3.10.14

Ana Teresa Pereira entrevistada pelo ípsilon





A propósito do último livro de Ana Teresa Pereira, As Velas da Noite, Isabel Lucas publica no ípsilon uma entrevista com a autora. Começa por dizer que «Ana Teresa Pereira podia ser personagem dos seus livros. Com 56 anos publicou 36 livros e mantém-se um enigma. Parte da literatura, do cinema, da pintura para construir versões de uma mesma realidade. O seu tempo e o seu espaço são circulares como a ilha onde nasceu e vive. (…)
Este volume As Velas da Noite, nome retirado ao conto que começa com a ideia de um realizador a dirigir o olhar de uma actriz e se fixa numa representação de Rebecca, o livro de Daphne du Maurier adaptado ao cinema por Hitchcock, é exemplar acerca deste universo esquivo, compulsivo, onde a repetição é trabalhada de forma a parecer sempre original, mesmo sabendo-se que tudo isso é ilusão. “É um jogo”, volta a dizer uma personagem, Jenny, a rapariga que é muitas raparigas nos livros de Clive, o escritor, um jogo de que ela não conhece as regras. Elas estão com Clive, que lhe tenta explicar porque está obcecado por ela enquanto personagem e sempre pela mesma história. “É o segredo dos livros de cordel. As pessoas que lêem não são muito diferentes das crianças. Querem ler a mesma história uma e outra vez.”
Talvez seja isso. Mas seria apenas um princípio. Ana Teresa Pereira não fica por primeiras versões. Lê, reescreve, faz o complexo parecer simples porque essa aparente simplicidade lhe interessa. Mas há uma nostalgia, uma luz que torna indefiníveis os traços, como um quadro de Turner, ou como no jardim de Alice, um buraco onde se entra e de onde não se sai igual.» [Público, ípsilon, 03-10-2014]

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