«O Ensaio
de Malthus é uma obra de génio juvenil. O autor estava plenamente
consciente da significação das ideias que exprimia. Acreditava ter descoberto a
chave da miséria humana. A importância do Ensaio consistia não na
novidade dos factos mas na ênfase esmagadora que Malthus punha numa
generalização simples que deles resultava. Com efeito, a sua ideia condutora
fora em larga medida antecipada em termos mais desajeitados por outros autores
do século XVIII, sem ter atraído as atenções.
O
livro pode reclamar lugar entre os que tiveram uma influência de primeira
grandeza no progresso do pensamento. Pertence em profundidade à tradição
inglesa das ciências humanas — a essa tradição do pensamento escocês e inglês,
em que existiu, segundo penso, uma extraordinária continuidade de
sensibilidade, se assim me posso exprimir, desde o século XVIII até aos dias de
hoje: essa tradição que os nomes de Locke, Hume, Adam Smith, Paley, Bentham,
Darwin e Mill sugerem, tradição marcada pelo amor da verdade e uma nobre lucidez
máxima, por uma prosaica sensatez livre do sentimento ou da metafísica, ao
mesmo tempo que por um imenso desinteresse e pela preocupação com a vida
pública. A continuidade que existe entre estes escritos não é somente de
sensibilidade, mas também de conteúdo. Tal é o grupo a que Malthus pertence.» [Do Prefácio de J. M. Keynes]
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