29.11.16

A chegar às livrarias: A Ilha de Sukkwan, de David Vann (trad. José Lima)




 

Uma ilha deserta no sul do Alasca, a que só se consegue chegar de barco ou de hidroavião, repleta de florestas e montanhas escarpadas. Este é o cenário que Jim escolhe para desenvolver em novas bases a relação com o filho Roy, de 13 anos, que mal conhece.
Doze meses numa cabana isolada do resto do mundo, colaborando para enfrentar uma natureza rude. Parece uma boa oportunidade para recuperar o tempo perdido. Mas as difíceis condições de sobrevivência e a tensão emocional a que se veem sujeitos rapidamente transformam esta estada num pesadelo asfixiante, tornando a situação incontrolável.
A Ilha de Sukkwan é uma história de um suspense avassalador. Com esta narrativa, que nos leva às profundezas da alma humana, David Vann afirmou-se como um dos escritores norte-americanos de primeiro plano.


“Brilhante… Vann segue a prosa vigorosa de Cormac McCarthy e de Hemingway, mas possui uma agilidade muito própria.” [The Times]

 
De David Vann, a Relógio D’Água publicou também Aquário.

Sobre Escombros, de Elena Ferrante




«Li uma grande parte de Escombros antes de Gatti ter atribuído uma identidade a Elena Ferrante. Quando tive acesso à edição alargada, que é agora lançada em Portugal, e sabendo que iria reler grande parte do livro na posse de novos dados, questionei-me: Será que a informação que adquiri através da investigação de Gatti tem a capacidade de mudar o retrato que construí dela enquanto mulher, pessoa escritora? Agora, que terminei Escombros, sei que a resposta é não. Como Ferrante escreve, “ a autora, que fora do texto não existe, dentro do texto oferece-se, une-se conscientemente à história, esforçando-se por ser mais real do que conseguiria ser nas fotografias de uma revista ilustrada, num festival literário, em qualquer programa televisivo, no espetáculo da entrega dos prémios literários”. Será sempre interessante saber o que um escritor tem a dizer sobre a sua escrita, os seus afetos, as suas memórias, o seu mundo familiar, as suas convicções políticas. E Escombros é tudo isso, mesmo que em muitas matérias seja tímida a partilha. Reconheço também, sem incómodo, a vontade de questionar os outros, de saber o que são e do que gostam, de aceder aos estilhaços, fragmentos do seu íntimo que acedem partilhar. Mas nada disso anula a importância das obras. Deverá sobrepor-se à sua existência independente, ao que conhecemos sobre quem as fez apenas a partir do que estas nos dizem e revelam. “A vida que importa fica viva nas obras.” Ferrante não se cansa de repetir: O que sabemos afinal de Shakespeare? E eu, repetindo-me também, devo voltar a escrever aqui que Ferrante é uma voz que nos persegue. Uma voz que escava nos nossos escombros. A voz que nos ocupa, persegue. E isso, de facto, deveria bastar-nos. Não será a literatura mais importante do que o escritor?» [Cristina Margato, Expresso, E, 26-11-2016]

28.11.16

Sobre Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick




«Os poucos humanos que ficaram têm como sonho possuir um animal verdadeiro, que surge quase como o derradeiro sinal de status social elevado. Cuidar de um animal vivo implica empatia e responsabilidade moral, características que distinguem os humanos dos andróides — na aparência são iguais, para os distinguir utiliza-se um teste de ‘empatia’. Esta aparente confusão entre real e irreal, verdadeiro e falso, uma espécie de ansiedade de uma qualquer angústia identitária, parece ser central no romance de Philip K. Dick. Há em Será que os Andróides Sonham com Ovelhas Eléctricas? uma luta prolongada que aponta para a vitória do falso, pois o humano deteriora-se e desaparece, só o falso continua a existir. Os andróides foram sendo melhorados, podendo até comover-se ou seduzir sexualmente; os humanos tornaram-se tão dependentes das máquinas que se confundem com elas. (…)
Philip K. Dick continua a ser a referência e o mestre das histórias perturbadoras de sociedades onde a tecnologia atingiu o nível da paranóia, e este romance é a sua expressão mais conseguida.» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 25-11-2016]

25.11.16

Livros da Relógio D’Água nas escolhas do New York Times




 

Na lista dos 100 livros mais importantes de 2016 que acaba de ser publicada pelo New York Times figuram duas obras que a Relógio D’Água irá editar no início de 2017, é o caso de The Association of Small Bombs, de Karan Mahajan, e Do Not Say We Have Nothing, de Madeleine Thien.

A chegar às livrarias: Breve História de Sete Assassinatos, de Marlon James (trad. de José Miguel Silva)


 

 
Jamaica, 3 de dezembro de 1976. Sete assassinos de metralhadoras em riste entram de rompante na casa de Bob Marley na véspera de um concerto. Apesar de ferido no peito e num braço, o cantor de reggae sobrevive. Os homens nunca foram descobertos. Mais de oitenta mil pessoas assistem ao concerto que Marley dá dois dias depois.
Breve História de Sete Assassinatos é um livro que revela um poder narrativo ímpar para explorar este evento quase mítico.
Com uma ação que atravessa três décadas e vários continentes, narra as vidas de várias personagens inesquecíveis — miúdos da favela, engates de uma noite, barões da droga, namoradas, assassinos, políticos, jornalistas, e mesmo agentes da CIA.
Breve História de Sete Assassinatos foi já considerado um dos melhores e mais extraordinários romances do século XXI e venceu o Man Booker Prize em 2015.


«Breve História de Sete Assassinatos é uma obra-prima.» [Chris Salewicz]

«É como um remake de Tarantino de The Harder They Come, mas com uma banda sonora de Bob Marley e um guião de Oliver Stone e William Faulkner. (…) Épico em todos os sentidos da palavra. [New York Times]

«Um mergulho intenso num mundo demente, violento e corrupto, feito de forma sublime com recurso à voz de múltiplos narradores… o romance mais original que li em vários anos.» [Irvine Welsh]

«Este romance deveria ser de leitura obrigatória.» [Publishers Weekly]

A chegar às livrarias: Morrer Sozinho em Berlim, de Hans Fallada (trad. de Carlos Leite)



 


Morrer Sozinho em Berlim é o mais importante livro escrito sobre a resistência alemã ao nazismo.
Berlim, 1940. A cidade vive sob o jugo de Hitler, cujas tropas avançam vitoriosamente em várias frentes europeias.
Otto e Anna Quangel recebem uma carta que lhes anuncia a morte do filho na guerra. Perante isto, decidem não permanecer de braços cruzados. Otto inicia com a ajuda da mulher uma arriscada denúncia do regime. Em resposta, o inspetor da Gestapo, Escherich, desencadeia uma perseguição impiedosa.
O resultado é um thriller sobre a resistência no centro do poder nazi.

24.11.16

A chegar às livrarias: Escombros, de Elena Ferrante (trad. de Margarida Periquito)




 
Este livro leva-nos aos bastidores do trabalho de Elena Ferrante, permitindo-nos olhar para as gavetas de onde saíram alguns dos seus romances e para as suas relações literárias com o mundo clássico grego e latino e com Elsa Morante e outros autores que ama.
A escritora responde a perguntas que lhe fizeram os seus leitores e os jornalistas nos últimos 25 anos. Defende que quem escreve um livro faria bem em pôr-se de parte e deixar que o texto siga o seu percurso.
Fala dos pensamentos e da ansiedade que sentiu quando o seu primeiro romance, Um Estranho Amor, foi adaptado ao cinema e de como é complicado para ela encontrar respostas sintéticas para as perguntas de uma entrevista.
Elena Ferrante conta-nos ainda das alegrias e trabalhos de quem narra uma história escavando dentro do seu universo pessoal de experiências e das lembranças, próprias e alheias.
Embora recuse a exposição pública, é assim um dos escritores que mais e melhor explica os seus processos criativos.

A chegar às livrarias: Dicionário de Ideias Feitas em Literatura, de José Gardeazabal


 



Em Dicionário de Ideias Feitas em Literatura, José Gardeazabal reflecte sobre uma série de termos que coloca por ordem alfabética e sob a inspiração de alguns dos seus escritores de referência.
Os termos vão desde Abertura – Julio Cortázar até Zero – Lucia Berlin.
José Gardeazabal nasceu e reside em Lisboa, depois de ter vivido e estudado em Luanda, Aveiro, Boston e Los Angeles. O seu primeiro livro, história do século vinte, foi publicado em 2015 e venceu o Prémio Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Vasco Graça Moura de Poesia. Foi saudado por José Tolentino Mendonça como um «exercício invulgar, notável e vertiginoso, que conduz a literatura para um lugar novo».

 
«Fim — Samuel Beckett

— Vamos embora?
— Vamos.
Não se mexem.
— Sabes? Começo a ter a mesma opinião.
Silêncio.»

A chegar às livrarias: Ritmos e Visões, de José Gil



 


O que é uma visão? O que a distingue da percepção e da imagem comum? Essencialmente, o facto de não só dar a ver um espaço e um tempo não presentes com a fulgurância e a presença do presente, mas de vir desse espaço, de lhe pertencer e de ver ela própria, encerrando em si o saber do todo que aparenta. A visão vê, por isso pode ser profética ou anamnésica. É o ritmo, a pulsação e a aceleração que transformam as imagens em visões.
Capaz de revelar uma visão no trajecto de uma folha no ar ou um sonho na mínima percepção de qualquer coisa, o Livro do Desassossego é o grande tratado das visões do século XX; a poesia heteronímica nasce do funcionamento de máquinas rítmicas que produzem certas visões; e os escritos nacionalistas, proféticos e esotéricos, constroem, interpretam e projectam visões poderosas. Toda a obra de Fernando Pessoa se tece à volta de ritmos e visões.

23.11.16

A chegar às livrarias: Poemas Escolhidos, de T. S. Eliot (traduções de João Almeida Flor, Gualter Cunha e Rui Knopfli)





Os 433 versos de The Waste Land, Ash-Wednesday (1930), Four Quartets (1935 a 1942) e algumas dezenas de breves composições épico-líricas formam o essencial da obra poética de Eliot, o que, em concisão, só tem, na Europa, paralelo em Gottfried Benn.
De resto, a originalidade de Eliot parece estar aí, em apenas ter escrito depois de uma profunda acumulação interior. Mas, ao contrário daqueles que, como Rilke, reduziram, em grande parte, a criação ao momento da contemplação, à elegia, Eliot recorre também à ironia e ao sarcasmo.
Como disse Eugenio Montale: «Eliot chega muitas vezes ao canto a partir do recitativo, ao tom elevado a partir do mais coloquial. É sobretudo um poeta-músico; e não é nunca ou quase nunca (como o era Valéry e o foi muitas vezes Rilke) um neoclássico. Esta é a sua maior modernidade.»

22.11.16

Nas livrarias: No Enxame, de Byung-Chul Han (trad. de Miguel Serras Pereira)




 

Neste novo ensaio Byung-Chul Han analisa o modo como a revolução digital, a Internet e as redes sociais estão a transformar a sociedade atual.
Segundo o autor germano-coreano, assiste-se à formação de uma nova «massa», um «enxame digital».
Em contraste com outras «massas clássicas» estudadas por Marx ou Canetti, o enxame digital é formado por indivíduos isolados, carece de alma e de um sentimento de «nós» capaz de uma ação comum ou de seguir uma direção. A hipercomunicação digital destrói o silêncio de que a alma necessita para refletir e para ser ela própria. Só se ouve o ruído sem sentido e sem coerência. Tudo isso impossibilita a formação de um contrapoder que possa pôr em causa a ordem estabelecida, que tende assim a adquirir aspetos totalitários.
Grandes empresas como o Facebook e a Google trabalham como serviços secretos que procuram conhecer os interesses dos seus utilizadores para lucrarem com os seus comportamentos na Internet e nas redes sociais.
Para Byung-Chul Han, a época biopolítica analisada por Foucault está a ser ultrapassada. Caminhamos para uma época de psicopolítica digital, onde o poder intervém nos processos psicológicos inconscientes. O psicopoder é mais eficiente do que o biopoder na medida em que vigia, controla e faz mover os seres humanos não a partir de fora, mas de dentro.

A chegar às livrarias: Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne (trad. de Maria Matta Antunes)

 


Numa casa do velho bairro de Hamburgo, Axel, um jovem tímido, trabalha com o seu tio, o irascível professor Lidenbrock, geólogo e mineralogista. A sua vida é tranquila apesar da paixão que sente pela encantadora Graüben, a pupila do seu mestre.
Mas a situação altera-se quando, num velho manuscrito, Lidenbrock encontra um criptograma.
Arne Saknussemm, um famoso sábio islandês do século xvi, revela nesse manuscrito que através da cratera de um vulcão extinto da Islândia, o Sneffels, penetrou outrora até ao centro da Terra.
Entusiasmado, Lidenbrock decide partir imediatamente com Axel para a Islândia, onde, acompanhados pelo guia Hans, tão fleumático como Lidenbrock é agitado, penetra nas misteriosas profundezas do vulcão.

21.11.16

A chegar às livrarias: Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra)




«Eugénio Onéguin apreende-se desde as primeiras estrofes como uma sátira, nunca violenta ou gratuita, mesclada de tristezas. A ironia (e a auto-ironia) da sua linguagem apelam à inteligência e ao espírito crítico do leitor.
A ligeireza da sua fala, que permite uma leitura fácil e sem tensão, combina-se com uma grande profundidade de ideias, exprimidas sempre como que a brincar, com uma enorme abrangência na descrição da realidade — pessoas, lugares, estações do ano, actividades, costumes, vida cultural, etc. Diz Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios com Púchkin: “Uma ligeireza — é a impressão que nos produzem as suas obras, a sensação geral e instantânea. (…) Mal ele apareceu na poesia, a crítica falou da ‘fluência e ligeireza extraordinárias dos seus versos’, de que ‘eles, aparentemente, não lhe custaram trabalho nenhum’.”» [Do Preâmbulo dos Tradutores]

18.11.16

Jonathan Franzen, Saviano e Elizabeth Strout colaboram em documentário sobre Elena Ferrante


 
O realizador italiano Giacomo Durzi está a filmar Ferrante Fever, um olhar sobre “o caso Ferrante”, tendo a ajuda dos escritores Jonathan Franzen, Saviano e Elizabeth Strout.
«“Uma tentativa de estimular reflexões sobre os motivos específicos do sucesso de Ferrante, sem ser seduzido pela provocação de fazer um documentário ‘bisbilhoteiro’ sobre a sua identidade desconhecida” – é assim que o filme é descrito pela sua produtora, a Match Factory.»
A tetralogia A Amiga Genial de Ferrante publicada pela Relógio D’Água vai ser também uma série de televisão. Os dois primeiros romances da autora, Um Estranho Amor e Os Dias do Abandono, foram também passados ao cinema por Mario Martone e Roberto Faenza.
«[A] produtora do novo documentário não esconde que quer estar alinhada com os editores da escritora italiana e “não mergulhar no assunto de quem é Elena Ferrante”. “É muito importante para mim estar em harmonia com eles”, disse à Variety Alessandra Acciai, produtora.»
Entretanto, em Portugal vai sair o livro Escombros, que reúne uma série de textos inéditos e já conhecidos de Elena Ferrante, que, apesar  de insistir emn mater-se fora da exposição pública, se mostra assim um dos autores que mais e melhor explicam os seus processos criativos (criação de personagens, elaboração de memórias, tradução noutras linguagens, como a cinematográfica).

[citações retiradas do artigo de Joana Amaral Cardoso, Público, ípsilon, 18/11/2016]

A chegar às livrarias: Em Busca do Tempo Perdido, volume 7, de Marcel Proust (trad. Pedro Tamen)





Em Busca do Tempo Perdido é um livro que tem, nas palavras do seu autor, «a forma do tempo».
E, na verdade, o que distingue este romance é o reforço da sua concepção da memória como recriadora do passado. É isso que permite o misterioso encanto da narrativa e o tom de dolorosa nostalgia em que o passado envolve o presente.
O recurso à memória involuntária faz com que Proust nunca transmita uma realidade de que a sua imaginação esteja ausente.
Ainda muito jovem, conhecia de cor todos os pormenores da vida das damas que tinham frequentado os salões de Paris desde o século xvii, como Madame La Sablière ou Madame de Staël.
E foi precisamente à sensação da decepção em relação ao imaginado que ele sentiu nesses salões parisienses que foi buscar muitas das personagens que povoam o seu universo ficcional, onde o amor e o ciúme ocupam um lugar central.
[PVP: 10,00]

17.11.16

A chegar às livrarias: Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke (trad. José Miranda Justo)






«Como Hofmannsthal, Rilke é um produto da cultura do Império Austríaco, e um dos grandes poetas da língua alemã. Mas, muito mais do que ele, veio a ser um dos mais influentes poetas europeus do século, e alvo de um culto internacional que ainda hoje dura. (...)
Esse período [de relativa esterilidade, 1908-11] foi interrompido bruscamente, na atmosfera propícia do Castelo de Duíno, no Adriático, cerca de Trieste, que lhe fora emprestado, para as suas vigílias de génio, pela sua amiga e admiradora, a princesa de Thurn und Taxis (de Novembro de 1911 a Maio de 1912), quando ouviu como que uma voz que lhe ditava o começo da Primeira Elegia (Janeiro de 1912). As Elegias de Duíno, dez longos poemas largamente conhecidos e traduzidos em várias línguas e em português também, só foram completadas em 1922, dez anos mais tarde, noutro castelo menos luxuoso — Muzot, na Suíça —, que veio a ser oferecido a Rilke.» [Jorge de Sena]

15.11.16

A chegar às livrarias: Em Busca do Tempo Perdido, volumes 5 e 6, de Marcel Proust (trad. Pedro Tamen)




 
Em Busca do Tempo Perdido é um livro que tem, nas palavras do seu autor, «a forma do tempo».
E, na verdade, o que distingue este romance é o reforço da sua concepção da memória como recriadora do passado. É isso que permite o misterioso encanto da narrativa e o tom de dolorosa nostalgia em que o passado envolve o presente.
O recurso à memória involuntária faz com que Proust nunca transmita uma realidade de que a sua imaginação esteja ausente.
Ainda muito jovem, conhecia de cor todos os pormenores da vida das damas que tinham frequentado os salões de Paris desde o século xvii, como Madame La Sablière ou Madame de Staël.
E foi precisamente à sensação da decepção em relação ao imaginado que ele sentiu nesses salões parisienses que foi buscar muitas das personagens que povoam o seu universo ficcional, onde o amor e o ciúme ocupam um lugar central.

[PVP: 10,00 cada volume]

14.11.16

A chegar às livrarias: O Egipto e Outros Textos sobre o Médio Oriente, de Eça de Queiroz (Prefácio de Maria Filomena Mónica)



«A 23 de Outubro de 1869, [Eça de Queiroz] com o seu amigo, o conde de Resende, partia, em grande estilo, rumo a Alexandria. Resende levava um cartão-de-visita, identificando-o como “le comte de Resende, grand amiral du Portugal»; Eça, um passaporte diplomático, que dizia ser ele “um encarregado de negócios» (isto é, portador de correspondência diplomática). Dois dias levaram até Cádis. Em Gibraltar, tomaram o paquete inglês Delly, da rota da Índia. A 5 de Novembro, estavam em Alexandria e dois dias depois chegavam ao Cairo. Regiamente instalados no Hotel Shepheard’s, visitaram os monumentos da praxe. A 17 de Novembro, encontravam-se no Suez. Nas festas da inauguração, sentaram-se entre os grandes do mundo. A 26 de Novembro, partiam para Beirute. A 11 de Dezembro, estavam de regresso a Alexandria. A 26 de Dezembro, embarcavam para Lisboa, onde chegaram a 3 de Janeiro de 1870.» [Do Prefácio]

A chegar às livrarias: Vasto Mar de Sargaços, de Jean Rhys (trad. de José Carlos Costa Marques)





Antoinette Bertha Cosway, conhecida pelo nome do padrasto, Mason, apareceu pela primeira vez em Jane Eyre, de Charlotte Brontë. Era a herdeira «crioula» (ou seja, branca das Índias Ocidentais) que Mr. Rochester desposou por ordem do seu pai, e que mais tarde surgiria para Jane Eyre como uma assombração na figura da mulher louca conservada em reclusão e escondida nos sótãos de Thornfield Hall.
Nascida na opressiva sociedade colonialista da Jamaica dos anos 30, Antoinette Cosway conhece um jovem inglês que é atraído pela sua beleza e sensualidade. Contudo, após o casamento, começam a circular boatos que instalam a desconfiança entre o casal. Apanhada entre as exigências do marido e o seu frágil sentido de pertença, Antoinette é levada à loucura e o marido cai nos braços da heroína de outro romance.

«Obcecada pela personagem da primeira Mrs. Rochester de Jane Eyre, de Charlotte Brontë, Jean Rhys acabará por projetar nela grande parte da sua própria experiência de adolescente no seu país de origem. E é como um pesadelo que essa experiência é reconstituída.» [António Mega Ferreira]

11.11.16

Na morte de Leonard Cohen




A notícia da morte do poeta, cantor e artista, aos 82 anos, foi hoje anunciada na sua página do Facebook (da responsabilidade da editora discográfica).
A Relógio D’Água publicou em 1999 Poemas e Canções, com tradução de Margarida Vale de Gato e Manuel Alberto (Francisco Vale).
A antologia foi escolhida com a participação do próprio autor, e integrando vários poemas inéditos, reúne os principais textos – se exceptuarmos os romances – da sua produção literária e musical. No seu conjunto é uma viagem imaginária através da beleza, do horror, dos extremos do amor e do desespero.


«SUZANNE

Suzanne leva-te com ela
até à sua casa junto ao rio
ouvem-se os barcos passar
podes dormir toda a noite com ela
e embora saibas que está meia louca
é por isso que queres lá estar
e ela oferece-te de comer e beber
chá e laranjas de muito longe da China
E quando vais dizer-lhe
que não tens amor para lhe dar
ela arrasta-te na sua onda
e deixa o rio responder
que sempre foste seu amante
E queres viajar com ela
e queres viajar às cegas
e sabes que ela confiará em ti
pois tocaste o seu corpo perfeito
com o teu pensamento


E Jesus era um marinheiro
quando caminhou sobre as águas
e passou muito tempo a olhar
da sua solitária torre de madeira
e quando soube de certeza
que apenas os náufragos o podiam ver
disse Todos os homens serão marinheiros
até que o mar os liberte
mas também ele estava destroçado
muito antes de se abrir o céu
condenado, quase humano
afundou-se sob a tua sabedoria como uma pedra
E queres viajar com ele
e queres viajar às cegas
e julgas que talvez possas confiar nele
pois tocou o teu corpo perfeito
com o seu pensamento

 
Agora Suzanne pega-te na mão
e leva-te até ao rio
vestida de trapos e plumas
dos balcões do Exército da Salvação
E o sol derrama-se como mel
na nossa senhora do porto
E ela ensina-te onde deves procurar
entre o lixo e as flores
Há heróis nas algas do mar
há crianças na manhã
que se debruçam para o amor
como hão-de sempre debruçar-se
enquanto Suzanne segura o espelho
E queres viajar com ela
e queres viajar às cegas
e sabes que podes confiar nela
pois tocou o teu corpo perfeito
com o seu pensamento»

A chegar às livrarias: O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade


 



O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade, ocupa-se da forma como o homem religioso se esforça por se manter num universo sagrado e da diferença entre a sua experiência de vida e a do homem privado de sentimentos religiosos, daquele que vive ou deseja viver num mundo dessacralizado.
Para a consciência moderna, a alimentação ou a sexualidade não são mais do que fenómenos orgânicos, qualquer que seja o número de tabus que os rodeia. Mas, para o primitivo e para algumas populações atuais, um tal ato é, ou pode tornar-se, um «sacramento», quer dizer, uma comunhão com o sagrado.
O sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser no mundo, duas situações existenciais assumidas pelo homem ao longo da sua história. Estes modos não interessam apenas à história das religiões ou à sociologia. Em última instância, os modos de ser sagrado e profano dependem das diferentes posições que o homem ocupa no cosmos.

10.11.16

A chegar às livrarias: Roma, de Nikolai Gógol (trad. de Nina Guerra e Filipe Guerra)





«Roma é um fragmento do romance inacabado “Annunziata”, em que Nikolai Gógol trabalhou entre 1836 e 1839. Numa carta de 1838, Gógol escreveu: “Quando, finalmente, voltei a ver Roma, oh, quanto mais bela me pareceu! Foi como se visse a minha pátria… Não, não é bem assim, não vi a minha pátria, mas a pátria da minha alma… aquela onde a minha alma tinha vivido antes de mim…”»

A chegar às livrarias: Todos os Caminhos Estão Abertos, de Annemarie Schwarzenbach (trad. de Miguel Serras Pereira)




Em 6 de junho de 1939, a escritora suíça Annemarie Schwarzenbach empreendeu uma nova viagem, desta vez na companhia da escritora Ella Maillart.
Saíram de Genebra no Ford Roadster Deluxe que o pai de Annemarie acabara de lhe oferecer. O carro estava repleto de material fotográfico. Percorreram os Balcãs, a Turquia e o Irão, tendo como destino o Afeganistão. Entretanto, na Europa, iniciara-se a Segunda Guerra Mundial, que em breve alcançaria todo o planeta.
Todos os Caminhos Estão Abertos é uma seleção de textos que Annemarie Schwarzenbach escreveu sobre essa viagem. Neles reflete-se a magia das paisagens áridas, a sua curiosidade pelos arcaicos hábitos do Oriente e pela vida das mulheres sob o Islão e o desejo de liberdade. O estilo da narrativa mistura jornalismo e poesia. A vida interior deste «anjo devastado», como a designou Thomas Mann, expande-se pela imensidão da estepe ao mesmo tempo que escuta os distantes ecos da guerra.

A chegar às livrarias: Crónicas – Volume I, de Bob Dylan (trad. de Bárbara Pinto Coelho)

 


Bob Dylan chega a Nova Iorque em 1960, quando não completara ainda vinte anos.
Os encontros que teve na tumultuosa e noctívaga Greenwich Village haveriam de marcar a sua vida.
Bob Dylan recorda em Crónicas os seus encontros com músicos, produtores e artistas e os seus primeiros amores e fala-nos da desordenada biblioteca, descoberta em casa de um amigo e que foi essencial na sua formação, onde leu de Tucídides a Eliot.
Há ainda a história da sua vida em Nova Orleães e Woodstock, onde a avassaladora fama, que o perseguiu como símbolo de uma geração, impediu a vida familiar que desejava ter com a mulher e os filhos.
Crónicas fala-nos também da origem de várias canções de Dylan e das gravações de alguns dos seus álbuns.
No conjunto, compõem um quadro íntimo e incisivo da vida de Dylan, inseparável da sua criação poética e musical.


«Se os teus olhos não se humedecerem de gratidão ao acabar de o ler, então, honestamente, os anos passaram por ti… Não me recordo de um livro que me tenha feito mais feliz do que este.»
[Bryan Appleyard, The Sunday Times (Londres)]


«Uma obra essencial, tão poderosa e palpitante como a “bíblia” de Dylan, Pela Estrada Fora, de Jack Kerouac (…). Ler este livro é como entrar na pele de um poeta, do poeta da nossa geração.»
[Kyle Smith, People]

8.11.16

A chegar às livrarias: Tarântula, de Bob Dylan (trad. Vasco Gato)


 

«(…) Falámos sobre o seu [de Bob Dylan] livro, sobre as suas expectativas em relação a ele e de como queria que ele ficasse. E sobre o que ele lhe queria chamar. Apenas sabíamos que era um “trabalho em progresso”, um primeiro livro de um jovem compositor, um rapaz tímido, a quem a fama depressa chegaria, e que por vezes escrevia poesia que causava em todos nós um efeito de estranheza inexplicável.» [Do prefácio à primeira edição de Tarântula]

 
«Dylan? É o maior poeta americano vivo.» [Andrei Codrescu]

7.11.16

A chegar às livrarias: O Círculo, de Dave Eggers (trad. de Inês Dias)






No dia em que Mae Holland é contratada para trabalhar no Círculo, a empresa de Internet mais influente do mundo, sabe que lhe concederam a oportunidade da sua vida.
Através de um inovador sistema operativo, o Círculo unifica endereços de e-mail, perfis de redes sociais, transações bancárias e códigos de utilizador, construindo uma identidade virtual única no sentido da criação de uma nova era de transparência.
Mae Holland entusiasma-se com a atividade da empresa, os amplos espaços de trabalho, as cafetarias envidraçadas e as acolhedoras instalações do campus. Todos os dias se organizam festas, concertos ao ar livre e, claro, atividades desportivas.
Mas o que começa como uma fascinante história de ambição profissional e idealismo depressa se transforma num romance de suspense que coloca algumas das mais candentes questões da atualidade: o papel da memória, o passado, a privacidade, a democracia e os limites do conhecimento.

 
«Fascinante... Um romance de ideias sobre a construção e desconstrução social da privacidade, sobre o crescente controlo dessa privacidade por parte das grandes empresas, e os efeitos desse controlo na democracia ocidental.» [Margaret Atwood, The New York Review of Books]

«Uma síntese hábil e moderna, feita com perspicácia swiftiana e uma força de prognóstico orwelliana.» [The Guardian]

«O Círculo é o Admirável Mundo Novo do nosso admirável mundo novo.» [Washington Post]

«Profético.» [The New York Times]

A chegar às livrarias: Paris França, de Gertrude Stein (trad. Miguel Serras Pereira)




 

Em Paris França, Gertrude Stein dá-nos a sua visão da cidade em que escolheu viver durante mais de quarenta anos, numa época em que o seu exemplo foi seguido por escritores e artistas das mais diversas nacionalidades, de Hemingway a Joyce e Salvador Dalí.

Em sugestiva desordem, sucedem-se as recordações de infância, opiniões sobre a França e os Franceses, a arte, a gastronomia, a moda e a guerra. Muitos episódios narrados estão carregados de humor.

A obra de Stein foi também uma reflexão sobre a linguagem e muitas das suas narrativas têm um estilo inconfundível, presente neste livro de estranha pontuação.

Paris França foi publicado pela primeira vez em 1940, no dia em que a França foi ocupada pelos Alemães.

Sobre As Ilhas Gregas, de Lawrence Durrell (trad. Carlos Leite)





«Publicado em 1978, este livro não é um guia turístico, mas a soma das experiências vividas por Durrell no seu longo convívio com a Grécia. Neste caso limita-se às ilhas, começando pelo Mar Jónico, descendo a Creta e subindo pelo Mar Egeu. O relato tem início nos anos 30, quando viveu em Corfu, e prolonga-se pelas décadas seguintes. Para ele, as raízes do que somos estão enterradas neste solo rochoso, árido e muitas vezes ingrato. O viajante está perante algo de muito diferente, que “coexiste num eterno presente cristalizado no extraordinário sonho histórico” de “um país que nunca existiu”. E assim se deambula de ilha em ilha, procurando os sinais das lendas antigas, de Medusa e a Ulisses, da gruta de Patmos à escarpa de Lesbos, onde consta ter Safo saltado para a glória, essa décima musa, segundo Platão, ou “um milagre de jovem mulher”, nas palavras de Estrabão.» [José Guardado Moreira, Expresso, E, 29/10/2016]

A chegar às livrarias: O Jogador, de Fiódor Dostoievski (trad. António Pescada)




O que pode acontecer quando a paixão pela roleta se cruza com a paixão pela mulher amada?
É esse conflito que Dostoievski aborda neste romance, memórias de um jovem que faz parte do séquito de um general russo instalado em Roletenburgo, à espera de uma herança que nunca mais chega.
Trata-se de um grupo de personagens ligadas pela cupidez, a ambição, o fracasso, o amor e a memória de faustos passados, vivendo um jogo de luz e sombra em que quase nada é o que parece.
Há um lado biográfico em O Jogador. Em 1863, quando viajava ao encontro de Paulina Suslova, a grande paixão amorosa da sua vida, que vivia então em Paris, Dostoievski, endividado e alucinado pelo enriquecimento súbito, tentou a sua sorte nas roletas de Wiesbaden. Ganhou, perdeu, recuperou e retomou o caminho para Paris.
Mas na viagem que fez com Paulina procurou de novo as intensidades da roleta em Baden-Baden, onde perdeu tudo o que tinha, incluindo o seu relógio e o anel de Paulina. Inventou um sistema para ganhar que falhou em Bad Homburg, obrigando-o a voltar sozinho a São Petersburgo.
No ano seguinte, Dostoievski ditara em vinte e seis dias o seu romance O Jogador a uma jovem estenógrafa, Ana Grigorievna, que viria a ser a sua segunda esposa. [PVP: € 10,00]