8.6.15

Sobre José Cardoso Pires






«O que é um acontecimento editorial? A resposta varia, mas geralmente é uma de duas coisas: ou um êxito de vendas que permanece semanas a fio no lugar cimeiro dos tops ou um autor elevado ao estatuto de “next big thing” pela crítica internacional, cujos livros chegam envoltos num halo de genialidade, sublinhada por ditirambos das publicações anglo-saxónicas de referência.



Muitos destes hipotéticos acontecimentos editoriais redundam em pífias desilusões, quando o leitor se embrenha nas obras e constata a existência de um fosso entre o hype criado pela eficaz maquinaria do marketing e a real qualidade literária dos livros em questão.



Ora um verdadeiro acontecimento editorial pode ser, ou deve ser, outra coisa. Por exemplo, o resgate de um autor que, por diversas razões, nomeadamente a retorcida lógica do mercado (favorecedora do tipo de “acontecimentos” acima descritos), se viu injustamente caído no esquecimento; ou cujas obras deixaram de estar acessíveis a quem as procura. Neste sentido, foi um acontecimento editorial a recente edição da obra completa do Padre António Vieira pelo Círculo de Leitores. Como é, neste mês de junho, a reedição de alguns dos mais significativos livros de José Cardoso Pires pela Relógio D’Água: O Anjo Ancorado (1958); O Delfim (1968); Balada da Praia dos Cães (1982); e De Profundis, Valsa Lenta (1997).» [José Mário Silva, E, Expresso, 6-6-2015]

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