29.2.20

Sobre O Sonho de Bruno, de Iris Murdoch




Bruno tem quase noventa anos. Obcecado com o passado e apaixonado por aranhas, é o centro de uma complexa teia de relações.
Nessa teia estão Danby, o infeliz genro de Bruno; Adelaide, amante de Danby; e Nigel e Will, os irmãos gémeos primos de Adelaide.
Os fios da teia emaranham-se mais ainda quando Bruno insiste em procurar Miles, o filho que o rejeitou e vive com a esposa e a cunhada. 
Pouco demora até que a inquietação que há muito fervilhava venha à superfície, provocando uma vaga de tensão, paixão e violência entre os dois lares…
Em O Sonho de Bruno, o cenário londrino e o ambiente de ameaça são expressos de forma magistral. Este romance, altamente original, mostra-nos Iris Murdoch no apogeu do seu invulgar talento.


O Sonho de Bruno (tradução de Vasco Gato) e outras obras de Iris Murdoch estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/iris-murdoch/

Sobre Os Pescadores, de Raul Brandão




«Como é do jeito da escrita de Raul Brandão, esta narrativa da viagem, ao longo da costa portuguesa, desde Caminha a Olhão, estrutura‑se como uma montagem de fragmentos dispersos (notas, memórias, esboços descritivos ou narrativos) com datações variadas (de Dezembro de 1893 a Junho de 1923) que nos revelam a paisagem litoral e os seus povoadores, num registo elíptico de impressões que tatuaram o seu corpo (a retina e a alma), e são também o seu modo próprio de nos falar daqueles (o universo social e simbólico dos pescadores) a quem o uniam não só antigas imagens e afectos familiares, mas também a simpatia espontânea pela gesta desses seres humildes que, muitas vezes, tal como o seu avô materno a quem a obra é dedicada, morriam no mar, selando tragicamente o seu destino com esse espaço que representaria simultaneamente uma fonte de fecundidade e um túmulo, a mãe e a morte.» [Do Prefácio de Vítor Viçoso]

Os Pescadores e outras obras de Raul Brandão estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/raul-brandao/

28.2.20

Sobre A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida




«Entre as qualidades superiores da prosa de Djaimilia Pereira de Almeida (distinguida em Dezembro passado com o Prémio Oceanos), a de figurar a vida fantasmática que acompanha os actos afectivos de um ser humano já era das que mais destacam a sua arte de narradora na ficção contemporânea. Mas nesta biografia imaginária do capitão Celestino, a própria escrita parece alterar-se, adensar-se, arriscar todos os limites para captar o segredo de uma vida criminosa absurdamente redimida (ou rasurada) pelo advento da jardinagem. Na atenção minuciosa que este livro há-de suscitar, algumas frases virão a ser sublinhadas, como por exemplo: “O sangue, da lascívia e da volúpia, a morte, em todas as suas declinações lúgubres, tudo tinha no quintal o seu duplo, na forma de cada planta, que, com mãos delicadas de mulher, tratava como pessoas” (p. 44). No rasto do mais tenebroso crime atribuído ao negreiro — o massacre de umas dezenas de africanos revoltosos asfixiados com pó de cal no porão do navio —, o jardineiro dedicado tira uma espécie de lucro biográfico na relação íntima com as plantas: “As plantas viam-no como um olho de vidro vê a passagem das nuvens. Elas e o seu amigo eram seiva da mesma seiva, da mesma carne sem dó nem piedade. Atrás das costelas, no lugar do coração, o corsário tinha uma planta.”
Todos os livros de Djaimilia Pereira de Almeida desafiam uma leitura filosófica, como aquela que aqui vai sugerindo tensão e cumplicidade entre o ético e o estético, enquanto nervo da narrativa.» [Gustavo Rubim, Público, ípsilon, 28/2/2020]


De Djaimilia Pereira de Almeida, a Relógio D’Água editou também «Pintado com o Pé». Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Correntes D’Escritas dedica revista a Hélia Correia




A revista do Correntes D’ Escritas dedica o seu dossier a Hélia correia, que foi a homenageada deste ano. O dossier integra textos de Ana Luísa Amaral, Ana Raquel Fernandes, Francisco Vale, Isabel Fernandes, Jaime Rocha, João Barrento, Maria António Hörster e Maria de Fátima Silva, Maria Etelvina Santos, Rita Taborda Duarte, Gonçalo M. Tavares, Henrique Cayatte e Maria João Cantinho.

Um Bailarino na Batalha e outros livros de Hélia Correia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/helia-correia/

Sobre O Que Maisie Sabia, de Henry James




«Creio que a impressão que me deixaram essas atividades amorosas entre quatro pessoas adultas, observadas pelo frio olhar de uma espécie de Alice-no-país-das-maravilhas, foi sobretudo a de um romance mundano (…) quase perverso de tão engenhoso, singular pelo virtuosismo com que as personagens secundárias mudam de lugar em redor da pequena heroína, como os elementos de um corpo de baile ou de uma equação de álgebra.
(…) Na época em que James escreveu Maisie, ou seja, em 1897, ninguém se atrevia a explorar seriamente o campo da sexualidade infantil. Freud era conhecido apenas por alguns especialistas. No entanto, não podemos deixar de pensar que a sociedade bem-pensante havia arrumado a um canto o pecado original, e que Santo Agostinho teria ficado menos surpreendido do que os primeiros leitores de Maisie ao comprovar a tranquila naturalidade com que esta rapariga se movimentava no meio a que chamamos o “mal”.» [«Os Encantos da Inocência. Uma Releitura de Henry James», Marguerite Yourcenar]


O Que Maisie Sabia (tradução de Daniel Jonas) e outras obras de Henry James estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/henry-james/

Sobre Ensaios — Antologia, de Montaigne




«Para celebrar o seu retiro da magistratura, a fim de se consagrar à actividade literária, Montaigne fez, em sua célebre torre, pintar no gabinete adjunto à sua biblioteca uma inscrição em latim: (…) “No ano de Cristo 1571, com a idade de 38 anos, na véspera das calendas de Março, seu aniversário natalício, Michel de Montaigne, desde há muito desgostado da servidão áulica e dos cargos públicos, sentindo-se ainda vigoroso, retirou-se para o seio das doutas virgens, onde, calmo e sem se inquietar com a mais pequena coisa, passará o que lhe resta de uma vida já muito avançada.» [Do Prefácio de Rui Bertrand Romão]

Ensaios — Antologia, de Montaigne, com prefácio e tradução de Rui Bertrand Romão, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/ensaios-antologia-2/

Sobre As Ondas, de Virginia Woolf




As Ondas é considerado o mais radical romance de Virginia Woolf — um desses raros escritores que nasceu no «instante em que uma estrela se pôs a pensar».
Marguerite Yourcenar, sua tradutora francesa, descreveu-o assim:
«As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor, seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra a Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegri nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade.
Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas é um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciarem-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através das outras, é o centro do livro, ou melhor, o seu coração.»


As Ondas (tradução de Francisco Vale) e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

27.2.20

Sobre Mataram a Cotovia — O Romance Gráfico, de Harper Lee e Fred Fordham




Um retrato assombroso de raça e classes sociais, inocência e injustiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação no Sul Profundo dos EUA dos anos trinta. 
Mataram a Cotovia, de Harper Lee, mantém a mesma atualidade que tinha em 1960, quando fio escrito, durante os turbulentos anos do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos.
Agora, este aclamado romance renasce como romance gráfico. Scout, Jem, Boo Radley, Atticus Finch e a pequena cidade de Maycomb, no Alabama, são representados de forma nítida e comovente pelas ilustrações de Fred Fordham.

“Este fantástico romance gráfico revela uma nova perspetiva aos antigos leitores do livro, sendo ao mesmo tempo uma bela introdução para jovens ou para qualquer adulto a quem esta incrível história tenha passado ao lado.” [USA Today]

Mataram a Cotovia — O Romance Gráfico está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/mataram-a-cotovia-o-romance-grafico/

Sobre O Universo ao Alcance da Mão, de Christophe Galfard




Imagine que À Boleia pela Galáxia é um guia real…

Christophe Galfard, físico internacionalmente reconhecido, conduz-nos numa viagem através do passado, presente e futuro do Universo.
O Universo ao Alcance da Mão explora algumas das mais importantes e incríveis ideias dos nossos tempos — Mecânica Quântica, Teoria Geral da Relatividade, Viagens no Tempo, Realidades Paralelas e Universos Múltiplos — com a promessa de que para as entender apenas precisas apenas de equação: E = mc2.
Escrito tendo por base as últimas descobertas em cada área, O Universo ao Alcance da Mão é essencial para qualquer pessoa que deseja saber como funciona o nosso extraordinário Universo.

«Com a sua aproximação desenvolta, O Universo ao Alcance da Mão é um livro para o leitor sem conhecimento prévio de ciência… Ao terminar, o leitor terá um aprofundado conhecimento do modo como a física contemporânea nos aproximou de um melhor entendimento da realidade.»
[The New York Times Book Review]

O Universo ao Alcance da Mão (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-universo-ao-alcance-da-mao/

Sobre Não Sabemos mesmo O Que Importa, de Paul Celan




«Um dos grandes poetas alemães do pós-guerra, em quem a liberdade do surrealismo e a linhagem do expressionismo intervencionista (Brecht, etc.) ou visionário (Trakl) criam uma linguagem nova.» [Jorge de Sena]

Paul Celan é o pseudónimo de Paul Antschel, nascido em Czernowitz, na Roménia, em 23 de Novembro de 1920, de pais judeus de origem germânica. Cursou Medicina em França, mas voltou à Roménia para estudar Literatura. Os pais, que se recusaram a esconder-se dos nazis, morreram em 1942 num campo de concentração. O próprio Paul Celan foi enviado para um campo de trabalhos forçados na Moldávia, sendo libertado pelo exército russo em 1944. Saiu do seu país para Viena em 1947. A partir de 1948, viveu em Paris, onde se suicidou em 1970. O afogamento no Sena ocorreu três anos depois de se encontrar com Heidegger, na sua cabana na Floresta Negra. O filósofo alemão admirava o modo como Celan trabalhava a língua alemã apesar de ser judeu, e este considerava Heidegger um grande filósofo e não compreendia os seus compromissos com o nazismo, nem o seu silêncio sobre o Holocausto, que lhe inspirou o poema “Todtnauberg”. 
Em 1948 publicara um primeiro livro de poemas, A Areia das Urnas. Instalado em França, casara-se, em 1952, com Gisèle de Lestrange, a quem escreveu mais de 700 cartas ao longo de 19 anos. Em 1955, naturalizou-se francês. Em 1960, recebeu o Prémio Literário Georg Büchner pronunciando então um importante discurso, “O Meridiano”. A partir de 1965, foi internado em diversas ocasiões em hospitais psiquiátricos, onde escreveu alguns textos em hebraico.

Não Sabemos mesmo O Que Importa de Paul Celan (trad. e posfácio de Gilda Lopes Encarnação) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nao-sabemos-mesmo-o-que-importa/

Sobre Madame Bovary, de Gustave Flaubert




«Madame Bovary sou eu», disse uma vez Flaubert, a quem o êxito do seu ro­mance publicado em 1856 acabou por irritar, de tal modo eclipsou os seus outros livros.
Emma Bovary persegue a imagem do mundo que lhe é dada por uma certa literatura desligada da realidade. Arrastada pelas suas ilusões, a mulher do prosaico Charles Bovary imagina-se uma grande amorosa.
A realidade revela-se impiedosa. E, no entanto, Madame Bovary, na época judicialmente perseguido devido à sua «cor sensual» e à «beleza provocadora de Emma», está longe de ser uma simples lição de realismo.


Madame Bovary (trad. João Pedro de Andrade) e outras obras de Gustave Flaubert estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gustave-flaubert/

Sobre O Despertar, de Kate Chopin




«O romance clássico que via o prazer como o caminho para a liberdade.» [Claire Vaye Watkins, The New York Times, 5/2/2020]

Quando O Despertar foi publicado pela primeira vez em 1899, a crítica considerou-o sórdido e imoral (apenas um jornal realçou a importância do livro), prejudicando a reputação literária e social de Kate Chopin. Contudo, mais de cem anos após a morte da autora, atrai numerosos leitores, é considerado a principal obra literária de Kate Chopin, uma réplica norte-americana a Madame Bovary, e um livro que mantém intacto o seu carácter subversivo.
Através de mudanças de estilo subtis, Kate Chopin mostra o «despertar» de Edna Pontellier, uma jovem esposa e mãe que se recusa a ficar encerrada numa vida doméstica e familiar e exige para si a liberdade erótica.

«É um livro profundamente whitmaniano, não apenas nos ecos da sua poesia, que são múltiplos, mas principalmente na sua perspectiva erótica, que é narcisista e até mesmo auto-erótica, no verdadeiro estilo de Whitman.» [Harold Bloom]

O livro, traduzido por Margarida Periquito, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-despertar/

26.2.20

Sobre Ternos Guerreiros, de Agustina Bessa-Luís




«Em que mudaram os tempos? Nisto, para abreviar a especulação em torno do intelectual: o sentimento da tragédia perdeu terreno, e daí parte todo o delírio de persuasão a favor duma vida exausta e acumulada de mesteres remunerados apenas conforme a sua produção material. Um homem não é uma incógnita de medos e de vocações insubstituíveis, mas algo que não resistirá a uma liberdade instaurada em nome do possível. O papel do artista é o de reformar o mito do impossível e o de criar a tragédia. Como se desempenha ele da sua missão, raramente o podemos ver com os nossos próprios olhos; serão outros que tomarão contacto com aquilo que fez a consciência subterrânea da sua época. Através dos amores narrados com desvairada frieza, através dos crimes melancólicos e das brutalidades que o instinto não sugeriu, através das suas desordens que mal apagam a culpa pelo que já foi vivido e perdido antes, noutras idades e noutras criaturas, dar­‑se­‑á o encontro com a tragédia. A Europa conhece­‑a ainda, não perdeu de vista a sua face pálida, o seu esgar de espanto, a sua garra branca e petrificada.» [Do Prefácio]

Ternos Guerreiros e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/


De Agustina Bessa-Luís, a Relógio D’Água acaba de publicar Os Incuráveis.

O Homem Invisível no grande ecrã





Estreia no próximo dia 5 de Março em Portugal o filme O Homem Invisível, com argumento e realização de Leigh Whannell, baseado na obra homónima de H. G. Wells. O filme conta com a participação de Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Aldis Hodge, Storm Reid e Harriet Dyer.
A Relógio D’Água publicou a obra de H. G. Wells em 2017.

Em O Homem Invisível, H. G. Wells narra a transformação de um homem até um estado de brutalidade, causado pelo seu fascínio pela ciência. 
Griffin — um homem com o rosto coberto por ligaduras, olhos ocultos por trás de uns óculos escuros e mãos cobertas — é o novo hóspede da pousada Coach and Horses. Apesar de todos assumirem que o seu estado se deve a um acidente, a verdade é bastante mais estranha.
Griffin descobriu um processo de se tornar invisível, e está agora em busca do antídoto. Quando é expulso da aldeia e se vê impelido para o assassínio, Griffin procura a ajuda do seu amigo Kemp. Mas o destino que o aguarda afeta-lhe os pensamentos, e, quando Kemp se recusa a ajudá-lo, Griffin resolve planear a sua vingança.


O Homem Invisível (tradução de Alda Rodrigues) e outras obras de H. G. Wells estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-wells/

Sobre Provocações, de Camille Paglia




Uma coletânea que abarca mais de duas décadas de escritos de uma intelectual provocadora.

Muitas coisas mudaram desde que Camille Paglia surgiu com o seu inovador Personas Sexuais. Mas as lúcidas conceções desta grande pensadora norte-americana continuam na vanguarda — não só pela sua capacidade de captar o tom do momento mas também por ser capaz de antecipar tendências sociais e culturais.
Com uma introdução em forma de manifesto fervoroso em que Paglia expõe as convicções fundamentais que caracterizam a sua escrita — a liberdade de expressão, a necessidade de investigação audaciosa e um profundo respeito por toda a arte, erudita ou popular —, Provocações reúne um conjunto de textos que faz luz sobre os mais variados temas, dos óscares, ao atual presidente dos EUA, passando pelo punk rock.

«Adorei Provocações, a nova coleção de ensaios de Camille Paglia. Com a sua característica e amarga ironia, Paglia oferece perspicazes e bem-humorados comentários sobre a cultura — a cultura pop, a arte, o feminismo e a política.» [Lily Kupets, Vogue]

«Brilhante. […] A académica e guerreira cultural está atenta aos acontecimentos. […] Paglia ocupa-se de uma larga faixa da sociedade e da cultura em geral, incluindo secções sobre cultura popular, literatura, ensino, arte, política e outras.» [Kirkus Reviews]

«Escandaloso, como queríamos e esperávamos! Paglia tem uma visão, não é uma observadora neutra. Vê o movimento, vê as fendas a abrirem-se, ouve os ventos a mudarem. Nesta coleção de ensaios, viajamos no tempo, mas os destinos estão definidos. A autora mostra-nos o que prevê.» [Patricia E. Moody, Blue Heron Journal]


«Provocações — Ensaios Escolhidos» (trad. Helena Topa) e outros livros de Camille Paglia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/camille-paglia/

25.2.20

Sobre O Anjo Camponês, de Rui Nunes




«Num registo poliédrico, que torna aleatória qualquer atribuição de género, este livro de Rui Nunes ora nos confronta com a descrição do funeral de Franco e com cenas homéricas ou bíblicas ora se detém em acontecimentos recentes e facilmente reconhecíveis: “Atravessam a Europa no interior de uma câmara frigorífica: corpos uns contra os outros”, “tão mortos, que não nasceram nem morreram”. A quem possa estranhar a “anunciação” inicial, convirá recordar que “o anjo anunciava não […] o nascimento de um Deus, mas um homem a sós com os seus gestos”. Esta ênfase na solidão torna-se, aliás, lancinante e recorrente: “estamos sós/ Na intimidade de uma ruína”. Deus, por sua vez, apenas comparece enquanto “ausência irremediável” ou, na esteira dos cátaros, como pérfido demiurgo: “a merda e a morte são a matéria-prima de Deus”.» [Manuel de Freitas, E, Expresso, 22/2/2020]

O Anjo Camponês e outras obras de Rui Nunes estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/

24.2.20

Sobre Cânticos do Realismo e Outros Poemas, de Cesário Verde




«Esta nova publicação de Cesário Verde é assim constituída pelas páginas cobertas de decassílabos e de alexandrinos, líricos e mordazes de uma peculiar energia, e pela reduzida prosa epistolar.
E se ela é tributária de quantas a precederam, como se reconhece por ela adentro, do mesmo modo não prescinde da lição de Fialho de Almeida (“o maior poeta da prosa portuguesa”) “mestre incontestado do impressionismo”, rendido, ainda em vida de ambos, à novidade do canto de Cesário Verde (“o poeta mais dotado com qualidades da prosa”) (…).
Do mesmo modo esta edição também não prescinde da lição de Fernando Pessoa que, dos três mestres de língua portuguesa que elegeu, foi ao cantor de “O Sentimento dum Ocidental” — como ele transeunte das ruas de Lisboa e espectador desencantado do fim do império — que instituiu mestre do mestre das suas fantasmagorias autorais, fez mentor da descoberta sensacionista que instruiu a sua geração, a quem louvou em prosa e em verso e estudou, criticamente, em vários momentos.
Os dois escritores propunham-se estudar Cesário com demora através de uma obra que, por longos anos, foi presente nas letras portuguesas com apenas vinte e dois poemas, tendo o acaso frustrado tais propósitos. Talvez tenha sido ainda o acaso, mas agora de sinal positivo, a providenciar a reunião destes três enormes vultos de nascença oitocentista onde, em cadeia, ainda puderam tocar-se numa espécie de “transferência de energia dos antigos aos discípulos” (como Pessoa alegou em outras circunstâncias).» [Da Introdução]


Cânticos do Realismo e Outros Poemas está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/canticos-do-realismo/

Sobre Pessoas Normais, de Sally Rooney




Os romancistas enquanto “voz de uma geração”, a propósito Sally Rooney e do seu romance Pessoas Normais

Segundo Richard Godwin, leitores, críticos e livreiros receberam Pessoas Normais como um daqueles romances que captam algo inefável da sua época. Mas Sally Rooney, rotulada como “Salinger para a geração Snapchat”, afirmou em entrevista ao Guardian que “nunca quis falar por outra pessoa”. O artigo de Richard Godwin pode ser lido aqui: https://www.theguardian.com/books/2020/feb/21/is-being-the-voice-of-a-generation-a-curse-or-an-honour-for-novelists

Connell e Marianne cresceram na mesma pequena cidade da Irlanda, mas as semelhanças acabam aqui. Na escola, Connell é popular e bem-visto por todos, enquanto Marianne é uma solitária que aprendeu com dolorosas experiências a manter-se à margem dos colegas. Quando têm uma animada conversa na cozinha de Marianne — difícil, mas eletrizante —, as suas vidas começam a mudar.
Pessoas Normais é uma história de fascínio, amizade e amor mútuos, que acompanha a vida de um casal que tenta separar-se mas que acaba por entender que não o consegue fazer. Mostra-nos como é complicado mudar o que somos. E, com uma sensibilidade espantosa, revela-nos o modo como aprendemos sobre sexo e poder, o desejo de magoar e ser magoado, de amar e ser amado.

«O fenómeno literário da década. Um futuro clássico.» [The Guardian]

«O melhor romance do ano.» [The Times]

«É soberbo […], uma leitura tremenda, plena de perspicácia e ternura.» [Anne Enright]


Pessoas Normais (trad. Ana Falcão Bastos) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/pessoas-normais/

Ana Margarida de Carvalho na Casa da Cultura, em Setúbal




No próximo dia 27 de Março, pelas 22:00, será apresentado O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça, o mais recente romance de Ana Margarida de Carvalho, na iniciativa Muito cá de Casa, na sala José Afonso da Casa da Cultura, em Setúbal.

Dois homens caminham. Um chega à terra para matar saudades do mar; outro supera um carreiro íngreme com uma carga de azeitonas. O primeiro vem vergado ao peso da vingança. O segundo ao da sobrevivência. Cruzam-se numa estrada, perdida, no Alentejo, junto à fronteira. De Espanha chegam os ecos dos fuzilamentos e os foragidos da Guerra Civil. Transaccionam-se mercadorias, homens, mulheres e até bebés. No espaço de um dia, que medeia dois entardeceres, muitas mulheres de cabelos ensarilhados pelo vento hão-de conspirar num velho depósito de água rachado; duas amigas separam-se e unem-se por causa de um homem que se dissolve na lama. Um rapaz alentejano voltado para as coisas da existência é por todos traído, mas não tem vocação para desforras, e perde o falcão, a sua máquina alada de matar…
Duas comunidades antagónicas, que se hostilizam, guerreiam e dependem uma da outra: uma à míngua, entre vendavais e pó; outra prospera, em traficâncias várias, cercada por pântanos, protegida por um tirano local e pela polícia política, abriga todos os rejeitados pela sociedade, malteses, republicanos espanhóis, fugitivos, cuspidores de fogo, ciganos, artistas de circo, evadidas de conventos, bêbados e arruaceiros. As velhas acusações transformam-se, a guerra tem renovados motivos, a raiva escolhe outros métodos. O grito do corpo continua o mesmo, tal como o gesto que fazemos para proteger a cabeça.

De Ana Margarida de Carvalho a Relógio D’Água editou também o livro de contos Pequenos Delírios Domésticos, que venceu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2017. Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/

Sobre Doze Anos Escravo, de Solomon Northup




Solomon Northup nasceu no condado de Essex, em Nova Iorque, em Julho de 1808. Era filho de um escravo liberto, o que o tornava um homem livre por direito. Agricultor e violinista, Solomon possuía uma propriedade em Hebron e tinha três filhos. Em 1841 foi raptado por esclavagistas, que o persuadiram com uma promessa de emprego bem remunerado como violinista em Washington DC.
Em vez disso, Solomon foi drogado e vendido como escravo a uma plantação da Luisiana. Foi mantido como prisioneiro durante doze anos, passando pelas mãos de vários donos, sem que a sua família conhecesse o seu paradeiro. Sofreu humilhações, espancamentos e até torturas.
Tentou por diversas vezes escapar e enviar mensagens para fora da plantação. Apenas doze anos mais tarde conseguiu fazer chegar notícias a conhecidos que, por sua vez, contactaram amigos e o Governador de Nova Iorque, Washington Hunt.
Recuperou a liberdade em Janeiro de 1853, voltando para a família em Glens Falls, sendo um dos raros escravos raptados a conseguir obter a libertação.
Em 2013, as memórias de Solomon foram adaptadas ao cinema pelo realizador e produtor Steve McQueen, tendo Chiwetel Ejiofor como actor principal. O filme tem nove nomeações para os Oscars, incluindo na categoria de Melhor Filme.

Northup processou os comerciantes de escravos em Washington DC, acabando por perder o caso num tribunal local (a lei proibia-o, como negro, de testemunhar contra brancos).
Mais tarde, em Nova Iorque, dois homens foram acusados do seu rapto e chegaram a estar presos preventivamente, mas depressa foram libertados.

No seu primeiro ano de liberdade Solomon, que se tornara carpinteiro, publicou as suas memórias, “Doze Anos Escravo” (1853). O livro foi escrito em três meses com a ajuda do escritor local David Wilson (os escravos não podiam receber qualquer educação formal). Solomon deu dezenas de conferências sobre a sua experiência, como forma de apoio à causa da abolição da escravatura.


Doze Anos Escravo  (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/doze-anos-escravo/

Sobre O Baile, de Irène Némirovsky




Antoinette tem catorze anos e deseja participar, mesmo que apenas por instantes, no baile que os seus pais, os Kampf, organizaram para ostentar a sua recém-adquirida riqueza. Mas a mãe decide não permitir a presença da filha, cujo corpo e maneiras a envergonham.
Desesperada, Antoinette vai vingar-se de um modo tão radical como inesperado.
O Baile, um romance de iniciação sobre a adolescência e os seus tormentos, foi um dos primeiros livros escritos por Irène Némirovsky, prematuramente morta em Auschwitz em 1942.
Surgida em 1930, a novela, inspirada nas difíceis relações entre a autora e a sua mãe, confirmou uma grande escritora, capaz de descrever a crueldade adolescente, ao mesmo tempo natural e premeditada, marcada pelo humor e pela ternura.


O Baile (tradução de Fernanda Frazão) e outras obras de Irène Némirovsky estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/irene-nemirovsky/

Sobre Contos de Grimm




Esta edição inclui os contos O Que Partiu à Procura do Medo, O Lobo e as Sete Cabrinhas, O Fiel João, Raponços, As Três Fiandeiras, Hansel e Gretel, O Pequeno Alfaiate, A Gata Borralheira, A Menina e os Sete Corvos, Os Músicos da Cidade de Bremen, Os Três Cabelos de Ouro do Diabo, Os Pequenos Génios Benfazejos, O Senhor Compadre, Os Seis Cisnes, A Bela Adormecida, A Branca de Neve, O Bate-Sorna, Rolando o Noivo Esquecido, O Pássaro de Ouro, Os Dois Irmãos, As Três Penas, A Guardadora de Patos, Os Três Irmãos, As Estrelas de Prata, Os Diferentes Filhos de Eva, O Conto do Fuso, da Lançadeira e da Agulha.

Contos de Grimm (tradução de Graça Vilhena e Ana de Castro Osório) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/grimm/

22.2.20

Sobre O Falcão Peregrino, de Glenway Wescott




Esta novela descreve os acontecimentos de uma única tarde. Alwyn Tower, um norte-americano expatriado e romancista frustrado, está a viver com uma amiga numa casa de campo em Chancellet, França, quando um casal de ricos e itinerantes irlandeses lhes faz uma visita — com Lucy, o seu falcão amestrado, presença algo inquietante.
Uma obra de uma elegância clássica, O Falcão Peregrino é considerada uma das melhores novelas americanas.

«Na minha opinião, O Falcão Peregrino ombreia facilmente com obras como The Good Soldier de Ford Madox Ford, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald ou Os Manuscritos de Jeffrey Aspern de Henry James.» [Da Introdução de Michael Cunningham]

«É verdadeiramente uma obra-prima, de forma raramente conseguida ou experimentada nos dias de hoje.» [Christopher Isherwood]

«[Em O Falcão Peregrino] o leitor é constantemente reposicionado, constantemente forçado a ver algo que antes não vira. O mundo de Wescott é autónomo mas precário, e, tal como o verdadeiro, infindavelmente repleto de significado.» [Howard Moss, The New Yorker]


O Falcão Peregrino e Um Apartamento em Atenas, Glenway Wescott (traduções de José Miguel Silva) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/glenway-wescott/

21.2.20

Sobre Uma Boa Morte, de Hans Küng




Durante séculos, foi imposta aos crentes cristãos a proibição de terminar com a vida.
No entanto, Hans Küng defende que uma boa morte se fundamenta no respeito profundo pela vida de qualquer pessoa e nada tem que ver com o infeliz suicídio arbitrário.
Se temos responsabilidade sobre a nossa vida, porque haveria essa responsabilidade de terminar na sua última fase? É precisamente como cristão que Hans Küng apela ao direito de cada qual decidir responsavelmente sobre o momento e a forma da sua morte.
Neste breve ensaio, que procura contribuir para a mudança de atitude da Igreja, Hans Küng mantém a coerência e a autenticidade que revelou no seu conflito com a hierarquia católica romana. A sua defesa da eutanásia (cujo significado etimológico é “boa morte”) insere-se assim nas suas preocupações antropológicas e religiosas.
“Gostaria de morrer consciente e de me despedir digna e humanamente dos seres que me são queridos”, escreve Hans Küng.


Uma Boa Morte (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/uma-boa-morte/

O Jardim Secreto no grande ecrã





Marc Munden realizou o filme O Jardim Secreto, baseado na obra de Frances Hodgson Burnett, adaptada por Jack Thorne. O filme conta com a participação de Dixie Egerickx, Colin Firth e Julie Walters.
O filme deverá estrear em Portugal em Janeiro de 2020. A Relógio D’Água publicou a obra de Frances Hodgson Burnett em 2010.



Mary Lennox, criança solitária e indesejada, chega da Índia para viver com o tio em Yorkshire. 
Entregue a si própria, pouco tem com que se entreter e começa a explorar a casa enorme e sombria, até que numa bonita manhã de sol se depara com um jardim secreto que muros cobertos de hera ocultavam. Pela primeira vez na sua breve e triste vida, Mary descobre uma coisa que merece a sua afeição e empenha-se em devolver o jardim à sua antiga glória. Quando o jardim começa a florir e a transformar-se como por magia, ninguém permanece indiferente.


O Jardim Secreto (trad. Maria de Lourdes Guimarães) e Uma Princesinha (trad. Rita Carvalho e Guerra ) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frances-hodgson-burnett/

Sobre Mademoiselle Fifi e Contos da Galinhola, de Guy de Maupassant




Mademoiselle Fifi não é uma jovem francesa, mas a alcunha de um oficial do exército prussiano que invade a França em 1870.
Durante algum tempo a sua perversa brutalidade desfaz todos os obstáculos que lhe surgem no caminho. Mas um dia, em que partilha com outros oficiais a rotina dos vencedores, decide organizar uma festa com prostitutas normandas. E é então que lhe surge a inesperada resistência dos vencidos.
Neste livro José Saramago traduz trinta e cinco contos de Guy de Maupassant. E, como escreve no prefácio, que fez para os Contos e Novelas do autor de Horla e A Casa Tellier: «Maupassant agita-se neste mundo de dor, de violência, neste mundo sôfrego e inquieto que quer e não sabe o que quer — agita-se violento e violentado como qualquer outro seu irmão de condição, esmagado de mistério e de ansiedade, buscando um sentido de vida, sentindo essa mesma vida fugir-lhe como areia por entre os dedos que quereriam prender tudo, segurar tudo. Truculento, capaz de escárnio, destruidor de conformações morais e sociais, Maupassant não pode afinal reprimir o impulso de amor e piedade que em si despertam os destroços que ele próprio causou. É como se a si próprio se destroçasse, é como se de si próprio se apiedasse.»

Mademoiselle Fifi e Contos da Galinhola (tradução e prefácio de José Saramago) e Bel-Ami (tradução de Miguel Serras Pereira) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/guy-de-maupassant/

Sobre Novelas nada Exemplares, de Dalton Trevisan




«E para nos dar esta Curitiba povoada por estes curitibanos tragicómicos, a um pêlo do pícaro, Dalton Trevisan foi-se à eloquência e cravou-lhe a faca. Ironia, elipse, nenhuma cedência ao romantismo nem ao realismo mágico, aí estão outras armas brancas do escritor, afiadas à secretária-mesa-de-cela-monacal.» [Fernando Assis Pacheco, Prefácio a Cemitério de Elefantes, 1984]

«Provavelmente o maior contista brasileiro do século xx.» [Abel Barros Baptista]

«… as suas curtas e irónicas epifanias atingem a revelação das elípticas personagens de Maupassant e Tchékhov.» [Bruce Allen, Library Journal]

«Todas essas histórias sugerem que Curitiba, ao lado da Macondo de Gabriel García Márquez, deverá em breve surgir nos mapas dos norte-americanos que admiram a arte narrativa da América Latina.» [Alan Cheuse, Los Angeles Times]

Novelas nada Exemplares e outras obras de Dalton Trevisan estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/dalton-trevisan/

Sobre Nós e Outras Novelas, de Evguéni Zamiátin




Deste livro fazem parte a distopia Nós, duas «novelas inglesas» e o romance O Flagelo de Deus, que Zamiátin deixou inacabado.
Nós, a mais conhecida das suas obras, foi escrita em 1920 e publicada em inglês em Nova Iorque em 1925, depois em checo em 1927 e em francês em 1929, tendo influenciado 1984 de Orwell e Anthem de Ayn Rand. Inspira-se na tendência da sociedade inglesa, a economia industrial mais evoluída da época, para a regulamentação e um controlo da vida humana em que não há lugar para a individualidade. Revelou-se profético no que respeita à evolução do regime russo, que apostou na indústria pesada e nos planos quinquenais. Foi escrito na forma do diário de um construtor de uma espécie de nave espacial destinada a levar a «felicidade» aos habitantes de outros planetas. O narrador vê-se, por força das circunstâncias, perante o dilema: continuar a ser uma peça da máquina que é o Estado Único ou arriscar-se a ter sentimentos como amor e compaixão. O regime comunista proibiu a publicação da obra.
O Pescador de Homens é a designação dada pelo autor à personagem desta narrativa, escrita em 1918. A personagem central, marido exemplar e «um dos apóstolos voluntários da Sociedade da Luta contra o Vício», é um caso acabado de hipocrisia.
O Flagelo de Deus, a obra que Zamiátin não chegou a terminar, é uma narrativa histórica de evidente actualidade, decorrendo numa época de migrações e de sensação de catástrofe iminente.


Nós e Outras Novelas (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nos-e-outras-novelas/

Sobre Nós e Outras Novelas, de Evguéni Zamiátin




Deste livro fazem parte a distopia Nós, duas «novelas inglesas» e o romance O Flagelo de Deus, que Zamiátin deixou inacabado.
Nós, a mais conhecida das suas obras, foi escrita em 1920 e publicada em inglês em Nova Iorque em 1925, depois em checo em 1927 e em francês em 1929, tendo influenciado 1984 de Orwell e Anthem de Ayn Rand. Inspira-se na tendência da sociedade inglesa, a economia industrial mais evoluída da época, para a regulamentação e um controlo da vida humana em que não há lugar para a individualidade. Revelou-se profético no que respeita à evolução do regime russo, que apostou na indústria pesada e nos planos quinquenais. Foi escrito na forma do diário de um construtor de uma espécie de nave espacial destinada a levar a «felicidade» aos habitantes de outros planetas. O narrador vê-se, por força das circunstâncias, perante o dilema: continuar a ser uma peça da máquina que é o Estado Único ou arriscar-se a ter sentimentos como amor e compaixão. O regime comunista proibiu a publicação da obra.
O Pescador de Homens é a designação dada pelo autor à personagem desta narrativa, escrita em 1918. A personagem central, marido exemplar e «um dos apóstolos voluntários da Sociedade da Luta contra o Vício», é um caso acabado de hipocrisia.
O Flagelo de Deus, a obra que Zamiátin não chegou a terminar, é uma narrativa histórica de evidente actualidade, decorrendo numa época de migrações e de sensação de catástrofe iminente.


Nós e Outras Novelas (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nos-e-outras-novelas/

20.2.20

Sobre A Invenção da Modernidade, de Charles Baudelaire




«Ao contrário do que é costume na maior parte das antologias de Baudelaire, que tende a separar a crítica de arte da crítica literária, procedi a uma justaposição dos textos sobre arte, literatura e música. Esta justaposição não é mais do que o reconhecimento do modo como Baudelaire transita de um campo artístico para outro, procurando analogias e correspondências (no sentido horizontal, sinestésico, da relação entre os sentidos), que o uso de designações cruzadas entre poeta e pintor exemplifica. “M. Victor Hugo est devenu un peintre en poésie; Delacroix […] est souvent […] un poète en peinture” (Salon de 1846).
O que esta antologia procura mostrar é, pois, um pensamento em processo — e isto é moderno.» [Da Introdução]

Este volume reúne os seguintes ensaios: «Salão de 1846» (excertos), «Da Essência do Riso», «Exposição Universal — 1855 — Belas-Artes», «Edgar Poe, a Sua Vida e as Suas Obras», «Novas Notas sobre Edgar Poe», «Madame Bovary de Gustave Flaubert», «Théophile Gautier», «Salão de 1859», «Richard Wagner e Tannhäuser em Paris», «Reflexões sobre Alguns dos Meus Contemporâneos» (selecção), Carta-Prefácio de Le Spleen de Paris», «O Pintor da Vida Moderna», «Projectos de Prefácios para As Flores do Mal».

A Invenção da Modernidade (tradução de Pedro Tamen) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-invencao-da-modernidade/