29.4.14

A chegar às livrarias: Mary Poppins, de P. L. Travers






«Ora, meninos», disse a Sra. Banks, reparando subitamente nos filhos, «que fazem aqui? Esta é a Mary Poppins, a vossa nova ama. Jane e Michael, digam olá à senhora.»


Jane e Michael não gostavam da sua antiga ama. Também não tinham a certeza de ir gostar da nova: Mary Poppins.
Rapidamente mudaram de ideias quando a viram deslizar pelo corrimão acima – e retirar de seguida várias coisas empolgantes de um saco de alcatifa completamente vazio.
Agora a única preocupação deles é que ela não parta, pois Mary Poppins apenas prometeu ficar «até que os ventos mudem de direção».


«Mary Poppins é a Boa Fada que todos procuramos.»
[Times Literary Supplement]

Nas livrarias: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen






«As principais heroínas de Austen — Elizabeth, Emma, Fanny e Anne — possuem uma tão grande liberdade pessoal que as suas individualidades não podem ser reprimidas. (…) Uma concepção de liberdade interior que se centra numa recusa de aceitar a estima a não ser de alguém a quem se conferiu estima situa-se no mais alto grau da ironia. A suprema cena cómica em toda a obra de Austen é a rejeição que Elizabeth faz da primeira proposta de casamento de Darcy (…).» [Harold Bloom]

28.4.14

A chegar às livrarias: A Morte de Virgílio, de Hermann Broch






A Morte de Virgílio é um dos maiores romances do século xx, uma vasta meditação lírica que exprime inquietação sobre a morte, o sentido da vida e a possibilidade de conhecer o mundo.
Construído com um monólogo interior em que se entrecruzam tempos e espaços, o livro tem um estilo em ruptura com as normas narrativas tradicionais.
Foi a própria morte do poeta Virgílio que serviu de ponto de partida à elaboração desta obra de concepção sinfónica. Virgílio morreu aos 51 anos, em Brindisi, a 21 de Setembro do ano 19 a. C., no regresso de uma viagem à Grécia, onde contraíra malária. Desiludido com o seu tempo, quis, no decurso dos seus últimos dias, destruir o manuscrito da Eneida.
O livro começa com a chegada da frota romana ao porto de Brindisi, levando consigo o poeta já moribundo, enquanto em terra se preparam os festejos que hão-de acolher o imperador.


«A Morte de Virgílio, uma das obras maiores do nosso tempo, tenta vitalizar a linguagem através da lógica contrapontística e das simultaneidades dinâmicas da música. Mais radicalmente do que Joyce, Broch subverte a organização temporal e a progressão linear sobre as quais a ficção em prosa habitualmente se constrói. O seu estilo tem um sortilégio inquietante. (…) A escrita contemporânea ainda mal começou a explorar as sugestões de Broch.» [George Steiner, em Literatura e Pós-História]

A chegar às livrarias: Contos de Tchékhov, volumes VIII e IX





Este volume VIII reúne 28 contos de Tchékhov, de «Flores Tardias» a «O Sangue Frio».
Como disse Nabokov, nas personagens de Tchékhov «não existe uma mensagem social ou ética directa». São pessoas «capazes de sonhar, mas incapazes de governar», «tolas, fracas, fúteis, histéricas».
«Deixavam escapar as ocasiões, evitavam agir, não dormiam à noite inventando mundos que não sabiam construir; mas a própria existência destas pessoas, cheias de uma abnegação apaixonada e fervorosa, de pureza espiritual, de elevação moral, o simples facto de estas pessoas terem vivido e talvez ainda viverem hoje, algures, na implacável e reles Rússia actual é uma promessa de futuro melhor, para todo o mundo, porque, de todas as leis da natureza, a mais maravilhosa é talvez a da sobrevivência dos mais fracos.»





«Tomando a forma de médico, de estudante, de mestre-escola e de gente de muitos outros ofícios, é este o ser humano que atravessa todos os contos de Tchékhov.
O que mais irritava os seus críticos politizados era o facto de este tipo não pertencer a um qualquer partido político determinado e de o autor não o ter dotado de um programa político bem definido. Aqui é que bate o ponto. Os ineficazes intelectuais de Tchékhov não eram terroristas nem social-democratas, nem futuros bolcheviques, nem nenhum dos inúmeros membros dos inúmeros partidos revolucionários da Rússia. O importante é que o herói típico tchekhoviano é um azarento defensor da verdade humana universal, indefinida mas bela, um fardo que é incapaz de suportar e que também não pode alijar. O que vemos em todos os contos de Tchékhov é um contínuo tropeçar, mas quem tropeça é sempre alguém que se distrai a olhar para as estrelas.» [Vladimir Nabokov]

22.4.14

A chegar às livraras: Contos e Diários, de Isaac Bábel






Este livro inclui contos de O Exército de Cavalaria e outras narrativas dispersas por várias publicações e que se intitularam aqui «Contos Diversos». Inclui também O Diário de Petersburgo e O Diário de 1920.

«Como contista, Bábel rivaliza com Turguénev, Tchékhov, Maupassant, Gógol, Joyce, Hemingway, Lawrence e Borges. Tal como eles, é um génio da forma, mas pertence à família de Kafka na particular dicotomia do seu génio. Kafka escreve num alemão purificado que é praticamente idiossincrásico e Bábel é um mestre da literatura russa, mas ambos, misteriosamente, são escritores judeus, ambíguos perante a tradição e alheios a ela.» [Harold Bloom]

A chegar às livrarias: Poemas Escolhidos das Irmãs Brontë, de Charlotte Brontë, Emily Brontë e Anne Brontë






As irmãs Brontë são principalmente conhecidas pelos seus romances: O Monte dos Vendavais de Emily, Jane Eyre de Charlotte, e The Tenant of Wildfell Hall de Anne. Mas escreveram também poesia.
Este livro contém uma selecção dos melhores poemas das três escritoras.
De Charlotte (1816-1855), inclui «Pressentimento» e «Paixão» e dois poemas sobre a morte das irmãs, entre outros.
De Emily (1818-1848), considerada a melhor poetisa das três, inclui «Fé e Desalento» e «Minha Alma não É Cobarde».
A poesia de Anne (1820-1849) é representada por diversos poemas, entre eles, «O Penitente» e «Se Isto For Tudo».
Embora o trabalho de Emily seja o mais destacado, a poesia das três irmãs partilha inteligência, consciência e profunda emoção.
 
«Recordação
 
Fria na terra — e a neve espessa em monte sobre ti,
Tão, tão distante, na triste sepultura, já gelada!
Ter-me-ei esquecido, meu único Amor, de te amar a ti,
Pela foice do Tempo enfim ceifada?
 
Agora, só, não pairarão já meus pensamentos dilectos
Para lá dos montes, naquela costa norte,
Repousando as asas onde para sempre urzes e fetos
Cobrem teu nobre coração depois da morte?
 
Fria na terra — e quinze gélidos Dezembros
Daquelas negras colinas se derreteram em Primavera:
Fiel, pois, é o espírito que relembra
Ao fim de tantos anos de sofrimento e quimera!
 
Doce Amor da mocidade, perdoa-me, se te olvido,
Enquanto a maré da vida me vai com ela a levar;
Outros desejos e esperanças tenho tido,
Esperanças que ofuscam, mas não te podem magoar!
 
Nenhuma luz tardia iluminou meu céu
Nem brilhou para mim segunda madrugada;
Toda a minha felicidade a tua felicidade a deu,
Toda a minha felicidade está contigo sepultada.
 
Mas, quando pereceram os dias dos sonhos dourados,
E nem o Desespero destruir podia;
Aprendi então como o dom da vida podia ser prezado
E fortalecido sem a ajuda da alegria.
 
Então estanquei as lágrimas da paixão inconsequente —
Dissuadi meu jovem coração de ansiar pelo teu;
Severamente neguei-lhe o seu desejo ardente
De correr para aquele túmulo já mais do que meu.
 
Porém, não ouso deixá-lo esmorecer,
Não ouso render-me à angústia lancinante;
Depois de em tão divina dor me comprazer,
Como enfrentar o mundo deserto doravante?»
[Emily Brontë]

A chegar às livrarias: A Nave dos Loucos, de Katherine Anne Porter





A Nave dos Loucos, escrito ao longo de vinte anos, foi o primeiro e único romance de Katherine Anne Porter. Repleto de conflito, paixão e intriga política, conta-nos a viagem de um navio internacional de passageiros com destino à Alemanha, numa época em que a guerra estava próxima. Publicado pela primeira vez em 1962, A Nave dos Loucos alcançou um êxito imediato, depressa sendo adaptado ao cinema.

«A Nave dos Loucos, no seu perfeito balanço entre história repleta de acontecimentos e introspecção por entre vários tons e mudanças de atitude, coroa a brilhante carreira de Katherine Anne Porter e assegura-lhe um lugar entre os grandes romancistas contemporâneos.» [Warren Beck, Chicago Sunday Tribune]

«As suas qualidades ultrapassam em muito as minhas expectativas... Penso que essencialmente é um romance temático, repleto de grandes temas.» [Glenway Wescott, Atlantic Monthly]

«Katherine Anne Porter move-se em ilustre companhia, encabeçada por Hawthorne, Flaubert e Henry James.» [Saturday Review]

«Ansiosamente aguardada por uma geração literária... e chegando de forma súbita e soberba…» [Mark Schorer, New York Times Book Review]

21.4.14

A chegar às livrarias: Pulsações, de José Gil





«Este livro reúne textos sobre política e outros acontecimentos publicados na Visão, entre 2005 e 2014. Não são “crónicas” porque não respeitam uma regularidade cronológica nem estão necessariamente ligados a um evento, nem sequer a um facto social ou histórico. Mas não são apenas “comentários” ou “artigos”, nem anotações diarísticas. Nem tão pouco textos avulso de ficção, de observação sociológica ou de filosofia política. Haverá neles de tudo isso um pouco. O objectivo do autor foi procurar extrair sentido de uma acção política, de relações raramente analisadas (entre a democracia e as crianças, por exemplo), de analisar comportamentos extraordinários para os situar e compreender. No fundo, podem considerar-se como microensaios, se tal designação não fosse ainda pretensiosa. Procurou-se, afinal, detectar sempre forças de vida, isolá-las, separá-las e libertá-las pela análise — quando num acontecimento, numa experiência, na iniciativa política de um Governo, na decisão de um estadista, na prática e no discurso dos responsáveis políticos, elas se confundem com forças mortíferas. Desfazer a confusão, trazer à superfície o máximo de sentido libertado, eis a finalidade destes escritos.
Deu-se importância à política porque dela dependem as nossas vidas sociais e individuais. Daí, em pano de fundo, nestes tempos de crise, a questão: porque é que os portugueses se resignam? Porque é que não se revoltam? Porque é que admitem tanta prepotência medíocre dos que os humilham, esmagam, lhes retiram, dia após dia, as energias tão fundamentais para o país? Mais concretamente: que mecanismos impedem os portugueses de se exprimir em democracia, permitindo ao mesmo tempo a proliferação da asneira governativa?»
[Do Prefácio de José Gil]

Sobre Cansaço, Tédio, Desassossego, de José Gil





«Neste recente livro, [José Gil] vai mesmo directo à questão do que são os heterónimos (“Qual o estatuto – ficcional, literário, ontológico – de que gozam?”), mostrando que, em Pessoa, toda a passagem do plano da vida para o plano da literatura supõe a noção de “vida heteronímica”, constituída por afectos, visões, sensações, etc. E aí abre-se um vasto campo a explorar: por um lado, os heterónimos são dotados de uma forte autonomia, ao ponto de poderem manter entre si um diálogo e uma relação polémica; mas, por outro, a constelação compreende um lugar tutelar, ocupado pelo “Mestre Caeiro”, precisamente aquele que se quer subtrair ao pensar, a toda a metafísica, para se deixar conduzir apenas pela ciência do ver e do sentir (o ver é, nele, uma condensação de todos os sentidos).» [António Guerreiro, Público, ípsilon, 18-04-2014]

17.4.14

A chegar às livrarias: Bem Está o que Bem Acaba, de William Shakespeare







«A generalidade dos estudiosos concorda que a fonte principal de inspiração de Shakespeare para Bem Está O Que Bem Acaba foi a história de Giletta di Narbona, que constitui a nona novela do Terceiro Dia do Decameron, da autoria do italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375). É improvável que o dramaturgo inglês tenha lido essa história no original italiano, e, por isso, têm sido aventadas duas hipóteses sobre o texto a que ele terá tido acesso: uns entendem que Shakespeare leu a história numa versão inglesa publicada em The Palace of Pleasure de William Painter (1540?-1594), cujo primeiro volume veio a público em 1566; outros defendem que o seu contacto com a história de Giletta lhe foi proporcionado pela leitura da versão francesa — é sabido que Shakespeare tinha alguns conhecimentos de francês —, da responsabilidade de Antoine le Maçon, publicada em Paris em 1584. G. K. Hunter, na excelente introdução à sua edição de All’s Well That Ends Well, desenvolve esta questão com alguma profundidade, apresentando alguns dos argumentos que têm sido invocados, quer a favor da hipótese Painter quer da hipótese Le Maçon, mas não se decide por qualquer delas. (…)
O que Shakespeare foi capaz de fazer melhor do que ninguém foi levar-nos a reflectir — através dos comportamentos das personagens que adoptou e da forma como aproveitou histórias conhecidas — sobre a vida, o homem (com as suas virtudes e os seus defeitos), a natureza, a religião, etc., através da utilização de uma linguagem inovadora e incomparavelmente vigorosa, criativa e poética.»
 
[Da Introdução de M. Gomes da Torre]

15.4.14

Sobre Vida após Vida, de Kate Atkinson





«Vida após Vida é uma saga familiar na Inglaterra das duas grandes guerras, um virtuosismo de manipulação e controlo sobre o destino das personagens. O dispositivo ex machina inclui uma violação, um cadáver não identificado, vários assassínios, um aborto clandestino, violência doméstica, bombardeamentos (num deles, Ursula morre, mas chama-se Susie), suicídios com cianeto, vários nascimentos, mas a morte sempre por perto.» [Filipa Melo, Sol, 14-04-2014]

11.4.14

Conto de Alice Munro no cinema



 

O conto Hateship, Friendship, Courtship, Loveship, Marriage, que dá o nome a um livro de contos de Alice Munro, teve uma adaptação cinematográfica intitulada Hateship, Loveship.
O filme, em que uma adolescente planeia um romance entre o seu pai e a mulher encarregada de cuidar dela após a morte da mãe, foi realizado por Liza Johnson, e tem a participação de Kristen Wiig e Guy Pearce.
A Relógio D’Água publicará o livro em finais de Maio, com tradução de José Miguel Silva.

10.4.14

A chegar às livrarias: Enredos, de Rui Nunes




«— A quê, senhor Doutor?
— Que é isso? regressamos a Coimbra? Não se esqueça de que sou o presidente. Já o Manel segredava que a senhora tinha o espírito de um ministro das finanças e que eu teria muito a aprender consigo
— bem, bem,
resmungou a velha. E em voz alta:
— Senhor presidente?
— Que é?
— São as meninas…
— As meninas? As de Velázquez?
— Não, as de Odivelas.
— As que comem banana às rodelas?
— Então, porte-se bem.
— Venham elas, inteiras ou às rodelas, venha a inocência em seu feltro castanho, venham ao presidente que a todas ama, ao meu paternal cuidado. E são muitas? e bonitas?»


Escrita em 1987, esta obra de Rui Nunes foi durante muito tempo a primeira a abordar de modo cáustico a vida de Salazar e do Palácio de São Bento da época.

7.4.14

Sobre Puff e os seus amigos, de A. A. Milne





«É um verdadeiro clássico. Nunca acaba de dizer o que tem para dizer.» [Álvaro Magalhães, Expresso, 2-4-14, Dia Internacional do Livro Infantil]

4.4.14

Tradução de conto de Hélia Correia discutida na Universidade de Birmingham





Hélia Correia vai estar presente no workshop internacional «Short Stories in Translation», que se realiza a 16 de Abril na Universidade de Birmingham, Departamento de Línguas Modernas.
A autora de Adoecer irá falar sobre a tradução do seu conto «Vinte Degraus», que fará parte de uma antologia em breve publicada pela Relógio D’Água.
O workshop insere-se num encontro de tradução com participação de professores do Departamento de Línguas Modernas da Universidade de Birmingham.

Vida após Vida, de Kate Atkinson, finalista do Prémio Walter Scott 2014







Kate Atkinson é uma das finalistas do Prémio Walter Scott, que distingue obras de ficção histórica, com a obra Vida após Vida, que já venceu o Prémio Costa na categoria de Romance.
Hilary Mantel, vencedora do Prémio Walter Scott 2010, considerou o romance de Kate Atkinson «inesgotavelmente engenhoso».
O vencedor do prémio será anunciado dia 13 de Junho.

Nathan Filer anunciado finalista do Prémio Desmond Elliott



 

O Prémio Desmond Elliott, «o de maior prestígio para primeiros romances» (Telegraph), anunciou uma lista de dez «impressionantes» obras que demonstram a excelência da nova escrita britânica e irlandesa.
Entre os dez títulos escolhidos está o muito elogiado e inventivo romance O Choque da Queda, de Nathan Filer, que conta a história de Matthew, que lida simultaneamente com a morte do irmão e com a sua própria esquizofrenia. S. J. Watson, também nomeado para o Prémio Desmond Elliott em 2012, disse ser um livro «ambicioso e extraordinariamente realizado».
O Choque da Queda, que recebeu já o Prémio Costa na categoria de Primeiro Romance e o Prémio Costa de Livro do Ano, será publicado pela Relógio D’Água em Junho próximo.

3.4.14

Harold Pinter no Teatro Nacional D. Maria II



 

O Regresso a Casa, de Harold Pinter, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2005, estreou ontem e estará no palco do Teatro Nacional D. Maria II até 27 de Abril.
Jorge Silva Melo, encenador e actor na peça, disse: «Encanta-me trabalhar o teatro exacto de Harold Pinter, os silêncios, o humor, a crueldade, encanta-me a maneira que tem de fazer falar o mais simples objecto, como aqui faz com um copo de água, por exemplo. Encanta-me trabalhar com o João Perry, encantam-me estes actores, exactos.»
Esta e outras peças têm edição na Relógio D’Água, em dois volumes.