No último número
do Jornal de Letras, Miguel Real escreve sobre A Loucura Branca
de Jaime Rocha, com posfácio de António Cabrita, em 3.ª edição na Relógio D’Água.
O livro
«impressionou-nos deveras desde que o lemos (1.ª ed., Livro Aberto, 1990) em
meados da década de 90. É, de facto um romance (ou novela?) “impressionante”,
no sentido que imprime na mente do leitor uma marca sentimental imperecível de
aversão, horror, medo, pavor ou temor, não um temor fantástico ou surreal, que
singulariza em parte o romance gótico, mas um temor psicológico nascido de
situações reais do quotidiano, cuja descrição gera um sentimento íntimo
claustrofóbico.
Esta capacidade de descrever situações claustrofóbicas de um
modo estético, não recorrendo a símbolos narrativos neorromânticos ou góticos,
utilizando exclusivamente um léxico de referentes semânticos realistas,
identifica e singulariza a obra romanesca de JR no horizonte do romance
português contemporâneo. Obra escassa, aliás, face à sua qualidade literária: Tonho e as Almas, 1984, Loucura Branca, Os Dias de
um Excursionista, 1996; Anotação
do Mal, 2007 (Prémio Pen Clube), A
Rapariga sem Carne, 2012. (…)
A Loucura Branca,
título retirado de um verso de Herberto Helder, abre com o anúncio de um
suicídio e a descrição perturbadora da tripla imagem de um caranguejo lutando
contra as ondas, um homem indistinto avançando na praia e o rosto macabro dos
náufragos advindos à praia. Está lançado o texto segundo o habitual modo de
composição narrativa do autor.»
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