24.1.17

Sobre No Outono, de Karl Ove Knausgård




«Ao mesmo tempo que foi publicado Dança no Escuro, veio também a público, do mesmo autor (com algumas ilustrações de Vanessa Baird), a tradução de No Outono, o primeiro de quatro volumes titulados com as estações do ano. São narrativas curtas, apressadas, de duas a três páginas. A abrir o livro pode ler-se “carta a uma filha que vai nascer”, e o primeiro texto é isso que deixa parecer, mas logo os que se seguem mudam de registo, passando a ser uma espécie de ‘descrição do mundo’ em redor do autor, que tem como alvos assuntos como as pastilhas elásticas, os sapos, molduras, golfinhos, víboras, urina, igrejas… Quem leu os volumes de A Minha Luta pouco reconhecerá de Knausgård nestas narrativas curtas, nem o estilo introspectivo, nem a reflexão, nem aquela espécie de prosa tentacular que arrasta o leitor. No entanto, e apesar da ligeireza dos escritos, o leitor ainda é surpreendido de vez em quando com algumas frases de efeito ou com reflexões interessantes, como a que faz sobre a criação de animais domésticos: “O problema do apicultor é que nada se possa oferecer às abelhas que elas não possam arranjar, são completamente autónomas, e que elas se mantenham precisamente ali, nas colmeias do apicultor, não é certo.”» [José Riço Direitinho, Público, Ípsilon, 3/1/2017]

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