«Há uns tempos fechei o Filho de Deus de Cormac
McCarthy depois da última página lida e pensei sobre o mundo do autor: na ausência
de qualquer traço do divino, não há literatura que tanto peça por Deus como
esta. Os inúmeros monstros que povoam a obra de McCarthy não são a exceção à
Humanidade mas a sua regra. Há ranho, sangue e esperma nas linhas de Cormac
porque ele está interessado em sacar sentido para a vida que aparentemente o
dispensa (essa é a razão por que não perde tempo a ler Proust — não tem
pachorra para quem não lida diretamente com a morte). Quanto menos Deus existe
nas intenções dos criminosos de McCarthy, mais a divindade se intromete nos
crimes deles.» [Tiago Cavaco, Ler, Verão de 2015]
De Cormac McCarthy, a Relógio D’Água publicou também O Guarda
do Pomar, A Estrada, Este País não É para Velhos, Suttree, Belos Cavalos,
Meridiano de Sangue, Nas Trevas Exteriores, A Travessia, O Conselheiro e
Cidades da Planície.
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