22.10.14

Miguel Real escreve sobre A Loucura Branca no JL



 

No último número do Jornal de Letras, Miguel Real escreve sobre A Loucura Branca de Jaime Rocha, com posfácio de António Cabrita, em 3.ª edição na Relógio D’Água.
O livro «impressionou-nos deveras desde que o lemos (1.ª ed., Livro Aberto, 1990) em meados da década de 90. É, de facto um romance (ou novela?) “impressionante”, no sentido que imprime na mente do leitor uma marca sentimental imperecível de aversão, horror, medo, pavor ou temor, não um temor fantástico ou surreal, que singulariza em parte o romance gótico, mas um temor psicológico nascido de situações reais do quotidiano, cuja descrição gera um sentimento íntimo claustrofóbico.
Esta capacidade de descrever situações claustrofóbicas de um modo estético, não recorrendo a símbolos narrativos neorromânticos ou góticos, utilizando exclusivamente um léxico de referentes semânticos realistas, identifica e singulariza a obra romanesca de JR no horizonte do romance português contemporâneo. Obra escassa, aliás, face à sua qualidade literária: Tonho e as Almas, 1984, Loucura Branca, Os Dias de um Excursionista, 1996; Anotação do Mal, 2007 (Prémio Pen Clube), A Rapariga sem Carne, 2012. (…)
A Loucura Branca, título retirado de um verso de Herberto Helder, abre com o anúncio de um suicídio e a descrição perturbadora da tripla imagem de um caranguejo lutando contra as ondas, um homem indistinto avançando na praia e o rosto macabro dos náufragos advindos à praia. Está lançado o texto segundo o habitual modo de composição narrativa do autor.»

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