30.6.15

A chegar às livrarias: Debate sobre a Desigualdade e o Futuro da Economia, de Paul Krugman, Thomas Piketty e Joseph Stiglitz




Este livro reproduz o debate realizado a 4 de março de 2015 pelos economistas Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Thomas Piketty.
Os dois primeiros foram galardoados com o Nobel de Economia e Piketty é um reconhecido especialista mundial na área dos rendimentos e desigualdade, tendo documentado a crescente concentração da riqueza numa reduzida elite económica e o regresso ao «capitalismo patrimonial».

O encontro foi organizado pela 92Y, sendo moderado por Alex Wagner. Entre os temas abordados estão as origens da crise de 2008, o desemprego e as desigualdades sociais, os problemas da Zona Euro e das instituições europeias, e a evolução dos EUA e da China. No livro discutem-se os seguintes tópicos: A Europa e os EUA; Falsas Preocupações; A Situação Vai Piorar?; O Poder Destrutivo da Desigualdade; Razões de Esperança; A Importância da Educação; A Transformação do Sistema; O Futuro do Bitcoin; A Evolução da China e da Europa.

Sobre Mirleos, de João Miguel Fernandes Jorge





«João Miguel Fernandes Jorge interrompe um silêncio de quatro anos e explica o título Mirleos: “Admiráveis ruínas”.»

[Recomendações, Ler, Verão de 2015]

29.6.15

Sobre João Miguel Fernandes Jorge




O número de Verão da Ler publica duas entrevistas, uma com Eduardo Lourenço, outra com João Miguel Fernandes Jorge, feita por Hugo Pinto Santos. Reproduzem-se em seguida alguns fragmentos dessa entrevista:

«A poesia, a sua forma de idealização, ou seja, o seu carácter sedutor, surgiu muito cedo com a leitura de Nobre. Mas isso é apenas um gesto, um nada adolescente. Foi preciso trabalhar, e muito, a confusão empírica do mundo e dos sentidos e também dos sentimentos. Então, a exigência de um rigor, que é sempre por fim a poesia, tomou o seu espaço e realizou o seu tempo no meu próprio tempo presente. É, todavia, um reconhecimento obscuro; e por isso mesmo profundamente livre; em qualquer instante pode suicidar-se — até mesmo em beleza — dentro de mim, sem sequer se despedir.»

«Tive sempre um certo problema em relação ao casal Vieira da Silva/Arpad Szenes. Que foi o gostar muito da obra de Szenes e não muito da de Vieira. Até que vi esses estudos anatómicos, que fez quase adolescente, assistindo a aulas de anatomia, um pouco antes de deixar Portugal. Eu tinha uns anos antes estado no Instituto de Medicina Legal do Porto, onde vi, na mesa anatómica, um homem e uma mulher jovens, lado a lado. Disseram-me que se tratara de um suicídio de amor. Sempre quis escrever sobre ambos. Talvez fossem esses amantes, na mesa mortuária lado a lado, o que me moveu para aqueles poemas [Jardim das Amoreiras], e também a persistência daquela rapariguinha a desenhar, entre estudantes de medicina, na aula no Campo de Sant’Ana.»


«Os meus poemas também referem muitos poetas. Mas às vezes uma obra de que muito gostamos — gostamos dela porquê? — porque a recebemos como um campo de ruínas. Nela pesquisamos à maneira de um arqueólogo. Vai nisso muito do nosso amor a uma obra e a um autor. É a minha forma de homenagem, de reconhecimento.»

Sobre Opiniões Fortes, de Vladimir Nabokov





«“Penso como um génio, escrevo como um autor distinto e falo como uma criança”, começa por explicar; e a seguir: “Nunca dei ao anfiteatro a mais pequena migalha de informação que não tivesse sido dactilografada previamente. Por isso, este volume de entrevistas é matéria vigiada."»

[Recomendações, Ler, Verão de 2015]

Sobre Tolstoi ou Dostoievski, de George Steiner





«O que resulta é uma releitura fascinante da história do romance e das suas genealogias, e a presença de um espírito superior — o de Steiner.»

[Recomendações, Ler, Verão de 2015]

Sobre Pippi das Meias Altas, de Astrid Lindgren






«“A sós com um livro, uma criança cria as suas próprias imagens, nos espaços secretos da sua alma. Essas imagens estão acima de tudo. São necessárias às pessoas. No dia em que a imaginação das crianças já não for capaz de criá-las, a Humanidade ficará empobrecida.” Astrid Lindgren (1907-2002) proferiu estas palavras ao receber o prestigiado Prémio Hans Christian Andersen, em 1958, mas a sua criação mais famosa, Pippi das Meias Altas, seria capaz de faltar à cerimónia ou de interromper o discurso com mais uma das suas delirantes partidas.» [Ler, Verão de 2015]


Sobre Elena Ferrante





No questionário final da última revista Ler, à pergunta «Que livro a impressionou mais recentemente?», Carla Hilário Quevedo responde: «Crónicas do Mal de Amor, de Elena Ferrante, em particular Os Dias do Abandono.»

[Ler, Verão de 2015]

Sobre Filho de Deus, de Cormac McCarthy





«Há uns tempos fechei o Filho de Deus de Cormac McCarthy depois da última página lida e pensei sobre o mundo do autor: na ausência de qualquer traço do divino, não há literatura que tanto peça por Deus como esta. Os inúmeros monstros que povoam a obra de McCarthy não são a exceção à Humanidade mas a sua regra. Há ranho, sangue e esperma nas linhas de Cormac porque ele está interessado em sacar sentido para a vida que aparentemente o dispensa (essa é a razão por que não perde tempo a ler Proust — não tem pachorra para quem não lida diretamente com a morte). Quanto menos Deus existe nas intenções dos criminosos de McCarthy, mais a divindade se intromete nos crimes deles.» [Tiago Cavaco, Ler, Verão de 2015]


De Cormac McCarthy, a Relógio D’Água publicou também O Guarda do Pomar, A Estrada, Este País não É para Velhos, Suttree, Belos Cavalos, Meridiano de Sangue, Nas Trevas Exteriores, A Travessia, O Conselheiro e Cidades da Planície.


26.6.15

A chegar às livrarias: Um Bom Homem É Difícil de Encontrar e Outras Histórias, de Flannery O’Connor (trad. de Paulo Faria)





Este clássico moderno mostra-nos Flannery O’Connor como uma das mais originais e talentosas escritoras do Sul dos EUA. A sua visão apocalíptica da vida evidencia-se em situações grotescas e por vezes divertidas em que a personagem principal defronta um problema de redenção: a avó que enfrenta um assassino; um rapaz de quatro anos procura o Reino de Cristo nos rápidos dum rio; o general Sash está prestes a conhecer o seu derradeiro inimigo.

«Selvajaria, compaixão, farsa, arte e verdade fazem parte destas histórias. (…) É-me difícil imaginar um escritor mais divertido ou assustador.»
[Robert Lowell]

«Nestas histórias, o Sul rural é, pela primeira vez, retratado por uma escritora cuja ortodoxia está em proporção com o seu talento. Os resultados são revolucionários.»
[The New York Times Book Review]


De Flannery O’Connor a Relógio D’Água publicou também Um Diário de Preces e o romance O Céu É dos Violentos.

24.6.15

Prémio Camões nos jornais brasileiros




 
 

 

Vários jornais brasileiros divulagram a atribuição do Prémio Camões 2015 a Hélia Correia.

 
«Inédita no Brasil, a escritora portuguesa Hélia Correia foi anunciada nesta quarta (17) a vencedora do prêmio literário Camões, o mais importante dado a autores de língua portuguesa.
Escolhida por unanimidade pelo conjunto de sua obra, a autora de O Separar das Águas (1981) e Adoecer (2010) receberá cem mil euros (cerca de R$ 350 mil). O anúncio foi feito na sede do consulado português do Rio.
O Prêmio Camões costuma ser atribuído em anos alternados a escitores brasileiros e de países lusos. Em 2014, o vencedor foi o memorialista brasileiro Alberto Costa e Silva. Mia Couto, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro, José Luandino Vieira (que recusou a premiação) e Rubem Fonseca já foram agraciados.» [Folha de S. Paulo]

 
«A escritora portuguesa Hélia Correia, de 66 anos, é a vencedora do Prêmio Camões 2015. Autora de poesia, romance, novela e conto, ela receberá 100 mil euros. O anúncio foi feito na tarde de ontem, no Rio. A escolha foi unânime. (…) Em nota, o júri, presidido por Rita Marnoto, afirmou que “a obra de Hélia Correia é multifacetada em termos de gênero (poesia, ficção, drama) e de estilo”. “Renova a tradição literária a partir das matrizes da Antiguidade Clássica e ao mesmo tempo dialoga com a literatura moderna e contemporânea. A escrita de Hélia Correia é uma celebração da sabedoria antiga que resgata um sentimento poético que se perdeu no tempo”, elogiaram os jurados, que se reuniram na Biblioteca Nacional (centro) pela manhã.» [O Estado de São Paulo]

23.6.15

Sobre Elena Ferrante





«Elena Ferrante, romancista italiana de quem se sabe pouquíssimo, tornou-se um fenómeno internacional da última década, só comparável ao norueguês Knausgård. O que dela factualmente conhecíamos resumia-se ao volume de ensaios La frantumaglia (2003). Agora, os seus editores conseguiram entrevistá-la, e o texto, revisto, apareceu na última edição da Paris Review.

Ferrante não desvenda o seu verdadeiro nome e não revela quase nada sobre a sua vida, mas conversa sobre métodos de trabalho e sobre a questão da autoria.  Ela parte sempre de “fragmentos de memória” ainda sem linguagem, aquilo a que a sua mãe, em dialecto napolitano, chamava justamente “frantumaglia”: bocados de canções trauteadas que se transformam noutras canções, locais cuja localização exacta se perdeu, casas que nos lembramos da infância, vozes. Esses estilhaços vão-se organizando segundo uma ordem e uma tensão. Mas tão elogiada “sinceridade” é apenas um motor de arranque: a escrita faz-se com a justeza das palavras e com a energia das frases. Há uma “verdade literária”, uma verdade da prosa, sem a qual a simples verdade biográfica de pouco vale. E a romancista define a sua prosa como sólida, lúcida, controlada, mas exposta a quebras, rugas, sobreaquecimentos. (…) Os leitores, acredita Ferrante, serão capazes de descobrir o “verdadeiro” autor, “em cada palavra ou violência gramatical ou nó sintáctico”, tal como descobrem, aos poucos, a personalidade de uma personagem.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 13-06-2015]
 
De Elena Ferrante, a Relógio D'Água publicou Crónicas do Mal de Amor e A Amiga Genial, primeiro volume da Tetralogia Napolitana.

22.6.15

Sobre Contos de Guerra, de Lev Tolstói





«Os textos aqui reunidos, todos da juventude do autor, são diretamente inspirados por experiências pessoais. Os três primeiros referem-se ao cerco de Sevastopol, durante a guerra da Crimeia (1853-56), um desastre traumatiaznte para o Império Russo. Tolstói passou meses em Sevastopol na altura, e nunca escreveu tão próximo da reportagem. A seguir vêm duas histórias já mencionadas e, por fim, “O Cativo do Cáucaso” e “O Despromovido”. Se aquela pode ser vista como um relato direto de uma experiência comum nas guerras, a última contém um retrato de baixeza e humilhação inconfundivelmente russo.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 20-6-2015]

Pedro Almodóvar filma contos de Alice Munro




O novo filme de Pedro Almodóvar,  Silêncio, é inspirado em três contos do livro Fugas, da escritora canadiana Alice Munro, publicado em Portugal pela Relógio D’Água. «Este filme é um retorno ao cinema das mulheres, de grandes protagonistas femininas. É um drama de grande impacto. O silêncio é o elemento principal da trama, que leva às piores coisas que acontecem com a protagonista», disse o realizador em entrevista. Munro recebeu o Nobel de Literatura em 2013. Fugas tem oito contos que traçam perfis de mulheres que tragicamente não conseguem libertar-se de um quotidiano limitador e mesquinho. No conto-título, por exemplo, a protagonista, Carla, arrisca abandonar Clark, o marido medíocre, mas no meio da fuga perde a coragem e dá meia-volta – só para descobrir que Clark é ainda mais cruel e dissimulado do que ela poderia imaginar.
Na última semana, surgiram as primeiras fotos das filmagens de Silêncio — a trama vai estender-se ao longo de 30 anos na vida de Julieta, desde o nostálgico ano de 1985, quando tudo parecia melhor, até 2015, quando a sua situação parece ser irreparável e ela se encontra à beira da loucura.

A personagem é vivida por duas actrizes diferentes, Emma Suarez e Adriana Ugarte, em momentos distintos da sua vida. Também no elenco, Michelle Jenner, Rossy de Palma, Darío Grandinetti e a actriz Blanca Parés, que interpreta a filha da protagonista e cuja falta de contacto com a mãe justifica o título do filme. Silêncio começou a ser rodado em Maio e tem estreia prevista para Março de 2016 em Espanha.

17.6.15

Hélia Correia recebe Prémio Camões







A escritora Hélia Correia acaba de receber o Prémio Camões 2015, o mais prestigiado atribuído no espaço da língua portuguesa.
O júri foi constituído por Pedro Mexia, Rita Marnoto, Antonio Carlos Secchin, Affonso Romano de Sant’Anna, Inocência Mata e Mia Couto.
O Prémio Camões consagra a obra de um autor e não uma qualquer obra particular.
Hélia Correia nasceu em Lisboa em 1949 e passou a infância e a juventude em Mafra, terra da família materna, onde frequentou o ensino primário e liceal. Terminou os estudos liceais já em Lisboa onde frequentou a Faculdade de Letras e se licenciou em Filologia Românica e foi professora do ensino secundário. Já em 2002 tirou o mestrado em Teatro da Antiguidade Clássica.
Enquanto romancista Hélia Correia revelou-se como um dos nomes mais importantes e originais surgidos durante a década de 80, ao publicar, em 1981, O Separar das Águas. Seguiram-se romances e novelas como Montedemo, Insânia, A Casa Eterna (Prémio Máxima de Literatura, 2000), Lillias Fraser (Prémio de Ficção do PEN Clube, 2001, e Prémio D. Dinis, 2002), Bastardia (Prémio Máxima de Literatura, 2006), e Adoecer (Prémio da Fundação Inês de Castro, 2010).






Mas depressa a sua obra se diversificou em géneros como a poesia e o drama, acolhendo influências tão diversas como Sófocles e outros dramaturgos da Grécia clássica, Emily Brontë, algum realismo mágico e os portugueses Camilo e Eça.
Na poesia, tem uma vasta colaboração em antologias e jornais iniciada aos 18 anos no Juvenil do Diário de Lisboa e publicou obras como A Pequena Morte/Esse Eterno Canto (em díptico com Jaime Rocha) e Apodera-te de Mim. A Terceira Miséria (2012) recebeu o prémio de Poesia do PEN Clube e o Prémio Literário Correntes d’Escritas.
A sua escrita para teatro integra a influência dos clássicos gregos, em obras como Perdição ─ Exercício sobre Antígona, O Rancor ─ Exercício sobre Helena, e Desmesura ─ Exercício com Medeia.







Como contista publicou uma antologia de contos em Novembro de 2008, e, em 2014, Vinte Degraus e Outros Contos, que recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara Municipal de Vila Nova da Famalicão.

Para a infância, salienta-se os livros da colecção Mopsos, o Pequeno Grego: O Ouro de Delfos e A Coroa de Olímpia e as suas versões das obras de Shakespeare, Sonho de Uma Noite de Verão ─ Versão Infantil e A Ilha Encantada ─ Versão para Jovens de A Tempestade. A sua obra infanto-juvenil mais recente é A Chegada de Twainy (2011).







O Prémio Camões foi-lhe atribuído, reconhecendo a imaginação, o poder de criação de personagens e um invulgar modo de trabalhar o português que Hélia Correia tem revelado. Junta assim o seu nome aos escritores portugueses Vergílio Ferreira (1992), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999), Eugénio de Andrade (2001), Maria Velho da Costa (2002), Agustina Bessa-Luís (2004), António Lobo Antunes (2007) e Manuel António Pina (2011).
 
«Adoecer é um dos melhores cinquenta romances dos últimos anos.» [Eduardo Lourenço]


«Depois de Lillias Fraser (2001), Adoecer. Não há nenhum escritor português de agora a escrever com esta grandeza soberana.» [Pedro Mexia, Público, 24-12-2010]


Richard Flanagan na FLIP



 

Richard Flanagan, autor de A Senda Estreita para o Norte Profundo, recentemente publicado pela Relógio D’Água, é um dos convidados da Festa Literária Internacional de Paraty em 2015.
O escritor australiano, vencedor do Booker Prize em 2014, estará em Paraty no dia 3 de Julho, para falar de «Escrever ao sul» com o escritor queniano Ngugi wa Thiong’o.

16.6.15

Hoje é Bloomsday




 

Ulisses é um romance de referências homéricas, que recria um dia de Dublin, a quinta-feira de 16 de Junho de 1904, o mesmo em que Joyce conheceu Nora Barnacle, a jovem que viria a ser sua mulher.
Mais de cem anos depois, o dia, conhecido por Bloomsday, é comemorado por leitores de Joyce em todo o mundo, com pequenos-almoços na Irlanda, debates no Brasil ou leituras de Ulisses na China.

Sobre A Conquista da Felicidade, de Bertrand Russell





«O que faz de A Conquista da Felicidade um livro diferente de tantos que se propõem o mesmo programa é a inteligência do autor, um homem que triunfou na matemática e na filosofia da linguagem antes de abraçar novos desafios como pacifista e ativista de causas várias. Explicamos assim para ver se os consumidores habituais de certos livros de autoajuda não reparam que se trata de uma obra culta, cheia de observações subtilmente irónicas, e com uma boa dose de sabedoria.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 2-5-2015]

15.6.15

Sobre Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen




«Em Sensibilidade e Bom Senso, estão sempre a acontecer coisas. Um homem rico morre, deixa a fortuna a um dos seus filhos, quatro mulheres (mãe e três filhas) ficam em dificuldades, têm de se mudar, vão para uma casa pequena, conhecem gente que as trata bem, homens por quem se apaixonam ou que se apaixonam por elas, uns fiáveis, outros nem tanto, vão descobrindo segredos, negociando as convenções e o azar das circunstâncias, até que no final… acabam num estado que não podemos revelar ao leitor, por presumirmos que ficará tão interessado como gerações têm ficado desde que o livro foi escrito. Diremos apenas que, se a ficção é tanto um modo de entretenimento como uma via para afinar a nossa percepção da realidade humana, Sensibilidade e Bom Senso não o demonstra menos perfeitamente do que qualquer outro romance. E ensina bastante mais do que grande parte deles.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 6-6-2015]

12.6.15

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 14 de Junho de 2015




 Pela Estrada Fora, de Jack Kerouac
Anna Karénina (ed. brochada), de Lev Tolstói
A Viagem do Beagle, de Charles Darwin
Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 13 de Junho de 2015




 Ulisses, de James Joyce
Crime e Castigo, de Fiódor Dostoievski
Musicofilia, de Oliver Sacks
Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Contos, de Hans Christian Andersen (ed. cartonada)

Rock de Knausgård anima festival em Nova Iorque



fotografia de Sarah Shatz

O romancista Karl Ove Knausgård e a sua banda, Lemen, animaram os escritores e editores reunidos no Festival Literário Norueguês e Americano, entre 20 e 22 de Maio. O concerto teve lugar num velho clube na margem do Hudson, em Nova Iorque.
De acordo com Andrea Aguilar, correspondente do El País em Nova Iorque, inúmeras pessoas aguardaram a abertura das portas no local do encontro. O romancista britânico Adam Thirlwell afirmava esperar «qualquer coisa de suave, não acredito que a sua música seja tão radical como a sua escrita».
Knausgård encarregou-se da bateria, o seu irmão Yngve da guitarra e um amigo de adolescência do baixo, a vocalista foi recrutada para a ocasião.
Apesar de nas suas obras a banda de Knausgård acumular fracassos, a música foi animando os participantes, embora uma delas comentasse que nas capas dos livros Knausgård parece um músico e por trás da bateria um escritor.
Segundo Andrea Aguilar, o entusiasmo pelo autor norueguês tem crescido nos EUA nos últimos três anos. «Com o seu porte imponente, olhar penetrante e cabelo desalinhado, o autor assumia o estatuto que ocupa no imaginário de muitos leitores», embora antes de começar o concerto Knausgård ter confessado estar aterrorizado.
Mas a surpresa da noite foi a banda Fun Stuff, de que o crítico literário James Wood é baterista.

A chegar às livrarias: A Filosofia e o Mal — Banalidade e Radicalidade do Mal de Hannah Arendt a Kant, de António Marques





«Dito isto, é necessário deixar claro alguns pressupostos deste livro. Desde logo, não é um conjunto de reflexões exclusivamente sobre o Eichmann de Arendt, embora este se possa considerar o seu estímulo inicial; toma como implícito que a complexidade do livro de Arendt apenas se esclarece por completo desde que inserido convenientemente no background da sua filosofia, desenvolvida nalguns textos fundamentais, a que nos vamos referir sem grandes minúcias técnicas; além disso, o tema filosófico do mal (assim
como conceitos a ele associados) não pode compreender-se sem o recurso ao tratamento que dele é feito pelo filósofo que se encontra em momentos-chave na argumentação de Arendt, ou seja, sem o retorno a textos essenciais de Kant; por último, o presente livro exprime uma convicção e contém, mais do que um pressuposto, uma aposta: a singularidade da voz de Arendt ganha mais nitidez no cruzamento com outras vozes, pelo que convocaremos alguma da correspondência mantida com autores como Gershom Scholem, Martin Heidegger, Karl Jaspers ou Joachim Fest.» [Da Nota Introdutória]


Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 12 de Junho de 2015





Debaixo do Vulcão, de Malcolm Lowry
Moby Dick, de Herman Melville
A Arte da Guerra, de Sun Tzu
Contos, vol. I, de Tchékhov
As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (ed. brochada)

11.6.15

Nas livrarias e na Feira do Livro de Lisboa: Telex de Cuba, de Rachel Kushner





Rachel Kushner escreveu um romance erudito e ambicioso. A acção decorre na comunidade americana de Cuba, durante os anos que levaram à revolução de Fidel Castro — um lugar que se havia tornado um efémero paraíso para alguns. Telex de Cuba é o primeiro romance a contar a história dos americanos que foram expulsos da ilha em 1958.

«Telex de Cuba é um trabalho excepcional, com páginas carregadas de vida. Kushner analisa de forma exímia a sociedade da plantação da cana-de-açúcar e as forças revolucionárias que a derrubaram. Escrito sem embelezamentos desnecessários nem observações demasiado pessoais, demonstra a intenção da autora — retratar o mais fidedignamente possível as pessoas, sobre as quais Kushner escreve com rara inocência. É a inocência do verdadeiro observador, que se submete ao poder da história que conta.»
[Paula Fox, autora de The Coldest Winter]

«Enquanto retrato da Cuba nos anos 50, este romance é diferente de todos os outros do seu género. Enfaticamente americano no seu ponto de vista e na história que conta, Telex de Cuba dá-nos um vislumbre dos executivos americanos e das suas famílias que viviam em Cuba durante uma época crucial de mudança, oferecendo ao leitor material esclarecedor do que acontecia nas corporações e na actividade dos altos quadros do poder.»
[Oscar Hijuelos, autor de The Mambo Kings Play Songs of Love e A Simple Habana Melody]

Entrevista a Paolo Giordano sobre o seu novo livro




 

Paolo Giordano, autor de A Solidão dos Números Primos, falou com Catarina Homem Marques, da revista Sábado, a propósito de Negro e Prata, o seu último livro, recentemente publicado pela Relógio D’Água.


«Segundo o esquema dos quatro humores fixado por Cláudio Galeno, o narrador de Negro e Prata tem o organismo desequilibrado por um excesso de bílis negra. É melancólico, pessimista. Já Nora, pelas contas do marido, tem uma bílis de prata fundida, “o mais claro de todos os metais, o melhor de todos os condutores”. O problema é que os organismos são fechados e, por muito que se amem, vivem separados. Pior ainda quando o humor que os equilibrava, o da Senhora A., ama do filho e mãe honorária da família, está prestes a desaparecer.
Ao terceiro romance, o italiano Paolo Giordano encontra uma outra forma de confrontar a solidão também presente no bestseller A Solidão dos Números Primos. Doutorado em Física, aos 32 anos passou a viver da escrita e a aplicar o pensamento científico apenas às relações humanas.


Este livro é mais sobre as dificuldades de um casal ou sobre a morte?

Começou por ser uma reflexão sobre a morte, sobre se é possível prepararmo-nos para ela. A única personagem importante na primeira versão era a Senhora A. Depois percebi que estava igualmente interessado na forma como a sua vida e a morte serviam de espelho deste jovem casal a enfrentar os desafios diários de um casamento. Tive de voltar a escrever o livro quase do início.» [Sábado, 21-5-2015]

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 11 de Junho de 2015

 



Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf

O Vermelho e o Negro, de Stendhal

O Homem Que Confundiu a Mulher com Um Chapéu, de Oliver Sacks

As Flores do Mal, de Charles Baudelaire

Contos, de Oscar Wilde

9.6.15

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 10 de Junho de 2015




 

Lolita, de Vladimir Nabokov

Os Irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoievski

Da Democracia na América, de Alexis de Tocqueville

Fausto, de Goethe
 
As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain

Feira do Livro de Lisboa 2015: Sessão de Autógrafos com António Barreto





António Barreto estará quarta-feira, 10 de Junho, às 18h00, na Feira do Livro de Lisboa, nos pavilhões da Relógio D’Água, para autografar Douro; Anos Difíceis; Fotografias, e outras obras.

Nas livrarias e na Feira do Livro de Lisboa: O Processo, de Franz Kafka, com posfácio de Walter Benjamin (trad. Gilda Lopes Encarnação)






«O mundo das repartições e dos arquivos, dos gabinetes e dos quartos escuros, bafientos e degradados, é o mundo de Kafka. (…)
O Processo deixa-nos perceber que o procedimento judicial que é levantado contra o réu não lhe deixa, regra geral, qualquer esperança, inclusivamente nos casos em que poderia subsistir a esperança da absolvição. Ora, talvez seja precisamente esse desespero que transforma os réus nas únicas personagens belas no universo kafkiano.» [Do Posfácio de Walter Benjamin]

«Duas ideias — melhor dizendo, duas obsessões — regem a obra de Franz Kafka. A subordinação é a primeira das duas; o infinito, a segunda. Em quase todas as suas ficções há hierarquias e essas hierarquias são infinitas.» [Jorge Luis Borges]

De Kafka, a Relógio D’Água tem publicados O Castelo, O Desaparecido, Contos (com selecção e prólogo de Jorge Luis Borges), Carta ao Pai e A Metamorfose (prefácio de Vladimir Nabokov).

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 9 de Junho de 2015




 

O Amor de Uma Boa Mulher, de Alice Munro

Os Demónios, de Fiódor Dostoievski

Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, de Walter Benjamin

Antologia Poética, de Fernando Pessoa

Contos de Grimm, de Jacob e Wilhelm Grimm (ed. cartonada)

 

8.6.15

Sobre José Cardoso Pires






«O que é um acontecimento editorial? A resposta varia, mas geralmente é uma de duas coisas: ou um êxito de vendas que permanece semanas a fio no lugar cimeiro dos tops ou um autor elevado ao estatuto de “next big thing” pela crítica internacional, cujos livros chegam envoltos num halo de genialidade, sublinhada por ditirambos das publicações anglo-saxónicas de referência.



Muitos destes hipotéticos acontecimentos editoriais redundam em pífias desilusões, quando o leitor se embrenha nas obras e constata a existência de um fosso entre o hype criado pela eficaz maquinaria do marketing e a real qualidade literária dos livros em questão.



Ora um verdadeiro acontecimento editorial pode ser, ou deve ser, outra coisa. Por exemplo, o resgate de um autor que, por diversas razões, nomeadamente a retorcida lógica do mercado (favorecedora do tipo de “acontecimentos” acima descritos), se viu injustamente caído no esquecimento; ou cujas obras deixaram de estar acessíveis a quem as procura. Neste sentido, foi um acontecimento editorial a recente edição da obra completa do Padre António Vieira pelo Círculo de Leitores. Como é, neste mês de junho, a reedição de alguns dos mais significativos livros de José Cardoso Pires pela Relógio D’Água: O Anjo Ancorado (1958); O Delfim (1968); Balada da Praia dos Cães (1982); e De Profundis, Valsa Lenta (1997).» [José Mário Silva, E, Expresso, 6-6-2015]

Entrevista a Lydia Davis




«Lydia Davis é uma das mais prestigiadas e inventivas autoras de língua inglesa, tradutora de Proust e Flaubert. Dois anos depois de ter vencido o Man International Booker Prize e após publicar mais um livro de histórias em português, fala da sua escrita agarrada ao real, tão breve que pode assumir a forma de um poema. (…)
São nove horas e num pequeno hotel do centro de Manhattan, Lydia Davis enche uma chávena de café e pergunta sobre escritores portugueses.
Quer uma pausa antes de começar uma conversa sobre a sua escrita. Vencedora do Internacional Man Booker Prize em 2013, um dos prémios mais prestigiados da literatura, é considerada umas das escritoras mais inovadoras em língua inglesa. Natural de Massachussets, onde nasceu em 1947, é uma autora concisa, irónica, uma observadora acutilante do real, escreve histórias tão breves quanto intensas, sempre numa relação muito próxima com o leitor. O seu livro mais recente, Não Posso nem Quero (Relógio d’Água), foi publicado no início do ano em Portugal.
“Nunca estive em Portugal. Há pouco tempo estava em Barcelona e disseram-me que devia ir a Lisboa, que não estava ainda tomada por turistas.” Tradutora para inglês de Simenon, Blanchot, Proust e Flaubert reflecte sobre o modo como a tradução influencia o que escreve e como não estar centrada no inglês a torna contestatária de uma visão americana do mundo. Diz que tem Fernando Pessoa na sua estante. “Um jovem amigo falou-me dele de forma tão entusiástica. Mas ainda tão tive tempo de me dedicar”. Não será capaz de o ler em português, diz saber apenas o suficiente para “ler coisas simples”, mas já traduziu para inglês a história de uma favela do Rio de Janeiro. Está a horas de regressar de comboio à terra onde vive com o marido, o pintor Alan Cole, perto de Albany, a pouco mais de duas horas de Nova Iorque. Antes, foi casada com Paul Auster, com quem viveu em França, onde aprofundou os conhecimentos em francês. No fim da conversa, tira da mala uma caixa de chocolates. “São para si.”»


[Entrevista de Isabel Lucas a Lydia Davis, Público, ípsilon, 8/6/2015]
Entrevista completa aqui.

Sobre A Senda Estreita para o Norte Profundo, de Richard Flanagan





«A reconstituição, feita por um narrador omnisciente, dos sofrimentos demenciais impostos aos prisioneiros em nome do ideal guerreiro japonês constituirá o núcleo temático deste romance. Aí convivem a poesia e o horror. Em torno desse núcelo, a narração expande-se ciclicamente para trás (até à infância do protagonista numa aldeia remota da Tasmânia do início do século XX) e para a frente (o pós-guerra, a fama e o proveito em Sydney, enquanto cirurgião e amante, e a morte do herói renitente aos 77 anos, pois só a morte permite ler a forma e o sentido de uma vida).

Mas Flanagan não se limita a dar-nos a biografia completa de um filho do século XX australiano. Conta-nos igualmente “a inutilidade patética e abjecta de tanto sofrimento de tantos” dos companheiros de Evans no inferno da Indochina e também, notavelmente, a de alguns dos idealistas carrascos japoneses (o retrato de um deles não desmerecendo Mishima), o seu ponto de vista (chamemos-lhe assim) e o selectivo.»

[Mário Santos, Time Out, 3-6-2015]

Feira do Livro de Lisboa: Livros do Dia — 8 de Junho de 2015





 

Orlando, de Virginia Woolf

A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert

Autobiografia Intelectual, de Sigmund Freud

Pensamentos, de Oscar Wilde

O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett