22.1.16

Sobre Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento, de George Steiner





 
«Como se percebe, Steiner preocupa-se sobretudo com a debilidade do pensamento, com a sua incapacidade para estabelecer uma “grandeza” e uma “verdade”. Mas a melancolia que o pensamento suscita pode não advir do próprio pensamento, das suas limitações, enganos, dos seus acasos neurológicos; o “eu”; e o pensamento do “eu”, é que é problemático, quando não odioso. “Le moi est haïssable”, escreveu Blaise Pascal. Por isso, procuramos a “felicidade” fora do “eu”: a felicidade é “o outro”, a comunidade, a dissolução química ou teológica do “eu”. É frequente censurarem-me por ser introvertido, introspectivo, ensimesmado, solipsista, como é frequente atribuírem a minha aparente tristeza a uma tendência pensativa. Mas eu nunca tive um pensamento que fosse meu. A tristeza do meu “pensamento” é tão-só a tristeza de observar com atenção o meu “eu”, que é igual a qualquer outro “eu”: indecifrável, inescapável, detestável.»
[Pedro Mexia, E, Expresso, 22/01/2016]

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