«Dave Eggers (Boston, 1970) foi até há uns anos um dos “meninos de
ouro” da nova literatura norte-americana, em conjunto com o imaginativo
Jonathan Safran Foer e o ecléctico Michael Chabon. Jornalista de formação,
fundador e editor da revista literária de culto, a McSweeney’s,
estreou-se na literatura em 2000 com um romance que de imediato o catapultou
para as preferências dos leitores e dos críticos, Uma Obra Enternecedora de
Assombroso Génio (Quetzal, 2012), uma espécie de livro de memórias sobre os
trágicos acontecimentos que foram a morte dos seus pais, com poucas semanas de
diferença, à mistura com um pouco de ficção, e que chegou a ser finalista do
Pulitzer Prize.
Escritor de uma versatilidade admirável, tem dividido o seu talento
por livros de memórias, como O Sítio das Coisas Selvagens (Quetzal,
2009), histórias orais passadas à escrita, O Que É o Quê (Casa das Letras,
2009) — onde conta a história de um refugiado sudanês que conseguiu chegar aos
Estados Unidos e que, curiosamente, há cerca de dois anos se tornou ministro da
educação no Sudão – ou ainda livros
baseados em experiências surpreendentes e acontecimentos verídicos, escritos
com o propósito de defender uma causa – em particular a dos direitos humanos,
em Zeitoun (Quetzal, 2011), sobre os mecanismos kafkianos da justiça
americana, a propósito da detenção de um habitante de Nova Orleães que se
recusou deixar a cidade durante os dias do furacão Katrina.
Um Holograma para o Rei – recentemente adaptado ao cinema, tendo
Tom Hanks como protagonista – é o seu primeiro “verdadeiro” romance deste que
2002 publicou Conhecereis a Nossa Velocidade! (Quetzal, 2011).» [José
Riço Direitinho, Público, ípsilon, 29/4/16]