27.2.17

Elena Ferrante, a única certeza em França e na Alemanha




É sabido que são incertas as perspectivas para as próximas eleições presidenciais e legislativas em França e na Alemanha.
A única certeza em ambos os países é, neste momento, a preferência dos leitores pela tetralogia napolitana de Elena Ferrante.
O segundo e o terceiro volumes, História do Novo Nome e História de Quem Vai e de Quem Fica, ocupam os primeiros lugares dos tops de vendas em ambos os países, de acordo com as revistas Lire e Der Spiegel.

A chegar às livrarias: A Ilha do Doutor Moreau, de H. G Wells (trad. de Inês Dias)




«Na minha opinião, a precedência dos primeiros romances de Wells — A Ilha do Doutor Moreau, por exemplo, ou O Homem Invisível — deve-se a uma razão mais profunda. Não só é engenhoso o que referem; é também simbólico de processos que de certo modo são inerentes a todos os destinos humanos. O acossado homem invisível, que tem de dormir como que com os olhos abertos porque as suas pálpebras não excluem a luz, é a nossa solidão e o nosso terror; a seita de monstros sentados que fanhosamente recitam na sua noite um credo servil é o Vaticano e é Lassa. A obra que perdura é sempre capaz de uma infinita e plástica ambiguidade.» [Jorge Luis Borges, em Outras Inquirições]

Nos 100 anos do nascimento de Carson McCullers





Com a edição de O Coração É Um Caçador Solitário e agora de A Balada do Café Triste, a Relógio D’Água celebra o centenário do nascimento de Carson McCullers, nascida em Columbus, no estado norte-americano da Georgia, em 19 de Fevereiro de 1917.
O seu nome de baptismo era Lula Carson Smith e os seus pais eram donos de uma joalharia. Desde muito jovem revelou talento musical, havendo ecos dessa vocação em alguns dos seus contos. Mas uma doença reumática limitou as suas possibilidades de uma carreira como pianista.
Aos 17 anos escreveu o seu primeiro conto, «Sucker», e partiu para Nova Iorque para estudar música e teatro e frequentar a universidade. Em 1936 saiu, na revista Story, o conto «Wunderkind». Em 1940 publicou o que viria a ser considerado um dos seus melhores romances, O Coração É Um Caçador Solitário, revelando uma surpreendente maturidade. Em 1941 editou Reflexos nuns Olhos de Ouro. Frankie e o Casamento surgiu cinco anos mais tarde e foi adaptado ao cinema e ao teatro na Broadway, recebendo, em 1950, o prémio de melhor peça do ano. A novela A Balada do Café Triste saiu em 1951.
Carson McCullers teve um agitado casamento com Reeves McCullers, que considerava «o homem mais belo que alguma vez vira». Relacionou-se também com algumas das personalidades literárias e cinematográficas mais interessantes da sua época, como Richard Wright, Isak Dinesen, John Huston, Marilyn Monroe e Djuna Barnes, por quem teve uma paixão não correspondida.
Carson McCullers deixou uma autobiografia incompleta, Illumination and Night Glare. Numa entrevista que concedeu no Plaza Hotel, no dia do seu último aniversário, revelou as razões que a levaram a escrevê-la. «Penso que é importante para as gerações futuras saber porque é que fiz certas coisas, e isso é também importante para mim. Tornei-me rapidamente uma figura literária conhecida, sendo demasiado jovem para compreender o que me estava a acontecer ou a responsabilidade que implicava. Senti uma espécie de terror sagrado. Foi isso que, combinado com a minha doença, cedo me destruiu.  Talvez, se registar em preservar para outras gerações o efeito que o êxito teve em mim, permita que futuros artistas aceitem melhor o facto.»
Carson McCullers morreu em Nyack, em Nova Iorque, em 1967.

Sobre Karen, de Ana Teresa Pereira




«Também no seu mais recente livro, Karen, Ana Teresa Pereira tematiza a ideia de um outro/uma outra —, levando até aos limites do concebível, do exprimível, a tensão que faz cruzar os corpos e as mentes com os seus pares, lá onde se tocam como tecido sobre pele. Uma luz a travessar uma cortina. Algo assim que pareça real, mas seja, no fundo, a dúvida de toda a irrealidade. A trama de Karen lembra Rebecca, o romance de Daphne du Maurier, e a película homónima de Hitchcock inspirada no livro. A chegada da personagem feminina à moradia antes ocupada por uma outra mulher (ou a mesma?), o misterioso viúvo, a governanta da casa, o ambiente de mistério que cerca e nubla os passos de todos estes seres são condicionalismos e estimulantes na leitura deste romance.» [Hugo Pinto Santos, Público, ípsilon, 24/2/2017]

22.2.17

No vigésimo aniversário da morte de António Gedeão




Fez no passado dia 19 de Fevereiro vinte anos que morreu Rómulo de Carvalho.
Como Rómulo de Carvalho, foi autor de diversas obras de divulgação científica, como A Física no Dia-a-Dia ou A Ciência Hermética.
Aos 50 anos escreveu o seu primeiro livro de poesia, intitulado Movimento Perpétuo. Seguiram-se, entre outros, Teatro do Mundo, Máquina de Fogo, Linhas de Força, Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.
Rómulo de Carvalho foi também um professor e pedagogo de referência. Ensinou Física e Química, disciplinas em que se formou na Universidade do Porto, em Lisboa, desde 1934, em Coimbra durante sete anos, e depois novamente em Lisboa, onde se reformaria em 1974.
Foi ainda historiador, devendo-se-lhe a História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano.
Divulgou a ciência, com obras como Cadernos de Iniciação Científica e A História dos Balões, ou Memória de Lisboa.
A sua Obra Completa de poesia está publicada na Relógio D'Água, assim como a maioria dos seus livros de divulgação científica.
Rómulo de Carvalho foi casado com a romancista Natália Nunes e pai da contista e romancista Cristina Carvalho e de Frederico de Carvalho.
Em 1996, viu publicamente reconhecida a sua obra, quando o Governo português instituiu o dia do seu aniversário, 24 de Novembro, como o Dia Nacional da Cultura Científica.

Sobre Desobediência Civil, de Hannah Arendt




«Este ensaio constrói-se por meio de uma apertada malha de referências, interligando dois fios condutores: a lei e as ciências sociais. Hannah Arendt forja, com enorme segurança e elasticidade, um fundo teorético que sustenta cabalmente as suas asserções. Esta base, filha de um estudo aturado dos princípios e das regulações que organizam a sociedade e a civilização — «artefacto criado pelo homem para alojar sucessivas gerações» (p.37) –, permitiu à autora, sem riscos de demagogia, fazer a apologia da desobediência civil, para a qual defende um «nicho constitucional» (p.42) e mesmo o «estabelecimento da desobediência civil entre as nossas instituições políticas» (p.59). É, precisamente, por se ter posicionado de tal forma dentro da esfera legal que Arendt pode fazer a vindicação de um posicionamento que subverte a lei. Ao estudar e analisar os limites e contradições do sistema judicial americano, pois é dele que se trata (embora se estudem raízes que recuam à filosofia continental), Arendt detecta as brechas, as lacunas que podem, argúi, ser preenchidas por uma atitude sobremaneira alternativa, a da desobediência civil.» [Hugo Pinto Santos, Caliban, 12/2/17]

21.2.17

Sobre Os Prazeres dos Lugares Inóspitos, de Robert Louis Stevenson









« (…) Robert Louis Stevenson, era um viajante entusiástico, curioso e desejoso de compreender o desconhecido. Em 1878, empreendeu uma viagem pelas Cevenas, uma cadeia montanhosa no centro-sul de França, acompanhado por um burro. De facto, por uma burra, a que deu o nome de Modestine.
Pouco antes, numa das suas frequentes viagens a Paris, o jovem flâneur e boémio Stevenson conhecera e apaixonara-se por uma norte-americana, Fanny Osborne, mais velha onze anos e casada com um advogado do Kentucky. Desanimado com o regresso de Fanny à América, empreende esta caminhada de 120 milhas, que relata por escrito com o fito de ganhar algum dinheiro rapidamente. Stevenson usa Modestine para carregar a bagagem – e, a partir de certa altura, apenas parte da bagagem – enquanto o escocês percorre o itinerário a pé. “Viagens com Uma Burra pelas Cevenas” (“Travels with a Donkey in the Cévennes”, no original, publicado em 1879) rapidamente adquiriu o estatuto de clássico da literatura de viagens e Modestine, essa burra tímida e teimosamente lenta, tornou-se uma das suas mais memoráveis personagens.
(…)
A viagem com Modestine está incluída em “Os Prazeres dos Lugares Inóspitos”, que é o título do texto que antecede o relato da viagem e que serve como uma espécie de introdução ao sentido de lugar que o autor defende, e é o mais recente título da coleção de viagens da Relógio d’Água.» [Sugestão da livraria Palavra de Viajante no Jornal Económico, 4/2/17]

De Robert Louis Stevenson, a Relógio D’Água publicou O Estranho Caso do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde e A Ilha do Tesouro.

20.2.17

A chegar às livrarias: Crónica de Um Vendedor de Sangue, de Yu Hua (trad. do original de Tiago Nabais)








Um dos livros mais influentes das últimas décadas na China, este romance, escrito por um dos mais importantes autores chineses contemporâneos, narra-nos como foi viver sob o governo do presidente Mao.
Xu Sanguan, um distribuidor de casulos de uma fábrica de seda, aumenta o seu magro salário através de visitas ao chefe do sangue. Enquanto luta para sustentar a esposa e os três filhos, as suas visitas tornam-se perigosamente frequentes.
Quando descobre que o seu filho predileto nasceu de um caso entre a esposa e um vizinho, Xu Sanguan vê a sua vida desmoronar-se. Ao mesmo tempo, a sua esposa é publicamente acusada de prostituição. Perante tamanhas indignidades, Xu Sanguan encontra refúgio nos laços de sangue da sua família. Crónica de Um Vendedor de Sangue, romance escrito com rara intensidade emocional, tece os fios da vida humana através da narração dos dias de um homem comum.

«Comovente… estruturado com mestria e de uma escrita sublime. Um romance que absorve o leitor e constantemente o faz parar para pensar.»
[The Boston Globe]

«Um acontecimento literário raro… Xu Sanguan é uma personagem que define não apenas uma geração mas a alma de um povo.»
[The Seattle Times]

Sobre Dias Birmaneses, de George Orwell (trad. Alda Rodrigues)




«A acção de Dias Birmaneses — centrada num desses “clubezinhos assombrados por Kipling”, um desses clubes reservados a europeus e que, como “em qualquer cidade da Índia”, são “o verdadeiro baluarte espiritual, a verdadeira sede do poder britânico” — decorre em meados dos anos 20 do século passado. A cidade fictícia, numa das margens do rio Irauádi, tinha “cerca de quatro mil habitantes, incluindo duas centenas de indianos, umas quantas dezenas de chineses e sete europeus”. O quotidiano é sufocante — literal e metaforicamente —, mesquinho, venenoso, e não há, praticamente, nenhuma personagem desenhada para nos inspirar empatia, nem do lado dos colonizadores nem do lado dos colonizados. Aliás, uma das personagens memoráveis do romance (a outra sendo Flory) chama-se U Po Kyin, um magistrado local que é o epítome de um vilão maquiavélico e corrupto. A sua amoral e perversa ambição é tão exacerbada que chega a parecer caricatural, mas é decisiva para propulsar a acção e o seu desenlace. Nascido para perder, Flory, o protagonista, é ambivalente, podendo até suscitar a nossa compaixão.» [Mário Santos, Público, Ípsilon, 17/2/2017]

16.2.17

A chegar às livrarias: A Associação das Pequenas Bombas, de Karan Mahajan (trad. de Alda Rodrigues)






«Um bom atentado bombista começa em todo o lado ao mesmo tempo.»

Num dia quente, em maio de 1996, uma bomba explode dentro de um carro parado num mercado em Deli. Era apenas uma “pequena” bomba, porém suficiente para matar os dois rapazes Khurana. Um amigo deles, Mansoor, sobrevive à explosão, sofrendo no entanto os efeitos físicos e psicológicos. Depois de passar um período conturbado numa universidade na América, Mansoor regressa a Deli, onde se envolve com um misterioso e carismático ativista de nome Ayub.
Mas Mansoor não foi o único afetado pela bomba. O casal Khurana vê-se preso numa labirinto de batalhas legais, desesperando por alguma forma de justiça que amenize a sua mágoa. O jovem fabricante de bombas, Shockie, numa luta pela independência da sua terra — Kashmiri —, está também em Deli no mesmo dia, acabando por ser associado à explosão da bomba.
Humano e lúcido em igual medida, A Associação das Pequenas Bombas aborda o assunto mais urgente dos dias de hoje com enorme empatia. Karan Mahajan descreve os efeitos do terrorismo, tanto nas vítimas como nos seus perpetradores, provando ser um dos romancistas mais provocantes e dinâmicos da sua geração.

«Em tempos contemporâneos e sombrios, Mahajan mostra-nos uma visão estereoscópica da realidade.» [Rachel Kushner]

«Um livro invulgar — erudito, sensível e generoso.» [Jim Crace]

«Um sucesso distinto e brilhante.» [Norman Rush]

No Logo, de Naomi Klein, um dos 10 livros da vida de Vhils






«Uma excelente, fascinante e atual reflexão sobre a cultura do consumismo.» [Vhils, Revista Estante, Inverno]

15.2.17

Sobre Roma, de Nikolai Gógol



«Fragmento de um romance nunca terminado, este capítulo de Gógol sabe a pouco. (…) O jovem aristocrata que fora despachado a Paris, para sua educação, depressa descobre que a cidade não passava de uma “vinheta brilhante”, um “vaudeville ligeiro” e inconsequente. Regressado a casa por morte paterna, lança-se na aventura de descobrir a sua cidade que desconhecia e a história de antanho que o desperta para o presente. Todavia, mais que arte em geral, igrejas e palácios, o que lhe importa são as gentes, vibrantes e jocosas, possuidoras de um saber antigo que nunca virá dos livros.» [José Guardado Moreira, Expresso, E, 11/2/2017]

14.2.17

Sobre O Universo ao Alcance da Mão, de Christophe Galfard




«Christophe Galfard doutorou-se em Física Teórica pela Universidade de Cambridge, onde trabalhou com Stephen Hawking. Nesta viagem “pelo espaço, tempo e mais além”, escrita numa linguagem acessível a leigos, conduz-nos às  fronteiras atuais do conhecimento em várias áreas, da Mecânica Quântica aos multiversos. Os assuntos abordados são muito complexos, mas a forma como os explica não podia ser mais simples.» [Expresso, E, 11/2/17]

A chegar às livrarias: Sobre o Poder, de Byung-Chul Han



Neste livro, Byung-Chul Han propõe-se elaborar um conceito de poder capaz de integrar as conceções divergentes que sobre ele habitualmente temos.
E, no entanto, retirar ao poder a sua ambiguidade não é tarefa simples.
É que em torno do conceito de poder continua a imperar o caos teórico. Sendo por um lado um fenómeno aparentemente óbvio, designadamente na tradição marxista, é para várias correntes políticas qualquer coisa de obscuro. Sendo para alguns sinónimo de opressão e de domínio de classe, é para outros um elemento construtivo da comunicação e uma espécie de árbitro.
Associado tanto à liberdade como à coerção, ao direito como à discricionariedade, este conceito só pode beneficiar de uma tentativa de análise que tenha em conta os seus elementos estruturais internos e as diversas formas em que se manifesta.

Sobre Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole




A edição de Inverno da revista Estante da FNAC, no artigo dedicado aos 100 anos do Pulitzer, destaca Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole:

«Deprimido por não conseguir editora para esta comédia sobre um homem que se dedica a denunciar as falhas da sociedade, John Kennedy Toole acabou por se suicidar. Não sonhava que o livro lhe valeria um Pulitzer a título póstumo.»

10.2.17

Sobre Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke (trad. José Miranda Justo)




«As dez “Elegias de Duíno” (1923) começaram a ser escritas em 1912, no castelo de Duíno, perto de Trieste, e foram terminadas, em poucos dias, no ano de 1922, no Castelo de Muzot, na Suíça. Protegido por amigos,m patronos e aristocratas, o inquieto austríaco Rainer Maria Rilke pôde assim criar, primeiro demoradamente e depois num período triunfal, uma das mais importantes sequências líricas do modernismo, um dos textos que fizeram da “dificuldade” a fundação de uma nova poética.
Pode dizer-se que os poemas que Rilke tinha publicado uns anos antes, concisos, quase imagistas, eram mais modernos, mas as “Elegias” inventam uma modernidade intemporal de cunho neo-romântico.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 4/2/2017]

9.2.17

A chegar às livrarias: O Coração É Um Caçador Solitário, de Carson McCullers (trad. de Marta Mendonça)






O Coração É Um Caçador Solitário foi o primeiro livro escrito por Carson McCullers, quando tinha 23 anos.
Depressa se tornou uma referência na literatura do século xx.
No sul dos Estados Unidos, numa vila da Georgia nos anos 30, num cenário desolado de intolerância racial e isolamento, John Singer, um surdo-mudo, torna-se de súbito confidente de um grupo de personagens marginais quando o seu único amigo, também surdo-mudo, é institucionalizado.
Mick Kelly é uma adolescente, apaixonada pela música, sonha compor sinfonias e é filha dos proprietários da pensão onde Singer vive; Jake Blount é um agitador socialista que passa os dias alcoolizado; Biff Brannon é o desiludido proprietário de um pequeno café com desejos sexuais ambíguos; e Benedict Copeland é um médico negro que luta, em vão, pela igualdade racial. Todos sentem que não encaixam nos papéis que a sociedade lhes reservou, todos procuram à sua maneira preencher o vazio deixado pelos sonhos perdidos — e todos, por algum motivo, acham que Singer os compreende.
Mas o impassível Singer procura apenas em cada visita arrancar o seu amigo à indiferença…

«Um livro notável… A escrita de McCullers é apaixonante.» [The New York Times]

«… a obra de Carson McCullers não se eclipsará com o tempo, antes irradiará cada vez com maior fulgor.» [Tennessee Williams]

Um dos 100 melhores livros do século xx segundo a Time Magazine.

8.2.17

A chegar às livrarias: Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare (trad. Maria Cândida Zamith)



«A grandeza de uma peça — assim como de qualquer texto literário — fica confirmada se, a cada nova leitura, lhe encontramos mais mérito e significado. Assim acontece com Sonho de Uma Noite de Verão que, depois de atravessar períodos de esquecimento ou mesmo quase desprezo por parte de críticos, encenadores e público, tem vindo a consolidar uma popularidade de diferentes matizes mas sempre crescente e a firmar-se como “uma das maiores peças teatrais da literatura, e, se examinarmos a sua forma dramática, vemos que representa um avanço ousado em novas direcções” (Clemen).» [Da Introdução]

«Eu próprio estou disposto a afirmar que o Sonho de Uma Noite de Verão é a melhor comédia de Shakespeare.» [Frank Kermode]

«Sob todos os pontos de vista, o Sonho de Uma Noite de Verão é uma peça perfeita.» [Ralph Richardson]

«Um dos triunfos cómicos [de Shakespeare], nem sequer igualados por Molière.» [Harold Bloom]

«Um Shakespeare na plena posse das suas possibilidades únicas.» [Giuseppe Tomasi di Lampedusa]

7.2.17

Sobre A Estrada, de Cormac McCarthy




A edição de Inverno da revista Estante da FNAC, no artigo dedicado aos 100 anos do Pulitzer, destaca A Estrada, de Cormac McCarthy:

«Parece, à partida, um vencedor pouco comum para o Pulitzer, mas a escrita de Cormac McCarthy dá um sabor distinto a este romance pós-apocalíptico sobre um homem e o seu filho que vagueiam pelos escombros de um mundo sem esperança.»

6.2.17

A chegar às livrarias: A Ideia da Europa, de George Steiner (trad. de José Miguel Silva)





Neste livro, George Steiner avalia a Europa de vários ângulos. “A Europa”, escreve, “é o lugar onde o jardim de Goethe quase faz fronteira com Buchenwald, onde se encontra a casa de Corneille confina com o mercado onde Joana d’Arc foi horrivelmente executada.”
É, por outras palavras, um continente rico em contradições, cheio de tensões culturais, sociais, políticas, económicas e religiosas que o têm separado, mesmo nas alturas em que procura unificar-se.
Mas o que espera um continente cujas fronteiras se alargam e em que o poder económico cresce à medida que a sua identidade cultural retrocede? Um continente em que, nas palavras do autor, um jovem inglês “opta por colocar David Beckham acima de Shakespeare e Darwin na sua lista de tesouros nacionais”?
Estes são os temas que Steiner explora, de forma brilhante, em A Ideia de Europa.

Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee




A edição de Inverno da revista Estante da FNAC, no artigo dedicado aos 100 anos do Pulitzer, destaca Mataram a Cotovia, de Harper Lee:
«Um homem negro é condenado por violação e um advogado é apontado para o defender neste clássico do gótico sulista que tem o racismo como tema central.»

Sobre Bob Dylan




No Público de 2 de Fevereiro, Miguel Esteves Cardoso escreve sobre Bob Dylan: https://www.publico.pt/2017/02/02/culturaipsilon/noticia/-o-dylan-do-futuro-1760495

Do último Prémio Nobel de Literatura, a Relógio D’Água publicou Canções I e II, Tarântula e Crónicas, volume 1.

3.2.17

Sobre Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires




A edição de Inverno da revista Estante da FNAC, no artigo dedicado aos clássicos dos anos 80, destaca Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires:

«No arranque dos anos 60 em Portugal, é investigado o assassinato de um militar preso por tentativa de rebelião contra o regime salazarista.»

De José Cardoso Pires, a Relógio D’Água publicou também Celeste & Làlinha, O Delfim, O Anjo Ancorado, Alexandra Alpha e De Profundis, Valsa Lenta.

Sobre Veneza, Um Interior, de Javier Marías




Carlos Vaz Marques falou sobre Veneza, Um Interior, de Javier Marías, no programa Livro do Dia de 27 de Janeiro, na TSF.
O programa pode ser ouvido aqui.

Sobre Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole




A edição de Inverno da revista Estante da FNAC, no artigo dedicado aos clássicos dos anos 80, destaca Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole:

«Ignatius J. Reilly tem 30 anos e vive com a mãe. Na luta para encontrar ume emprego digno, é alvo de conspirações por parte de um pitoresco elenco de personagens.»

2.2.17

A chegar às livrarias: «Vislumbres da Índia», de Octavio Paz (trad. José Colaço Barreiros)







«Ao anoitecer, regressei ao hotel, rendido. Jantei no quarto, mas a minha curiosidade era mais forte que o cansaço e, após outro banho, lancei-me de novo à cidade. Encontrei muitos vultos brancos deitados nos passeios: homens e mulheres que não tinham casa. Apanhei um táxi e percorri zonas desertas e bairros populosos, ruas animadas pela dupla febre do vício e do dinheiro. Vi monstros e cegaram-me relâmpagos de beleza. Deambulei por ruelas infames e assomei a bordéis e barracões: putas pintalgadas e gitões com colares de vidro e saias de cores garridas. Vagueei por Malabar Hill e os seus jardins serenos. Caminhei por uma rua solitária e, no fim, uma visão vertiginosa: lá em baixo o mar negro batia nas rochas da costa e cobria-as com um manto fervilhante de espuma. Apanhei outro táxi e voltei às redondezas do hotel. Mas não entrei; a noite atraía-me e decidi dar outro passeio pela grande avenida que bordejava os cais. Era uma zona de calma. No céu ardiam silenciosamente as estrelas. Sentei-me ao pé de uma grande árvore, estátua da noite, e tentei fazer um resumo do que tinha visto, ouvido, cheirado e sentido: enjoo, horror, espanto; assombro, alegria, entusiasmo, náuseas, invencível atração.»

1.2.17

Sobre Walden e Ktaadn, de Henry David Thoreau




Carlos Vaz Marques falou sobre Walden e Ktaadn, de Henry David Thoreau, no Livro do Dia da TSF. O programa pode ser ouvido aqui.

Sobre Rebuçados Venezianos, de Maria Filomena Molder




«Singular é também o discurso de Maria Filomena Molder sobre as obras de arte: há nele o treino e a armadura da disciplina filosófica, mas há uma forma de pensar que parece antes satisfazer aquele requisito hofmannsthaliano de um pensamento sem conceitos. Quando os filósofos escrevem sobre arte, quase sempre seguem o ideal dos conceitos. Nos casos mais extremos, é como se as obras de arte fossem uma ilustração ou representação de filosofemas. Esse discurso pode ser muito interessante e ter um grande alcance, mas serve um outro fim que não é o de revelar a vida intensiva das obras — missão que cabe ao discurso crítico. Que a experiência estética é um aspecto do não-conceptual, é uma questão cheia de consequências que surge explicitada várias vezes ao longo deste livro.» [António Guerreiro, Público, ípsilon, 27/1/17]