriunda do Gana que se mudou para o estado do Alabama, nos EUA.

Gifty está a fazer um doutoramento em Neurociências na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, onde estuda circuitos neuronais do comportamento de procura de recompensa em ratos, assim como circuitos neuronais relacionados com depressão e vício.

O irmão, Nana, que fora um promissor basquetebolista na escola, morrera com uma overdose de heroína depois de uma lesão no tornozelo o deixar viciado em OxyContin. E a mãe, deprimida com o regresso do marido ao Gana e a morte do filho, não sai da cama. 

Gifty está decidida a descobrir uma base científica que justifique o sofrimento que a rodeia. Mas quando entra no mundo das ciências exatas, tentando entender o mistério da sua família, acaba por redescobrir a ânsia espiritual que mantinha desde criança, primeiro na igreja evangélica e depois em rutura com ela.


Reino Transcendente (trad. Helena Briga Nogueira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/reino-transcendente/

28.4.21

De Nesta Grande Época, de Karl Kraus

 


«Nesta grande época que eu conheço desde pequenina; que há‑de voltar a ser pequena se ainda lhe restar tempo para isso; e que nós, já que, no domínio do crescimento orgânico, não é possível tal transformação, preferimos tratar por gorda e, em boa verdade, também por grave; nesta época, em que acontece precisamente o que não éramos capazes de imaginar e em que forçoso é que aconteça o que imaginar já não podemos, e se pudéssemos, não aconteceria; nesta época séria, que estourou de riso só de pensar que poderia vir a sê‑lo; que, surpreendida pela sua própria tragédia, procura diversões e, ao apanhar‑se a si mesma em flagrante, se põe à cata de palavras; nesta época ruidosa, que ressoa com a horrenda sinfonia dos actos que produzem notícias de jornal e das notícias de jornal responsáveis por actos: nesta época, não esperem uma só palavra minha.» [p. 109]


Nesta Grande Época (trad. de António Sousa Ribeiro) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nesta-grande-epoca/

Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee e Fred Fordham

 



Um retrato assombroso de raça e classes sociais, inocência e injustiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação no Sul Profundo dos EUA dos anos trinta. 

Mataram a Cotovia, de Harper Lee, mantém a mesma atualidade que tinha em 1960, quando foi escrito, durante os turbulentos anos do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos.

Agora, este aclamado romance renasce como romance gráfico. Scout, Jem, Boo Radley, Atticus Finch e a pequena cidade de Maycomb, no Alabama, são representados de forma nítida e comovente pelas ilustrações de Fred Fordham.


“Este fantástico romance gráfico revela uma nova perspetiva aos antigos leitores do livro, sendo ao mesmo tempo uma bela introdução para jovens ou para qualquer adulto a quem esta incrível história tenha passado ao lado.” [USA Today]


O romance e o romance gráfico de Mataram a Cotovia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/harper-lee/

Sobre O Sol dos Mortos, de Ivan Chmeliov

 



«Se Fiódor Dostoiévski alertou profeticamente, no seu romance Demónios, sobre o perigo da calamidade global preparada pelos ideólogos do “paraíso na terra”, se Evguéni Zamiátin e George Orwell criaram as suas antiutopias satíricas, modelos do mundo desumanizado de acordo com as receitas teóricas e as sinistras experiências práticas que conheciam, escritores russos como Ivan Chmeliov, Ivan Búnin, Isaac Bábel, Vassíli Grossman criaram obras que são crónicas vivas, testemunhos factuais da pavorosa concretização da “grande experiência” de transformação política e social na Rússia, levada a cabo pelo partido bolchevique.» [Da Introdução]


O Sol dos Mortos (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-sol-dos-mortos/

Sobre A Interrupção dos Sonhos — Ensaios sobre Fernando Pessoa, de Humberto Brito

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: A Interrupção dos Sonhos — Ensaios sobre Fernando Pessoa, de Humberto Brito


Neste conjunto de ensaios, Humberto Brito discute aspectos centrais da obra de Fernando Pessoa (o que são “heterónimos”, “ortónimo”, “histero-neurasténico”, “impessoalidade”). Fá-lo a partir de textos habitualmente negligenciados, como “Carta da Corcunda ao Serralheiro”, “Um Grande Português”, “O Homem de Porlock”, ou os escritos de Pessoa sobre “O Problema Ibérico”.


Humberto Brito é fotógrafo e professor de Teoria da Literatura da Universidade Nova de Lisboa. É autor de Avaria, Regras de Isolamento (com Djaimilia Pereira de Almeida) e Estrada e Fantasmas.

Sobre O Abismo de Fogo, de Mark Molesky

 



«O Abismo de Fogo é o livro mais recente sobre o grande terramoto de 1755. Publicada em 2015 com o título This Gulf of Fire: The Destruction of Lisbon, or Apocalypse in the Age of Science and Reason (New York: Alfred A. Knopf, 2015), a obra foi traduzida e editada pela Relógio D’Água em 2019. O autor é Mark Molesky, historiador americano formado na Universidade de Harvard e actualmente professor na Universidade de Seton Hall, em Nova Iorque. O Abismo de Fogo é, a todos os níveis, monumental. Por um lado, Molesky revela um profundo conhecimento de fontes e arquivos portugueses, espanhóis, franceses, alemães, britânicos e brasileiros e da vasta bibliografia sobre o terramoto, a reconstrução de Lisboa e a vida e obra do Marquês de Pombal. Por outro, a escrita é clara, acessível e prende o leitor desde o primeiro instante. Finalmente, a obra tem como objectivo enquadrar a história do terramoto no contexto do debate entre fé e razão, contribuindo assim de forma significativa para uma história intelectual do Iluminismo na Europa.» [Francisco Malta Romeiras; Archivum Historicum Societatis Iesu, Vol. LXXXIX, Fasc. 178 2020-II]


O Abismo de Fogo, de Mark Molesky, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-abismo-de-fogo-o-grande-terramoto-de-lisboa/

Sobre Os Lança-Chamas, de Rachel Kushner

 



Nos anos 70, Reno — assim chamada por ser a sua cidade natal — vai para Nova Iorque com a intenção de transformar o seu fascínio por motas e velocidade em arte. Aí conhece Sandro Valera, afastado herdeiro de um império italiano dos pneus e das motas. O livro é a história do encontro da jovem artista com os mundos de Nova Iorque e Roma — secretos, elitistas, perigosos.

A sua chegada coincide com uma explosão de actividade no mundo artístico, em bairros como o SoHo ou East Village.


«Políticas radicais, arte de vanguarda e corridas de motos — todos estes elementos ganham vida no fulgurante romance de Rachel Kushner passado na década de 1970, quando uma jovem mulher se muda para Nova Iorque para se tornar artista, acabando por se envolver no movimento revolucionário de protesto que abalou a Itália nesses anos. Este romance (o segundo de Kushner) é feito de observações mordazes e frases cinzeladas que mostram como os indivíduos são arrastados por forças sociais impiedosas.» [«The 10 Best Books of 2013», The New York Times]


«Cintilantemente vivo. Repleto de narrativas, humor, excelentes monólogos, momentos elevados, e aventuras extremas. Kushner nem por um momento deixa de nos contar uma história... O livro triunfou porque é composto de histórias vibrantes, únicas e intensamente vivas.» [James Wood]


«A visão de Kushner do radicalismo, arte e política da década de 1970 é uma leitura poderosa e absorvente.»

[The Financial Times]


Os Lança-Chamas (trad. Telma Costa) e outras obras de Rachel Kushner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rachel-kushner/

27.4.21

Sobre Um Amor, de Sara Mesa

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Um Amor, de Sara Mesa (tradução de Miguel Serras Pereira)


Um Amor foi considerado pelos críticos do El País e do La Vanguardia

o melhor livro publicado em Espanha em 2020.


A história decorre em La Escapa, uma pequena povoação rural, para onde Nat, uma jovem tradutora, se mudou por razões económicas e também em busca de equilíbrio emocional.

O seu senhorio oferece-lhe um cão num aparente gesto de boas-vindas. Os outros habitantes da zona com quem se relaciona, a rapariga da loja, o sempre disponível Píter, a velha e confusa Roberta, Andreas, o alemão com quem terá um caso amoroso, acolhem-na com distante normalidade. Mas na povoação respira-se um ambiente de preconceito, incompreensão e estranheza em relação a tudo o que é diferente, em particular a uma mulher que vive só.

O senhorio acaba por revelar-se um homem brusco, agressivo e nada disposto a ajudar a resolver os problemas de que a casa padece, desde as fendas às infiltrações, e o próprio cão mostra a todo o momento que teve um passado de maus-tratos.

La Escapa, dominada pelo monte El Glauco, vai confrontando Nat com silêncios, equívocos, preconceitos e tabus e também com ela própria e os seus fracassos.

Um Amor aborda assim a linguagem não como meio de aproximação, mas de diferença e até de exclusão.

As pulsões mais arcaicas dos habitantes de La Escapa emergem quando o cão oferecido a Nat morde uma criança e quase toda a comunidade procura nela um bode expiatório.


“As suas arestas surgem sob uma prosa de desconcertante limpidez, escorreita e ágil: lê-se com uma velocidade que associamos ao desfrutar, mas no m sentimo-nos desamparados. Um romance magnífico.” [Nadal Suau, El Cultural]


“Uma novela exigente e exacta.” [Carlos Prado, El País]


“Lendo-a, pensei em Camus, em Faulkner, no Coetzee de Desgraça.” [Manuel Rodríguez Rivero, El País]

Sobre Na Colónia Penal, de Franz Kafka

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Na Colónia Penal, de Franz Kafka (tradução de Carlos Leite)


Na Colónia Penal foi escrito por Franz Kafka em 1914 e publicado no final da Primeira Guerra Mundial.

Um explorador, cujo nome não conheceremos, visita uma distante ilha tropical, transformada em colónia penal por um país poderoso. É convidado a participar numa execução pública, realizada por um aparelho desenvolvido por um antigo comandante da ilha. Um sofisticado mecanismo inscreve na carne dos condenados as razões do castigo, realizando em seguida a sua sinistra tarefa.

A narrativa é feita numa linguagem distanciada e fria, podendo interpretar-se como uma alegoria dos horrores que as sociedades conheceram desde o início do século xx, mergulhadas em guerras por vezes quase ignoradas, injustas com os mais fracos, cruéis com os adversários e cada vez mais dominadas pela tecnologia e por tecnocratas impiedosos e imorais.


Esta e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/

Sobre O Medo e Confusão de Sentimentos, de Stefan Zweig

 



Este livro reúne duas das mais importantes novelas de Stefan Zweig.

Em Confusão de Sentimentos, um jovem estudante é enviado pelo seu pai para a universidade de uma pequena cidade de província. É ali que um brilhante professor desperta nele o amor pelo saber. Mas quando o jovem se aproxima do mestre e se propõe ajudá-lo a concluir a grande obra da sua vida, o professor aceita a oferta, mas mantém a distância que só muito mais tarde o inseguro Roland irá ser capaz de compreender.

Em O Medo, Irene é obcecada pelo pavor, suscitado pela relação com um amante.

«Quando Irene descia as escadas do apartamento do amante, aquele medo súbito e irracional voltou a tomar conta dela. Um pião negro pôs‑se a zunir de repente diante dos seus olhos, os joelhos imobilizaram-se numa terrível rigidez e foi obrigada a agarrar‑se ao corrimão para não cair bruscamente para a frente.»


O Medo e Confusão de Sentimentos (trad. de Helena Topa) e outras obras de Stefan Zweig estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/stefan-zweig/

Sobre Os Logocratas, de George Steiner

 



Este livro reúne diversos textos inéditos de George Steiner, ensaios, entrevistas e uma novela. No seu conjunto revelam algumas das bases em que se desenvolveu o seu pensamento.

As concepções de Steiner são aqui claramente expostas, quer se trate da sua relação com o livro, de linguagem, de arte, dos mitos, da religião ou da filosofia.


Os Logocratas (trad.Miguel Serras Pereira) e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

De A Ponte, de Hart Crane

 



«À Ponte de Brooklyn


Em quantas madrugadas, arrefecidas pelo repouso ondulante,

As asas da gaivota hão-de imergi-la e voar em seu redor,

Espalhando anéis brancos de tumulto, erigindo bem no alto

Sobre as águas agrilhoadas da baía a liberdade —


Então, numa curva inviolada, deixarão os nossos olhos

Tão espectrais como veleiros que cruzam

Uma página cheia de parcelas a arquivar;

— Até que os elevadores nos libertem do nosso dia...


Sonho com cinemas, truques panorâmicos

Com multidões debruçadas sobre uma cena fulgurante

Jamais revelada, mas passada de novo à pressa,

A outros olhos prometida sobre o mesmo écran;


E TU, por cima do porto, ao ritmo da prata

Como se o sol te imitasse, embora deixasse

Um gesto nunca acabado no teu rasto, —

Implicitamente ficas com a tua liberdade! […]» [p. 17]


A Ponte, de Hart Crane (trad. Maria de Lourdes Guimarães), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-ponte/

26.4.21

Sobre Poesia Espanhola, Anos 90

 



«Tão autêntica é a experiência poética (sublinhar este adjectivo é imprescindível para não confundir posturas vitais, mais ou menos atraentes, com a projecção artística das mesmas) cósmica, mística, visionária ou metafísica de Eduardo Moga, Diego Doncel, Antonio Lucas e Jordi Doce, como a percepção da quotidianidade nas suas contradições ou com intenções claramente políticas de Jesús Urceloy, Antonio Orihuela e Enrique Falcón. Ou como a de encarar este mundo quotidiano do lado de dentro, procurando nos seus matizes solitários, na sua ternura, na sua ironia profunda, no seu simbolismo implícito ou na sua melancolia, tal como o fazem José Mateos, Abel Feu, Enrique García-Máiquez, Eduardo García e Marcos Tramón. Tão verdadeira como a de confrontar-se nos versos com a realidade entediante e cinzenta, a degradação da paisagem, o desespero carcerário, a marginalidade das drogas de Juan Miguel López, Alfonso Barrocal, David González e Violeta C. Rangel. Ou a de abordar o amor a partir das suas razões morais, do seu arrebatamento de raiz clássica, das suas pequenas contradições de Luiz Muñoz, Juan Antonio González Iglésias e Silvia Ugidos. Ou a de falar da história com a única arma da ficção de José Luiz Rey. E noutra ordem de leitura, tão autêntico é o tom dilacerado de José Luiz Piquero e Jesús Llorente como o equilíbrio emocional de Carlos Martínez Aguirre e de Toni Montesinos Gilbert; igualmente autêntico é o jogo verbal de M.ª Eloy-García, o gosto pela ironia de Paulino Lorenzo, o exercício de depuração de Marcos Canteli, Ana Merino e Antonio Martiín, o domínio extraordinário da elipse de Pablo García Casado... Com estes 30 poetas autênticos poderiam reunir-se quase 30 antologias de tendência.» [Do posfácio de José Ángel Cilleruelo]


Poesia Espanhola, Anos 90, com tradução de Joaquim Manuel Magalhães, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/poesia-espanhola-anos-90/

Sobre 31 Sonetos, de William Shakespeare

 



«De entre os 154 sonetos que William Shakespeare nos deixou, publicados em 1609, já no reinado de Jaime I, e que se julga terem sido escritos ao longo de toda a sua carreira, escolhi 31 para esta antologia. Para além do critério de gosto, sempre subjectivo mas nunca irrelevante, essa escolha não foi arbitrária. Os primeiros 126 sonetos do poeta e dramaturgo inglês são dirigidos a um homem, jovem, belo e nobre, geralmente referido como “lovely boy”, ou “fair youth”, amado e idolatrado pelo poeta, que sabe não ser retribuído o seu amor. Os restantes sonetos (do 127 ao 152) são dedicados a uma mulher, normalmente referida como “dark lady”, perigosamente sedutora, uma amante traidora e cruel, mas capaz também de despertar satisfação sexual. Por sua vez, os dois últimos sonetos (153 e 154) recorrem à figura de Cupido para fechar o triângulo amoroso sugerido pela presença do jovem e da mulher como destinatários, exprimindo o conflito entre o poeta e os seus dois objectos amorosos, mas não tratando directamente as temáticas presentes nos dois primeiros grupos: a passagem inexorável do tempo, a procriação, o desejo, o erotismo, o ciúme, o abandono, a paixão, ou a força da palavra e da poesia como única forma de perpetuar a beleza e o amor — e a memória do amor.

Seleccionei 25 sonetos de entre o primeiro grupo, os dedicados ao homem jovem, 5 sonetos de entre o segundo grupo, os dedicados à mulher escura e infiel, e o Soneto 154, o último de toda a série. Casos houve em que os sonetos foram agrupados (como os Sonetos 88, 89 e 90), visto dialogarem entre si e se constituírem como argumento próprio. Pareceu-me que esta escolha ofereceria a quem lê uma amostra expressiva do conjunto completo.» [Da Introdução de Ana Luísa Amaral]


31 Sonetos e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

Sobre Correspondência com Fernando Pessoa, de Mário de Sá-Carneiro

 





«Toulouse — 26 Ag. 1914

Ainda um postal de Toulouse após ter visto desfilar centenas de soldados feridos. E muitos abraços

o

Sá-Carneiro» [vol. II, p. 8]


«A restituição, que há tanto urgia, da verdade inicial deste extraordinário testemunho faz assim reunir a totalidade dos documentos epistolares do corpo original e reinserir, nos respectivos lugares, os poemas (que o autor enviava à medida que os compunha e cuja sanção reclamava carta a carta para Lisboa) unanimemente irradiados do discurso epistolar pelos vários compiladores, salvo se nele entrelinhados, recuperando o texto maior a plena e consequente pujança de laboratório onde o grande motivo é a morfologia da criação literária.» [Do Prefácio]


Correspondência com Fernando Pessoa, vols. I e II, e outras obras de Mário de Sá-Carneiro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/mario-de-sa-carneiro/

Sobre A Guerra Civil (Farsália), de Lucano

 



«Mil novecentos e cinquenta e cinco anos depois da morte do seu autor, sai pela primeira vez em língua portuguesa uma tradução integral e anotada da Farsália. Com efeito, e apesar de Lucano ser um poeta muito citado na nossa literatura (inclusive por Zurara na Crónica do Descobrimento e Conquista de Guiné, e tendo n’Os Lusíadas um poderoso testemunho de recepção), a sua obra épica apenas tinha sido objecto de tradução muito parcial por alguns poetas de mérito, como Filinto Elísio e Bocage, datando de 1864 a tradução porventura mais recente publicada em Portugal, por José Feliciano de Castilho (nas páginas do Arquivo Pitoresco, apenas o livro VII, existindo outros); a Universidade de Campinas, no Brasil, publicou o primeiro volume da tradução (em verso) de Brunno Vieira em 2011. Este estado de coisas não coincide, todavia, com a circulação que a obra de Lucano teve outrora no nosso país. Da Farsália existem na Biblioteca Nacional de Portugal um incunábulo de 1486 e mais de vinte edições sucessivas do século XVI (entre 1505 e 1578), sendo de assinalar também a presença, nesse fundo bibliográfico, de uma tradução castelhana de 1541. No entanto, a obra parece nunca ter sido impressa por prelos portugueses, havendo dos séculos seguintes muito menos exemplares – e nenhum dos séculos XVIII e XIX (estes dados objectivos poderiam ser justificados por muitas informações sobre o contexto cultural português e a degradação educativa nacional). […]

Quanto ao texto, é preciso reconhecer que estamos diante de um trabalho notável, merecendo a mais alta estima pela qualidade da tradução proposta, em verso livre heterométrico, respeitando, na medida do possível, a numeração original de versos […].» [Ricardo Nobre, EVPHROSYNE, 48, 2020]


A Guerra Civil (Farsália) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-guerra-civil-farsalia/

Sobre As Superpotências da Inteligência Artificial, de Kai-Fu Lee

 



Kai-Fu Lee, um dos mais respeitados especialistas mundiais em inteligência artificial (IA), revela-nos o modo como subitamente a China alcançou os Estados Unidos nesta corrida.

Neste livro, o autor demonstra que, devido aos desenvolvimentos sem precedentes na área da IA, as mudanças que se avizinham serão muito mais rápidas do que julgamos. À medida que os dois países competem pelo domínio da IA, Lee apela a ambos para que entendam a responsabilidade que advém do domínio de um tão enorme poder científico. 

Muitos especialistas já referiram que a IA terá um impacto devastador nos trabalhos rotineiros. Mas a previsão de Lee aponta para que a IA tenha impacto mesmo em empregos mais complexos, que outrora se pensou estarem seguros. 

Será o pagamento de um rendimento básico incondicional a solução? O autor pensa que não. Mas Lee fornece uma descrição clara dos empregos que serão afetados e de quão cedo tal acontecerá, assim como das atividades que poderão ser melhoradas através da IA, e, mais importante ainda, do modo como podemos encontrar soluções para uma das mais profundas alterações na história da vida do ser humano.

Para isso baseia-se na mudança surgida no modo de encarar a relação com os outros a partir de um episódio dramático da sua vida.


“Tendo trabalhado com ambos, posso afirmar que o brilhantismo com que Lee entende e explica a complexidade da IA se compara com o modo como Steve Jobs entendeu  a maneira como o computador pessoal iria alterar a vida humana. Este livro é mesmo bom.” [John Sculley, ex-CEO, Apple]


“É um livro que se lê pensando: ‘Porque é que as pessoas estão a ler outros livros sobre este assunto quando é sem dúvida este que deveriam estar a ler?’” [Arianna Huffington, fundadora, HuffPost]


O livro As Superpotências da Inteligência Artificial (trad. Maria Eduarda Cardoso) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/as-superpotencias-da-inteligencia-artificial/

Sobre China em Dez Palavras, de Yu Hua

 



«Caso tentasse abordar todos os aspetos da China contemporânea esta jornada não teria fim, e o livro ficaria ainda mais extenso do que As Mil e Uma Noites. Desta forma, procuro ser conciso e iniciar a jornada narrativa a partir da vida quotidiana, que me é evidentemente familiar. O quotidiano pode parecer trivial e prosaico, mas é uma realidade rica em fenómenos interessantes e comoventes. Tudo tem as suas repercussões na vida quotidiana, desde a política, história e cultura até às memórias, emoções, desejos e segredos. É como uma autêntica floresta, pois, como diz o provérbio chinês, “quando o bosque é denso e extenso, lá encontraremos todos os tipos de pássaros.”» [Do Prefácio]


«China em Dez Palavras é um relato íntimo, profundo e por vezes perturbador do coração do povo chinês. Quem julga que conhece a China será desafiado a pensar novamente. Quem não conhece tem neste livro uma introdução a um país muito diferente do que conhecemos através de viajantes e canais de televisão.» [Wall Street Journal]


«Esta é a história da China contada por um escritor local, não por um académico.» [The New York Times Book Review]


China em Dez Palavras e outras obras de Yu Hua estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/yu-hua/

25.4.21

De O Anjo Camponês, de Rui Nunes

 



«O anjo é sem enquanto, não o teve, não o tem, nem o terá. Sabe desde sempre o que chamavam ao filho de Hilde, chamavam-lhe tortulho, chamavam-lhe maricas, não tinha nome, e continua sem ele, morto, restituir-lhe-ão aquele que o baptismo lhe deu:

na cripta de Rosenheim, a omissão ficará reduzida a um traço entre duas datas.

Envelheceu, o anjo.

Taxidermizado.

Ou: envelheceram-no os meus olhos?


Irrompe a chiadeira dos pardais. Uma, duas, três, quatro, cinco badaladas. E o corpo desenha-se, de imperceptível em imperceptível, até à revelação: este é o meu corpo: uma merda de corpo, a água entornada no tampo de mármore da mesa-de-cabeceira, o vidro sujo que apaga o fulgor

da anunciação:

o vazio está escrito em maiúsculas, tão grandes, que não se sabe que nome, que letra, que bocado. Só traços. Um aqui, outro ali.

A intenção obscura de que voz?»


Esta e outras obras de Rui Nunes estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/

Sobre O Anjo Ancorado, de José Cardoso Pires

 



«Este indeciso e desencantado casal, os míseros populares dos anos cinquenta seguem, perenes, ao nosso passo, mercê de uma prosa superior, do espírito de observação e do talento compositivo de um dos grandes narradores da Língua Portuguesa.» [Do Prefácio de Mário de Carvalho]


«Um anjo ancorado à espera de fuga. É esse anjo ancorado que está livre, no universo dos livros onde fica como um dos maiores do mundo. Do mundo que me foi dado ler.» [Lídia Jorge]


Esta e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/o-anjo-ancorado/

Sobre Obras Escolhidas de Lewis Carroll

 



Reúnem-se aqui, além das duas histórias de Alice, parte da correspondência do autor e ainda Sylvie e Bruno e A Caça ao Snark.


«As duas Alices não são livros para crianças: são os únicos livros em que nos tornamos crianças.» [Virginia Woolf]


Obra disponível em https://relogiodagua.pt/autor/lewis-carroll/