15.9.14

Sobre Segredo Ardente, de Stefan Zweig




«A estância balnear de montanha está quase deserta – terminou a época alta – e o impetuoso dandy inicia imediatamente a “caça”, farejando uma qualquer conquista feminina que o ajude a passar o tempo. O autor explica, em poucas palavras, a ânsia do apelo erótico nesses homens “inflamados de paixão, ainda que não a do amante, mas a do jogador perigoso que procede a cálculos com frieza”. Assim, e depois de uma rápida avaliação dos escassos hóspedes, o barão – do qual nunca se sabe o nome – fixa a sua presa na pessoa de uma mulher madura (diríamos “balzaquiana”!) que se encontra no mesmo hotel com um filho de 12 anos, Edgar, um rapaz enfermiço e nervoso que lê Karl May, deambula pelos corredores e mete conversa com os empregados. Negligenciado pela mãe, uma senhora de modos irrepreensíveis e severos, é seduzido pela simpatia do homem insinuante que se apercebe da sua solidão e dele se serve para se aproximar – e conquistar – o objecto do seu anseio. Edgar fica deslumbrado com a atenção que lhe é concedida por um adulto tão encantador e conhecedor do “mundo” e deixa-se arrastar pela felicidade de um sentimento ilusório de amizade partilhada.» [Helena Vasconcelos, Público, ípsilon, 12-9-2014]

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