A jornalista
Isabel Lucas entrevistou o escritor nova-iorquino James Hannaham a propósito do
lançamento do seu livro Fruta Deliciosa.
«Chama-se Fruta Deliciosa, venceu
a última edição do PEN/Faulkner Award, um dos mais prestigiados prémios das
letras americanas, e acaba de ser publicado em Portugal.
É terça-feira, passam três semanas desde as eleições. Cheira a lareira
nas ruas tranquilas do bairro de Clinton Hill. Chove e já se acendem as
primeiras luzes a anunciar a noite apesar de serem quatro e meia da tarde. Num
pequeno café na cave de um prédio antigo, Hannaham aquece as mãos numa chávena
de chá depois de um dia de aulas de escrita criativa no Pratt Institut, em
Brooklyn, Nova Iorque, onde é professor. Meio a rir, diz que o mau humor não o
larga desde esse dia 8. O desabafo sai-lhe num tom que se reconhece como o
mesmo de Fruta Deliciosa:
directo, irónico, perturbante, com as palavras escolhidas para atingir o
efeito. O livro foi publicado há mais de um ano, mas agora parece assumir um
carácter ainda mais político. “Quando Trump ganhou pensei numa coisa em que já
pensara quando estava a escrever o livro: será que é da natureza humana tentar
controlar outras pessoas, subjugá-las e satisfazer-se com isso? É uma questão
que não tem nada a ver com raça. Pode ter a ver com a subjugação de mulheres
por parte dos homens”, diz num inglês sem sotaque que revela uma viagem maior
do aquela entre o Bronx, onde nasceu, e Brooklyn, onde vive.» [Entrevista de Isabel Lucas, ípsilon,
Público, 30/12/2016]
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