15.4.16

Sobre Escola de Náufragos, de Jaime Rocha





«Escola de Náufragos puxa as suas redes a partir da memória, arranca vivências impressivas de um país que é o retrato de uma das mais veementes noções que temos de Portugal, aquele da austera e firme têmpera que de diferentes modos foi glosada pelos grandes cronistas portugueses (Raul Brandão e o seu Os Pescadores é só o mais óbvio dos exemplos), uma terra encostada à margem litoral, dependente do mar, acossada por ele, à sua mercê. São os desastres de vidas no osso, lapidadas em pormenores grotescos, essa é a única trama: um ambiente de sufoco, até na beleza, uma sensação de trauma, de intimidade magoada, como se se tratasse de uma história de embalar em que o narrador se encantou pelos detalhes, se excedeu nas descrições. Quem quer que estivesse sob os lençóis, prestes a adormecer, acabou por amarfanhá-los e passar a noite em claro.» [Diogo Vaz Pinto, i, 14/04/2016]

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