30.9.14

Sobre A Rapariga dos Olhos de Ouro, de Honoré de Balzac





«O colossal Ilusões Perdidas é o romance definitivo sobre a corrupção moral da vida urbana (e também provinciana); mas descobri depois uma preciosidade chamada La Fille aux yeux d’or, novela publicada em 1835. O texto deu brado pela sua dimensão fantástica e ousada, mas o que me interessa sobretudo é o capítulo inicial: a descrição vívida de uma cidade enquanto inferno dantesco, com os seus círculos e os seus vícios.
Reconheço no texto tudo aquilo que conhecia ao vivo, até no mais banal e entediante: “À força de se interessar por tudo, o parisiense acaba por não se interessar por nada”, escreve Balzac, “indiferente na véspera ao que o entusiasmará no dia seguinte.”» [Pedro Mexia, Expresso, Atual, 06-06-2014]

Sobre As Velas da Noite, de Ana Teresa Pereira





«Seis contos e uma peça teatral da mais idiossincrática das escritoras portuguesas»

«Entra-se num livro de Ana Teresa Pereira como numa casa que nos é familiar. Quase sempre assombrada, vagamente desconfortável, com quartos escuros ao fundo do corredor – mas familiar. As texturas da sua prosa trabalhadíssima (embora não o pareça) tornam-na única e imediatamente reconhecível. (…) Num dos contos, surge um autor menor que escreve livros breves, intensos, e “fundos como poços”. (…) Depois de o ler, há quem se sinta a “voltar de um outro mundo”, precisando de “agarrar-se com as mãos feridas às bordas da realidade”. É uma sensação que os leitores de Ana Teresa Pereira conhecem bem. E o que ela diz da escrita dele – “devia ter trabalhado muito para chegar àquela simplicidade absoluta” – podemos nós dizer da sua.» [José Mário Silva, Expresso, Atual, 27-09-2014]

26.9.14

Assim para Nós Haja Perdão tem acolhimento favorável em Espanha



 

O último romance de A. M. Homes, publicado em Portugal pela Relógio D’Água, está a ter um acolhimento entusiasmado em Espanha.
A autora, que recebeu o Bailey’s Women’s Prize for Fiction por esta obra, foi entrevistada por vários jornais espanhóis, entre os quais o El País. Alberto Manguel escreveu sobre ela.
Entretanto, as críticas internacionais são unânimes em reconhecer os méritos da autora. Jeanette Winterson considera que se trata do «grande romance americano do nosso tempo». Salman Rushdie escreveu: «Este romance arranca com a máxima força e depois avança sem se deter. Não me lembro da última vez que li uma história com tanta intensidade narrativa… Absolutamente assombroso.»
E Miranda Richardson considera que estamos perante «uma comédia negra deslumbrante e visceralmente divertida».

25.9.14

Apresentação de Douro – Rio, Gente e Vinho, de António Barreto


 



Amanhã, sexta-feira, 26 de Setembro, pelas 21h00, António Barreto estará na Biblioteca Municipal do Peso da Régua para a apresentação do seu livro Douro – Rio, Gente e Vinho, um evento integrado na XVII Feira do Livro do Douro.

 

24.9.14

A chegar às livrarias: Uivo e Outros Poemas, de Allen Ginsberg




Uivo e Outros Poemas, de Allen Ginsberg, foi originalmente publicado em 1956 pela editora City Lights Books. Apreendido pelos serviços alfandegários dos Estados Unidos e pela polícia de São Francisco, foi sujeito a um longo julgamento, em que poetas e professores tentaram convencer o tribunal de que não se tratava de um livro obsceno.
Mais tarde, Uivo acabou por se tornar o livro de poesia mais lido na história dos EUA, com cerca de um milhão de exemplares vendidos em relativamente pouco tempo.
Carl Solomon, a quem Uivo é dedicado, foi um dadaísta do Bronx que escreveu poesia em prosa.

22.9.14

Rui Nunes recebe Prémio Nacional de Poesia Diógenes





Uma Viagem no Outono, de Rui Nunes, publicado pela Relógio D’Água em 2013, acaba de receber o Prémio Nacional de Poesia Diógenes, atribuído pela revista Cão Celeste.
O júri, constituído por Diogo Dória, Emanuel Jorge Botelho e Rosa Maria Martelo, quis homenagear «a eficácia com que a forma híbrida trabalhada por Rui Nunes neste livro traduz, esteticamente, o mal-estar civilizacional em que vivemos. Esse mal-estar é mostrado na sua complexidade social, cultural e política, mas sempre através de modulações subjectivas que lhe conferem a autenticidade e o dramatismo com que é vivido singularmente por cada um daqueles que por ele são atingidos.»
O prémio foi atribuído por unanimidade.

Artistas Unidos levam Gata em Telhado de Zinco Quente aos palcos portugueses




 

Gata em Telhado de Zinco Quente, deTennessee Williams, estará no palco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, entre 25 e 30 de Setembro, com encenação de Jorge Silva Melo e representação de Catarina Wallenstein e Rúben Gomes, entre outros.
A peça terá ainda apresentações noutras salas do país até inícios de 2015.
O texto está editado em Um Eléctrico Chamado Desejo e Outras Peças de Tennessee Williams, da Relógio D’Água.






«Gata em Telhado de Zinco Quente é uma tragédia: a passagem do mundo velho a um novo que não há meio de nascer. No trágico Sul de Tennessee Williams tudo se agita em volta do dinheiro. Estreada em Nova Iorque em 1955 com direcção de Elia Kazan, esta peça ficou célebre graças ao belíssimo filme com Elizabeth Taylor, Paul Newman e Burl Ives nos papéis principais. No entanto, que a versão de Kazan, quer filme realizado por Richard Brooks em 1958 evitaram muitos dos problemas da peça original.
Será possível devolver ao teatro aquilo que aparentemente o cinema fixou para sempre? Será possível voltar a fazer estas peças sem as cores esplendorosas de Hollywood? Será possível ver outra vez Maggie, a Gata como uma aventureira que a falta de dinheiro cega? Será possível voltar a pôr no palco estes dilemas, esta ansiedade, esta sofreguidão? Eu aposto que sim. Mas é uma peça de teatro.» [Jorge Silva Melo]

19.9.14

Livro do Dia (21 de Setembro) na Feira do Livro do Porto





A filósofa judia alemã Hannah Arendt, que privou com Heidegger, Jaspers ou Walter Benjamin, autora de alguns dos melhores ensaios filosóficos e políticos do século XX, publicou em 1958 A Condição Humana. É um ensaio sobre a acção do homem enquanto ser livre e plural. Hannah Arendt parte da expressão latina usada por Santo Agostinho, “vita activa”, decompõe-na em três actividades: o labor, a que corresponde o “animal laborans” - o homem e as suas necessidades biológicas; o trabalho, a que corresponde o “homo faber” - que domina a natureza através do emprego da técnica e acção - a que corresponde o “homo sapiens”, o homem no exercício pleno da cidadania num espaço de pluralismo. É aqui que o homem ganha a sua liberdade, ao agir. 

Livro do Dia (20 de Setembro) na Feira do Livro do Porto






Oliver Sacks explora o lugar que a música ocupa no cérebro e como é que ela afecta a condição humana. Em Musicofilia, o autor apresenta uma variedade daquilo que designa por «desalinhamentos musicais». Entre eles: um homem atingido por um relâmpago que subitamente deseja ser pianista aos quarenta e dois anos; um grupo de crianças com síndrome de Williams, que desde a nascença são hipermusicais; pessoas com «amusia», para quem uma sinfonia soa a ruído de panelas; e um homem cuja memória dura apenas sete segundos excepto quando se trata de música.

Livro do Dia (19 de Setembro) na Feira do Livro do Porto




 

«A mais profunda e conceptualmente elaborada reflexão sobre o destino de ser português (...) um ensaio breve mas altamente sugestivo, capaz de nos deslumbrar em cada página.» [Eduardo Prado Coelho, Público, Mil Folhas, 2-1-2005]

18.9.14

Sobre Crónicas do Mal de Amor, de Elena Ferrante




«Três romances breves com ponto de união no feminino e uma protagonista que narra na primeira pessoa: Um Estranho Amor (1991), Os Dias do Abandono (2002), A Filha Obscura (2006). A autora, contrariamente às suas narradoras, mantém-se na sombra: sem rosto, nem voz. (…)Tudo está electrificado neste campo tensíssimo que é a escrita de Ferrante, de uma “clareza despojada” (p.13), segundo James Wood. O que é dito transporta consigo tal carga, que é impossível pisar sem sentir um estremecimento.» [Hugo Pinto Santos, «Time Out», 17/9/2014]

Livro do Dia (18 de Setembro) na Feira do Livro do Porto





«As histórias clínicas modernas aludem ao sujeito numa frase rápida (“uma fêmea albina trissómica de 21 anos”) que tanto se pode aplicar a uma ratazana como a um ser humano. Para recolocar o sujeito humano no centro — o ser humano que sofre, que se aflige, que luta — é necessário aprofundar a história clínica até que ela se transforme numa narrativa ou conto. Só então teremos, para além do “o quê”, um “quem”, um ser real, um paciente que se relaciona com a doença — um paciente que se relaciona com o médico.» [Do Prefácio]

17.9.14

A chegar às livrarias: Quatro Casos Clínicos, de Sigmund Freud





Este livro reúne quatro casos clínicos analisados por Freud e que foram a base experimental de algumas das suas teorias psicanalíticas.
«Fragmento de Uma Análise de Histeria», «Análise da Fobia dum Menino de Cinco Anos», «Notas sobre Um Caso de Neurose Obsessiva» e «Observações dum Caso de Paranóia» não são apenas análises de possíveis perturbações da mente humana, mas também narrativas que permitem compreender as razões que levaram a que fosse atribuído a Freud o Prémio Goethe em 1930, em reconhecimento da sua contribuição para a psicologia e literatura alemãs.

Livro do Dia (17 de Setembro) na Feira do Livro do Porto


 

«Muitos dos danos causados à civilização nas guerras mundiais do século passado teriam podido ser evitados se, à influência exercida pelos volumes monumentais de Clausewitz, intitulados Da Guerra, e que moldaram o pensamento militar da Europa na era anterior à Primeira Guerra Mundial, se tivesse misturado, temperando-o, um conhecimento da exposição de Sun Tzu sobre A Arte da Guerra. O realismo e a moderação de Sun Tzu contrastam com a tendência de Clausewitz para enfatizar o ideal racional e o “absoluto” com que se esbarraram os seus discípulos ao desenvolverem a teoria e a prática da “guerra total” para lá dos limites ditados pelo bom senso.» [Do Prefácio de Liddell Hart]

16.9.14

Livros a sair até final de 2014

 

Setembro


As Velas da Noite, de Ana Teresa Pereira
As Velas da Noite reúne seis contos e uma peça de teatro.


Uivo e Outros Poemas, de Allen Ginsberg (trad. e notas de Margarida Vale de Gato)
Uivo, de Allen Ginsberg, é, a par de Pela Estrada Fora, uma das maiores referências da Beat Generation. Publicado em 1956, motivou um julgamento onde poetas e professores tiveram de persuadir o juiz de que nada havia de obsceno naquele que viria a ser o poema mais lido nos EUA.


Obras Escolhidas. Vol. I (capa dura), de Oscar Wilde
Este primeiro volume das Obras Escolhidas de Oscar Wilde inclui O Retrato de Dorian Gray e os contos «O Crime de Lord Arthur Savile», «O Fantasma dos Canterville», «A Esfinge sem Segredo» e «O Milionário Modelo».
Integra ainda as suas principais peças de teatro, entre as quais Vera ou os Niilistas, pela primeira vez traduzida em Portugal.

 
O Mercador de Veneza, de William Shakespeare (tradução de M. Gomes da Torre)
Envolto em polémicas, pelo modo com Shakespeare apresenta o mercador judeu Shylock, é uma das principais obras do autor, inserida no Projecto Shakespare de edição da sua dramaturgia completa.


Obras Escolhidas. Vol. II (capa dura), de Virginia Woolf
Reúne Os Anos, Entre os Atos, Contos e Flush – Uma Biografia.




Cem Poemas, de Paul Celan (trad. Gilda Lopes Encarnação)
Gilda Lopes Encarnação, tradutora de A Montanha Mágica e de Os Buddenbrook, de Thomas Mann, acrescenta novos poemas à obra já conhecida do poeta de língua alemã, nascido romeno, Paul Celan.


Lady Susan, de Jane Austen (trad. Hugo Pinto Santos)
É um dos romances menos conhecidos da autora. Mas através do recurso ao género epistolar, é Jane Austen no seu melhor.


Primavera Europeia, de Philippe Legrain (trad. Jorge Pereirinha Pires)
Philippe Legrain, economista, foi um muito crítico conselheiro da Comissão Europeia e aborda o que está a correr mal com as economias e políticas europeias .

 
A Sociedade da Transparência e A Agonia de Eros, de Byung-Chul Han (trad. Miguel Serras Pereira)
Depois de A Sociedade do Cansaço, a Relógio D’Água publica A Sociedade da Transparência e A Agonia de Eros do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han. Na Alemanha dos sistemáticos Kant e Hegel, a sua obra surpreende pelo carácter lacónico e lapidar. Mas o carácter inovador do seu pensamento desafiou Sloterdijk e entusiasmou os leitores alemães, espanhóis e sul-coreanos.


Extraterritorial, de George Steiner (trad. Miguel Serras Pereira)
Em Extraterritorial Steiner dá um passo em frente na sua abordagem de crítica literária iniciada em A Morte da Tragédia e Tolstói ou Dostoievski.

 

Outubro


Breves Notas sobre Música, de Gonçalo M. Tavares
Depois de Breves Notas sobre Ciência, o Medo e as Ligações, Gonçalo M. Tavares insere a Música no seu projecto de enciclopédia.

 
Fogo Pálido, de Vladimir Nabokov (trad. Telma Costa)
É um romance cujo corpo principal é um poema que no original tem 999 versos. O resultado é um romance irónico, literário em segundo grau e completamente intrigante.


O Planeta do Sr. Sammler, de Saul Bellow (trad. José Miguel Silva)
Mr. Arthur Sammler é um sobrevivente do Holocausto perseguido pelas suas memórias. O romance tem sido considerado um testamento e uma profecia.




Diários, de Franz Kafka (trad. Isabel Castro Silva)
Além do interesse que têm em si, os Diários de Kafka são imprescindíveis para a compreensão da obra do autor, para quem a literatura podia coincidir num instante com o nada e imediatamente a seguir ser tudo.


Obras Escolhidas, de Lewis Carroll
Reúnem-se aqui, além das duas histórias de Alice, parte da correspondência do autor e ainda Sylvie e Bruno e A Caça ao Snark.


De Rerum Natura, de Lucrécio (trad. Luís Manuel Gaspar Cerqueira)
É um extenso poema filosófico escrito pelo romano Lucrécio no ano 50 a. C., sendo considerado um dos textos mais importantes e estranhos da Antiguidade. O poeta Ovídio vaticinou-lhe a eternidade.
 

Duzentos Poemas, de Emily Dickinson (trad. de Ana Luísa Amaral)
Em vida, Emily Dickinson publicou menos de dez poemas. Após a sua morte, a 15 de Maio de 1886, Lavinia, a irmã, encontrou fechados numa caixa quase mil poemas.
«Excessiva, em relação ao seu tempo; excessiva, mesmo em relação ao nosso, pela opacidade de leitura e apreensão e pelas temáticas envolvidas.» [Do Posfácio de Ana Luísa Amaral]


Viagens no Outono, de Rui Nunes
Viagens que começaram no preconceito e na dor.


O Enraizamento, de Simone Weil (trad. Júlia Ferreira e José Cláudio)
Simone Weil é, com Hannah Arendt, uma das duas maiores filósofas do século XX. O Enraizamento foi apresentado em 1943, como «Prelúdio para uma declaração dos deveres para com o ser humano».


À Beira-Rio – Cartas a Maria, de Júlio Machado Vaz
Reúne dezenas de cartas escritas pelo autor de O Sexo dos Anjos a uma correspondente real ou imaginária, a que o autor acrescenta um epílogo barcelonês.


A Estátua Assassina, de Louise Penny (trad. Ana Maria Chaves)
A escritora canadiana Louise Penny é a criadora do inspector Gamache e uma referência da moderna literatura policial.

 

Novembro


Contos Escolhidos, de Saul Bellow, prefácio de James Wood (trad. Miguel Serras Pereira)
«Saul Bellow é, com Faulkner, o maior escritor americano moderno em prosa.» [James Wood, da Introdução]


Hamlet, de William Shakespeare (trad. António Feijó)
É a tradução (revista) de Hamlet de António Feijó e que foi inicialmente usada na encenação teatral de Ricardo Pais.


O Separar das Águas e Outras Novelas, de Hélia Correia
Além de O Separar das Águas, cujo título de ressonâncias bíblicas haveria de marcar todo o trajecto literário da autora, publicam-se também as novelas Villa Celeste e Soma.

 
Morte Aparente no Pensamento (Sobre a Filosofia e a Ciência), de Peter Sloterdijk (trad. Carlos Leite)
Neste breve ensaio, Peter Sloterdijk considera numa nova perspectiva a ciência e a prática do cientista.


A Amiga Genial, de Elena Ferrante (trad. Margarida Periquito)
Para quem leu Crónicas do Mal de Amor, é um livro inesperado, percorrido como é por uma espécie de alegria antes desconhecida na autora.


Telex de Cuba, de Rachel Kushner (trad. Jorge Pereirinha Pires)
Já neste primeiro romance era evidente a originalidade da autora de Os Lança-Chamas.


A Estufa dos Cíclames, de Rebecca West
Em 1946 Rebecca West foi convidada pelo Daily Telegraph para escrever três artigos sobre os julgamentos dos nazis em Nuremberga. O resultado foram alguns textos de brilhante jornalismo sobre a relação entre aspectos pessoais e a moral de uma vontade colectiva. Em 1949, a autora de O Regresso do Soldado voltou ao tema e a abordagem jornalística aprofundou-se em reflexão política.

 
Cidades da Planície, de Cormac McCarthy (trad. Paulo Faria)
O livro encerra a trilogia iniciada com Belos Cavalos e continuada com A Travessia.


Pippi das Meias Altas, de Astrid Lindgren (trad. Alexandre Pastor)
Traduzido pela primeira vez a partir do sueco por Alexandre Pastor, Pippi das Meias Altas é um meteoro de irreverência no actual universo em que as crianças são ameaçadas pelo politicamente correcto.




Não Posso nem Quero, de Lydia Davis (trad. Inês Dias)
«Poderosa como Kafka, subtil como Flaubert e tão marcante – à sua maneira – como Proust… Duas linhas de Lydia Davis ou um parágrafo aparentemente casual podem ser assombrosos…» [Ali Smith]


Tolstoi ou Dostoievski, de George Steiner (trad. Jorge Vaz de Carvalho)
É a análise comparativa dos dois maiores romancistas russos. Steiner mostra como eles se destacam, embora de modo completamente distinto, pela amplitude da sua visão e a força da sua escrita, possuindo a faculdade de construir realidades sensoriais e concretas que são ultrapassadas pela vida e o mistério do espírito.

 

Dezembro


O Idiota, de Fiódor Dostoievski (trad. António Pescada)
As ideias e as atitudes do príncipe Míchkin são desses momentos em que o espírito se liberta da prisão dos sentidos (e Dostoievski nunca sugere que o Idiota lamenta a enfermidade que o torna diferente dos outros).
 
 
O Nosso Amigo Comum, de Charles Dickens (trad. Maria de Lourdes Guimarães)
É, com Bleak House, uma das duas grandes obras de Dickens e uma penetrante incursão na sociedade vitoriana cuja tradução faltava em português.

 

 

Jaime Rocha, Margarida Vale de Gato e Miguel-Manso em Vila Velha de Ródão






De 15 a 29 de Setembro, decorre em Vila Velha de Ródão o evento «Poesia, Um Dia», organizado pela Biblioteca Municipal.
A iniciativa conta com a intervenção de poetas e outros artistas em várias actividades, como apresentações de livros, leituras no rio, além de uma Feira do Livro de Poesia.
Jaime Rocha, Margarida Vale de Gato e Miguel-Manso são alguns dos poetas presentes na edição deste ano.



Livro do Dia (16 de Setembro) na Feira do Livro do Porto




 

«A artista mais perfeita entre as mulheres, a escritora cujos livros são imortais morreu “precisamente quando estava a começar a sentir-se confiante no seu próprio sucesso”.» [Do prefácio de Virginia Woolf]

15.9.14

Sobre Segredo Ardente, de Stefan Zweig




«A estância balnear de montanha está quase deserta – terminou a época alta – e o impetuoso dandy inicia imediatamente a “caça”, farejando uma qualquer conquista feminina que o ajude a passar o tempo. O autor explica, em poucas palavras, a ânsia do apelo erótico nesses homens “inflamados de paixão, ainda que não a do amante, mas a do jogador perigoso que procede a cálculos com frieza”. Assim, e depois de uma rápida avaliação dos escassos hóspedes, o barão – do qual nunca se sabe o nome – fixa a sua presa na pessoa de uma mulher madura (diríamos “balzaquiana”!) que se encontra no mesmo hotel com um filho de 12 anos, Edgar, um rapaz enfermiço e nervoso que lê Karl May, deambula pelos corredores e mete conversa com os empregados. Negligenciado pela mãe, uma senhora de modos irrepreensíveis e severos, é seduzido pela simpatia do homem insinuante que se apercebe da sua solidão e dele se serve para se aproximar – e conquistar – o objecto do seu anseio. Edgar fica deslumbrado com a atenção que lhe é concedida por um adulto tão encantador e conhecedor do “mundo” e deixa-se arrastar pela felicidade de um sentimento ilusório de amizade partilhada.» [Helena Vasconcelos, Público, ípsilon, 12-9-2014]

Ressurgir, de Margaret Atwood, livro da semana na Time Out


 


 
«Ressurgir surgiu em 1972. É a segunda novela de Margaret Atwood (a década anterior enchera-se sobretudo com poesia) e tem mais terra (literalmente), mais Canadá e um fio narrativo mais límpido do que boa parte da obra de ficção posterior. (…)
Tem uma espécie de misticismo prático e impiedoso que explode em capítulos finais de purga, transe e ressurreição, e num remate que deixa tudo (o livro, os leitores, a narradora) a pairar.» [Jorge Lopes, Time Out, 27/8/2014]

Livro do Dia (15 de Setembro) na Feira do Livro do Porto




 

«Fausto é uma das mais atraentes personagens da cultura ocidental. Usamos o seu fado – assim como o de Don Juan, Hamlet, Dom Quixote, Peer Gynt, do Capitão Ahab, do Wotan de Wagner, do Vautrin de Balzac e de Ulisses – para traçar os nossos pensamentos sobre a natureza humana e o destino.»[A. S. Byatt]

12.9.14

Livro do Dia (14 de Setembro) na Feira do Livro do Porto




Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, do escritor chileno que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1971 «por uma poesia que dá vida ao destino e aos sonhos de um continente».

Livro do Dia (13 de Setembro) na Feira do Livro do Porto





Esta é a sexta edição do Livro do Desassossego organizada por Teresa Sobral Cunha. Resulta da continuação do seu trabalho de investigação iniciado há mais de trinta anos quando assinou com Jacinto do Prado Coelho e Maria Aliete Galhoz a primeira publicação do Livro do Desassossego.

Esta nova edição determinou, como sempre, regressos ao espólio, acertos nas transcrições e na discursividade, bem como a perseverança autoral de um heterónimo e de um semi-heterónimo que sucessivamente se responsabilizaram pela sua redacção: Vicente Guedes e Bernardo Soares.

Sobre Crónicas do Mal de Amor, de Elena Ferrante







«Autora italiana sobre a qual pouco se sabe, Elena Ferrante observa de forma crua e inclemente a vida familiar e conjugal. Mais do que uma descoberta inesperada, eis um dos livros do ano.

Quase nada se sabe sobre a autora que assina “Elena Ferrante”, e que na última década se tornou um caso, em Itália e não só. Um ensaio entusiástico de James Wood introduz o volume Crónicas do Mal de Amor, que reúne três romances curtos, poderosíssimos. A escrita de Ferrante é clara e directa, mas a observação é crua, inclemente: uma conjugalidade, domesticidade e maternidade desencantadas que lembram a brasileira Lispector. (…)
Em Ferrante, uma lúcida radical, a biologia é o destino. E o destino é cruel.» [Pedro Mexia, Expresso, Atual, 16-9-2014]

Livro do Dia (12 de Setembro) na Feira do Livro do Porto




«Os Irmãos Karamázov é o romance mais magistral que alguma vez se escreveu, e nunca seremos capazes de apreciar devidamente o episódio do Grande Inquisidor, que é uma das maiores realizações da literatura mundial.» [Do Posfácio de Sigmund Freud]

11.9.14

Sobre O Choque da Queda, de Nathan Filer





«Nathan Filer reproduz e transfigura o caos do pensamento e essa espécie de princípio da incerteza da memória. A coordenação entre ambos é uma das mais impressionantes qualidades do romance. Tanto mais que as dificuldades são muitas. (…) Com uma escrita falsamente simples, factual sem nunca ser árida, O Choque da Queda sobrevoa território minado com uma sabedoria elegante ao alcance de muito poucos.» [Hugo Pinto Santos, Time Out Lisboa, 10/9/2014]

Livro do Dia (11 de Setembro) na Feira do Livro do Porto





«Tais pessoas eram capazes de sonhar, mas incapazes de governar. Destruíam as suas vidas e as dos outros. Eram tolas, fracas, fúteis, histéricas; mas, por trás de tudo isto, ouve-se a voz de Tchékhov: abençoado o país que soube gerar este tipo humano. Eles deixavam escapar as ocasiões, evitavam agir, não dormiam à noite inventando mundos que não sabiam construir; mas a própria existência dessas pessoas cheias de uma abnegação apaixonada e fervorosa, de pureza espiritual, de elevação moral, o simples facto de essas pessoas terem vivido e talvez ainda viverem hoje, algures, na implacável e reles Rússia actual é uma promessa de futuro melhor, para todo o mundo, porque, de todas as leis da natureza, a mais maravilhosa, é talvez a da sobrevivência dos mais fracos.» [Do Prefácio de Vladimir Nabokov]

A Relógio D'Água na Feira do Livro do Porto 2014




 
Jardins do Palácio de Cristal, Pavilhões 19, 20, 21 e 22

10.9.14

A chegar às livrarias: A Sociedade do Cansaço, de Byung-Chul Han







De acordo com Byung-Chul Han, uma das mais inovadoras vozes filosóficas surgidas na Alemanha, o Ocidente está a tornar-se uma sociedade do cansaço.
Segundo este autor germano-coreano, qualquer época tem as suas doenças características. Houve uma época bacteriana, que terminou com a descoberta dos antibióticos. A época viral foi ultrapassada através das técnicas imunológicas, apesar dos periódicos receios de uma pandemia gripal.
O início do século xxi, do ponto de vista patológico, seria sobretudo neuronal. A depressão, as perturbações de atenção devidas à hiperatividade e a síndroma do desgaste profissional definem o panorama atual.

Livro do Dia [10 de Setembro de 2014] na Feira do Livro do Porto





«Durante muito tempo fui para a cama cedo. Por vezes, mal apagava a vela, os olhos fechavam-se tão depressa que não tinha tempo de pensar: “Vou adormecer.” E, meia hora depois, era acordado pela ideia de que era tempo de conciliar o sono; queria poisar o volume que julgava ter nas mãos e soprar a chama de luz; dormira, e não parara de reflectir sobre o que acabara de ler, mas tais reflexões haviam tomado um aspecto um tanto especial; parecia-me que era de mim mesmo que a obra falava…» [Primeira frase de Em Busca do Tempo Perdido, volume I, tradução de Pedro Tamen]

9.9.14

A chegar às livrarias: Ensaio sobre o Princípio da População, de Thomas Malthus

 



«O Ensaio de Malthus é uma obra de génio juvenil. O autor estava plenamente consciente da significação das ideias que exprimia. Acreditava ter descoberto a chave da miséria humana. A importância do Ensaio consistia não na novidade dos factos mas na ênfase esmagadora que Malthus punha numa generalização simples que deles resultava. Com efeito, a sua ideia condutora fora em larga medida antecipada em termos mais desajeitados por outros autores do século XVIII, sem ter atraído as atenções.
O livro pode reclamar lugar entre os que tiveram uma influência de primeira grandeza no progresso do pensamento. Pertence em profundidade à tradição inglesa das ciências humanas — a essa tradição do pensamento escocês e inglês, em que existiu, segundo penso, uma extraordinária continuidade de sensibilidade, se assim me posso exprimir, desde o século XVIII até aos dias de hoje: essa tradição que os nomes de Locke, Hume, Adam Smith, Paley, Bentham, Darwin e Mill sugerem, tradição marcada pelo amor da verdade e uma nobre lucidez máxima, por uma prosaica sensatez livre do sentimento ou da metafísica, ao mesmo tempo que por um imenso desinteresse e pela preocupação com a vida pública. A continuidade que existe entre estes escritos não é somente de sensibilidade, mas também de conteúdo. Tal é o grupo a que Malthus pertence.» [Do Prefácio de J. M. Keynes]

Sobre Ensaios Escolhidos, de Virginia Woolf





Na Sábado, Eduardo Pitta escreveu «sobre um volume de Ensaios Escolhidos de Virginia Woolf (1882-1941), reconhecida sobretudo pela obra ficcional, embora tenha escrito largamente na imprensa sobre livros e cultura em geral. Os textos ora reunidos são uma pequena amostra dessa actividade. Virginia nunca deixa de surpreender. Os adeptos da prosa abstrusa têm aqui a prova de que o Modernismo não obliterou a clareza de raciocínio. Para alguém cuja imagem está associada ao glamour do grupo de Bloomsbury, a forma como discreteia sobre Montaigne, Defoe, Conrad, Hardy, Sterne, Whitman, Henry James ou Jane Austen, e temas tão diversos quanto o romance gótico, a “personagem” na ficção, o ensaio moderno ou a arte da biografia, estes ensaios são deveras reveladores de um espírito nos antípodas da pessoa “isolada, mal informada e pouco sensata” que confessa ser em Mr. Bennett and Mr. Brown.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, 4/9/2014]


O editor da antologia é a própria Relógio D’Água.

Relógio D'Água na Feira do Livro do Porto






A Relógio D’Água está presente com quatro pavilhões (19, 20, 21 e 22) na Feira do Livro do Porto, que se realiza nos Jardins do Palácio de Cristal até ao dia 21 de Setembro de 2014.
Convidamos todos os leitores do Porto e do Norte, em geral, a uma visita.
Chamamos em particular a atenção para os nossos Livros do Dia.





Livro do Dia 9 de Setembro de 2014

«O problema de Dostoievski era este: captar e plasmar as realidades da condição humana numa série de crises extremas e definidoras; traduzir a experiência à maneira do drama trágico – o único modo que Dostoievski considera fiável – e, no entanto, permanecer dentro do ambiente naturalista da vida urbana moderna.» [George Steiner, Tolstói ou Dostoievski]

8.9.14

A chegar às livrarias: Henderson, o Rei da Chuva, de Saul Bellow






Neste divertido romance, Bellow evoca uma paleta de cores vivas e costumes exóticos de uma África imaginária, destino escolhido por um milionário americano de meia-idade que, em busca de uma vida mais interessante, acaba no seio de uma tribo africana.
As demonstrações de força e vitalidade, juntamente com a paixão que demonstra pela vida, fazem com que Henderson receba a admiração e o reconhecimento por parte da tribo — mas é o seu dom para criar chuva que o catapulta de mero herói a messias.
História hilariante e irreverente, Henderson, o Rei da Chuva é também uma visão profunda sobre as forças que comandam a nossa vida.


«Uma espécie de sonho de delírio selvagem, tornado real pela força da hábil e jovial prosa de Bellow.» [Chicago Tribune]