«Com uma
escrita de profundo equilíbrio entre a precisão da linguagem e o voo da
efabulação, este romance breve de Alexandre Andrade traça um mapa minucioso mas
intensamento subjectivo da cidade de Paris.
O elemento
domiciliar prolonga a tónica já presente em Quartos Alugados (Exclamação,
2015). E há mesmo certos elementos que transitam daquele livro de contos para
este romance breve, ou “noveleta parisiense” [urbana], como lhe chama a ironia
despretensiosa de Alexandre Andrade. Os vestígios de anteriores locatários,
como camadas de pele abandonadas, são sinais que remetem para vidas anteriores
e reflectem, de modo difuso, viagens debaixo de outros céus. É o sortilégio de
uma indeterminação quase espectral. Como se os ocupantes que antecederam estas
personagens continuassem a viver, em sombra, num resto quase vivo. O espaço,
enquanto dimensão e tópico, continua a ser um dos veios por onde corre o valor
desta escrita, como quando a personagem de Guy estabelece a hierarquia: “mais
facilmente se substima um volume do que uma superfície” (p. 13).» [Hugo Pinto
Santos, Público, ípsilon, 3/6/2016]
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