«Os poucos
humanos que ficaram têm como sonho possuir um animal verdadeiro, que surge
quase como o derradeiro sinal de status social
elevado. Cuidar de um animal vivo implica empatia e responsabilidade moral,
características que distinguem os humanos dos andróides — na aparência são
iguais, para os distinguir utiliza-se um teste de ‘empatia’. Esta aparente
confusão entre real e irreal, verdadeiro e falso, uma espécie de ansiedade de
uma qualquer angústia identitária, parece ser central no romance de Philip K.
Dick. Há em Será que os Andróides Sonham com Ovelhas Eléctricas? uma
luta prolongada que aponta para a vitória do falso, pois o humano deteriora-se
e desaparece, só o falso continua a existir. Os andróides foram sendo
melhorados, podendo até comover-se ou seduzir sexualmente; os humanos
tornaram-se tão dependentes das máquinas que se confundem com elas.
(…)
Philip K. Dick
continua a ser a referência e o mestre das histórias perturbadoras de
sociedades onde a tecnologia atingiu o nível da paranóia, e este romance é a
sua expressão mais conseguida.» [José Riço Direitinho, Público,
ípsilon, 25-11-2016]
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