«As irmãs Teixeiras, Assunta e Matilde, sobretudo, mesmo a resvalar, caminham direitas, sem a melancolia indolente da aristocracia falida, com a diligente prudência dos desiludidos. Aquele contínuo movimento esconde, para quem está de fora, o declínio, substituindo-o por uma aparência de estabilidade em que a decadência se torna imperceptível, a ponto de não parecer decadência, mas apenas o tempo a passar. São profetas da normalidade, gestoras da desilusão, do fracasso e da ruína. Contra a vida como “cerimonial da loucura”, que também as condiciona, proclamam o triunfo da normalidade: “Normais somos nós. Tudo nos vence e nada nos ilude.” Vence quem admite a inevitável derrota e, mesmo assim, opta pela recusa estóica da ilusão e das suas armadilhas. A decadência, que enfrentam com dignidade, refractárias à ilusão, ao ruído das revoluções exteriores, assenta-lhes bem.» [Do Prefácio]
29.11.17
28.11.17
Sobre A Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein
«De 1907 a 1932 (quando este livro foi escrito), Gertrude Stein e Alice B. Toklas partilharam a crónica dos seus anos parisienses — uma espécie de salão de festas onde literatos e artistas iam e vinham (e deixavam uma marca). Toklas e Stein fazem parte dessa geografia e desse “temperamento”.» [Revista LER, Outono 2017]
27.11.17
Sobre Pequenos Delírios Domésticos, de Ana Margarida de Carvalho
Carlos Vaz Marques falou sobre Pequenos Delírios Domésticos, o livro de contos de Ana Margarida de Carvalho, no Livro do Dia de 21 de Novembro. O programa pode ser ouvido aqui.
Sobre Lorde Jim, de Joseph Conrad
«Lorde Jim é um romance sobre a redenção e o resgate da dignidade de um homem — e também sobre a errância e a aventura das almas perdidas e condenadas a sofrer pelos erros que cometeram. A redenção é uma vitória surpreendente sobre a morte e Conrad é um autor que sabe lidar com o assunto.» [Revista LER, Outono 2017]
24.11.17
A chegar às livrarias: O Conde de Monte Cristo I e II, de Alexandre Dumas — obra completa em dois volumes (trad. de Alexandra Ribeiro e Rute Mota)
Para Umberto Eco, e muitos outros leitores e críticos, O Conde de Monte Cristo «é um dos mais apaixonantes romances alguma vez escritos».
O livro é a história de Edmond Dantès, jovem capitão da marinha mercante, que uma infame conjura lança nas masmorras do Castelo de If e a quem a descoberta de um tesouro permitirá alcançar a riqueza e fazer justiça.
É uma narrativa sobre o poder e o dinheiro que nos leva de Marselha à ilha de Monte Cristo, depois a Roma e a Paris, nos anos 1830, onde reinam os banqueiros e homens de negócios.
É também a história de uma vingança implacável, nascida das ruínas de um amor destruído, a vida de uma personagem generosa e irresistível, que conquista a atenção do público há mais de século e meio.
A chegar às livrarias: Descrição Guerreira e Amorosa da Cidade de Lisboa, de Alexandre Andrade
«— Consegues sequer fazer a mais débil ideia da intensidade da dor, do latejar brusco que te percorre o corpo da superfície para o interior, que te sacode, te invade, te violenta, te asfixia? Quando ouves falar em justas, alguma vez as associas ao sangue que jorra, que empapa, que se acumula nas concavidades da armadura, escorre pelos orifícios?
— Não quis subtrair valor a nada disso. Seja: feitos extraordinários e valorosos podem coexistir com o século XXI, com mobiliário urbano, com intervenções camarárias e com carreiras de autocarro. E avante com o conto.»
De Alexandre Andrade a Relógio D’Água publicou também Benoni, O Leão de Belfort e Cinco Contos sobre Fracasso e Sucesso.
23.11.17
Sobre Desespero, de Vladimir Nabokov
«Ainda da “fase russa” de Vladimir Nabokov, Desespero (que o autor pôde rever em 1965) é uma história pura, nada social ou política, sem “os grandes desígnios da literatura” — por isso é tão bom. Trata-se da história de um crime e da falsificação de uma identidade. Nabokov puro e terrível.» [LER, Outono 2017]
A chegar às livrarias: De Portugal para a Europa, de António Barreto
«Na verdade, se a Europa, qualquer que seja a sua construção futura, prescindir das identidades nacionais, das culturas dos seus povos e do seu pluralismo intrínseco, está condenada. Ou então é sinal de que um qualquer despotismo imperial ou burocrático se instala. Rever o seu pluralismo e repensar as suas identidades nacionais, mantendo‑as vivas, é talvez, para as próximas gerações, a tarefa mais difícil e o objectivo mais complexo. Mas será certamente uma condição de sobrevivência.» [Da Apresentação]
Nas livrarias: Deuses de Barro, de Agustina Bessa-Luís (prefácio de Mónica Baldaque)
«“Nós devemos escrever sobre aquilo que conhecemos”, foi sempre o conselho dado por Agustina aos que se iniciavam na escrita. E foi por onde também começou — pelo mundo rural que tão bem conhecia, a Casa do Paço, em Travanca, aquele mundo fechado que frequentara em criança e adolescente, onde o convívio com as tias Maria e Amélia, sobretudo Amélia (a Sibila), fora o exemplo para a sua vida, um legado de sabedoria transmitido como uma profecia. As duas últimas páginas d’A Sibila testemunham, numa linguagem oracular, como num transe arrepiante e comovente, pela revelação do profundo, a transmissão de um destino, que ela, Agustina, terá de continuar a cumprir, depois da morte da Sibila. Deuses de Barro, se por um lado é um esboço para a descoberta dos mundos fechados que integram estes três romances iniciais, por outro, representa já um grito de liberdade, ousadia, revolta e desafio contra os deuses de barro que nos vigiam, nos tolhem, com quem somos obrigados a conviver e a venerar.» [Do Prefácio]
22.11.17
A chegar às livrarias: Quem Vê Caras, de Donna Leon (trad. Rita Carvalho e Guerra)
Nos livros do commissario Guido Brunetti são frequentes as conversas familiares sobre arte e literatura. Mas em Quem Vê Caras os livros estão no centro da ação como nunca antes aconteceu.
Uma tarde, Brunetti recebe um inquietante telefonema da bibliotecária-chefe de uma prestigiosa biblioteca veneziana. Alguém roubara páginas de diversos livros raros.
O suspeito óbvio parece ser o professor americano que requisitara os volumes. Mas depressa se torna claro que o professor não é quem dissera ser. No decurso da investigação, as suspeitas multiplicam-se quando uma personagem aparentemente inofensiva é brutalmente assassinada e Brunetti é confrontado com a necessidade de saber o que faz de alguém inocente ou culpado.
De Donna Leon, a Relógio D’Água publicou As Águas da Eterna Juventude, Cair de Amores e Restos Mortais.
A chegar às livrarias: Ubik, de Philip K. Dick
Glen Runciter está morto. Ou não? Alguém morreu na explosão orquestrada pelos seus rivais, mas mesmo depois de o seu funeral ser marcado, os seus empregados continuaram a receber mensagens desconcertantes do patrão. Entretanto, o mundo à sua volta está a deformar-se e a regredir de uma forma que sugere que o seu tempo está a terminar. Se é que ainda não terminou…
«Mais genial do que experiências semelhantes realizadas por Pynchon ou DeLillo.» [Roberto Bolaño]
«Dick narra uma história inquietante sobre a perceção da realidade, um pesadelo do qual nunca temos certeza de conseguir acordar.» [Lev Grossman, Time]
«Para todos os que se sentem perdidos nas múltiplas realidades do mundo moderno, lembrem-se: Philip K. Dick foi o primeiro a chegar a elas.» [Terry Gilliam]
Considerado um dos melhores 100 romances do mundo pela revista Time.
De Philip K. Dick, a Relógio D’Água publicou também Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, O Homem Duplo e O Homem do Castelo Alto, Relatório Minoritário e Outros Contos e Os Três Estigmas de Palmer Eldritch.
A chegar às livrarias: Relógio sem Ponteiros, de Carson McCullers (trad. de Fernanda Pinto Rodrigues)
Numa pequena cidade no sul dos EUA, quatro homens de diferentes idades debruçam-se sobre o seu passado e futuro.
J. T. Malone, um homem solitário de meia-idade que gere uma farmácia, descobre que está a morrer e tenta reconciliar-se com o que resta da vida. O juiz Clane, um homem de idade, resiste aos novos tempos e anseia pelo regresso das antigas maneiras do Sul. Ao mesmo tempo, Jester, o seu neto idealista, nutre simpatia por Sherman, um órfão negro, alegre e de olhos azuis, que está em busca da sua identidade.
Gradualmente, descobrem que as suas vidas estão intrinsecamente unidas. Em Relógio sem Ponteiros, o seu último romance, Carson McCullers explora com humor e talento temas como o preconceito, o segredo e a redenção.
«Carson McCullers entendia o coração dos homens com uma profundidade que nenhum outro escritor consegue alcançar.»[Tennessee Williams]
De Carson McCullers, a Relógio D’Água publicou Reflexos num Olho Dourado, O Coração É Um Caçador Solitário, A Balada do Café Triste, Frankie e o Casamento, e uma selecção de Contos.
21.11.17
Sobre Maigret e o Seu Morto, de Georges Simenon
«Neste caso, um jogo de assassinos impiedosos, como entrevira desde a manhã em que um pobre desgraçado lhe telefonara em pânico pedindo ajuda: estava a ser perseguido, iam matá-lo. Assim foi. O cadáver foi abandonado na rua, esfaqueado e desfigurado. Maigret começa a desfiar o novelo, com aquela sensação de déjà vu que por vezes o tomava em sonhos, “e eram esses sonhos que desde criança melhor fixava. Via-se avançar através de um cenário quase sempre complicado e, de repente, experimentava a sensação de que já ali fora, de que fizera os mesmos gestos, pronunciara as mesmas palavras. Essa sensação dava-lhe uma espécie de vertigem, sobretudo no instante em que compreendia estar a viver horas que já vivera antes.”» [José Guardado Moreira, Expresso, E, 18/11/17]
De Georges Simenon, a Relógio D’Água publicou também O Quarto Azul e O Homem Que Via Passar os Comboios.
Em memória de Alberto Luís
O advogado Alberto Luís faleceu no passado dia 12 de Novembro no Porto. Era casado com Agustina Bessa-Luís, sendo, conjuntamente, com Mónica Baldaque, responsável pela edição das obras de Agustina Bessa-Luís. Pôde apenas acompanhar o início desse projecto em que se empenhou com comovedora dedicação.
Publicamos a seguir um fragmento do texto que a neta Lourença Baldaque escreveu em sua memória.
Francisco Vale
«Em memória do meu avô Alberto Luís (1922-2017)
Alberto Luís, advogado de profissão e meu avô materno, foi certamente um dos homens mais inteligentes e letrados que eu alguma vez conheci. De humor mordaz tinha sempre uma resposta, e sabia sempre onde procurar o mais ínfimo pormenor e explicação sobre qualquer assunto. “O avô deve saber” era uma daquelas frases que se repetia com frequência no núcleo familiar.
Da minha parte, foi um convívio de 38 anos com este único avô que eu conheci. Casado com a escritora Agustina Bessa-Luís, minha avó, desde 1945, e com quem desenvolveu uma parceria tanto na vida como no trabalho, numa esfera muito própria onde não se habita apenas e só por sucessão. É preciso conquistar um lugar.
Nesta esfera paira o ónus da resistência, do rigor, da justeza das palavras que – muito importante – formam ideias, conduzem a um pensamento, revelam um parecer. E até as trivialidades são rapidamente avaliadas à luz da complexa teia dos comportamentos humanos. Em suma, o clima que foi criado naquela casa provém da alma, da sabedoria, do sentido do combate e da capacidade para o riso.
•
As discussões sobre livros e autores, sobre textos ou apenas excertos que conduziam a outros livros e a outros autores, foi sempre muito mais do que um estilo de vida: é verdadeiramente a essência que ali se sente e se respira. Neste contexto, o primeiro autor que me veio à memória foi o de Joseph Brodsky (1940-1996). Há tempos o meu avô emprestou-me um livro deste poeta, tradutor e ensaísta russo que admirava. Disse-me para ficar com ele em casa, para o ir lendo, e sugeriu-me interessar-me pela vida do autor. E foi o que eu fiz. E não foi difícil perceber o encanto de Joseph Brodsky, tanto na poesia como na obra que me emprestou que reúne alguns dos seus ensaios: Menos que uno (Versal, 1987), Less than one na versão original de 1986.
O que o meu avô queria era que eu soubesse que Brodsky manifesta uma irreverência e uma profunda independência que faziam parte do seu espírito; ninguém o ensinara a ser daquele modo e não doutro. Desde logo, Brodsky decidiu aos quinze anos “protagonizar uma melodramática saída” (Brodsky, 1987) de uma sala de aula para nunca mais voltar. Decidiu que a partir daquele dia seria um auto-didacta.
(…)
Esta é uma apenas uma pequena parte da romanesca história de vida deste poeta. Por que me lembrei dela? Talvez pelo conhecimento de vida que o meu avô nos quis transmitir: o de procurar viver num registo tão livre e consciente quanto possível; e de que as vidas comportam, todas elas, uma vertente aventureira e polémica.
Quando casou tinha o meu avô 23 anos e a minha avó 22 anos de idade. Agustina era aspirante a escritora, Alberto Luís seria ainda aluno de Direito em Coimbra. Construíram um caminho em conjunto, sem sentimentos opressivos em relação às vocações de ambos, e sem nunca ter pedido à minha avó para se tornar numa outra mulher, num tempo em que as mulheres ainda precisavam de um impulso maior do que a vida para se afirmarem nas suas reais vocações. Nestas circunstâncias, haverá maior sentido de emancipação, maior estima do que esta?
O meu avô faleceu no passado domingo, dia 12 de novembro, aos 95 anos de idade, na sua casa do Porto. Trabalhou, leu e escreveu até ao seu último dia.»
[Texto completo em: https://larotondaweekly.wordpress.com/2017/11/16/em-memoria-do-meu-avo-alberto-luis-1922-2017/ ]
[Imagem: Pormenor do jardim dos avós de Lourença Baldaque, Porto]
20.11.17
A chegar às livrarias: A Ciência e a Política como Ofício e Vocação, de Max Weber (trad. Helena Topa)
A ciência e a política são duas vocações divergentes.
A primeira exige modéstia, rigor e disponibilidade intelectual.
Por sua vez, a política, dilacerada entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade, padece de uma contradição que lhe proíbe a certeza científica e a procura da verdade.
Estas são as grandes linhas desta análise do mais importante sociólogo alemão do século xx, cuja atualidade se confirma nos nossos dias.
17.11.17
Sobre Um Deus em Ruínas, de Kate Atkinson
«“É muito difícil escrever sobre a normalidade”, diz Kate Atkinson depois de andar às voltas sobre como lidar com uma personagem que, tendo sobrevivido a uma guerra, era suposto ter seguido uma vida normal. Teddy, o adorável rapazinho de Vida após Vida (Relógio d’Água, 2014), irmão mais novo de Ursula Todd, a protagonista, aparece no novo romance que de certa forma dá continuidade a esse anterior drama familiar em cenário de guerra onde Atkinson partiu de uma hipótese: e se fosse dada à protagonista a hipótese de viver diferentes vidas no mesmo espaço de tempo, dentro da mesma família? A Vida após Vida é isso. Agora, em Um Deus Em Ruínas, o romance mais recente da britânica, Teddy regressa como personagem central. Ele é um homem que sobreviveu à experiência de pilotar um bombardeiro durante a II Guerra Mundial, assistiu à dissolução da família, ao desabar da ordem mundial como a conhecia. Casou, teve uma filha e será essa rapariga o motor dos problemas e da razão de ser da vida de Teddy, um homem aparentemente tranquilo que o leitor vai conhecer a partir do modo como o olham as outras personagens.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 17/11/17, texto completo em https://www.publico.pt/2017/11/17/culturaipsilon/noticia/a-guerra-e-a-maior-queda-do-homem-1792302 ]
A chegar às livrarias: A Princesa de Clèves, de Madame de Lafayette (trad. João Moita)
A Princesa de Clèves (1678) é a história de uma luta interior entre a razão e o efeito devastador da paixão. Ou, se se preferir, a história do conflito entre a força asfixiante dos costumes e a exuberante espontaneidade dos sentimentos.
Desde o primeiro encontro com o duque de Nemours, por quem se apaixona, até à recusa final desse amor proibido, a senhora de Clèves assiste lucidamente à derrocada de um mundo que a sua virtude em vão tenta conservar.
Precursor do romance de análise psicológica, este texto improvável, fruto da imaginação de uma mulher do século XVII, traz a novidade de transformar a análise e a introspeção em mecanismos de progressão da narrativa, marca que a modernidade em muito lhe fica a dever.
«A Princesa de Clèves e Zayde foram os primeiros romances em que os hábitos das pessoas honestas e as aventuras naturais foram descritos com graciosidade. Antes de Madame de Lafayette, escrevia-se com um estilo empolado coisas pouco verosímeis.» [Voltaire]
«A sua simplicidade real vê-se na sua conceção do amor; para Madame de La Fayette, o amor é um perigo. É o seu postulado. E o que se sente no seu livro é que existe uma constante desconfiança a respeito do amor (o que é o contrário da indiferença).» [Albert Camus]
PVP: € 10,00
16.11.17
Sobre A Noite Inteira, de Frederico Pedreira
«Há versos de Frederico Pedreira que parecem um sopro: “um rasgo cigano, valioso trémulo gesto / vontade de perder: de fraude em fraude / se tece a cortina da noite pelos animais / arrastada até ao doloso avesso da terra”. Ou quando pede: “vem encostar a boca ao coração inerte do tempo”.» [LER, Outono 2017]
14.11.17
Sobre O Rio da Consciência, de Oliver Sacks
«Antes de morrer, Oliver Sacks deixou, para reunir, um conjunto de ensaios sobre “memória, tempo e consciência”, temas que sempre o tinham interessado e que respondem a questões simples sobre a forma como pensamos, como recordamos, como interpretamos e como avaliamos a realidade ou os sonhos.» [LER, Outono 2017]
A chegar às livrarias: Pequenos Delírios Domésticos, de Ana Margarida de Carvalho
Ana Margarida de Carvalho é conhecida como romancista.
Com Que Importa a Fúria do Mar e Não Se Pode Morar nos Olhos de Um Gato, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2013 e 2016).
Este seu primeiro livro de contos evidencia o seu invulgar talento para a narrativa breve.
O primeiro texto, “Chão Zero”, sobre o recente incêndio que lhe destruiu a casa familiar, é de uma força invulgar, reunindo a sua experiência de jornalismo e literatura na rejeição do irremediável.
Segue-se um conto sobre um terrorista português, onde a ironia e a capacidade de captar as diversas falas de personagens, excluídas da sociedade ou pelo menos de uma vida habitual, são a marca de água que percorre todas as outras histórias.
Com Que Importa a Fúria do Mar e Não Se Pode Morar nos Olhos de Um Gato, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2013 e 2016).
Este seu primeiro livro de contos evidencia o seu invulgar talento para a narrativa breve.
O primeiro texto, “Chão Zero”, sobre o recente incêndio que lhe destruiu a casa familiar, é de uma força invulgar, reunindo a sua experiência de jornalismo e literatura na rejeição do irremediável.
Segue-se um conto sobre um terrorista português, onde a ironia e a capacidade de captar as diversas falas de personagens, excluídas da sociedade ou pelo menos de uma vida habitual, são a marca de água que percorre todas as outras histórias.
Jornalista e escritora, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa, onde nasceu. Assinou várias reportagens premiadas, crónicas, ensaios e crítica cinematográfica e literária. É autora de guiões de cinema e de uma peça de teatro.
O seu romance de estreia, Que Importa a Fúria do Mar, venceu, por unanimidade, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) referente a 2013. Não Se Pode Morar nos Olhos de Um Gato recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela da APE (2016). Foi considerado livro do ano pela SPA, e venceu o Prémio Literário Manuel de Boaventura (2017). Tem um livro infantil, A Arca do É, em parceria com o ilustrador Sérgio Marques.
Pequenos Delírios Domésticos é o seu primeiro livro de contos.
Ana Margarida de Carvalho integra ainda a shortlist do Oceanos — Prémio de Literatura de Língua Portuguesa.
O seu romance de estreia, Que Importa a Fúria do Mar, venceu, por unanimidade, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) referente a 2013. Não Se Pode Morar nos Olhos de Um Gato recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela da APE (2016). Foi considerado livro do ano pela SPA, e venceu o Prémio Literário Manuel de Boaventura (2017). Tem um livro infantil, A Arca do É, em parceria com o ilustrador Sérgio Marques.
Pequenos Delírios Domésticos é o seu primeiro livro de contos.
Ana Margarida de Carvalho integra ainda a shortlist do Oceanos — Prémio de Literatura de Língua Portuguesa.
13.11.17
Sobre As Pessoas do Drama, de H. G. Cancela
«Uma das vozes mais poderosas da literatura portuguesa contemporânea, H. G. Cancela reivindica, ao segundo romance, esse lugar com uma história complexa, plena de distúrbios e disfunções, com personagens à procura de fugirem de si e dos outros. Violento e impiedoso, este não é um romance para quem consome livros de algodão-doce.» [Revista LER, Outono 2017]
De H. G. Cancela, a Relógio D’Água publicou também Impunidade.
10.11.17
A chegar às livrarias: Poemas, de John Donne (Tradução e Prefácio de Maria de Lourdes Guimarães e Fernando Guimarães )
John Donne nasceu em 1572 no seio de uma família católica. Após uma educação convencional em Hart Hall, Oxford, pertenceu ao Lincoln’s Inn e, em 1597, participou numa expedição militar com o conde de Essex aos Açores.Casou em segredo com Anne More em Dezembro de 1601. Dois meses depois foi encarcerado na Prisão de Fleet por ordem do pai de Anne More.Foi ordenado sacerdote em Janeiro de 1615, e, em Abril do mesmo ano, recebeu um doutoramento honorário em Teologia em Cambridge.Em 1621 foi nomeado reitor da Catedral de St. Paul, em Londres, posição que manteve até à morte, em 1631.Ficou famoso pelos sermões que pregou nos seus últimos anos, e sobretudo pelos poemas que deixou.
O PARADOXO
Nenhum amante diz: “Eu amo”, nem outro qualquer
pode julgar‑se como um amante perfeito;
ele pensa que ninguém mais pode amar e não aceita
que alguém ame a não ser ele:
não posso dizer que amei, pois quem pode afirmar
que ontem foi assassinado?
O amor mata com todo o seu calor mais o jovem que o velho,
a morte mata com demasiado frio;
morremos só uma vez e o último a amar morreu,
aquele que o disse duas vezes, agora jaz:
pois ainda que pareça mover‑se a sua agitação
será um erro dos nossos sentidos.
Tal vida é como a luz, que ainda continua
quando a luz da vida se extingue,
ou como o calor que o fogo no que tinha incendiado
deixa atrás de si, algumas horas mais tarde.
Amei uma vez e morri; e agora sou
o meu epitáfio e o meu túmulo. Aqui os mortos
pronunciam as últimas palavras e eu também;
morto por amor, vede, aqui jazo.
8.11.17
A chegar às livrarias: O Amante, de Marguerite Duras (trad. Luísa Costa Gomes e Maria da Piedade Ferreira)
O Amante é, em larga medida, um romance autobiográfico.
A narradora vive desde a infância com a mãe e os irmãos na Indochina Francesa. Tem quinze anos quando, ao atravessar um afluente do Mékong, conhece um chinês rico e experimentado nas lides do amor, por quem se apaixona. Tudo parece separá-los, a idade, a riqueza e os preconceitos, que se opõem a uma relação amorosa entre um asiático e uma europeia.
A narrativa fala das incertezas de uma adolescente que tem a sua primeira experiência do amor físico, se lança na travessia dos sentidos, e procura a libertação do domínio da mãe e da asfixiante relação que esta tem com o filho mais velho.
Esta paixão adolescente decorre num cenário exótico, perverso, num fundo de lentidão e meandros asiáticos.
Quase tudo parece esbatido pela memória, a adolescente de rosto infantil e precoce com um chapéu de homem e sapatos de baile, ou a mãe, que luta contra a ruína familiar, ou mesmo a escandalizada comunidade branca. Nítido, só o homem jovem numa barcaça, junto da limusina e do motorista. Ele será a personagem nítida, com uma posição clara, a do amante que dá título ao livro.
Publicado em 1984, O Amante recebeu o Prémio Goncourt e o Prémio Ritz Paris Hemingway, para o melhor romance publicado em inglês, em 1986.
De Marguerite Duras a Relógio D’Água publicou também Agatha, O Navio Night, Moderato Cantabile e Olhos Azuis Cabelo Preto.
7.11.17
A chegar às livrarias: O Nosso Cérebro, de Michel Cymes (trad. Maria do Carmo Abreu)
Este livro fornece numerosos conselhos para que o nosso cérebro funcione melhor. O autor não propõe uma revolução nos hábitos dos leitores. Antes procura que tenham uma alimentação cuidada, rompam com alguns dos seus hábitos prejudiciais e conquistem tempo para trabalhar a memória.
O lema de Cymes é que quando o cérebro funciona bem o resto do corpo tende a ir no mesmo sentido.
6.11.17
A chegar às livrarias: Passagem para a Índia, de E. M. Forster (trad. de Bernardette Pinto Leite)
Adela Quested chegou à cidade indiana de Chandrapore para casar. Acompanhada pela Sr.ª Moore, tornam-se amigas do Dr. Aziz, que se oferece para lhes mostrar as Grutas Marabar.
Mas à medida que exploram as grutas ocorre um acidente, e Aziz é acusado e detido. Enquanto o médico aguarda julgamento, a opinião dos britânicos e dos súbditos indianos divide-se entre a sua culpa e inocência, e as tensões surgidas ameaçam transformar-se em violência.
«Um dos romancistas ingleses mais estimados do seu tempo.» [The Times]
«De uma enorme mestria.» [Anita Desai]
De E. M. Forster a Relógio D’Água publicou também Um Quarto com Vista.
Sobre Lincoln no Bardo, de George Saunders
«Saunders, um dos maiores contistas vivos, aventura-se pela primeira vez no romance e a coisa parece que lhe correu bem: ganhou o Man Booker Prize há poucas semanas e o livro é louvado como uma obra-prima pelos seus pares e pela crítica.» [Time Out, 7/11/2017]
3.11.17
Sobre O Que os Cegos Estão Sonhando?, de Noemi Jaffe
«O que se pode dizer de novo sobre o Holocausto, Auschwitz? “Desorganizar a língua” como fez Paul Celan? Ir repetindo as palavras, Holocausto, Auschwitz até serem apenas um som? “Um dos problemas da repetição da palavra Auschwitz é o esvaziamento do significado. Digo no livro que sei que daqui a algumas décadas Auschwitz vai ser igual ao Peloponeso. Não vai significar nada, vai ser uma palavra perdida na História. Isso é doloroso.”
O olhar de Noemi Jaffe (n. São Paulo, 1962) baixa e aterra na pedra da mesa onde se apoia. Mármore branco onde incide a luz verde do candeeiro. Lá fora, há a luz do sol num Chiado de Outono. “Hoje, quando falo desse nome a pessoas mais jovens, elas reagem como se nunca tivessem ouvido falar; vai ser só mais um dado perdido nos livros de História. É uma metáfora. Da II Guerra, do nazismo, de todos os campos de concentração.”
Jaffe escreveu um livro a partir do diário que a mãe, então a jovem de 19 anos Lili Stern, escreveu na Suécia, pouco depois de ter sido libertada dos campos por onde passara um ano enquanto prisioneira judia. Mas a ensaísta, crítica e professora de Literatura Brasileira não se limita a reproduzir a escrita da mãe. Além do testemunho diarístico, elegeu palavras-chave através das quais disseca a experiência que não foi a sua e problematiza-a num volume que cruza géneros e a que chama “ensaio literário”. Foi publicado em Portugal pela Relógio d’Água sob o título O Que os Cegos Estão Sonhando? Nesse livro, Lili é a mãe e Noemi a filha. Uma e outra chegaram a esse título assim, como Noemi escreve: “Um dia, ao telefone, ela, que gosta de ficar imaginando situações, perguntou à filha: ‘Filha, o que os cegos estão sonhando?’ De início a filha não entendeu. Parecia que se tratava de cegos específicos numa situação específica e que aqueles cegos estariam sonhando alguma coisa naquele instante. Ela acrescentou: ‘Sim! O que eles estão sonhando, se eles não enxergam? Como podem ver imagens nos sonhos?’ Então a filha entendeu e se lembrou que a mãe confunde os usos do presente simples e do presente contínuo. ‘O que os cegos estão sonhando?’, na verdade, é ‘ Com o que os cegos sonham?’. Mas uma forma inesperada e subitamente bela (...) sintetiza exactamente a forma de estar no mundo da mãe (...), em que a percepção das coisas importa mais do que as coisas mesmo.” Noemi fala deste processo de decisão como de um poema na conversa que temos em Lisboa.» [Isabel Lucas com Noemi Jaffe, ípsilon, Público, 3/11/2017. Texto completo em https://www.publico.pt/2017/11/02/culturaipsilon/noticia/a-humanidade-e-sobrevivente-de-auschwitz-como-dizer-isto-1790896?page=%2F&pos=16&b=stories_b ]
Nas livrarias: O Rio da Consciência, de Oliver Sacks (trad. de José Miguel Silva)
Os avanços no campo das neurociências revolucionaram a nossa capacidade de visualizar o cérebro em ação. Somos, pela primeira vez, capazes de confrontar as questões filosóficas que ocuparam os grandes pensadores desde o século XVIII com as bases fisiológicas da perceção e da consciência.
Em O Rio da Consciência, Sacks examina questões relacionadas com memória, tempo e consciência. Como pensamos e como nos lembramos? Pessoas diferentes pensam a velocidades e de modos diferentes? Devemos confiar na memória? De que forma a memória resultante das relações neurais diferencia as memórias verdadeiras das falsas? Como construímos a nossa perceção do tempo e o nosso mundo visual? O que é a consciência em termos neurológicos? E, mais importante ainda, o que é a criatividade?
Sacks terminou a investigação para este livro pouco antes de morrer, deixando instruções para a reunião dos artigos. Pode por isso dizer-se que este livro é o culminar de uma vida dedicada à pesquisa do modo como o cérebro funciona.
De Oliver Sacks, a Relógio D’Água publicou O Homem Que Confundiu a Mulher com Um Chapéu, Despertares, Um Antropólogo em Marte, Perna para Que Te Quero, A Ilha sem Cor, O Tio Tungsténio, Musicofilia, Vejo Uma Voz, O Olhar da Mente, Diário de Oaxaca, Alucinações, Enxaqueca, Em Movimento e Gratidão.
2.11.17
Sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís
Carlos Vaz Marques falou sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís no programa Livro do Dia da TSF de 2 de Outubro. O programa pode ser ouvido aqui.
Subscrever:
Mensagens (Atom)