28.1.16

35 Clássicos para Comemorar a Fundação da RA



 


Ao longo de 2016, a Relógio D’Água vai editar uma coleção de 35 Clássicos para Leitores de Hoje, a preços muito acessíveis, comemorando os anos decorridos desde a sua fundação em 1982.
Os primeiros títulos são O Monte dos Vendavais de Emily Brontë (nova tradução de Paulo Faria e prefácio de Hélia Correia), Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen (tradução de Paulo Faria), O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald (com tradução de Ana Luísa Faria e prefácio de Anthony Burgess) e Emma de Jane Austen (tradução de Jorge Vaz de Carvalho).
Seguem-se, ao ritmo de três títulos por mês, autores como Marcel Proust, Kafka, Tolstoi, Dostoievski, Turgueniev, Machado de Assis, Flaubert, Choderlos de Laclos, Shakespeare, Oscar Wilde, Jane Austen, Dickens, Montaigne, Gogol, Alain-Fournier, Voltaire, Mário de Sá-Carneiro, Stendhal, Tchékhov, Goethe, Virginia Woolf, Eça de Queirós, Joseph Conrad, Edith Wharton, Victor Hugo e Platão.
Parte das traduções desta coleção fazem já parte do catálogo da Relógio D’Água, outras são novas.
A coleção atingirá os cinquenta títulos em meados de 2017, sempre com preços entre 5 e 10 €.
A RA, que publicou já mais de uma centena e meia de clássicos, confirma deste modo a sua vocação de dar a ler autores a quem o tempo não retirou, antes reforçou, a atualidade.

25.1.16

Sobre Elena Ferrante




«— O que gosta de ler?

— Elena Ferrante, por exemplo. Gostei muito dos dois primeiros volumes de A Amiga Genial, e ainda mais do terceiro. Adoro a descrição de como são tratadas as raparigas, o cenário napolitano, a amizade entre as duas protagonistas. (…) Em geral, leio principalmente escritoras contemporâneas. (…) Gosto de Margaret Atwood, Anne Tyler, Rose Tremain, Sarah Waters.» [De uma entrevista a Tracy Chevalier]

Sobre O Amigo Comum, de Charles Dickens





«O romance abre com uma cena intrigante. Um homem e a sua filha percorrem o Tamisa num pequeno barco sujo à procura de qualquer coisa, algo onde não é difícil ver uma metáfora das condições sociais da era vitoriana. Aparece um cadáver, depois identificado como o de um jovem que se preparava para herdar a fortuna do seu pai. A condição era ele casar com uma rapariga de condição modesta a quem esse golpe inesperado deixa sem nada. (…) Um certo grau de ambiguidade moral, resultante não apenas de fingimento mas também de uma genuína capacidade de ter sentimentos diferentes e contraditórios, dá profundidade a linhas narrativas paralelas que se referem a dois pares de amantes, mas também a questões mais amplas, sociais, de forma bastante direta. Se é verdade que a história tem um final “feliz”, o caminho até esse ponto faz-se com uma subtlieza e uma convicção que, mesmo para os incondicionais de Dickens, tornam especial este romance.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 22/01/2016]

Sobre Aquário, de David Vann




«Mas, como sucede sempre nas suas histórias, há de repente um momento de viragem. As personagens chegam àquele ponto em que a vida começa a abrir caminho por entre lanhos antigos que nunca fecharam nem se transformaram em cicatrizes. Não há feridas saradas nas personagens de David Vann. Em Aquário, mãe e filha descobrem quem é o velho e a partir daí o autor leva-as até ao limite do abismo, ao mesmo tempo que nos vai contando, em jeito de relato catastrófico de ressentimentos e de desesperos, como por vezes se tecem as complexas relações de uma família, e como com o tempo tudo pode desmoronar. Muito à maneira de Coetzee, também Vann vai traçando uma espécie de “itinerário moral”, temperado com violência, desespero e vingança, o quase inevitável resultado de muitas das relações humanas. (…)
Embora as personagens sejam levadas até ao limite do suportável, Aquário acaba por ser, ao contrário dos anteriores livros do autor, uma história redentora, e isto talvez porque o cenário não as obriga a estar num sistema (sem escapatórias nem alívios) de apenas violência e desespero. Elegantemente escrito e emocionalmente intenso, este romance pode ser lido como uma parábola sobre a fragilidade do mundo, a fragilidade das relações humanas, sobre a traição e a capacidade de perdão, sobre os caminhos da redenção.» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 22/01/2016]

22.1.16

Sobre Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento, de George Steiner





 
«Como se percebe, Steiner preocupa-se sobretudo com a debilidade do pensamento, com a sua incapacidade para estabelecer uma “grandeza” e uma “verdade”. Mas a melancolia que o pensamento suscita pode não advir do próprio pensamento, das suas limitações, enganos, dos seus acasos neurológicos; o “eu”; e o pensamento do “eu”, é que é problemático, quando não odioso. “Le moi est haïssable”, escreveu Blaise Pascal. Por isso, procuramos a “felicidade” fora do “eu”: a felicidade é “o outro”, a comunidade, a dissolução química ou teológica do “eu”. É frequente censurarem-me por ser introvertido, introspectivo, ensimesmado, solipsista, como é frequente atribuírem a minha aparente tristeza a uma tendência pensativa. Mas eu nunca tive um pensamento que fosse meu. A tristeza do meu “pensamento” é tão-só a tristeza de observar com atenção o meu “eu”, que é igual a qualquer outro “eu”: indecifrável, inescapável, detestável.»
[Pedro Mexia, E, Expresso, 22/01/2016]

21.1.16

Doce Pássaro da Juventude no Teatro Nacional de São João e no São Luiz Teatro Municipal






Doce Pássaro da Juventude, de Tennessee Williams, é apresentado no Porto, Teatro Nacional de São João, até 31 de Janeiro.
Entre 4 e 14 de Fevereiro estará em cena no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa.
O espectáculo tem encenação de Jorge Silva Melo e tradução de José Agostinho Baptista, e conta com a representação de Maria João Luís, Rúben Gomes, Américo Silva, Catarina Wallenstein e Isabel Muñoz Cardoso, entre outros actores.
O texto faz parte da obra que a Relógio D’Água publicou em 2015, juntamente com outras três peças de Tennessee Williams: A Noite da Iguana, O Zoo de Vidro e Vieux Carré.

20.1.16

Kate Atkinson recebe Costa Award pela terceira vez




 

A God in Ruins, de Kate Atkinson, foi a obra vencedora do Costa Award.
A autora afirmou: «A God in Ruins é talvez o melhor livro que já escrevi, por isso é maravilhoso vê-lo aprovado desta maneira. Estou encantada por ter sido escolhido como romance Costa do ano, depois de Vida após Vida ter recebido a mesma distinção.»
A God in Ruins segue a história de um piloto da Segunda Guerra Mundial, numa «associação, mais do que uma continuação» [segundo a autora] da obra anterior.
Vida após Vida foi publicado em 2014 pela Relógio D’Água, que publicará em Abril a tradução de A God in Ruins.

 

Em 1910, durante uma tempestade de neve em Inglaterra, um bebé nasce e morre sem que tenha tempo de respirar. Em 1910, durante uma tempestade de neve em Inglaterra, o mesmo bebé nasce e vive para poder contar a aventura. E se existissem segundas oportunidades? E terceiras? E se tivéssemos um número infinito de possibilidades para viver? Poderíamos salvar o mundo do seu inevitável destino? Seria esse o nosso desejo? [Sobre Vida após Vida]

18.1.16

Vocabulário Gastronómico apresentado a 19 de Janeiro




Vocabulário Gastronómico
apresentado a 19 de Janeiro

 


O Vocabulário Gastronómico Do Comer e do Falar… Tudo Vai do Começar vai ser apresentado em Lisboa, no próximo dia 19, pelas 18h30, no El Corte Inglés (Restaurante – Piso 7).
A obra, da autoria de Ana Marques Pereira e Maria da Graça Pericão, será apresentada por Inês de Ornellas e Castro.

 
«Dotadas de saber e de experiência, Ana Marques Pereira, médica e investigadora em história da alimentação da época moderna, a quem a estética dos objetos de mesa e os utensílios de cozinha têm apaixonado, e Maria da Graça Pericão, reputada especialista em história do livro, interessada em ler e decifrar textos associados à temática alimentar, conseguem fazer deste Vocabulário um precioso vademecum para os estudiosos e uma obra de referência de consulta acessível para o público em geral.» [das Palavras Prévias de Inês de Ornellas e Castro]

15.1.16

Sobre Carol ou O Preço do Sal, de Patricia Highsmith




«Carol é mais velha que Therese, sofisticada, misteriosa e aventureira. Therese tem um namorado, Richard, por quem não está apaixonada, como nos afiança repetidamente a autora, e tem consciência de que está cada vez mais deslumbrada por Carol, que a leva para sua casa e a seduz sem esforço. (…) Para fugirem da complexa teia cada vez mais apertada e insustentável das múltiplas relações — namorado, marido, filha, amigos e amigas, incluindo Abby, a anterior amante de Carol — decidem partir para uma viagem de carro pelos Estados Unidos, numa espécie de fuga ao modo de Thelma e Louise, mas sem o pathos do filme. Devoram quilómetros, bebem cocktails, fumam, vagueiam, fazem amor — uma epifania para Therese — e tentam escapar quando percebem que Harge, o marido de Carol, colocou um detective privado no seu encalço com o propósito de reunir provas do “crime” e, assim, ganhar o processo pela custódia da filha. Há episódios rocambolescos, fugas nocturnas, uma arma na bagagem, separações, drama e um estranho final aparentemente feliz.» [Isabel Vasconcelos, Público, ípsilon, 15/01/2016]

14.1.16

Guerra e Paz em série da BBC



 

Uma nova série da BBC, baseada no romance Guerra e Paz de Lev Tolstoi, começa hoje na RTP 1.
A série decorre em 8 episódios de 45 minutos, sendo a realização de Robert Dornhelm e o argumento de Andrew Davies (responsável pelos argumentos televisivos de House of Cards e Orgulho e Preconceito), contando com a interpretação de Aneurin Barnard, Jessie Buckley e Paul Dano.
Portugal é o segundo país onde é possível ver esta série, depois de ter passado no Reino Unido, onde foi seguida por seis milhões de espectadores.
"De tirar a respiração" para Ben Lawrence do The Telegraph ou "difícil de imaginar como a BBC poderia ter feito melhor" para Viv Groskop do The Guardian juntam-se a elogios como o que foi feito pelo The Independent: "A BBC decidiu tomar medidas arrojadas para ter a certeza de que esta adaptação é, ao mesmo tempo, controversa e memorável.


A edição da Relógio D’Água, em dois volumes, teve tradução de António Pescada.

Guerra e Paz narra a invasão da Rússia por Napoleão e os efeitos que o acontecimento teve na vida da aristocracia, dos militares e da população envolvida no conflito.
A maior parte dos oficiais era originária das famílias nobres e as separações e perigos da guerra tornavam mais intensas todas as relações pessoais e, em particular, as amorosas.
Os hábitos sociais, as relações sentimentais e o declínio de algumas das mais importantes famílias de Petersburgo e Moscovo são apresentados com distanciamento ou irónica ternura.
Neste romance surgiram algumas das mais perduráveis personagens da literatura, o íntegro príncipe Andrei, o insólito Pierre Bezúkhov e a fascinante Natacha Rostova, que se tornaria indispensável para qualquer um deles.

Sobre Contos de Petersburgo, de Nikolai Gogol




«No caso de Contos de Petersburgo, temos uma nova edição com tradução de Carlos Leite (…). Algumas das histórias de Gogol foram escritas num período em que o autor vivia na cidade que dá título à colecção e traçam o retrato de uma metrópole em mudança, mistura de fascínio e crítica. É um relato de transformação de hábitos sociais, em muito semelhante ao que ocorria um pouco por toda a Europa e que encontra eco em muita literatura do século XIX.» [André Santos, Time Out Lisboa, 13/01/2016]

12.1.16

Pedro Mexia escreve sobre Knausgård



 


«Knausgård, chamemos-lhe K., por comodidade, quer ser um homem decente, um homem bom. Essa aspiração aparece várias vezes confessada ao longo do extenso tomo 2 de A Minha Luta – Um homem Apaixonado (2009). Mas não é fácil, isso de ser um homem bom. Sobretudo quando, como acontece com K., a auto-estima é baixa, a exigência grande, e o sentido do ridículo incessante. Um amigo de K. atribui-lhe uma inclinação ascética e até uma busca da “santidade”. K. diz apenas que não quer fazer batota. Procura uma interioridade e uma intensidade que dêem um sentido à vida, mas não abdica de de um gosto nietzschiano, vitalista, pelas coisas físicas, concretas, que podem aliás ser banalíssimas, pequenos prazeres como os alfarrabistas ou o tabaco.
Do volume 1, A Morte do Pai, em que acompanhámos o jovem K. enquanto filho de um alcoólico intratável, passamos, no volume 2, a um K. trintão, e agora também ele pai: casou-se com Linda, uma poetisa sueca, e assistimos ao nascimento de duas meninas e um rapaz. Mas a alegria da conjugalidade e da parentalidade convive com a exasperação quotidiana, sobretudo porque na casa dos Knausgård é o marido quem assume todas as tarefas domésticas, uma vez que a mulher tem um emprego fora de casa e ele não. Ele até considera isso justo em teoria, mas na prática sente-se emasculado, está constantemente a preparar refeições, a fazer as limpezas, a ir às compras, a aturar birras, a passear carrinhos de bebés. K. acha toda esta situação pouco viril. Introspectivo, auto-acusatório, quase calvinista, conta-nos os seus embaraços e fracassos, insignificâncias que o diminuem enquanto homem. Não consegue arrombar uma porta numa emergência. Não consegue pôr na ordem uma vizinha barulhenta. Protesta meio sem jeito num restaurante. Hesita em separar dois sujeitos numa briga. E quando tem uma fúria e atira com um copo, o copo não se parte.
A domesticidade diminui a disponibilidade e diminui as possibilidades, é isso que ele sente.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 9/1/2016]

Pippi das Meias Altas no Teatro Villaret




Uma adaptação teatral (e musical) de Pippi das Meias Altas está em axibição no Teatro Villaret. O papel de Pippi é interpretado por Inês Castel-Branco.
A obra de Astrid Lindgren está a ser publicada pela editora Relógio D’Água, tendo até agora saído Pippi das Meias Altas e Pippi Sobe a Bordo.

 

Astrid Lindgren escreveu Pippi das Meias Altas no inverno de 1941, quando a filha de sete anos adoeceu e lhe pediu que contasse uma história.
Pippi, imaginativa, rebelde e nada convencional, vive numa casa acompanhada de um cavalo e um macaco. Isso não admira, pois é órfã de mãe e o seu pai é um pirata e rei dos congoleses. Além disso, tem uma força invulgar.
E, claro, usa meias acima dos joelhos, o que explica o seu nome. Os seus companheiros de aventuras são Tommy e Annika. [Sobre Pippi das Meias Altas]

 


«Se um forasteiro viesse à cidadezinha sueca e um dia calhasse passar por um certo lugar dos arredores, veria a Casa Villekulla. A casa não tem muito que se veja: é mais uma casa velha, a cair, no meio dum jardim cheio de ervas daninhas, mas o forasteiro talvez pudesse parar e perguntar-se quem vivia ali e por que razão estava um cavalo no alpendre.
“Pergunto-me por que razão a mãe daquela menina a não mete na cama. As outras crianças, a estas horas, já dormem a sono solto.”
Se a menina viesse ao portão — e de certeza que viria, pois ela gosta de falar com as pessoas —, então teria a possibilidade de olhar bem para ela, e provavelmente pensaria:
“Nunca vi uma criança tão ruiva e com tantas sardas.”» [Excerto de Pippi Sobe a Bordo]

11.1.16

A chegar às livrarias: A Casa em Paris, de Elizabeth Bowen





Quando Henrietta, com apenas onze anos, chega a Paris para passar umas horas com as Fishers, pouco sabe dos fascinantes segredos que envolvem a sua casa. Henrietta descobre depois que a sua visita coincide com a de Leopold, um rapaz que veio a Paris para ser apresentado à mãe que nunca conheceu.
Durante um dia, o mistério que envolve Leopold, os seus pais, a agitada anfitriã de Henrietta e a matriarca do quarto do piso superior que se encontra às portas da morte é-nos revelado de forma lenta e inexorável.
A Casa em Paris é uma obra-prima intemporal e um exemplo da melhor escrita de Bowen.