30.9.21

Sobre D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes

 



“Não nos rimos dele por muito tempo. As suas armas são a piedade, a sua bandeira a beleza, em todas as situações permanece… gentil, desamparado, puro, generoso e galante. A paródia torna-se um modelo ideal.” [Vladimir Nabokov, em Leituras sobre o D. Quixote]


“Dom Quixote, Falstaff e Emma Bovary representam essas descobertas da consciência; criando-os, na iluminação recíproca do acto criador e do crescimento da coisa criada, Cervantes, Shakespeare e Flaubert chegaram literalmente a conhecer “partes” de si próprios antes insuspeitadas.” [George Steiner]


“Não queria compor outro Quixote — o que é fácil —, mas “o” Quixote. Não vale a pena acrescentar que nunca encarou a possibilidade de uma transcrição mecânica do original; não se propunha copiá-lo. A sua admirável ambição era produzir umas páginas que coincidissem — palavra por palavra e linha por linha — com as de Miguel de Cervantes.”

[Jorge Luis Borges, “Pierre Menard, autor do Quixote”]


D. Quixote de la Mancha (trad. e notas de José Bento) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/d-quixote-de-la-mancha/

A propósito da adaptação de Duna, de Frank Herbert, por Denis Villeneuve, que estreia em Portugal dia 21 de Outubro

 





«Após o sucesso ambíguo de Blade Runner 2049, Villeneuve pegou na maior obra literária de ficção cientifica e vestiu-lhe as suas roupas. Dune, de Denis Villeneuve, é o maior épico da história do cinema em muitos, muitos anos, e provavelmente o melhor filme de ficção científica desde Terminator 2 (1991). Cada cena, cada momento, cada diálogo, é elevado ao expoente máximo do que um épico representa, com uma banda sonora monstruosa (no melhor sentido da palavra) de Hans Zimmer e uma realização soberba de Villeneuve.» [João Miguel Fernandes, Comunidade Cultura e Arte, 17/9/2021: https://comunidadeculturaearte.com/dune-de-denis-villeneuve-a-obra-prima-epica-do-cinema-moderno/]


Duna (trad. Jorge Candeias) e O Messias de Duna (trad. Ana Mendes Lopes) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre Reflexos num Olho Dourado, de Carson McCullers

 



A ação decorre em 1930, numa base militar no sul dos EUA. Reflexos num Olho Dourado conta-nos a história de Penderton, um capitão bissexual. Este fica profundamente transtornado com a chegada do major Langdon, que tem um caso amoroso com Leonora, a sua esposa.

Em 1941, ano em que o romance foi publicado, os críticos reagiram com perplexidade ao tema do livro. Mas um crítico da revista Time escreveu: «Em mãos comuns, este tema daria um livro melodramático. Mas Carson McCullers conta a história com simplicidade, elegância e discernimento.»

O romance forneceu o argumento para o filme homónimo (de 1967), que contou com a interpretação de Elizabeth Taylor e Marlon Brando e com a realização de John Huston.


«A melhor escritora de prosa que o Sul jamais produziu.» [Tennessee Williams]


«Este romance é uma obra-prima (…) tão perfeito e lapidado como A Volta no Parafuso de Henry James.» [Time]


Reflexos num Olho Dourado (trad. Marta Mendonça) e outras obras de Carson McCullers estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/carson-mccullers/

Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, editado na Dinamarca

 





Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, foi publicado este ano na Dinamarca, pela editora Aurora Boreal, com tradução de Tine Lykke Prado.


Jerusalém e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/

Sobre Filosofia da Aventura e Outros Textos, de Georg Simmel

 



Muitas vezes, um acontecimento vulgar transforma-se numa aventura devido à intensidade das tensões e emoções que o acompanham. É apenas um fragmento da vida entre outros, mas pertence a formas que, para lá da contingência dos conteúdos, possuem a força secreta que permite sentir por instantes uma condensação da vida nelas acumulada.


Este volume inclui os ensaios «O Cristianismo e a Arte», «Do Realismo na Arte», «Veneza», «A Ruína. Um Ensaio Estético», «Rodin. Com Uma Nota Prévia sobre Meunier», «Filosofia da Aventura», «A Religião e os Opostos da Vida» e «Metafísica da Morte».


Filosofia da Aventura e Outros Textos (trad. de Helena Topa) e outras obras de Georg Simmel estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/georg-simmel/

Sobre Moby Dick, de Herman Melville

 



«Mas Ahab, quando se dirige à tripulação apelando para que o ajudem na sua demanda vingativa de caçar e matar a invencível Moby Dick, a branca baleia-leviatã, consegue reunir todos à sua volta, incluindo Starbuck, o relutante primeiro-oficial. Independentemente do grau da sua culpa (a escolha da tripulação era livre, ainda que apenas a recusa geral pudesse detê-lo), é melhor pensar no capitão do Pequod como num protagonista trágico, muito próximo de Macbeth e do Satanás de Milton. Na sua obsessão visionária, Ahab tem em si algo de quixotesco, apesar de a sua dureza não ter nada em comum com o espírito de jogo do Quixote.» [Harold Bloom sobre Moby Dick de Herman Melville]


Moby Dick (trad. Alfredo Margarido e Daniel Gonçalves) e outras obras de Herman Melville estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/herman-melville/

29.9.21

Sobre Quem Vê Caras, de Donna Leon

 



Nos livros do commissario Guido Brunetti são frequentes as conversas familiares sobre arte e literatura. Mas em Quem Vê Caras os livros estão no centro da ação como nunca antes aconteceu.

Uma tarde, Brunetti recebe um inquietante telefonema da bibliotecária-chefe de uma prestigiosa biblioteca veneziana. Alguém roubara páginas de diversos livros raros.

O suspeito óbvio parece ser o professor americano que requisitara os volumes. Mas depressa se torna claro que o professor não é quem dissera ser. No decurso da investigação, as suspeitas multiplicam-se quando uma personagem aparentemente inofensiva é brutalmente assassinada e Brunetti é confrontado com a necessidade de saber o que faz de alguém inocente ou culpado.


Quem Vê Caras (trad. Rita Carvalho e Guerra) e outras obras de Donna Leon estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/donna-leon/

Sobre A Segunda Espada, de Peter Handke



 

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: A Segunda Espada, de Peter Handke (tradução de António Sousa Ribeiro)


De regresso a casa depois de uma longa viagem, o protagonista desta narrativa vê-se impelido a partir de novo alguns dias depois. Ao contrário da peregrinação anterior pelo mundo, desta vez encontra-se perante a necessidade de uma acção irrefutável.

“Então é este o semblante de um vingador!”, diz ele para si mesmo, olhando-se ao espelho nessa manhã antes de voltar a partir. Vingança? Por quê? Pela mãe, denunciada num jornal por ter simpatizado com a anexação do seu país pela Alemanha. Vingança de quem? De um jornalista que estaria por detrás destas acusações infundadas, alguém que mora nas colinas dos arredores de Paris.

Só que em Peter Handke nenhum plano pode ser traçado de antemão e nada nele é maniqueísta, não existem heróis nem malditos em estado puro. Quem tem pureza histórica suficiente para ter o direito de atirar a primeira pedra?


“[…] n’A Segunda Espada, ele mantém o suspense até ao fim. Será que o narrador se vai vingar do jornalista? É um jogo literário — não apenas com o que acontece no livro, mas também com o conhecimento da sua própria reputação." [Sebastian Hammelehle, Der Spiegel]


“[…] é um texto literariamente perfeito e espantosamente irritante de auto-exploração.” [Ulrich Kühn, NDR Kultur]


Esta e outras obras de Peter Handke estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/peter-handke/

Sobre Hamnet, de Maggie O'Farrell

 



«A ficção navega entre os espaços deixados pela escassez de informação. No seu esplendor, aproveita-se de um pedaço de verdade e constrói, sobre essa pedra angular, uma realidade possível. 

Quando nessa factualidade existe uma pessoa reconhecível, a atenção inclina-se para o que vai ser dito. Depois, depende da história. Poderá subsistir somente por causa de um nome, ou ser construída em volta desse nome, tornando-o uma sombra.  

O texto mais bem conseguido consegue emancipar a história e generalizá-la quanto baste para caber na vida de todos os leitores. 

Em Hamnet (Relógio d’Água; trad. Margarida Periquito) Maggie O’Farrell (Irlanda do Norte, 1972) depara-se com essas duas opções. E é claro o caminho escolhido. […]

Maggie O’Farrell vingou-se da morte de excelsa forma: pegou na literatura, resgatou o nome e deu-lhe vida.  

“Hamnet” é um dos melhores livros que lerá em 2021 e ficará na sua memória durante muito tempo. É Literatura em elevado grau de pureza.» [Mário Rufino, Comunidade Cultura e Arte, 25/9/2021: https://comunidadeculturaearte.com/hamnet-de-maggie-ofarrell-na-dor-ha-materia-prima/]


Hamnet, de Maggie O’Farrell (trad. Margarida Periquito), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/hamnet/

Sobre Uma Estranha Amizade, de Maria Filomena Mónica

 



«De Maria Filomena Mónica […], especialista nesta matéria, Uma Estranha Amizade, a relação entre Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.

Os dois juntos escreveram, sem assinar, portanto escrevia um uma vez; outro, outra, As Farpas, que é um conjunto de publicações que são a desmontagem dos  últimos tempos da monarquia, entre o sarcasmo… são os mestres do sarcasmo, sendo que são muito diferentes. Eça de Queiroz, um homem conservador, fez a sua evolução, e Ramalho Ortigão aproximou-se até do Integralismo Lusitano, os precursores do fascismo em Portugal, isto já na década de 20, já depois da morte de Eça de Queiroz, e Maria Filomena Mónica conta essa história.» [Francisco Louçã, Tabu, 24/9/2021: https://tinyurl.com/br7cc2j9]


Esta e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/

Aa Farpas e outras obras de Eça de Queiroz estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/eca-de-queiros/

Sobre A Ilha de Sacalina, de Anton Tchékhov






Quando Tchékhov, então um jovem médico, partiu para a ilha de Sacalina em Abril de 1890, ninguém compreendeu as suas motivações. Ele próprio, incapaz de se explicar, falou de mania sachalina.

Nabokov fez-se eco dessa perplexidade: «Normalmente, os críticos que escrevem sobre Tchékhov repetem que acham de todo incompreensível o facto de, em 1890, o escritor ter empreendido uma viagem perigosa e fatigante à ilha de Sacalina para estudar a vida dos condenados aos trabalhos forçados.»

Trata-se, de qualquer modo, do episódio mais estranho da vida de Tchékhov. Tendo decidido investigar aquele lugar maldito, pôs-se a caminho, em condições mais do que precárias. Decidira não se apresentar como jornalista e não possuía qualquer carta de recomendação ou documento oficial. Após dois meses e meio de viagem extenuante, o mais provável era ser obrigado a regressar.

Enfrentou o frio, a chuva, as inundações, e os incêndios, e finalmente lá estava, ao largo da Sibéria, a ilha de Sacalina: «Em redor o mar, no meio o inferno.»


A Ilha de Sacalina (trad. Júlia Ferreira e José Cláudio) e outras obras de Anton Tchékhov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/anton-tcheckhov/

28.9.21

Sobre As Telefones, de Djaimilia Pereira de A

 



«Na obra de ficção de Djaimilia Pereira de Almeida, a temática da relação histórico-social (mas também psicológica, digamos mesmo psicanalítica) entre Portugal e as ex-colónias, sobretudo Angola (onde nasceu), é, por assim dizer, obsessiva. Essa temática desenvolve-se predominantemente através de um estilo coloquial, centrando-se nas histórias das vidas, por vezes trágicas mas também tragicómicas e até rocambolescas, dos lusófonos africanos, antes e depois da guerra colonial e da independência das colónias, histórias quer daqueles que imigraram para Portugal quer dos que decidiram ficar em África. Uma temática centrada frequentemente em questões de identidade e que começa com o primeiro romance, Esse Cabelo (2015), de cariz autobiográfico, intensificando-se e tornando-se mais complexa, a nível das personagens bem como da linguagem, com Luanda, Lisboa, Paraíso (2018).

Em As Telefones trata-se, sobretudo, de uma sequência fragmentária de numerosas e regulares comunicações por telefone, à distância de milhares de quilómetros e ao longo de dezenas de anos, entre Filomena, a mãe, e Solange, a filha, a primeira residindo em Angola e a segunda em Portugal. Ao longo dessas comunicações telefónicas fragmentárias, sem linearidade, ambas tentam captar imagens uma da outra, imagens quer externas (as do corpo) quer interiores (os sentimentos, os pensamentos imediatos, mais ou menos explícitos, a memória). Mas, de facto, tudo nessas comunicações fragmentárias acaba por ser uma abstracção […].» [Álvaro Manuel Machado, Colóquio/Letras, 208, Setembro/Dezembro 2021]


As Telefones e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre Fahrenheit 451 — A Adaptação Autorizada (romance gráfico), de Ray Bradbury e Tim Hamilton

 



«Se, como vimos, Hamilton capta a essência da obra de Bradbury, realizando um trabalho perspicaz na adaptação do argumento, é no grafismo que tem maior liberdade para criar o “seu” Fahrenheit 451. As suas composições de página não são as tradicionais, com as vinhetas a fundirem-se com os bordos das páginas, procurando diversificar as soluções gráficas em cada página, a serviço da história que está a ser contada. Isto confere uma contemporaneidade à obra […].» [Nuno Pereira de Sousa, Bandas Desenhadas, 16/6/2021: https://bandasdesenhadas.com/2021/06/15/ja-vivemos-no-mundo-de-fahrenheit-451/]


Fahrenheit 451 — A Adaptação Autorizada (romance gráfico), de Ray Bradbury e Tim Hamilton, com introdução de Ray Bradbury (tradução de Miguel Serras Pereira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/fahrenheit-451-romance-grafico/

Sobre O Falcão Peregrino, de Glenway Wescott

 



Esta novela descreve os acontecimentos de uma única tarde. Alwyn Tower, um norte-americano expatriado e romancista frustrado, está a viver com uma amiga numa casa de campo em Chancellet, França, quando um casal de ricos e itinerantes irlandeses lhes faz uma visita — com Lucy, o seu falcão amestrado, presença algo inquietante.

Uma obra de uma elegância clássica, O Falcão Peregrino é considerada uma das melhores novelas americanas.


«Na minha opinião, O Falcão Peregrino ombreia facilmente com obras como O Bom Soldado de Ford Madox Ford, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald ou Os Manuscritos de Jeffrey Aspern de Henry James.» [Da Introdução de Michael Cunningham]


«É verdadeiramente uma obra-prima, de forma raramente conseguida ou experimentada nos dias de hoje.» [Christopher Isherwood]


«[Em O Falcão Peregrino] o leitor é constantemente reposicionado, constantemente forçado a ver algo que antes não vira. O mundo de Wescott é autónomo mas precário, e, tal como o verdadeiro, infindavelmente repleto de significado.» [Howard Moss, The New Yorker]


O Falcão Peregrino e Um Apartamento em Atenas, de Glenway Wescott (traduções de José Miguel Silva), estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/glenway-wescott/


27.9.21

Sobre Linha de Sombra, de Joseph Conrad

 



«Aos 19 anos, cheguei a Linha de Sombra. Foi um romance definitivo para mim e continua a ser. Desde então, li-o várias vezes.» [Arturo Pérez-Reverte, ABC Cultural, 25/9/2021]


Linha de Sombra (trad. Maria Teresa Sá, Miguel Serras Pereira) e outras obras de Joseph Conrad estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/joseph-conrad/

Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, de Walter Benjamin

 



«O nome do filósofo cuja vida se extinguiu durante a fuga aos polícias hitlerianos foi adquirindo uma auréola nos quinze anos que decorreram desde a sua morte, apesar do carácter esotérico dos seus primeiros trabalhos e do carácter fragmentário dos últimos.

O fascínio pela sua pessoa e oeuvre leva inevitavelmente a uma atracção magnética ou a uma defesa estremecida. Sob o olhar das suas palavras tudo se transforma como se se tornasse radioactivo. Mas a sua capacidade de distinguir constantemente novos aspectos das coisas — não tanto pelo processo que consiste em romper criticamente as convenções como pelo de relacionar-se com o objecto de acordo com a sua organização interna, como se a convenção nenhum poder tivesse sobre ele — não pode apreender-se seriamente através do conceito de originalidade. Nenhum pensamento original desse homem inesgotável se assemelha a algo sem mistura.» [T. W. Adorno, 1955]


O livro está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/sobre-arte-tecnica-linguagem-e-politica/

26.9.21

Sobre Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin

 



«Eugénio Onéguin apreende-se desde as primeiras estrofes como uma sátira, nunca violenta ou gratuita, mesclada de tristezas. A ironia (e a auto-ironia) da sua linguagem apelam à inteligência e ao espírito crítico do leitor.

A ligeireza da sua fala, que permite uma leitura fácil e sem tensão, combina-se com uma grande profundidade de ideias, exprimidas sempre como que a brincar, com uma enorme abrangência na descrição da realidade — pessoas, lugares, estações do ano, actividades, costumes, vida cultural, etc. Diz Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios com Púchkin: “Uma ligeireza — é a impressão que nos produzem as suas obras, a sensação geral e instantânea. (…) Mal ele apareceu na poesia, a crítica falou da ‘fluência e ligeireza extraordinárias dos seus versos’, de que ‘eles, aparentemente, não lhe custaram trabalho nenhum’.”» [Do Preâmbulo dos Tradutores]


Eugénio Onéguin (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/eugenio-oneguin/

Sobre Lisboa — Livro de Bordo, de José Cardoso Pires

 



“Lisboa é uma cidade de que é fácil gostar. Não recusa nenhum acrescento, absorve-o. ‘Mesmo os aleijões’, dizia Cardoso Pires em entrevista filmada no Jardim do Torel, de câmara assestada à linha do horizonte, de recorte pregueado de telhados subitamente rompido pelo espinho das Torres das Amoreiras. (…) 

Passados 20 anos, a Relógio D’Água reformula o aspecto e o uso do texto. Com razão: continua vigoroso o discorrer, em tons de amor-ódio, sobre a vivência do espaço ancestral; mas a cidade de Cardoso Pires vai-se tornando mais rara de encontrar. Coube à fotografia de José Carlos Nascimento — com vasta utilização da urbe em vários trabalhos — recuperar o que do texto persiste visualmente, para apoio a uma leitura mais referenciável dos novos apaixonados de Lisboa.” [Do Prefácio de Ana Cardoso Pires]


Esta e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/


25.9.21

Sobre Poemas Escolhidos, de T. S. Eliot

 



Os 433 versos de The Waste Land, Ash-Wednesday (1930), Four Quartets (1935 a 1942) e algumas dezenas de breves composições épico-líricas formam o essencial da obra poética de Eliot, o que, em concisão, só tem, na Europa, paralelo em Gottfried Benn.

De resto, a originalidade de Eliot parece estar aí, em apenas ter escrito depois de uma profunda acumulação interior. Mas, ao contrário daqueles que, como Rilke, reduziram, em grande parte, a criação ao momento da contemplação, à elegia, Eliot recorre também à ironia e ao sarcasmo.

Como disse Eugenio Montale: «Eliot chega muitas vezes ao canto a partir do recitativo, ao tom elevado a partir do mais coloquial. É sobretudo um poeta-músico; e não é nunca ou quase nunca (como o era Valéry e o foi muitas vezes Rilke) um neoclássico. Esta é a sua maior modernidade.»


Poemas Escolhidos (tradução de João Almeida Flor, Gualter Cunha e Rui Knopfli)e Ensaios Escolhidos de T. S. Eliot estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/t-s-eliot/

24.9.21

Sobre O Último Magnate, de F. Scott Fitzgerald

 



«A indústria cinematográfica norte-americana é observada de perto nesta obra, estudada com uma atenção cuidadosa e dramatizada com uma ironia acutilante que, em conjunto, não encontramos nenhum outro romance sobre o assunto. O Último Magnate é, de longe, o melhor romance que tivemos sobre Hollywood, e é o único que nos deixa penetrar nos meandros daquela indústria.

(…) Vale a pena ler O Grande Gatsby em ligação com O Último Magnate porque o confronto revela o tipo de coisa que Fitzgerald procurava atingir em obras posteriores». [Da Introdução de Edmund Wilson]


«É lamentável que Scott Fitzgerald não tenha terminado O Último Magnate. Mesmo assim, penso que se irá tornar num daqueles fragmentos literários que de tempos em tempos surgem na corrente cultural e influenciam profundamente os acontecimentos futuros. A sua grande conquista, neste começo de um grande romance, foi que pela primeira vez conseguiu estabelecer uma inabalável atitude moral em relação ao mundo em que vivemos e às suas normas efémeras, que é o fundamento de qualquer poderoso trabalho de imaginação. Um firme padrão ético é algo que a escrita americana tentava alcançar há meio século.» [John Dos Passos]


O Último Magnate (trad. Luzia Maria Martins) e outras obras de F. Scott Fitzgerald estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/f-scott-fitzgerald/

Sobre Como se O Mundo Existisse, de Ana Teresa Pereira

 



Ana Teresa Pereira responde a três perguntas, a propósito do seu mais recente livro, «Como se o Mundo Existisse»


«2-Qual a ideia que esteve na origem desta obra?

R-Não houve uma ideia inicial. Estava a reescrever “As Estátuas”, um conto de que gosto muito, embora o sinta como algo de ameaçador. Já o reescrevi muitas vezes, mas as alterações são mínimas: creio que nesta versão só a imagem do girino é realmente nova. Depois reescrevi “Os Monstros”, o meu segundo conto fantástico, que também tem inúmeras versões. Passei para os contos ligados ao teatro, reli “A Dançarina da Caixa de Música”, que nunca tinha sido publicado. Entretanto, descobri por acaso alguns prefácios, dois publicados, outros de que já nem me lembrava. E contos que saíram em revistas. Fascinou-me a unidade que existia entre esses textos e, ao reescrevê-los, acentuei as repetições, criei novas repetições. Segundo Freud, a repetição é uma fonte de estranheza (tal como o duplo) e ao escrever uso-a por instinto e também deliberadamente. De certa forma, escrever este livro foi juntar pedaços, procurar o lugar deles no puzzle, e vê-los transformar-se, ganhar novos sentidos, alterar o sentido uns dos outros.» [Novos Livros]


Como se o Mundo Existisse e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/ 

Sobre De Quanta Terra Precisa o Homem, de Lev Tolstói

 



«De Quanta Terra Precisa o Homem, de Tolstoi (que Joyce considerava como “a melhor literatura do mundo”), só podia ter sido escrita, no século dezanove, por um russo ou por um americano. É uma parábola da imensidade da terra; não teria feito sentido nem na paisagem de Kent de Dickens, nem na Normandia de Flaubert.» [George Steiner, Tolstoi ou Dostoievski]


De Quanta Terra Precisa o Homem e Outros Contos (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) e outras obras de Lev Tolstói estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/

23.9.21

Sobre Devorar o Céu, de Paolo Giordano (tradução de Margarida Periquito)

 




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Devorar o Céu, de Paolo Giordano (tradução de Margarida Periquito)


Teresa passa os verões da adolescência com a avó e o pai no sul de Itália. É aí que conhece três rapazes que à noite saltaram a sebe para nadarem na piscina de onde vão ser escorraçados.

Fazem parte de uma espécie de seita religiosa, dirigida pelos pais de um deles, e são inseparáveis. Teresa sente-se atraída por Bern, o mais inquieto e desafiador.

É um encontro que a vai arrancar ao seu previsível destino de estudante universitária em Turim e levá-la a viver o amor e o desamor, o entusiasmo e a frustração na busca de uma relação com a natureza e também com o transcendente.

O grupo que formam procura redimir-se através do cultivo ecológico da terra.

O autor de A Solidão dos Números Primos narra-nos a vibrante história de quatro vidas em que se sucedem não só as estações, mas também as ilusões e os desenganos de um ativismo radical.


«Um acontecimento que confirma Giordano como uma das presenças mais eletrizantes da ficção contemporânea.»

[André Aciman, autor de Chama-Me pelo Teu Nome]


«Um romance feroz como a juventude e puro como uma utopia.» [Paolo Cognetti, autor de As Oito Montanhas]


«Perfeito, comovente, honesto, brilhante, e repleto de personagens que se assemelham a amigos de longa data.» [Andrew Sean Greer, vencedor do Prémio Pulitzer]


«Um romance magnânimo.» [The New York Times Book Review]


«Um romance muito corajoso.» [Roberto Saviano, autor de Gomorra]


Esta e outras obras de Paolo Giordano estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/paolo-giordano/

De Antologia, de Pablo Neruda

 



«FAREWELL


1


Do mais fundo de ti, e ajoelhada,

triste como eu, uma criança fita-nos.


Pela vida que arderá nas suas veias

teriam que amarrar-se nossas vidas.


Por essas mãos, filhas de tuas mãos,

até as minhas, um dia, matariam.


Por seus olhos abertos sobre a terra

nos teus verei lágrimas, um dia.» [p. 31]


Antologia (selecção e tradução de José Bento) e outras obras de Pablo Neruda estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/pablo-neruda/

Sobre Psicopatologia da Vida Quotidiana, de Sigmund Freud

 



Freud aborda pela primeira vez o problema de uma psicopatologia da vida quotidiana em carta ao seu amigo Fliess em 1898, em que lhe relata a análise do esquecimento de um nome, o do poeta Julius Mosen.

Os exemplos de erros e lapsos analisados por Freud em «Psicopatologia da Vida Quotidiana», muitos deles retirados da sua própria experiência, serviram para a divulgação da psicanálise. 

O livro criou, com efeito, um traço de união entre a patologia e a psicologia normal do ser humano, até aí divididas.


Psicopatologia da Vida Quotidiana (trad. José Marinho) e outras obras de Sigmund Freud estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/sigmund-freud/

Sobre O Livro de Cozinha de Apício

 



«Convicta de que todo o texto ganha em sentido quando sujeito a diálogo com outros textos do mesmo universo temático, procurei situar o tratado de Apício no conspecto da cozinha e da alimentação romanas. Registei também o contributo da cozinha grega, e, em menor escala, da oriental, e até, quando pertinente, certos vestígios deixados pela gastronomia romana nos hábitos alimentares europeus. As pesquisas apoiam-se nos testemunhos antigos, gregos e latinos, e na autoridade de alguns dos mais reputados estudiosos contemporâneos.» [Das Palavras Prévias]


O Livro de Cozinha de Apício (introdução, tradução e comentários de Inês de Ornellas e Castro) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-livro-de-cozinha-de-apicio/

22.9.21

Sobre O Sul seguido de Bene, de Adelaida García Morales

 



O volume inclui duas novelas, a primeira das quais, O Sul, deu origem a um filme realizado por Víctor Erice.

Tanto O Sul como Bene se caracterizam por um magnetismo narrativo baseado na especial capacidade de Adelaida García Morales para envolver numa aura de mistério a ausência de personagens masculinas ausentes.

Movendo-se no território da pureza amoral da adolescência, as narrativas percorrem caminhos pouco habituais na ficção espanhola.

Como escreveu Ángel Fernández-Santos, «O Sul é uma das narrativas de amor mais originais na sua poderosa simplicidade».


O Sul seguido de Bene (trad. Hélia Correia) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-sul-seguido-de-bene/

Sobre 1984, de George Orwell e Xavier Coste (tradução de Miguel Serras Pereira)

 




Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: 1984, de George Orwell e Xavier Coste (tradução de Miguel Serras Pereira)


Na versão de Xavier Coste, 1984 de George Orwell torna-se ainda mais ameaçador e atual.


«Uma adaptação audaciosa.» [Le Monde]


«Xavier Coste conseguiu o impossível, adaptando magnificamente a BD este romance de culto.» [Canal BD]


«Uma versão perturbante e terrífica.» [BoDoï]


Esta e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/

Sobre A Ilha do Doutor Moreau, de H. G. Wells

 



«Na minha opinião, a precedência dos primeiros romances de Wells — A Ilha do Doutor Moreau, por exemplo, ou O Homem Invisível — deve-se a uma razão mais profunda. Não só é engenhoso o que referem; é também simbólico de processos que de certo modo são inerentes a todos os destinos humanos. O acossado homem invisível, que tem de dormir como que com os olhos abertos porque as suas pálpebras não excluem a luz, é a nossa solidão e o nosso terror; a seita de monstros sentados que fanhosamente recitam na sua noite um credo servil é o Vaticano e é Lassa. A obra que perdura é sempre capaz de uma infinita e plástica ambiguidade.» [Jorge Luis Borges, em Outras Inquirições]


A Ilha do Doutor Moreau (trad. de Inês Dias) e outras obras de H. G Well estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-wells/

Sobre A Morte de Virgílio, de Hermann Broch

 



A Morte de Virgílio é um dos maiores romances do século xx, uma vasta meditação lírica que exprime inquietação sobre a morte, o sentido da vida e a possibilidade de conhecer o mundo.

Construído com um monólogo interior em que se entrecruzam tempos e espaços, o livro tem um estilo em ruptura com as normas narrativas tradicionais. 

Foi a própria morte do poeta Virgílio que serviu de ponto de partida à elaboração desta obra de concepção sinfónica. Virgílio morreu aos 51 anos, em Brindisi, a 21 de Setembro do ano 19 a. C., no regresso de uma viagem à Grécia, onde contraíra malária. Desiludido com o seu tempo, quis, no decurso dos seus últimos dias, destruir o manuscrito da Eneida.

O livro começa com a chegada da frota romana ao porto de Brindisi, levando consigo o poeta já moribundo, enquanto em terra se preparam os festejos que hão-de acolher o imperador.


«A Morte de Virgílio, uma das obras maiores do nosso tempo, tenta vitalizar a linguagem através da lógica contrapontística e das simultaneidades dinâmicas da música. Mais radicalmente do que Joyce, Broch subverte a organização temporal e a progressão linear sobre as quais a ficção em prosa habitualmente se constrói. O seu estilo tem um sortilégio inquietante. (…) A escrita contemporânea ainda mal começou a explorar as sugestões de Broch.» [George Steiner, em Literatura e Pós-História]


De Hermann Broch a Relógio D’Água editou também Os Sonâmbulos. Os livros estão disponíveis aqui: https://relogiodagua.pt/autor/hermann-broch/

21.9.21

Sobre A Chama, de Leonard Cohen

 



A Chama, de Leonard Cohen, é um legado de poemas, canções, desenhos e versos dispersos, às vezes registados em cadernos de apontamentos e até guardanapos de papel. 

É uma despedida deliberada, que evita os sentimentalismos.

Pouco antes da sua morte em novembro de 2016, Leonard Cohen disse em entrevista: «Estou preparado para morrer. (…) A certa altura, e se estás ainda na posse das tuas capacidades, (…) tens de aproveitar a oportunidade para deixar tudo em ordem. Talvez seja um cliché, mas subestima-se o seu poder analgésico. Deixar tudo em ordem, quando se pode fazê-lo, é uma das atividades mais reconfortantes, e os benefícios são incalculáveis.»

Esta despedida de Cohen, que recolhe textos já publicados e inéditos, evidencia a variedade dos talentos de um romancista, poeta e cantor singular, lírico e filosófico, terno e corrosivo, feroz e generoso. Inclui novos poemas sobre a guerra, o arrependimento e a amizade, as letras das canções dos seus últimos quatro álbuns, fragmentos dos cadernos que guardou desde a adolescência e uma série de autorretratos e outros desenhos.

No conjunto, reflete uma sensibilidade que oscila entre o carnal e o místico, a melancolia e o apego à vida, a irreverência e o ceticismo, o perfil de alguém que enfrentou a morte com a mesma inteireza com que viveu.


A Chama (trad. Inês Dias) e outras obras de Leonard Cohen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/leonard-cohen/

Karen, de Ana Teresa Pereira, publicado na República Checa

 





Karen, de Ana Teresa Pereira, que recebeu o Prémio Oceanos 2017, foi este ano editado na República Checa. A obra foi publicada pela editora Triáda, com tradução de Anny Tietzové.


Karen e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em

https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

Sobre Viagens, de Stefan Zweig

 



Para Stefan Zweig, viajar implicava uma entrega ao acaso, a capacidade de acolher o extraordinário, uma espécie de criação que combinava a realidade com as afinidades do viajante.

Escrito na primeira metade do século XX, este livro leva-nos de Sevilha a Salzburgo, passando por Bruges, Arles, Lemberg, os jardins ingleses, o mítico hotel Schwert e a feira gastronómica de Dijon.

Estas narrativas surgem-nos hoje como crónicas sentimentais de uma Europa tranquila, mas pressentindo por vezes os tempos sombrios que viriam com a Segunda Guerra Mundial.


Viagens (tradução de Ana Falcão Bastos) e outras obras de Stefan Zweig estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/stefan-zweig/