A
escritora Hélia Correia acaba de receber o Prémio Camões 2015, o mais
prestigiado atribuído no espaço da língua portuguesa.
O
júri foi constituído por Pedro Mexia, Rita Marnoto, Antonio Carlos Secchin,
Affonso Romano de Sant’Anna, Inocência Mata e Mia Couto.
O
Prémio Camões consagra a obra de um autor e não uma qualquer obra particular.
Hélia
Correia nasceu em Lisboa em 1949 e passou a infância e a juventude em Mafra,
terra da família materna, onde frequentou o ensino primário e liceal. Terminou
os estudos liceais já em Lisboa onde frequentou a Faculdade de Letras e se
licenciou em Filologia Românica e foi professora do ensino secundário. Já em
2002 tirou o mestrado em Teatro da Antiguidade Clássica.
Enquanto
romancista Hélia Correia revelou-se como um dos nomes mais importantes e
originais surgidos durante a década de 80, ao publicar, em 1981, O Separar das Águas. Seguiram-se
romances e novelas como Montedemo, Insânia, A Casa Eterna (Prémio Máxima de Literatura, 2000), Lillias Fraser (Prémio de Ficção do PEN
Clube, 2001, e Prémio D. Dinis, 2002), Bastardia
(Prémio Máxima de Literatura, 2006), e Adoecer
(Prémio da Fundação Inês de Castro, 2010).
Mas
depressa a sua obra se diversificou em géneros como a poesia e o drama, acolhendo
influências tão diversas como Sófocles e outros dramaturgos da Grécia clássica,
Emily Brontë, algum realismo mágico e os portugueses Camilo e Eça.
Na
poesia, tem uma vasta colaboração em antologias e jornais iniciada aos 18 anos
no Juvenil do Diário de Lisboa e publicou obras como A Pequena Morte/Esse Eterno Canto (em
díptico com Jaime Rocha) e Apodera-te de
Mim. A Terceira Miséria (2012) recebeu o prémio de Poesia do PEN Clube e o Prémio Literário
Correntes d’Escritas.
A
sua escrita para teatro integra a influência dos clássicos gregos, em obras
como Perdição ─ Exercício sobre Antígona,
O Rancor ─ Exercício sobre Helena, e Desmesura ─ Exercício com Medeia.
Como
contista publicou uma antologia de contos em Novembro de 2008, e, em 2014, Vinte
Degraus e Outros Contos, que recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo
Castelo Branco, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara
Municipal de Vila Nova da Famalicão.
Para
a infância, salienta-se os livros da colecção Mopsos, o Pequeno Grego: O
Ouro de Delfos e A Coroa de Olímpia
e as suas versões das obras de Shakespeare, Sonho
de Uma Noite de Verão ─ Versão Infantil e A Ilha Encantada ─ Versão para Jovens de A Tempestade. A sua obra infanto-juvenil mais recente é A Chegada de Twainy (2011).
O
Prémio Camões foi-lhe atribuído, reconhecendo a imaginação, o poder de criação
de personagens e um invulgar modo de trabalhar o português que Hélia Correia
tem revelado. Junta assim o seu nome aos escritores portugueses Vergílio
Ferreira (1992), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996), Sophia de Mello
Breyner Andresen (1999), Eugénio de Andrade (2001), Maria Velho da Costa
(2002), Agustina Bessa-Luís (2004), António Lobo Antunes (2007) e Manuel António
Pina (2011).
«Adoecer
é um dos melhores cinquenta romances dos últimos anos.» [Eduardo Lourenço]
«Depois
de Lillias Fraser (2001), Adoecer. Não há nenhum escritor português
de agora a escrever com esta grandeza soberana.» [Pedro Mexia, Público,
24-12-2010]
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