«Eugénio Onéguin apreende-se desde as primeiras
estrofes como uma sátira, nunca violenta ou gratuita, mesclada de tristezas. A
ironia (e a auto-ironia) da sua linguagem apelam à inteligência e ao espírito
crítico do leitor.
A ligeireza da sua fala, que permite uma leitura
fácil e sem tensão, combina-se com uma grande profundidade de ideias,
exprimidas sempre como que a brincar, com uma enorme abrangência na descrição
da realidade — pessoas, lugares, estações do ano, actividades, costumes, vida
cultural, etc. Diz Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios
com Púchkin: “Uma ligeireza — é a impressão que nos produzem as suas
obras, a sensação geral e instantânea. (…) Mal ele apareceu na poesia, a
crítica falou da ‘fluência e ligeireza extraordinárias dos seus versos’, de que
‘eles, aparentemente, não lhe custaram trabalho nenhum’.”» [Do Preâmbulo dos Tradutores]
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