31.5.21

Sobre A Princesa de Clèves, de Madame de Lafayette

 



A Princesa de Clèves (1678) é a história de uma luta interior entre a razão e o efeito devastador da paixão. Ou, se se preferir, a história do conflito entre a força asfixiante dos costumes e a exuberante espontaneidade dos sentimentos. 

Desde o primeiro encontro com o duque de Nemours, por quem se apaixona, até à recusa final desse amor proibido, a senhora de Clèves assiste lucidamente à derrocada de um mundo que a sua virtude em vão tenta conservar.

Precursor do romance de análise psicológica, este texto improvável, fruto da imaginação de uma mulher do século XVII, traz a novidade de transformar a análise e a introspeção em mecanismos de progressão da narrativa, marca que a modernidade em muito lhe fica a dever.


«A Princesa de Clèves e Zayde foram os primeiros romances em que os hábitos das pessoas honestas e as aventuras naturais foram descritos com graciosidade. Antes de Madame de Lafayette, escrevia-se com um estilo empolado coisas pouco verosímeis.» [Voltaire]


«A sua simplicidade real vê-se na sua conceção do amor; para Madame de La Fayette, o amor é um perigo. É o seu postulado. E o que se sente no seu livro é que existe uma constante desconfiança a respeito do amor (o que é o contrário da indiferença).» [Albert Camus]


A Princesa de Clèves (trad. João Moita) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/madame-de-lafayette/

Sobre Discurso sobre a Felicidade, de Madame du Châtelet

 



«Entre os cerca de cinquenta tratados consagrados à felicidade durante o século XVIII, o da marquesa du Châtelet (1706–1749) é seguramente um dos mais interessantes para se relerem hoje em dia. Várias razões presidem a este juízo. Em primeiro lugar, e contrariamente aos homens que escreveram sobre este assunto, ela soube distinguir entre as condições da felicidade em geral e daquela com que as mulheres deveriam contentar-se, sem por isso permanecerem dentro dos limites que lhes eram estabelecidos. Além do mais, o Discurso de Madame du Châtelet é obra de uma mulher excepcional, tanto pela sua personalidade como pelos seus talentos intelectuais e a sua vida invulgar.» [Do Prefácio de Elisabeth Badinter]


Discurso sobre a Felicidade, de Madame du ChÂtelet (trad. Maria João Costa Pereira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/discurso-sobre-a-felicidade/

Sobre Demasiada Felicidade, de Alice Munro

 



Na primeira história, uma jovem mãe é libertada, por uma volte-face surpreendente, do sofrimento de ter perdido os seus três filhos. Noutra história, uma rapariga reage a um caso humilhante de sedução com uma solução astuta ainda que pouco louvável. Outros contos revelam as zonas de sombra de um casamento, a crueldade insuspeita das crianças ou a maneira como a cara desfigurada de um rapaz é o motor de tudo o que há de bom e de mau na sua vida. E na longa história que dá título ao livro, acompanhamos Sophia Kovalevsky — emigrante russa e matemática de finais do século XIX — numa viagem que empreende no Inverno através da Europa, até chegar à Suécia onde encontra finalmente uma universidade disposta a contratar uma mulher para leccionar Matemática.

Alice Munro transforma uma vez mais acontecimentos e emoções complexos em histórias que iluminam a maneira imprevisível como os homens e as mulheres acomodam e muitas vezes transcendem o que acontece nas suas vidas. 


«Na sua mais recente recolha de contos, Demasiada Felicidade – um título que é a um tempo de uma ironia cortante e de uma sinceridade apaixonada – Munro explora temas, ambientes e situações já familiares na sua obra, agora vistas numa surpreendente perspectiva temporal. O uso que faz da linguagem poucas mudanças conheceu ao longo das décadas e a sua concepção do conto permanece inalterada. Munro é herdeira do realismo lírico de Tchékhov e Joyce, demonstra pouco interesse pela ficção tensa e despojada dos diálogos de Hemingway e a ostentação literária de Nabokov é-lhe inteiramente estranha – como de resto qualquer espécie de “experimentalismo”.» [Joyce Carol Oates, The New York Review of Books]


Demasiada Felicidade (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Alice Munro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/

Espectáculo de Luis Miguel Cintra a partir de diálogos de D. Quixote estreia dia 17 de Junho

 





Estreia no próximo dia 17 de Junho, no Museu da Marioneta, em Lisboa, o espectáculo «Pequeno Teatro ad usum delphini vanitas», de Luis Miguel Cintra, com Duarte Guimarães, Ivo Alexandre, João Reixa, Sofia Marques, Vicente Moreira, e os músicos Diogo Sousa e Hugo Osga.

«Com o trabalho de um Sancho e um Quixote nascidos da nossa amizade, tornámos os diálogos de dois dos mais famosos episódios desse maravilhoso livro num pequeno teatro íntimo, onde além dos dois anti-heróis maravilhosamente expostos na sua solidão, passam os actores de uma companhia ambulante. E um pseudodiabo, um negociante que mostra um retábulo de marionetas que faz explodir a generosidade antiga do cavaleiro andante.»

Mais informação em https://www.museudamarioneta.pt/pt/evento/pequeno-teatro-ad-usum-delphini-vanitas/


D. Quixote, de Miguel de Cervantes, com tradução de José Bento, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/d-quixote-de-la-mancha/

Sobre O Bosque, de João Miguel Fernandes Jorge

 



«6.ª feira, 21 de dezembro de 2012

Quando nos perdemos, resta o passado. O que já não existe é então a porta do caminho. Não porque me tenha perdido de outro, mas somente porque me deixei ficar, esquecido de mim mesmo entre as folhas de um caderno depois de percorridas muitas frases, como se fossem ruas de uma terra estranha, e entre essas páginas permanecesse semelhante a uma cobra em abandono da pele — concha onde a água já não corre para os lábios.»


O Bosque, Rodeado De Ilha e outras obras de João Miguel Fernandes Jorge estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/joao-miguel-fernandes-jorge/

Sobre Folhas de Erva, de Walt Whitman

 



«CANTO AQUELE QUE EXISTE EM SI MESMO


Canto aquele que existe em si mesmo, uma pessoa simples e independente,

Pronuncio, todavia, a palavra Democrático, a palavra En-Masse.


Canto o próprio organismo da cabeça aos pés,

Nem só a fisiognomonia nem apenas o cérebro são dignos da Musa, afirmo que a Forma completa é muito mais digna,

Eu canto tanto a Mulher como o Homem.


A Vida imensa em paixão, vitalidade e força,

Com alegria, para que mais livre seja o impulso formado sob as leis divinas,

Eu canto o Homem Moderno.»


[trad. Maria de Lourdes Guimarães]


Folhas de Erva está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/folhas-de-erva/

30.5.21

Sobre Os Adeuses, de Juan Carlos Onetti

 



Os Adeuses é a história de um homem, outrora desportista famoso, que tem consciência do seu fim, ou pelo menos da inutilidade de continuar a lutar para viver.

À sua volta, num sanatório perdido das montanhas, gravitavam duas mulheres, como se desejassem mostrar que o mistério do amor pode ser ainda maior que o mistério da morte. Mas neste livro, que confessou um dia ser de todos os que escreveu o que preferia, Onetti acaba por deixar ficar, como em quase todas as suas obras – de O Estaleiro a A Vida Breve –, a sensação da «inutilidade de toda a esperança de compreensão».


«Para muitos é a principal obra de Onetti – ele próprio disse muitas vezes que era, de todas as suas, aquela que preferia (…) Tenho lido Os Adeuses muitas vezes, desde os vinte anos, e estou convencido de que é uma das duas ou três melhores novelas breves que se escreveram em espanhol.» [Do Prefácio de António Muñoz Molina]


https://relogiodagua.pt/autor/juan-carlos-onetti/

Sobre A Mão Esquerda das Trevas, de Ursula K. Le Guin

 



Considerada uma obra maior da ficção científica, A Mão Esquerda das Trevas conta a história de um viajante solitário terrestre, enviado em missão para Inverno.

O objetivo da missão é permitir que Inverno seja incluído numa civilização galáctica. Os seus dois regimes políticos mais importantes são uma monarquia governada por um rei extravagante e um regime comunal, dirigido por uma burocracia minuciosa e racionalista.

Mas o mais estranho para o enviado terrestre é a particular androginia dos habitantes, que apenas numa dada fase assumem uma forma inteiramente feminina ou masculina, podendo ao mesmo tempo ser mães de umas crianças e pais de outras.

Este contacto com um modo de pensar diferente e as suas consequências nas relações pessoais e sociais permite alargar a compreensão da nossa própria realidade.


«Le Guin, mais do que Tolkien, elevou a fantasia à alta literatura, para o nosso tempo.» [Harold Bloom]


A Mão Esquerda das Trevas (tradução de Fátima Andrade) está disponível aqui: https://relogiodagua.pt/produto/a-mao-esquerda-das-trevas/

Sobre Homenagem a Barcelona, de Colm Tóibín

 



Este livro celebra uma das mais extraordinárias cidades da Europa – um centro cosmopolita de vibrante arquitetura, arte, cultura e vida noturna. Leva-nos desde a história da fundação de Barcelona e a sua enorme expansão no século XIX às vidas de Gaudí, Miró, Picasso, Casals e Dalí. Explora também a história do nacionalismo catalão, a tragédia da Guerra Civil, o franquismo e a transição para a democracia que Colm Tóibín testemunhou na década de 1970.


Escrito com profundo conhecimento da terra, Homenagem a Barcelona é o retrato de um singular porto mediterrâneo e de um lar adotivo.


«Tendo vivido em Barcelona por diversos períodos ao longo dos anos 70, Tóibín conhece todos os encantos da sensual história e vida mediterrânica e “a joia mais preciosa do tesouro de bares da cidade”… Tóibín é o guia perfeito.» [Chicago Tribune]


«Tóibín escreve prosa de uma beleza avassaladora.» [Daily Telegraph]


Homenagem a Barcelona, traduzido por Ana Falcão Bastos, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/homenagem-a-barcelona/

29.5.21

Sobre Noites Brancas, de Fiódor Dostoievski

 



«Noites Brancas, de Fiódor Dostoievski, foi relançado este ano pela Relógio D’água, numa oportunidade para uma nova incursão pelo livro que mais marcou o romantismo delicodoce do autor russo.

Noites Brancas, lançado pela primeira vez em 1848, é uma obra totalmente voltada para o romantismo e para os seus devaneios, com tanto de ilusão como de brevidade. Sucinta, não apresenta como objectivo a sagacidade da crítica à sociedade russa e europeia, como se vê, por exemplo, em O Idiota. […]

Noites Brancas, não obstante, é breve e lê-se de forma descomplexada, o que faz sentido porque toda a obra é sobre como um momento breve de amor, ou melhor, como um momento breve de ilusão de amor, pode deixar marcas para a eternidade. E, como tal, o tema, embora breve, acaba por lucrar no quanto tem de complexo.» [Ana Isabel Fernandes, Comunidade Cultura e Arte, 1/10/2020: https://www.comunidadeculturaearte.com/noites-brancas-de-dostoievski-a-eternidade-num-minuto-de-felicidade/]


Noites Brancas, O Idiota e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

Sobre Os Sonâmbulos, de Hermann Broch

 



«A nostalgia de uma totalidade e um sentido perdidos permeia toda a obra de Broch, numa combinação ambígua entre a lucidez da análise, nomeadamente a análise das modernas sociedades de massas, e o carácter problemático de uma utopia vagamente messiânica. Regressemos à interrogação obsessivamente formulada por Broch em toda a sua obra, tanto literária como ensaística: num mundo sem ética, onde está afinal a possibilidade de uma relação ética com o mundo?» [Do Prefácio]


«O tema deste vasto romance não nos é ocultado. Broch tem o cuidado de pôr em destaque os pensamentos teóricos que de outro modo procuraríamos no interior das suas histórias. Os títulos já dizem tudo: Pasenow ou o romantismo, 1888; Esch ou a anarquia, 1903; Huguenau ou o realismo, 1918; e, acima destes três nomes, a palavra nocturna que aqui nem sequer é uma imagem, mas um diagnós­tico: Os Sonâmbulos.» [Maurice Blanchot]


Os Sonâmbulos e A Morte de Virgílio estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hermann-broch/

Sobre Ficar na Cama e Outros Ensaios, de G. K. Chesterton

 



«Ao lermos Chesterton, somos dominados por uma extraordinária sensação de felicidade. A sua prosa é o oposto da prosa académica: é rejubilante. As palavras ressaltam e desencadeiam faíscas entre si, como se um brinquedo de corda ganhasse vida de repente, fazendo girar e disparar todos os botões do bom senso, o mais surpreendente dos prodígios.» [Da Introdução de Alberto Manguel]


«Acredito que Chesterton é um dos principais escritores do nosso tempo, não só pela criatividade, imaginação visual e alegria infantil ou divina evidente na sua escrita, mas também pelo talento retórico e puro brilhantismo da sua arte (…).

É desnecessário falar da magia e do brilho de Chesterton. Eu quero ponderar outras virtudes do famoso escritor: a sua admirável modéstia e a sua cortesia.» [Jorge Luis Borges]


https://relogiodagua.pt/autor/g-k-chesterton/

28.5.21

Sobre Negro e Prata, de Paolo Giordano

 



Esta é a história de um amor jovem, da vida de um casal inexperiente e por vezes feliz, espantado por descobrir dia após dia as variadas formas de solidão e de abandono.

Quando a senhora A. entra em sua casa para se ocupar das tarefas domésticas, torna-se a garantia da relação, a bússola capaz de orientar o casal que espera um filho em tempos de bonança e tempestade. Torna-se a única testemunha dos laços que unem o casal. É por isso que, quando uma doença a atinge e depois a leva, Nora e o seu marido sentem a relação em perigo e têm de procurar na senhora A. a inspiração para continuarem. 

Há muitos modos de contar uma história de amor. Paolo Giordano escolheu uma das mais originais, registando como um sismógrafo o desgaste do quotidiano, os arrebatamentos e as dores, as incertezas e os desejos e os sinais de um primeiro naufrágio.


Esta e outras obras de Paolo Giordano estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/paolo-giordano/

Sobre Vita Nova, de Louise Glück

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Vita Nova, de Louise Glück (tradução de Ana Luísa Amaral)


Vita Nova, que vários críticos consideram uma das mais significativas recolhas poéticas de Louise Glück, é uma sequência de poemas que dramatiza o final de uma relação e o início de uma vida nova.


«O mundo era imenso. A seguir

o mundo era pequeno. Oh,

tão pequeno, capaz

de caber dentro de um cérebro.


Não tinha cor, todo ele era

espaço interior: nada

podia entrar nem sair. Mas o tempo

conseguiu penetrar, essa

foi a dimensão trágica.


Levei o tempo muito a sério nesses anos,

se bem me lembro.


Um quarto com uma cadeira, uma janela.

Uma janela pequena, cheia dos desenhos que faz a luz.

No seu vazio, o mundo


era sempre inteiro e cheio, não

um estilhaço de algo, com

um eu no centro.


E no centro do eu,

uma mágoa a que não pensei jamais sobreviver.»

[De Aubade, p. 15]


Vita Nova e outras obras de Louis Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Sobre O Messias de Duna, de Frank Herbert

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Messias de Duna, de Frank Herbert (tradução de Ana Mendes Lopes)


O Messias de Duna continua a história de Paul Atreides em Duna.

Em doze anos de Guerra Santa, ele venceu os inimigos e os seus Fremen conquistaram o universo. Atreides tornou-se o imperador Muad’Dib. É quase um deus, pois é capaz de ver o futuro. Conhece os inimigos que conspiram contra ele e sabe como tencionam atacá-lo.

É capaz de derrotar os seus planos, mas vê mais longe ainda. Sabe que alguns futuros prováveis podem levar ao desastre e que o caminho para a liberdade enfrenta inúmeros perigos, podendo talvez exigir o seu sacrifício.


“Brilhante... é tudo o que Duna foi, e talvez um pouco mais.” [Galaxy Magazine]


“O companheiro perfeito para Duna… fascinante.” [Challenging Destiny]


O Messias de Duna e Duna estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre O Negro do Narciso, Coração das Trevas, Linha de Sombra e Outras Histórias, de Joseph Conrad

 



Este livro reúne cinco das principais novelas de Joseph Conrad.


O Negro do Narciso é uma das mais belas narrativas escritas sobre as paixões dos homens e do mar.

«A passagem tinha começado, e o navio, fragmento separado da terra, continuou o seu caminho, solitário e rápido como um pequeno planeta. À sua volta, os abismos do céu e da terra encontraram-se numa fronteira inatingível. Uma grande solidão circundante movia-se com ele, sempre diferente e sempre idêntica, sempre monótona e sempre imponente.»


«Bastante mais terrível [do que o Inferno de Dante] é o de Coração das Trevas, o rio de África que o capitão Marlow sobe, entre margens de ruínas e de selvas (…).» [J. L. Borges]


«No Extremo Limite não é menos trágico. A chave da história é um facto que não revelaremos e que o leitor descobrirá gradualmente. 

H. L. Mencken, que certamente não é pródigo em ditirambos, afirma que No Extremo Limite é uma das melhores narrativas, extensa ou breve, nova ou antiga, das letras inglesas.» [J. L. Borges]


«Desde o primeiro título proposto, O Segundo Eu, à evocação insistente da duplicidade psíquica, o conto [O Companheiro Secreto] convida a leituras que se concentrem no mistério da personalidade, nas ameaças e oportunidades da autodivisão, no esforço da integração.» [Michael Levenson]


Imaginem um homem na «linha de sombra», essa fase indecisa da vida em que não se é mais jovem e a maturidade atrai e repele. Imaginem que esse homem é um marinheiro. Imaginem finalmente um veleiro quase imóvel esperando o sopro da brisa, enquanto a febre e o delírio se apoderam dos tripulantes e os acontecimentos parecem tecer sobre o navio a sombra de uma maldição.


Esta e outras obras de Joseph Conrad estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/joseph-conrad/

Sobre Dublinenses, de James Joyce

 



«Quando nos lembramos de que Dublin é uma capital há milhares de anos… parece estranho que nenhum artista a tenha oferecido ao mundo.» [James Joyce, em carta ao irmão]


Aos vinte e cinco anos, Joyce completou Dublinenses – uma sequência de pormenorizados episódios que retratam a vida da classe média de uma Dublin católica. As frustrações da infância, as desilusões da adolescência e o despertar sexual são narrados com clareza e sensibilidade. No conto mais famoso, «Os Mortos», Joyce descreve uma festa natalícia de amigos e vizinhos. Existe, porém, uma tensão oculta e um sentimento de desespero no enredo, que confere um elemento perturbador às aparências desse episódio social.

O realismo e simbolismo do imaginário de Dublinenses criaram uma nova forma de escrita, que é tão impressionante hoje como quando surgiu em 1914.


Dublinenses (trad. Margarida Periquito) e outras obras de James Joyce estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/james-joyce/

27.5.21

Sobre O Alienista e Outros Contos, de Machado de Assis

 



Machado de Assis escreveu cerca de duzentos contos. Esta antologia reúne aqueles que consideramos os vinte melhores.

Além da quase novela «O Alienista», escolheram-se contos tão notáveis como «Missa do Galo», «Noite de Almirante» e «Uns Braços».

O autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas passeia pelos bairros do Rio de Janeiro, criando personagens que compõem uma gama variada de histórias em termos de cenários, caracteres, temas e estilos. 

Machado de Assis confirma assim a sua capacidade de observador e crítico das paixões, grandezas e misérias humanas, analisadas com irónico distanciamento.

Os contos estão ordenados cronologicamente, o que permite acompanhar a evolução do autor.


Esta e outras obras de Machado de Assis estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/machado-de-assis/

De Os Sonetos, de William Shakespeare

 



«XVIII

Devo comparar‑te a um dia de Verão?

Há em ti mais suavidade e formosura:

Em Maio, a ventania sacode o tenro botão,

E o prazo do Verão bem pouco dura.

Por vezes, o olho do céu brilha abrasador,

E muitas vezes se lhe escurece o tom doirado;

E tudo o que é belo perde o seu fulgor,

Pela sorte ou mutável natura despojado.

Mas teu eterno verão não murchará,

Nem a beleza que possuis irá perder,

Nem a morte de errares em sua sombra se gabará,

Se em versos eternos no tempo vais crescer.

Enquanto homens respirem e olhos possam ver,

Viverão estes versos que te farão viver.»


Os Sonetos (Tradução, Introdução e Notas de António Simões e M. Gomes da Torre) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

Sobre Hamnet, de Maggie O'Farrell

 



Hamnet é um romance sobre o filho de Shakespeare. Mas esse é apenas o ponto de partida para Maggie O’Farrell construir uma obra actual, que interroga a origem da dor e envereda por caminhos menos conhecidos do amor e da maternidade.

Numa narrativa que mistura realidade e ficção, a autora irlandesa cria uma das mais importantes obras literárias deste início do século XXI, vencedora do Women’s Prize for Fiction 2020.


«Um romance histórico excepcional.» [The New Yorker]


«A história de Hamnet aguardou mais de quatrocentos anos nas sombras. O’Farrell trá-la finalmente à luz, de forma deslumbrante e devastadora.» [Kamila Shamsie]


«Um livro maravilhoso.» [David Mitchell


«O que poderia ser mais comum, através dos séculos e continentes, do que a morte de um rapaz? Ainda assim, O’Farrell, com frases perfeitas e coração irrequieto, torna-a num acontecimento.» [Emma Donoghue]


«Esplêndido. A escrita é requintada, imersiva e convincente.»

[Marian Keyes]


Hamnet (Trad. Margarida Periquito) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/hamnet/

Sobre Novelas Eróticas, de M. Teixeira-Gomes

 



«M. Teixeira-Gomes, tal como na sua obra se nos apresenta ou tal como em certas personagens se projecta, está longe de ser um gozador desenfreado, à maneira de Casanova, ou um perseguidor do infinito no finito dos corpos, à maneira de Don Juan. Homo eroticus, sim; mas buscando, acima de tudo, a harmonia entre o sentimento e a sensação, o equilíbrio da emoção e da volúpia.

(…) Por curiosa inclinação do seu espírito, se não também do seu corpo, Teixeira-Gomes revela, de facto, impressionantes afinidades com o pensamento grego dos séculos IV e III antes de Cristo.» [David Mourão-Ferreira, em Aspectos da Obra de M. Teixeira-Gomes]


Novelas Eróticas está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/novelas-eroticas/

26.5.21

Sobre Martin Heidegger, de George Steiner

 



Conhecer a obra de Martin Heidegger é fundamental para entender o pensamento e a cultura contemporâneos. A sua obra tem tido uma forte influência na filosofia, na teologia, na linguística, nos estudos helénicos, nas hermenêuticas de interpretação textual, na teoria literária e na própria literatura.

Com a lucidez que lhe é característica, George Steiner torna a difícil obra deste filósofo acessível ao leitor comum. A extensão do saber e dos interesses de Steiner permitem-lhe situar Heidegger num contexto literário-cultural europeu mais amplo, abordando as relações entre a sua filosofia e o nazismo.


«O seu livro sobre Heidegger é muito bom.» [James Wood, em A Herança Perdida]


«Dificilmente se imagina uma introdução à obra do filósofo Martin Heidegger melhor do que este livro de George Steiner.» [George Kateb, The New Republic]


«O breve livro de Steiner, com grande sensibilidade e inúmeras referências, lê-se com contínuo prazer.» [P. F. Strawson, New York Review of Books]


«Quer os leitores ou pensadores reajam a Heidegger, quer não, é indispensável uma aproximação ao seu pensamento, e Steiner conduz-nos com perfeição.» [New Yorker]


Esta e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

Sobre Orlando, de Virginia Woolf

 



«Da magnífica residência dos Sackville-West, o castelo de Knole, Virginia faz a moldura da sua biografia fantástica; de Vita, herdeira de uma das maiores famílias de Inglaterra, o modelo do seu herói. Homem e depois mulher, mas sobretudo homem e mulher, Orlando poderia ter saído com todas as suas armas do cérebro do Aristófanes do Banquete (…) Virginia Woolf não se sente apenas tentada pela originalidade antropológica de Orlando. O que a interessa no personagem é a inumerável variedade de combinações possíveis que permite a ausência das obrigações humanas habituais. (…) Tesoureiro ou embaixador, perseguidor de raparigas ou musa de espíritos apaixonados pela beleza, melancólico ou exaltado, trocando as calças pelas saias ou refugiando-se na sua tebaida de campo para escrever o seu poema, a sua natureza dupla presenteia-o não com duas nem com dez, mas com cem vidas diferentes.» [Monique Nathan, em Virginia Woolf]


Orlando e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

Sobre Um Amor, de Sara Mesa

 



«Com mestria, a autora espanhola conta a história de um amor e é tudo. As conclusões ficam para quem estiver disposto a violentar a narrativa para a encaixar numa qualquer visão do mundo.» [João Pedro Vala, Observador, 23/5/2021: https://observador.pt/2021/05/23/sara-mesa-e-o-amor-as-palavras/]


Um Amor, de Sara Mesa (trad. Miguel Serras Pereira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/um-amor/

Sobre Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin

 



«Eugénio Onéguin apreende-se desde as primeiras estrofes como uma sátira, nunca violenta ou gratuita, mesclada de tristezas. A ironia (e a auto-ironia) da sua linguagem apelam à inteligência e ao espírito crítico do leitor.

A ligeireza da sua fala, que permite uma leitura fácil e sem tensão, combina-se com uma grande profundidade de ideias, exprimidas sempre como que a brincar, com uma enorme abrangência na descrição da realidade — pessoas, lugares, estações do ano, actividades, costumes, vida cultural, etc. Diz Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios com Púchkin: “Uma ligeireza — é a impressão que nos produzem as suas obras, a sensação geral e instantânea. (…) Mal ele apareceu na poesia, a crítica falou da ‘fluência e ligeireza extraordinárias dos seus versos’, de que ‘eles, aparentemente, não lhe custaram trabalho nenhum’.”» [Do Preâmbulo dos Tradutores]


Eugénio Onéguin (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/eugenio-oneguin/

Sobre A Hora da Estrela, de Clarice Lispector

 



«Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir.» [p. 13]


«A Hora da Estrela ou “as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela”. De um lado a “terra serena da promissão, terra do perdão”; do outro, o sufoco, o vale-tudo, a agressão da “cidade inconquistável” — os dois brasis.» [Eduardo Portella, na apresentação da edição brasileira de A Hora da Estrela]


A Hora da Estrela e outras obras de Clarice Lispector estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Sobre Hora: Noite, de Liudmila Petruchévskaia

 



Anna Andriánovna é uma poetisa banal a viver à margem da cultura soviética, que se encontra em desintegração. Dirige uma casa dominada por mulheres – consigo vivem a sua mãe e a filha, Aliona.

Anna consegue agarrar-se ao mito tradicional da todo-poderosa (e sofredora) Rússia matriarcal. A desafiar esse mito está Aliona, com vários filhos ilegítimos, que precisa de Anna e a odeia. O seu humor e sarcasmo dão-lhe forças para continuar. Mas inadvertidamente Anna revela as suas falhas enquanto mãe e mártir.

Publicado pela primeira vez na Rússia em 1992, Hora: Noite é um retrato fascinante e sombrio da sociedade soviética.


Hora: Noite e A Mulher Que Tentou Matar o Bebé da Vizinha, de Liudmila Petruchévskaia (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra), estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/liudmila-petruchevskaia/

25.5.21

Sobre Anjos, de Denis Johnson



 

O aclamado primeiro romance de Denis Johnson, Anjos, coloca Jamie Mays — uma esposa fugitiva que leva consigo as duas filhas — e Bill Houston — um ex-oficial da Marinha, ex-marido e ex-preso — juntos num autocarro da Greyhound em viagem pelos Estados Unidos. Guiados por um espírito inquieto, álcool e necessidades desesperadas, Jamie e Bill andam em estações de autocarros e hotéis baratos, onde vão deparando com as estranhas, fascinantes e perigosas margens da vida norte-americana. O seu bilhete pode muito bem dizer Phoenix, mas o seu destino é uma última paragem de surpreendente violência.

Denis Johnson, conhecido pelos seus retratos de norte-americanos marginais, ilumina esta odisseia com a sua visão única e uma sabedoria pessoal totalmente original. 


«Uma pequena obra-prima… prosa de extraordinário poder e estilo.» [Philip Roth]


«Anjos» (trad. Clara Pinto Correia) e «Sonhos e Comboios» (trad. José Miguel Silva) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/denis-johnson/

Sobre Angel, de Elizabeth Taylor

 



Com apenas quinze anos, Angel sabe que é diferente, que está destinada a tornar-se uma autora célebre e a possuir enormes riquezas. O seu primeiro romance, uma obra-prima, serve apenas para confirmar as suas suspeitas, pensa ela.

Após lerem o romance, os editores têm certeza de que A Lady Irania será um êxito, apesar do — e talvez devido ao — seu estilo exagerado. Mas têm curiosidade em saber quem poderia ter escrito um romance assim: “uma velhinha a imaginar histórias românticas por trás de cortinas de renda… Angelica Deverell é um nome bom de mais para ser verdadeiro… pode tratar-se de um velhinho. Seria uma variante divertida. Estamos à espera de conhecer Mary Anne Evans e entra-nos pela porta George Eliot a retorcer o bigode.”

Por isso, nada os preparou para a jovem pálida que se senta diante deles, sem um grão de ironia ou de humor no espírito.


“Divertido de uma forma subtil e devastadora.” [Hilary Mantel]


“Uma obra-prima. Angel é uma criação brilhante.” [Guardian]


De Elizabeth Taylor, a Relógio D’Água editou Angel  (trad. Helena Briga Nogueira) e Mrs Palfrey no Claremont (trad. Margarida Periquito). Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elizabeth-taylor/

Sobre Correspondência, de Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock

 



«São dezenas de cartas inéditas, metade de cada um, trocadas entre Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock, de 1959 a 1965, com prefácio de Ernesto Montequin e tradução de Lourença Baldaque — porque são todas escritas em espanhol —, em edição bilingue da Relógio D’Água, a chegar às livrarias. Conheceram-se num congresso literário em França, ele, argentino, poeta, ficcionista, tradutor, polémico e famoso articulista a viver em Itália — e onde até seria ator num filme de Pasolini, seu amigo. Trata-se de uma correspondência do maior interesse […].» [JL, 5/5/2021]


Correspondência (1959-1965), de Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock, e outras obras de Agustina Bessa-Luís já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/