3.6.16

Sobre O Leão de Belfort, de Alexandre Andrade




«Com uma escrita de profundo equilíbrio entre a precisão da linguagem e o voo da efabulação, este romance breve de Alexandre Andrade traça um mapa minucioso mas intensamento subjectivo da cidade de Paris.

O elemento domiciliar prolonga a tónica já presente em Quartos Alugados (Exclamação, 2015). E há mesmo certos elementos que transitam daquele livro de contos para este romance breve, ou “noveleta parisiense” [urbana], como lhe chama a ironia despretensiosa de Alexandre Andrade. Os vestígios de anteriores locatários, como camadas de pele abandonadas, são sinais que remetem para vidas anteriores e reflectem, de modo difuso, viagens debaixo de outros céus. É o sortilégio de uma indeterminação quase espectral. Como se os ocupantes que antecederam estas personagens continuassem a viver, em sombra, num resto quase vivo. O espaço, enquanto dimensão e tópico, continua a ser um dos veios por onde corre o valor desta escrita, como quando a personagem de Guy estabelece a hierarquia: “mais facilmente se substima um volume do que uma superfície” (p. 13).» [Hugo Pinto Santos, Público, ípsilon, 3/6/2016]

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