«Lydia Davis é uma das mais prestigiadas e inventivas autoras de língua
inglesa, tradutora de Proust e Flaubert. Dois anos depois de ter vencido o Man
International Booker Prize e após publicar mais um livro de histórias em
português, fala da sua escrita agarrada ao real, tão breve que pode assumir a
forma de um poema. (…)
São nove horas e num pequeno hotel do centro de Manhattan, Lydia Davis
enche uma chávena de café e pergunta sobre escritores portugueses.
Quer uma
pausa antes de começar uma conversa sobre a sua escrita. Vencedora do
Internacional Man Booker Prize em 2013, um dos prémios mais prestigiados da
literatura, é considerada umas das escritoras mais inovadoras em língua
inglesa. Natural de Massachussets, onde nasceu em 1947, é uma autora concisa,
irónica, uma observadora acutilante do real, escreve histórias tão breves
quanto intensas, sempre numa relação muito próxima com o leitor. O seu livro
mais recente, Não Posso nem Quero (Relógio d’Água), foi publicado no início
do ano em Portugal.
“Nunca
estive em Portugal. Há pouco tempo estava em Barcelona e disseram-me que devia
ir a Lisboa, que não estava ainda tomada por turistas.” Tradutora para inglês
de Simenon, Blanchot, Proust e Flaubert reflecte sobre o modo como a tradução
influencia o que escreve e como não estar centrada no inglês a torna
contestatária de uma visão americana do mundo. Diz que tem Fernando Pessoa na
sua estante. “Um jovem amigo falou-me dele de forma tão entusiástica. Mas ainda
tão tive tempo de me dedicar”. Não será capaz de o ler em português, diz saber
apenas o suficiente para “ler coisas simples”, mas já traduziu para inglês a
história de uma favela do Rio de Janeiro. Está a horas de regressar de comboio
à terra onde vive com o marido, o pintor Alan Cole, perto de Albany, a pouco
mais de duas horas de Nova Iorque. Antes, foi casada com Paul Auster, com quem
viveu em França, onde aprofundou os conhecimentos em francês. No fim da
conversa, tira da mala uma caixa de chocolates. “São para si.”»
[Entrevista
de Isabel Lucas a Lydia Davis, Público, ípsilon, 8/6/2015]
Entrevista
completa aqui.