As irmãs Brontë são principalmente conhecidas pelos seus
romances: O Monte dos Vendavais de Emily, Jane Eyre de Charlotte,
e The Tenant of Wildfell Hall de Anne. Mas escreveram também
poesia.
Este livro contém uma selecção dos melhores poemas das três
escritoras.
De Charlotte (1816-1855), inclui «Pressentimento» e «Paixão»
e dois poemas sobre a morte das irmãs, entre outros.
De Emily (1818-1848), considerada a melhor poetisa das três,
inclui «Fé e Desalento»
e «Minha Alma não É Cobarde».
A poesia de Anne (1820-1849) é representada por diversos
poemas, entre eles, «O Penitente»
e «Se Isto For Tudo».
Embora o trabalho de Emily seja o mais destacado, a poesia
das três irmãs partilha inteligência, consciência e profunda emoção.
«Recordação
Fria na terra — e a neve espessa em monte sobre ti,
Tão, tão distante, na triste sepultura, já gelada!
Ter-me-ei esquecido, meu único Amor, de te amar a ti,
Pela foice do Tempo enfim ceifada?
Agora, só, não pairarão já meus pensamentos dilectos
Para lá dos montes, naquela costa norte,
Repousando as asas onde para sempre urzes e fetos
Cobrem teu nobre coração depois da morte?
Fria na terra — e quinze gélidos Dezembros
Daquelas negras colinas se derreteram em Primavera:
Fiel, pois, é o espírito que relembra
Ao fim de tantos anos de sofrimento e quimera!
Doce Amor da mocidade, perdoa-me, se te olvido,
Enquanto a maré da vida me vai com ela a levar;
Outros desejos e esperanças tenho tido,
Esperanças que ofuscam, mas não te podem magoar!
Nenhuma luz tardia iluminou meu céu
Nem brilhou para mim segunda madrugada;
Toda a minha felicidade a tua felicidade a deu,
Toda a minha felicidade está contigo sepultada.
Mas, quando pereceram os dias dos sonhos dourados,
E nem o Desespero destruir podia;
Aprendi então como o dom da vida podia ser prezado
E fortalecido sem a ajuda da alegria.
Então estanquei as lágrimas da paixão inconsequente —
Dissuadi meu jovem coração de ansiar pelo teu;
Severamente neguei-lhe o seu desejo ardente
De correr para aquele túmulo já mais do que meu.
Porém, não ouso deixá-lo esmorecer,
Não ouso render-me à angústia lancinante;
Depois de em tão divina dor me comprazer,
Como
enfrentar o mundo deserto doravante?»
[Emily
Brontë]