«A estância balnear de montanha está quase deserta –
terminou a época alta – e o impetuoso dandy inicia imediatamente a “caça”,
farejando uma qualquer conquista feminina que o ajude a passar o tempo. O autor
explica, em poucas palavras, a ânsia do apelo erótico nesses homens “inflamados
de paixão, ainda que não a do amante, mas a do jogador perigoso que procede a cálculos
com frieza”. Assim, e depois de uma rápida avaliação dos escassos hóspedes, o
barão – do qual nunca se sabe o nome – fixa a sua presa na pessoa de uma mulher
madura (diríamos “balzaquiana”!) que se encontra no mesmo hotel com um filho de
12 anos, Edgar, um rapaz enfermiço e nervoso que lê Karl May, deambula pelos
corredores e mete conversa com os empregados. Negligenciado pela mãe, uma
senhora de modos irrepreensíveis e severos, é seduzido pela simpatia do homem
insinuante que se apercebe da sua solidão e dele se serve para se aproximar – e
conquistar – o objecto do seu anseio. Edgar fica deslumbrado com a atenção que
lhe é concedida por um adulto tão encantador e conhecedor do “mundo” e deixa-se
arrastar pela felicidade de um sentimento ilusório de amizade partilhada.» [Helena
Vasconcelos, Público, ípsilon, 12-9-2014]
15.9.14
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