31.10.14

A chegar às livrarias: O Céu É dos Violentos, de Flannery O’Connor





O Céu É dos Violentos foi inicialmente publicado em 1960, tendo-se tornado uma referência essencial da literatura norte-americana – um exemplo da sensibilidade gótica e da veia satírica de Flannery O’Connor.
Neste segundo e último romance da autora, conta-se a história de Francis Tarwater, um órfão de catorze anos. Francis tenta a todo o custo escapar à profecia do seu tio-avô Tarwater, um fanático com uma visão muito especial dos ensinamentos bíblicos.
Quando o tio-avô de Francis morre, o rapaz renega os seus ensinamentos, incendeia a casa rural onde ambos viviam e procura o seu tio Rayber, que vive com o filho Bishop, uma criança mentalmente atrasada. No entanto, Francis vai descobrir que forças que o transcendem se sobrepõem aos seus desejos de uma vida secular num razoável mundo moderno.
Flannery O’Connor observa as suas personagens com uma espantosa combinação de ironia, compaixão, humor e empatia.

30.10.14

Armadilha de Rui Nunes finalista do P. E. N. 2014





O P. E. N Clube anunciou os finalistas dos Prémios de Poesia, Ensaio e Narrativa de 2014.
Armadilha, de Rui Nunes, está entre os finalistas do Prémio de Narrativa, e concorre com obras de Ana Luísa Amaral, Ana Margarida de Carvalho, Bruno Vieira Amaral e Mário de Carvalho.
Os vencedores serão revelados em data a anunciar.
No ano passado, o Prémio P. E. N. Poesia distinguiu a obra A Terceira Miséria, de Hélia Correia, editada pela Relógio D’Água (ex-aequo com Cólofon, de Manuel de Freitas).

José Gil Recebe Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho





A entrega do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, atribuído ao filósofo José Gil, pelo seu livro Cansaço, Tédio, Desassossego, vai realizar-se no próximo dia 31 de Outubro, pelas 14h30, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco (Av. Dr. Carlos Bacelar), em Famalicão.
O prémio foi atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
A cerimónia de entrega conta com a presença de José Gil, de José Manuel Mendes, Presidente da APE, e de João Barrento, Porta-Voz do júri.
O livro foi publicado em Outubro de 2013, pela editora Relógio D’Água. É composto por quatro ensaios sobre o tema da heteronímia de Fernando Pessoa, sendo o contributo mais inovador da última década nessa área. O heterónimo Alberto Caeiro é particularmente desenvolvido, mas qualquer um deles é visto a uma nova luz da própria noção de «vida heteronímica».

29.10.14

Vencer o Booker salva Richard Flanagan de ir trabalhar nas minas





 
O escritor australiano Richard Flanagan estava com tanta falta de dinheiro depois de terminar o seu último romance que pensou ir trabalhar nas minas no norte da Austrália. Mas nos sete dias seguintes à atribuição do Booker vendeu livros no valor 140 mil libras.
A obra The Narrow Road to the Deep North, que será publicada pela Relógio D’Água no início de 2015 e tem lugar na Ferrovia da Morte, concorreu com títulos de autores como Ali Smith ou Howard Jacobson para receber o Booker no dia 14 de Outubro. Elogiada pelo presidente do júri, A C Grayling, que a descreveu como «um romance absolutamente magnífico, uma excepcional obra de literatura», vendeu 10242 exemplares no Reino Unido na semana seguinte à atribuição do prémio.
Flanagan declarou que usaria as 50 mil libras do prémio para «viver». «Não sou um homem rico. Isto significa que posso continuar a escrever», afirmou na semana passada. «Há um ano e meio, quando terminei este livro, estava a pensar arranjar um trabalho qualquer nas minas do norte da Austrália, porque as coisas tinham chegado a um ponto crítico para a minha escrita. Passei muito tempo com este livro.»
Flanagan acrescentou que «isto não é nada de invulgar para quem escreve. Escrever é uma vida bastante dura para muitos escritores.»


[fonte: The Guardian, 23-10-2014]

28.10.14

A chegar às livrarias: Duzentos Poemas, de Emily Dickinson





«A poesia de Dickinson é marcada por uma peculiar gramaticalidade: inserção forçada de plurais, posições sintácticas invertidas, ou, muitas vezes, desrespeito pelos géneros, pelas pessoas ou pelas concordâncias verbais. É ainda necessário destacar da linguagem de Dickinson não só os desvios sintáctico-formais, mas ainda os desvios semânticos internos, aqueles que sustentam, pela ruptura, a arquitectura dos seus textos poéticos e que resultam numa linguagem críptica, compacta, plena de elipses, traduzida em textos que desafiam a tradição da poesia enquanto comunicação e oferecem à linguagem literária um lugar de destaque e autonomia mais próximo da estética que informa a poesia moderna. Excessiva, em relação ao seu tempo; excessiva, mesmo em relação ao nosso, pela opacidade de leitura e apreensão e pelas temáticas envolvidas. “Uma linguagem altamente desviante que arrisca tudo”, como defende David Porter, pois, “na extrema elipse e transposição, desbasta a armadura mesma do sentido”.» [Do Posfácio]

27.10.14

Lançamento de Douro – Rio, Gente e Vinho de António Barreto no IVDP





O álbum Douro – Rio, Gente e Vinho, de António Barreto, com organização fotográfica de Ângela Camila Castelo-Branco, vai ser apresentado no próximo dia 28 de Outubro, terça-feira, às 17.45h, no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P., no Porto (Rua Ferreira Borges, n.º 27).
A obra será apresentada pelo historiador Gaspar Martins Pereira.
Será servido um Porto de Honra após a sessão.
 
Trata-se de uma nova versão corrigida, actualizada e muito aumentada das edições de Douro, publicadas nos anos noventa e há muito esgotadas. Além dos acrescentos e dos novos capítulos sobre a história mais recente da região, inclui cerca de 230 fotografias, a maior parte inéditas e do próprio autor, mas também muitas outras de grandes fotógrafos que passaram pelo Douro desde meados do século XIX: Joseph James Forrester, George H. Moore, Emílio Biel, Alfred Fillon, Casa Alvão, Guedes de Oliveira e outros.

Jaime Rocha nas Terças de Poesia Clandestina




Pormenor da capa de Do Extermínio (de desenho de Leonardo da Vinci)



Amanhã, 28 de Outubro, pelas 21h30, haverá leitura de poemas de dois livros de Jaime Rocha: Mulher Inclinada com Cântaro (Volta d'Mar) e Do Extermínio (Relógio D'Água).
No evento, que terá lugar no espaço Quintal, em Lisboa, serão também lidos textos dos autores de A Máquina D’Arte.

24.10.14

Sobre Henderson, o Rei da Chuva, de Saul Bellow



 

«Quando publicou este livro (ano de 1959), Saul Bellow vivia ainda a euforia suscitada pela sua obra-prima, As Aventuras de Augie March, publicada seis anos antes. Foi nesse ambiente de glória que lhe surgiu a inspiração para aquele que é o seu texto mais delirante, arriscado e controverso – como se o autor norte-americano (1915-2005) tivesse querido provocar a própria crítica bem-pensante que o havia aclamado (efeito que aliás conseguiu abundantemente).» [Ricardo Dias Felner, Time Out, 08-10-2014]

23.10.14

A chegar às livrarias: A Sociedade da Transparência, de Byung-Chul Han




 

O tema da transparência é hoje dominante no discurso público. A corrupção e a liberdade estão longe de esgotar um debate que se cristalizou também em torno de episódios como o WikiLeaks e a formação de partidos “piratas”.
De acordo com Byung-Chul Han, a obsessão com a transparência manifesta-se não quando se procura a confiança, mas precisamente quando esta desapareceu e a sociedade aposta na vigilância e no controlo.
Para o filósofo germano-coreano, as coisas tornam-se transparentes quando se exprimem através dos preços e se despojam da sua singularidade. A sociedade da transparência é o inferno do igual.
O Google e as diferentes redes sociais, que se apresentam como espaço de liberdade, tendem a converter-se num grande panótico, a penitenciária imaginada por Bentham no século xviii, onde o vigilante pode observar a partir de um ponto central os prisioneiros isolados sem por eles ser visto. Os atuais habitantes do panótico digital tendem a sujeitar-se voluntariamente à transparência. Segundo Han, neste caso não existe nenhuma verdadeira comunidade, mas acumulações de egos incapazes de uma ação comum consistente. Os consumidores já não constituem um exterior capaz de pôr em causa o interior sistémico.
A vigilância não surge como ataque à liberdade, pois cada qual se lhe entrega voluntariamente, expondo-se ao olhar panótico, vítima e ator ao mesmo tempo.

A chegar às livrarias: A Agonia de Eros, de Byung-Chul Han





 

Para Byung-Chul Han, um dos traços característicos da sociedade ocidental atual é a agonia de Eros. O eu narcísico tende a fazer dos outros um seu prolongamento e a esperar que o amor seja, antes de mais, algo de agradável.
As raízes deste fenómeno mergulham na sociedade atual. A conceção neoliberal de liberdade manifesta-se sob o imperativo de que cada qual deve ser livre. Mas trata-se de uma liberdade paradoxal, pois é uma espécie de servidão voluntária em que cada um é o seu próprio empresário e trabalhador em busca de êxito. Desse modo, o neoliberalismo, com o seu encorajamento dos impulsos narcísicos do enriquecimento, gera uma sociedade de depressão e de cansaço.
As fronteiras, as diferenças e as distâncias esbateram-se e já não estimulam a fantasia que engendra o outro, um dos elementos necessários ao Eros. O capitalismo elimina a alteridade para submeter tudo ao consumo e à exposição como mercadoria, intensificando o pornográfico. A experiência erótica tende a desaparecer.
Para Han, a atual crise da arte e da literatura pode atribuir-se em grande parte a esta diluição do outro. Para o filósofo germano-coreano, só o amor é capa de infletir a perspetiva do eu, de fazer surgir o mundo do ponto de vista do outro, da diferença.

 

22.10.14

Miguel Real escreve sobre A Loucura Branca no JL



 

No último número do Jornal de Letras, Miguel Real escreve sobre A Loucura Branca de Jaime Rocha, com posfácio de António Cabrita, em 3.ª edição na Relógio D’Água.
O livro «impressionou-nos deveras desde que o lemos (1.ª ed., Livro Aberto, 1990) em meados da década de 90. É, de facto um romance (ou novela?) “impressionante”, no sentido que imprime na mente do leitor uma marca sentimental imperecível de aversão, horror, medo, pavor ou temor, não um temor fantástico ou surreal, que singulariza em parte o romance gótico, mas um temor psicológico nascido de situações reais do quotidiano, cuja descrição gera um sentimento íntimo claustrofóbico.
Esta capacidade de descrever situações claustrofóbicas de um modo estético, não recorrendo a símbolos narrativos neorromânticos ou góticos, utilizando exclusivamente um léxico de referentes semânticos realistas, identifica e singulariza a obra romanesca de JR no horizonte do romance português contemporâneo. Obra escassa, aliás, face à sua qualidade literária: Tonho e as Almas, 1984, Loucura Branca, Os Dias de um Excursionista, 1996; Anotação do Mal, 2007 (Prémio Pen Clube), A Rapariga sem Carne, 2012. (…)
A Loucura Branca, título retirado de um verso de Herberto Helder, abre com o anúncio de um suicídio e a descrição perturbadora da tripla imagem de um caranguejo lutando contra as ondas, um homem indistinto avançando na praia e o rosto macabro dos náufragos advindos à praia. Está lançado o texto segundo o habitual modo de composição narrativa do autor.»

21.10.14

Sobre Contos e Diários, de Isaac Bábel





«Há escritores assim, como Isaac Bábel (1894-1940), que por si só valem toda uma literatura. Não formam escola, não podem alimentar discípulos: criam eles próprios um estilo e um mundo singulares. Bábel, como Kafka, é um exemplo extremo. Os dois opõem-se como autores, mas entre ambos há íntimas semelhanças, conexões viscerais. São judeus, e isso conta. (…) Contos e Diários, que a Relógio D’Água nos faz agora chegar em tradução portuguesa, é uma edição exemplar. Agrupa o essencial de O Exército de Cavalaria, contos diversos, textos de O Diário de Petersburgo e o Diário de 1920, precedidos por uma excelente apresentação do escritor nascido em 1894 em Odessa, cidade cosmopolita, multilíngue.» [Maria da Conceição Caleiro, Público, ípsilon, 17-10-2014]

17.10.14

Rui Nunes recebe Prémio Nacional de Poesia Diógenes 2013





Amanhã, 18 de Outubro, pelas 16 horas, o Prémio Nacional de Poesia Diógenes 2013 será entregue a Rui Nunes, pela sua obra Uma Viagem no Outono.
A sessão tem lugar na livraria Paralelo W, em Lisboa.

15.10.14

Man Booker Prize de 2014 na Relógio D'Água no início do próximo ano




 



A tradução de The Narrow Road to the Deep North, do escritor australiano Richard Flanagan, que acaba de receber o Man Booker Prize de 2014, vai ser publicado na editora Relógio D’Água no início de 2015.
A tradução será de Miguel Serras Pereira.
O júri que atribuiu o prémio era formado por Jonathan Bate, Sarah Churchwell, Dr. Daniel Glaser, Dr. Alastair Niven e Erica Wagner e presidido por A C Grayling.
A shorlist integrava, além do vencedor, How to be Both, de Ali Smith, J, de Howard Jacobson, The Lives of Others, de Neel Mukherjee, To Rise Again at a Decent Hour, de Joshua Ferris, e We Are All Completely Beside Ourselves, de Karen Joy Fowler.
O título escolhido por Richard Flanagan inspira-se no livro do poeta japonês de haikus Bashô. Mas no romance «the narrow road» refere-se à Ferrovia da Morte da Birmânia, os 415 quilómetros que vão do norte de Banguecoque até à Birmânia. Esta linha férrea foi construída pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial com o trabalho forçado dos prisioneiros de guerra australianos, britânicos, americanos, entre outros, tendo ficado completa em Outubro de 1943.
Mas o romance que agora recebeu o Booker Prize, pela primeira vez alargado a norte-americanos e aos membros do Commonwealth, é também uma história de amor, o encontro de uma vida entre um médico, Evans, e Amy, a mulher do seu tio.

 

«Richard Flanagan escreve uma espécie de Guerra e Paz australiano.» [Alan Cheuse, NPR]

«Uma obra-prima… Uma sinfonia de ternura e amor, uma história poderosa que capta o peso e a dimensão da vida.» [The Guardian]

«Suspeito que, ao reler este magnífico romance, ele nos pareça cada vez mais complexo e mais cuidadosa e belamente construído.» [New York Times Book Review]

«Só A Estrada de Cormac McCarthy foi capaz de me abalar como este livro...» [Ron Charles, Washington Post]

«… o romance de Flanagan é nada menos do que uma obra-prima.» [Financial Times]

«Um devastador e maravilhoso romance.» [The Sunday Times]

«The Narrow Road to the Deep North é um grande, magnífico romance de paixão, horror e trágica ironia…» [Patrick McGrath, autor de Constance]

«Uma inesquecível história de homens e de guerra…» [The Times]

14.10.14

José Gil apresenta Portugal, Hoje na Escola Secundária Augusto Cabrita



 


 
José Gil vai estar no próximo dia 24 de Outubro no Auditório da Escola Secundária Augusto Cabrita para apresentar o seu livro Portugal, Hoje – O Medo de Existir. A participação é feita no âmbito das «Tertúlias Augusto Cabrita» e a apresentação e moderação é do prof. Bartolomeu Dutra.

 

9.10.14

Nobel da Literatura editado na Relógio D’Água em 1987





A Relógio D’Água editou em 1987 o primeiro romance de Patrick Modiano, Prémio Nobel da Literatura 2014, em Portugal.
O livro Na Rua das Lojas Escuras (Rue des Boutiques Obscures) foi traduzido por Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira.
A obra recebeu o Prémio Goncourt em 1978.

«Deu-se então em mim uma espécie de estalido. O panorama que se avistava daquele quarto provocava-me um sentimento de inquietação, uma apreensão que eu já conhecera. Aquelas fachadas, aquela rua deserta, aquelas silhuetas de sentinela no crepúsculo perturbavam-me à maneira insidiosa de um perfume ou de uma canção outrora familiares. E tive a certeza de que muitas vezes, àquela mesma hora, ficara ali, imóvel, à espreita, sem fazer o menor gesto, sem ousar sequer acender a luz. Quando tornei a entrar na sala, julguei que já não havia lá ninguém, mas afinal estava a dona da casa estendida no banco de veludo. Dormia. Aproximei-me silenciosamente e sentei-me na outra ponta do banco. Uma bandeja com um bule e duas chávenas, no meio do tapete de lã branca. Tossi um pouco. Ela não acordou. Então, deitei chá nas duas chávenas. Estava frio.»


8.10.14

A chegar às livrarias: Obras Escolhidas II, de Virginia Woolf



 

Virginia Woolf nasceu em Hyde Park Gate em 1882. A mãe morreu quando ela tinha 13 anos. O seu pai era o crítico literário Sir Leslie Stephen. Após a morte deste em 1904, Virginia mudou-se para a casa do irmão Thoby e da irmã, a pintora Vanessa Bell, em Bloomsbury, onde estes se reuniam com outros escritores e artistas, incluindo Lytton Strachey, Keynes e Roger Fry. Essa foi a origem do célebre Bloomsbury Group. Entre os seus participantes estava também Leonard Woolf, com quem Virginia se casou em 1912.
O primeiro romance de Virginia Woolf, A Viagem, foi editado em 1915, mas seria O Quarto de Jacob (1922) a suscitar o seu reconhecimento como uma escritora inovadora. Essa evolução seria confirmada em Mrs. Dalloway.
A sua abordagem modernista foi desenvolvida em Rumo ao Farol, em As Ondas, Entre os Atos e vários dos seus contos.
Virginia Woolf morreu a 28 de março de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial.
Tinha então quase sessenta anos, publicara nove romances, sete volumes de ensaios, duas biografias, um diário e vários contos.

6.10.14

António Barreto fala ao JL sobre álbum Douro



 

«Todas as fotografias vão dar ao rio. Douro – Rio, Gente e Vinho é a edição revista e (muito) aumentada de um trabalho de António Barreto publicado nos anos 90», assim começa Francisca Cunha Rêgo a entrevista a António Barreto no Jornal de Letras de 1 de Outubro.

« Este livro mudou tanto quanto o Douro?
Talvez o Douro tenha mudado mais. A estrutura do livro é a mesma. Nos primeiros capítulos fiz muito poucas alterações, acrescentei uma ou outra nota de pé de página. Foi sobretudo no posfácio e na Galáxia, capítulo sobre as empresas do Douro, que introduzi as maiores alterações.  E há um capítulo novo: Vinte anos depois. O Douro viveu uma enorme revolução. Durante 300 anos a região produziu o mundialmente famoso vinho do Porto. Como produto, este é certamente o mais interessante e conhecido contributo português para a história da humanidade. Nos últimos 30 anos deixou de haver a “unicidade” e o “imperialismo” do vinho do Porto. Nasceram dezenas de géneros, com produtores novos a fazerem vinhos tão bons como os melhores do mundo, com mercado internacional em países como Inglaterra, França, Suíça, Holanda. São os vinhos DOC do Douro. Por exemplo, a Quinta do Crasto, Quinta da Casa Amarela, Quinta do Valado, etc. São fabulosos e vieram alterar tudo.»

A chegar às livrarias: Obras Escolhidas I, de Oscar Wilde





Este primeiro volume das Obras Escolhidas de Oscar Wilde inclui a sua mais conhecida obra, O Retrato de Dorian Gray. Os seus contos estão representados por «O Crime de Lord Arthur Savile», «O Fantasma dos Canterville», «A Esfinge sem Segredo» e «O Milionário Modelo».
Publicam-se igualmente as suas principais peças de teatro, entre as quais A Importância de Ser Earnest, O Leque de Lady Windermere, Uma Mulher sem Importância e Vera ou os Niilistas, pela primeira vez traduzida em Portugal.

3.10.14

Ana Teresa Pereira entrevistada pelo ípsilon





A propósito do último livro de Ana Teresa Pereira, As Velas da Noite, Isabel Lucas publica no ípsilon uma entrevista com a autora. Começa por dizer que «Ana Teresa Pereira podia ser personagem dos seus livros. Com 56 anos publicou 36 livros e mantém-se um enigma. Parte da literatura, do cinema, da pintura para construir versões de uma mesma realidade. O seu tempo e o seu espaço são circulares como a ilha onde nasceu e vive. (…)
Este volume As Velas da Noite, nome retirado ao conto que começa com a ideia de um realizador a dirigir o olhar de uma actriz e se fixa numa representação de Rebecca, o livro de Daphne du Maurier adaptado ao cinema por Hitchcock, é exemplar acerca deste universo esquivo, compulsivo, onde a repetição é trabalhada de forma a parecer sempre original, mesmo sabendo-se que tudo isso é ilusão. “É um jogo”, volta a dizer uma personagem, Jenny, a rapariga que é muitas raparigas nos livros de Clive, o escritor, um jogo de que ela não conhece as regras. Elas estão com Clive, que lhe tenta explicar porque está obcecado por ela enquanto personagem e sempre pela mesma história. “É o segredo dos livros de cordel. As pessoas que lêem não são muito diferentes das crianças. Querem ler a mesma história uma e outra vez.”
Talvez seja isso. Mas seria apenas um princípio. Ana Teresa Pereira não fica por primeiras versões. Lê, reescreve, faz o complexo parecer simples porque essa aparente simplicidade lhe interessa. Mas há uma nostalgia, uma luz que torna indefiníveis os traços, como um quadro de Turner, ou como no jardim de Alice, um buraco onde se entra e de onde não se sai igual.» [Público, ípsilon, 03-10-2014]

A chegar às livrarias: O Mercador de Veneza, de William Shakespeare







«Outra questão que tem sido frequentemente levantada pela crítica é a de saber se Shakespeare, ao escrever O Mercador de Veneza, tencionava produzir uma comédia ou uma tragédia. Historicamente, a peça tem sido sempre incluída no grupo das comédias, mas há quem tenha entendido que isso não está de acordo com o conteúdo da obra.
Uma das primeiras chamadas de atenção para esta questão foi feita por Nicholas Rowe (1674-1718), o organizador da primeira edição moderna das peças de Shakespeare, que nos dá a sua opinião nestes termos: “… embora tenhamos visto essa peça recebida e representada como uma comédia e o papel do judeu desempenhado por um excelente actor, mesmo assim não posso deixar de pensar que foi concebida pelo autor como tragédia. Há nela um espírito de vingança tão diabólico, um propósito de crueldade e maldade tão selvagem, que não combina com o estilo e as personagens de comédia”.» [Da Introdução]