Já não são só as obras de Pessoa que os mexicanos procuram. Na livraria do pavilhão de Portugal, o país convidado da Feira do Livro de Guadalajara, as expectativas foram superadas logo nos primeiros dias. E a enchente de público ainda está para chegar.
Há milhares de livros à venda e a livraria do pavilhão de Portugal tem suscitado a curiosidade dos mexicanos, que procuram não só livros traduzidos como livros escritos em português.
Só nos primeiros dias, venderam-se mais de 1.500 livros. Alguns títulos já esgotaram e os mexicanos têm estado a descobrir novos nomes da literatura portuguesa. Na livraria que ocupa o coração do pavilhão de Portugal, a procura excedeu a expectativas, diz a comissária Manuela Júdice. Em entrevista à Renascença, a responsável revela que a presença de autores como António Lobo Antunes e Gonçalo M. Tavares já teve efeitos diretos nas vendas.
“Os autores mais vendidos são: em primeiro lugar, António Lobo Antunes, segundo Gonçalo M. Tavares e em terceiro lugar Fernando Pessoa. Antes da feira começar, só se falava de Fernando Pessoa”, explica Manuela Júdice. As bibliotecas dos mexicanos descobrem, assim, outros nomes e essa procura coincidiu com a presença na feira dos autores de “O Manual dos Inquisidores” e “Jerusalém”.
Contudo, a procura não é só por obras traduzidas. Os livros escritos em português também têm tido uma procura que surpreende a organização portuguesa. “Não calculamos, nem nós nem os mexicanos”, indica Manuela Júdice.
A comissária da representação nacional explica que foram surpreendidos pela procura por parte das escolas privadas. “Chegam aqui professores de Português em escolas privadas e compram aos 15 livros para as bibliotecas. Superou a expectativa”, concretiza.
Até domingo, espera-se a maior enchente de pública nesta feira organizada há 32 anos e que, no ano passado, contabilizou 800 mil visitantes. O responsável da Direcção Geral do Livro, Arquivos e da Biblioteca, José Manuel Cortez, diz que os dias de “sábado e domingo podem alterar o que se está a prever de vendas.”
Além dos livros, os leitores mexicanos levam também para casa marcadores com autógrafos de escritores portugueses.
A Feira de Guadalajara termina no domingo com a presença do primeiro-ministro, António Costa, que irá encerrar o certame e passar o testemunho à Índia, próximo país convidado.
[A partir do artigo de Maria João Costa, em Guadalajara, RR, 29/11/18]